Aki No Ame (DESCONTINUADA) escrita por SilenceMaker


Capítulo 49
Três dias


Notas iniciais do capítulo

Puxa, demorei para terminar esse, né? É que o meu cérebro resolveu entrar em estado vegetativo (sei lá), então eu não conseguia ter nenhuma ideia rsrsrs
Eu revisei, mas, como sempre, posso ter deixado passar alguma coisa.



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Mikato estava entre árvores particularmente juntas, em um local particularmente escuro do bosque. Seus olhos verde-água fechados transmitiam concentração. Ele segurava uma katana, ainda na bainha, na mão esquerda. Respirou fundo uma, duas vezes, mas antes de respirar pela terceira, trocou a katana de mão e puxou o cabo com a mesma esquerda de antes. Seu corpo fez um movimento elegante, seguindo o braço que fez um corte horizontal em volta.

As árvores — cinco no total —, que formavam um círculo em torno de si, bambearam algumas vezes antes de finalmente se estabilizarem. Mikato olhou frustrado para o tronco delas, cortados até um pouco mais da metade.

— Era para ter cortado tudo — murmurou, para depois bufar. — Francamente, três anos sem treino realmente fazem mesmo tanta falta?

Parou por um momento, refletindo sobre as próprias palavras.

— Claro que fazem. O que estou falando…?

Mikato revirou os olhos para si mesmo, como se estivesse se desdenhando. Estava ali já fazia exatamente seis horas sem parar, nem fora almoçar (isso sem contar a noite que passou em claro, deixando a katana em perfeito estado). Seu estômago reclamou alto, mas o rapaz o ignorou pela milésima vez. Ficaria ainda mais aborrecido se se interrompesse naquele momento — foi por isso que ninguém o chamou para comer; iam levar uma bronca e teriam que aturar um Mikato ainda mais mal-humorado por um bom tempo. O sol se pondo lançava raios mínimos alaranjados para onde ele estava.

Fechando os olhos mais uma vez, levantou de novo a katana de cabo vermelho-ferrugem e lâmina prateada com a mão esquerda, erguendo-a na altura dos ombros. Antes que repetisse o movimento horizontal, seus olhos se abriram repentinamente. Olhou em volta, procurando a fonte do que o fizera se alarmar tanto. Após quase dois minutos procurando e não encontrando nada, se convenceu de que fora imaginação.

Mal ele sabia que, sentado em um galho de uma árvore bem acima de si, estava uma figura cujo olho esquerdo dourado tinha um sinal negro de infinito. Akita tinha um sorriso que beirava ao malicioso e brincava com uma agulha fininha entre os dedos. O sorriso vacilou por um momento, como se as energias estivessem acabando.

— Isso não é bom… — sussurrou ele, de forma que Mikato não escutasse. — Estou ficando cansado muito rápido.



• • •



Foi perto das 19h que Hayato e Oliver chegaram — como no dia anterior perderam a hora e quando deram conta da hora já era noite, ficaram hospedados em um hotel e, no dia seguinte, treinaram um pouco mais antes de voltar. Quem estava mais exausto era o albino, que se jogou na poltrona mais próxima assim que teve chance.

— Vou só tomar um banho — falou o loiro após um “olá”, quando Kenichi foi dar as boas-vindas.

— Você parece prestes a desmaiar — comentou Aiko, que estava lendo um livro no sofá à frente de Hayato.

— Não só pareço — respondeu o albino. Ouviram o som de Oliver entrando no banheiro e trancando a porta. — Passei as últimas cinco horas tentando convencê-lo de que eu não queria matá-lo nem nada.

— Como é que é? — riu Daichi, comendo chocolate em barras, sentado ao lado de Aiko.

— Pois é, não faço a mínima ideia do que houve. Do meio do nada, Oliver começou a desconfiar de mim e jogar acusações sem nenhum fundamento. Aí quando tentei me aproximar, ele ameaçou me dar um tiro.

— Credo.

Mas Aiko parecia satisfeito.

— AHÁ!

— “Ahá” o quê, caramba?! — gritou Daichi de volta, sentindo-se surdo depois do quase berro de Aiko no seu ouvido.

— Já sei o que ele tem!

— Ele teve um treco e ficou louco de repente, isso que ele tem.

Aiko fez um “tsc, tsc”, balançando negativamente a cabeça.

— Você mesmo disse que todos nós já somos loucos naturalmente, não se contradiga. Mas eu tenho certeza que Oliver é o único entre nós que tem uma doença mental de verdade.

— Doença mental? — repetiu Kenichi.

— Aah, não exatamente isso, na verdade. Pelo que pude supor depois do que Hayato disse e juntando com outras coisas que vim percebendo faz tempo, posso dizer com segurança que ele tem psicose.

— Psicose?

— Simplificando — falou Riki, que até o momento terminava de montar um castelo de cartas na mesa de centro —, é um estado psicológico. Várias coisas podem ocorrer, como uma desorganização psíquica semelhante a paranóide, insônia severa, sensações de angústia, entre outros.

— O que isso tem a ver? — perguntou Daichi.

— O que Hayato descreveu foi um caso de paranóide, ou seja, suspeitar subitamente de conhecidos, achando que estes são sempre mal-intencionados.

— Além do mais — prosseguiu Aiko —, faz três semanas que tenho encontrado Oliver assistindo televisão ou lendo um livro lá pelas quatro da manhã, mesmo que já tivesse ido dormir bem antes. Ele anda com dificuldade extrema para dormir, o que é mais uma prova para a minha teoria de psicose.

— Mas isso tudo só se manifesta em crises graves dessa doença, então é seguro supor que ele tem isso já faz anos, ou ao menos oito meses.

— De onde tirou oito meses?

— Um palpite baseado na resistência mental de um aluno do fundamental, mas posso estar errado.

— Parece que já vem pensando sobre isso faz tempo — falou Hayato.

— E venho. Não é uma coisa que se possa calcular em poucos segundos ou minutos. E outra coisa, eu precisava descobrir antes de tudo quantos anos ele tinha para poder ser mais preciso.

— Ele não tem a mesma idade que eu? — perguntou Akita.

— Não obrigatoriamente. Não precisei procurar muito, foi só pedir a ficha dele ao colégio antigo e arrumar uma desculpa decente para não desconfiarem.

— E?

— Oliver reprovou a sétima série uma vez por causa do número excessivo de faltas. Por causa da paranóide, ele passou a não ir ao colégio por alguns meses. Além do mais, ele começou a ter uma insônia bem forte nessa época e, naturalmente, a privação de sono exagerada começou a lhe causar alucinações. Não é raro haver essa consequência da exaustão excessiva.

— Como soube de algo assim sobre a rotina dele? — indagou Daichi.

Riki apenas sorriu, mas não respondeu. O sorriso falava por si só: “você não vai querer saber”. Mas o ruivo não ficou nada feliz.

— Vai se…

— Ah, é, Hayato! — exclamou Akita, interrompendo o xingamento de Daichi. — Eu quero que você veja uma coisa que consegui fazer!

— Tá legal — disse o albino, sem muita energia para uma resposta mais empolgada.

— Tem que ser na cozinha.

Akita segurou no pulso dele e começou a puxá-lo — ignorando o fato do mais velho estar esgotado —, empurrando a porta da cozinha com as costas para poder entrar.

— Olhe, olhe! — o pequeno encheu uma caneca de plástico verde com água da torneira e deixou-a na pia.

Hayato estranhou, mas nada disse. Akita nem precisou se inclinar para ficar mais próximo da água. Ele passou os dedos em volta da caneca. Em um instante, sua marca no olho esquerdo brilhou, assim como fazia durante a transformação. Após mais ou menos cinco ou seis segundos, a água começou a soltar uma espécie de vapor gelado.

Está congelando?

Akita sorriu e afastou as mãos da caneca.

— Ta-dah! — falou, alegre. — Isso foi tudo que pude fazer em um dia, mas acho que posso melhorar com mais algum tempo.

— Que legal! Como fez isso?

— Daichi me contou. E assim que comecei a treinar, percebi uma coisa que devia ter visto antes.

— O que é?

— Kenichi deve usar as habilidades de cura sem precisar se transformar nem nada, né? Então nós devemos conseguir fazer isso também, se seguirmos a lógica de que todos os seres são basicamente a mesma coisa, mas com apenas detalhes de diferença. Pelo menos é isso que eu penso.

— Mas para que usaremos isso?

— Até a transformação, enquanto estivermos impossibilitados de fazer isso. Eu não quero ser um estorvo. Eu tenho que conseguir me virar.

A animação de Hayato deu uma vacilada.

— Estorvo? — repetiu. — Desde quando acha que é um estorvo?

Akita hesitou na hora de responder.

— Ora, é que… você sabe… não tenho tomado parte ativa em nenhuma das lutas… Então…

— Escute — interrompeu o albino, sabendo que o outro se auto-degradaria ainda mais se continuasse falando. — Só de estar aqui, você já ajuda muito.

— Sério? — Akita pareceu não acreditar, lançando-lhe um olhar de descrença.

Hayato abaixou-se para ficar na mesma altura de Akita. Sorriu e pousou a mão sobre os fios escuros.

— Confie um pouco mais em mim — disse carinhosamente —, estou falando sério, sabe?

O pequeno olhou para os próprios pés, tentando esconder com o cabelo o rosto enrusbecido. O albino, ao invés de se afastar como sempre, puxou de leve o menor para perto, dando-lhe um beijinho rápido na testa. Akita sentiu até o pescoço queimando, mas ficou ligeiramente desapontado pelo beijo ter sido tão longe da… Corou ainda mais quando imaginou aquilo — resolveu apagar os pensamentos da cabeça.

Foi então que Hayato — enquanto Akita estava distraído demais com suas reações e pensamentos ingênuos, tentando decidir sobre o que fazer a seguir — desviou momentaneamente o olhar para o canto da cozinha, mas continuou em silêncio.

— Nada de agarração na cozinha, hein?

Akita levou um susto com a voz — em tom de riso — que surgiu repentinamente.

— Suuji — disse Hayato, que havia o notado antes do mesmo falar —, finalmente saiu de seu cativeiro?

O jogador de baseball deu um sorriso sem graça, tentando assentar os cabelos negros rebeldes ao mesmo tempo.

— Eu estava tentando arrumar a sala em que estava — contou, pegando um copo do armário. — Tipo, sem querer derrubei algumas coisas lá. Jin ia me matar se descobrisse tudo. Ah, é, e falando nele, não acham que ele tem andado meio estranho?

— Estranho como? — perguntou Hayato.

— Ontem, lá pelo fim da tarde, ele amontoou umas tralhas no jardim e colocou fogo nelas. Tive que apagar antes que se alastrasse até a casa, já que ele deixou a fogueira lá e foi embora.

— Aah, por isso o cheiro forte de queimado! — exclamou Akita. — Por um momento achei que fosse um vazamento de gás, mas aí o cheiro seria diferente.

— Sei lá, acho que sim.

— O que exatamente ele queimou? — falou Hayato.

— Não sei muito bem… Saiu um monte de fumaça preta fedorenta, então deve ter sido papel. Talvez documentos ou fotos, algo do tipo.

— Mas por que será isso? É estranho começar a botar fogo em coisas assim, do nada.



○ ○ ○

Takeshi estava morrendo de vontade de destruir tudo à sua volta. Para reprimir essta impulsividade, andava pesadamente de um lado para o outro, impaciente. Ayumu ajeitava em pilhas os livros que o visconde deixara abertos sobre uma mesa, mantendo-se quieto — sabia que entraria em maus lençóis se fizesse comentários, dada a irritação do patrão.

— Eu não acredito! — exclamou Takeshi pela quarta vez. — Se ele estava parcialmente sem memória, como soube que era para destruir justamente aquilo?! Será que ele recobrou as lembranças e eu não percebi?! — Respirou fundo para acalmar-se. — O que você acha?

— Hã? Eu… é… — Ayumu ficou desnorteado com o súbito pedido de opinião. — Bem, não sei como funciona a cabeça do Jin-san, mas se eu fosse ele teria, enquanto ainda tivesse as memórias, deixado um bilhete para mim mesmo dizendo algo como “abrir em caso de emergência” com instruções vagas sobre o que fazer.

Takeshi parou para pensar sobre isso, o ar zangado se esvaindo aos poucos.

— É muito possível que isso tenha acontecido — disse por fim. — Sério, a memória seletiva daquele bastardo é muito problemática. E ainda mais, as provas que eu podia achar foram dizimadas por causa disso!

— Takeshi-sama, se for mesmo importante saber o que houve, vamos acabar descobrindo de uma maneira ou outra por intermédio de outra pessoa. Por isso, por favor se acalme.

O visconde viu que o servo parecia um pouco amedrontado, o que era incomum — afinal, Ayumu já passara por maus bocados com o patrão para ficar com medo de simples reclamações.

— O que está havendo com você? — perguntou. — Aconteceu alguma coisa que te preocupa, por acaso?

— Ah… é que… — Ayumu olhou em volta, procurando alguma coisa para usar como desculpa e evitar o assunto. Para sua sorte, assim que viu o relógio, uma ideia lhe ocorreu. — Só um minuto, preciso ir tirar o chá do fogo.

Sem esperar por resposta, o servo saiu correndo porta afora, deixando para trás o patrão.

Ayumu parou de correr no meio do segundo lance de escada, sentindo-se patético. Sentou-se no degrau mais próximo, escondendo o rosto nos braços. “Por que ele pergunta se já sabe que estou simplesmente com medo?”, pensou. “Isso que dá trabalhar para alguém sádico.” Sentiu os olhos marejarem, toda a pressão dos últimos dias caindo de uma vez só.

— O que está fazendo aí sentado?

Ayumu deu um pulo. Não ouvira Riki se aproximando. Ao invés de responder ou sequer levantar a cabeça, ele levantou-se e correu escada abaixo, murmurando um “esqueci do chá” e amaldiçoando logo em seguida o quão embargada sua voz ficara.

Riki apenas observou Ayumu descer apressado as escadas, mas não se surpreendeu por ele estar chorando. A única coisa que fez foi suspirar pesadamente e pensar: “Será que eles vão conseguir se recompor a tempo? Nem eu poderei lidar com a situação caso algo dê muito errado.”



–- -- --



Na hora do jantar, ou melhor, logo após terminarem de comer, Riki chamou todos — menos Jin, que havia saído antes mesmo de jantar — à sala para conversar.

— O que houve, Riki-san? — perguntou Kenichi.

Riki esperou todos se acomodarem para responder.

— Eu descobri algumas coisas importantes. Bom, na verdade foi Daichi, mas ele me deixou ficar com a glória. — Alguns deram risadas. — Ele descobriu o local onde vamos enfrentar as peças brancas.

— Mas não são eles que deviam vir atrás de nós? — indagou Oliver. — Eles são as peças brancas, então deviam fazer mais do que ficar esperando, não é?

— Mais ou menos. Eles já começaram a partida quando vieram aqui há cerca de duas semanas. Agora é a nossa vez de jogar.

— Então, se podemos esperar o tempo que quisermos para jogar, por que temos um prazo estabelecido por eles? — perguntou Hayato. — Eles têm algo como, sei lá, uma ameaça?

— Algo do tipo. — Riki estava pensativo. — Eu sei que há um jeito de eles nos intimarem então acho melhor fazer por bem. Além do mais, não se preocupe, sei que vamos vencer.

Mikato pareceu desconfiado.

— Como pode ter tanta certeza? — falou.

— Eu tenho, só isso.

O sorriso quase melancólico que surgiu no rosto de Riki ficou meio deslocado por algum motivo, mas ninguém disse nada sobre isso.

— Onde que é esse lugar? — Takeshi quebrou o silêncio, impaciente.

O Tsugumi mais velho pegou do bolso um papel dobrado muitas vezes e abriu sobre a mesa de centro, revelando ser um mapa. Akita, Oliver, Kenichi e Suuji não reconheciam a região, mas todos os outros sim. Daichi tentou reter o medo que lhe aflorava no rosto ao lembrar-se do local.

— Essa é uma parte de Immolare — comentou Jin.

— É bem aqui — Riki apontou um local no cantinho do mapa. — Antes que perguntem, fica no subterrâneo.

— Como uma base secreta? — quis saber Ayumu.

— Longe disso, na verdade. É uma estação de metrô abandonada. Até o ano passado, um ou dois trens passavam por lá, mas agora que uma grande parte dos trilhos centrais foi danificada e ninguém tem coragem de ir até lá para consertar, virou um lugar deserto.

— Nem moradores de rua? — indagou Suuji.

— Não.

— Todos que tentaram se instalar lá fugiram — falou Daichi —, dizendo que havia mortos-vivos no subterrâneo. — Ele tentava manter a voz firme, embora ainda tremesse um pouco.

— Mortos-vivos… — repetiu Aiko quase inconscientemente.

Um silêncio se seguiu nos segundos seguintes, que eles usaram para pensar — ou, como Akita, fingir pensar, já que não entendia muita coisa.

— Vamos demorar bastante para chegar até lá — Riki retomou a conversa. — Immolare é a cidade mais distante das outras, justamente por ser perigosa. Além disso, Ignis fica bem no caminho, o que acrescenta no mínimo duas horas ao percurso. Então, pensando nisso, vamos sair logo que amanhecer, se possível.

— Não podemos ir de carro? — perguntou Akita.

— Só até chegarmos em Ignis. Entrar em Immolare em qualquer veículo é como assinar o atestado de óbito. As pessoas lá são espertas, têm um modo de encurralar os que chegam assim. Temos que ir sem chamar a atenção. Ah, é, e eles ficam de tocaia a partir de uns dois ou três quilômetros na estrada entre Ignis e Immolare, por isso não podemos ir nem até a metade do caminho de carro.

— Então, após chegarmos aos limites de Ignis, vamos descer e seguir a pé — resumiu Jin.

— Exatamente.

— Então vamos arrumar as coisas e descansar o máximo que pudermos — disse Hayato.

Akita assentiu, animado, levantando-se e indo até as escadas, com Kenichi atrás. Oliver se pôs de pé, mas, após o primeiro passo, parou bruscamente. Pela expressão atenta, parecia até que escutava alguém sussurrar em seu ouvido. Passou os olhos rapidamente pelos companheiros no cômodo, para então seguir caminho, só que mais afastado dos outros.



• • •



Hayato já havia guardado tudo de que precisaria. Estava deitado em sua cama, por cima dos cobertores verdes, ainda acordado. Estava sonolento, porém não conseguia dormir. Ouviu um “clic” tímido da porta abrindo e ficou alerta, mas logo relaxou quando percebeu que era Akita. Orbes safira se abriram.

— O que houve? — perguntou o albino.

Akita usava um pijama branco comprido e, em contraste, um rubor forte tomava conta de seu rosto.

— Eu posso dormir com você? — disse baixinho. — Quero descansar, mas não consigo fazer isso no meu quarto… sozinho.

Hayato sorriu.

— Claro que sim. Venha aqui.

O sorriso de Akita também cintilou e ele pulou para junto do mais velho, que entrava embaixo das cobertas. O albino abraçou o menor, finalmente sentindo os músculos relaxarem.

— Boa noite — falou Akita, feliz em finalmente sentir o sono entorpecer sua mente.

Sem esperar resposta, adormeceu imediatamente.

— Boa noite — foi só então que Hayato respondeu, em um sussurro, apertando o abraço em volta da pequena e cálida pessoa ao seu lado.

E, assim, também caiu no sono.






No quarto de Mikato, um pouco longe do de Hayato, estava ele, reconfortando um certo ruivinho. Daichi chorava silenciosamente, mas profusamente, no ombro do amigo.

— E-eu não quero voltar para lá — soluçou.

Mikato nada disse, apenas afagando a cabeleira carmesim; mas aquele silêncio significamente era melhor que mil frases confortadoras.

— O q-que vou fazer se tiver um treco lá? — Daichi tentou não gritar, sua voz saindo meio falha.

— Eu lido com isso — respondeu o outro simplesmente.

Daichi, que estava muito ocupado tentando não acordar todo mundo na mansão, mordendo a língua para não chorar alto, não ouviu a porta do quarto abrindo — só que Mikato percebeu, e sabia quem era mesmo antes da pessoa se pronunciar.

— Hey, Mikato, preciso conversar com você sobre… — Jin dizia, mas parou assim que viu que tinha mais alguém no quarto.

Sua pálpebra esquerda estremeceu em irritação quando percebeu quem era a figura menor, em meio a um abraço.

— Nada de amassos — repreendeu, sem sair mais do lugar.

Daichi levou um susto quando enfim o escutou, virando o rosto banhado em lágrimas para a porta. Jin olhou de Mikato para o ruivo e de volta para o maior; por fim, respirou fundo e disse — mais rosnando do que qualquer coisa:

— Você prometeu, Mikato.

Mikato se segurou para não xingá-lo, no mesmo momento em que Daichi lançava um olhar confuso para os dois.

— Não é isso — falou o de olhos verde-água. — Estou apenas ajudando um amigo, não é relacionado àquilo.

— Aquilo? — disse Daichi.

— Nada não. Está melhor agora?

— A-acho que sim…

— Pode voltar para o quarto e dormir um pouco?

— S-sim.

— Então vai lá.

O ruivo assentiu, saindo do abraço e passando pela porta, murmurando um “até amanhã” para Jin, que discretamente escorregou para o bolso dele um lenço branco simples. Daichi sentiu isso, virando-se ainda mais confuso para perguntar sobre aquilo, mas a porta estava se fechando antes que pudesse pronunciar qualquer coisa.

E Jin sumira de vista.


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Notas finais do capítulo

Bom, caso não lembrem direito sobre as cidades, vejam no capítulo 15 (Cidade Caeli, e... um convite?).
Obrigada por terem paciência comigo!!! ^0^
Se eu conseguir, essa semana mesmo eu posto o próximo capítulo o/



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