Aki No Ame (DESCONTINUADA) escrita por SilenceMaker


Capítulo 38
Onii-sama


Notas iniciais do capítulo

Aah, estou tão feliz que consegui acabar mais rápido o capítulo! o/
Revisei ele antes de postar, mas caso eu tenha deixado passar alguma coisa, seria bom se me alertassem XD
Não faço a mínima ideia de como está... Tenho medo de que esteja ficando chato T-T
Espero de verdade que gostem!!



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— Onii-sama! Onii-sama! Olhe o que eu fiz!

Um garotinho muito pequeno, com mais ou menos cinco anos — cabelos do mesmo tom do céu acima, os olhos da cor da nuvem de chuva que se aproximava no horizonte — corria meio desajeitado em um jardim muito bonito de uma mansão em Caeli. Carregava nas mãozinhas um pote de aço.

Ia na direção de um rapaz, no momento de costas, que cuidava de um arbusto. Esse rapaz tinha por volta de quinze anos, seus fios eram lisos até as orelhas, mas eram mais escuros que os do irmão mais novo — de uma cor muito próxima ao azul marinho. Virou-se ao ouvir o chamado — tinha olhos, por sua vez, igualzinhos aos do irmão, porém não tão grandes —, revelando um rosto espetacularmente bonito e abrindo um lindo sorriso ao ver a criança correndo até si.

— Aiko! — exclamou ele gentilmente, abaixando-se para poder olhar o mais novo na mesma altura. — Acabou o que estava desenvolvendo?

— Sim! — respondeu o outro alegre, estendendo o recipiente. — Essa é uma amostra para você!

— Obrigado. O que é?

— Um tipo de ácido… como é que é? Pulverizante…?

— Corrosivo?

— Isso, altamente corrosivo! O pote é de diamante por dentro, então não vai ser destruído por causa do ácido.

— Quero que veja uma coisa.

O mais velho, de nome Riki, levantou-se de novo e mostrou-lhe as plantas atrás de si.

— Rosas? — disse Aiko confuso. — O que tem a ver?

— Só um segundo. Posso usar a amostra?

— Claro, é sua.

Riki deixou o frasco de aço cair em cima das rosas, puxando Aiko um pouco para trás. O caule, logo que o objeto tocou a superfície, teve seus espinhos espandidos pelo menos quinze centímetros em uma fração mínima de segundo. Estes conseguiram até mesmo perfurar o duríssimo diamante, fazendo todo o conteúdo vazar.

Apenas excelentes olhos conseguiam ver o líquido saindo azul e se tornando branco ao tocar o ar. Esse líquido escorreu pelas pétalas da rosa em questão e de algumas em volta. Em um piscar de olhos, as flores já não estavam mais ali, como se nunca tivessem existido.

— Aah, que legal! — exclamou Aiko, impressionado. O irmão mais velho sorriu em agradecimento.

— Seu ácido funciona muito bem — elogiou Riki. — Acho que conseguirá administrá-lo se diluí-lo em água e gás, talvez algo a mais.

— Tá bem, vou tentar. Ah, onii-sama, onde está Lyn?

— Está lá dentro descansando com a mamãe. Podemos ir brincar com ele mais tarde se quiser.

— Vamos sim!

— Então volte para o seu quarto para continuar a evolução do ácido, te chamo quando ele acordar.

— Ok! E outra coisa, não é melhor avisar o jardineiro sobre as rosas?

— Não é necessário, preciso saber se elas são eficientes mesmo em um corpo humano.

Aiko riu.

— Só não se esqueça de avisar o papai e a mamãe que vamos precisar de um outro jardineiro.

Riki riu também, afagando os cabelos mais claros do mais novo.

— Agora volte lá para dentro, senão não vou te chamar para brincarmos com o Lyn.

— Estou indo! Estou indo!

O mais novo voltou correndo pela mesma porta que usara antes, tropeçando nos próprios pés antes de fechá-la. Riki deu uma risadinha carinhosa antes de puxar com um fio uma das rosas do arbusto, arrancando-a com delicadeza.



• • •



— Eu sabia que ele tinha passado por aqui…

Aiko estava em um quarto muito grande, escuro e bem arrumado, porém cheio de pó e sujeira. Devia ser por volta de meia noite, horário em que a enorme e bonita lua estava alta no céu e seu brilho adentrava o cômodo. Estava de pé em frente a uma gaveta aberta de uma escrivaninha, encarando-a. Ali dentro tinha uma flor seca, mais especificamente uma rosa, em que apenas uma das pétalas tinha um resquício de cor.

“Não faz nem duas semanas que foi colocada aqui”, pensou Aiko, os olhos meio turvos desde que entrara na casa. “E mais, só o onii-sama sabe como retirá-las sem as ativar…”



• • •



Aiko podia estar com os braços virados trapos, mas suas pernas estavam em ótimo estado. Pediu para que Yuurei permanecesse no quarto, escapulindo do hospital logo depois. Utilizou-se do artifício doçura e inocência para que as enfermeiras largassem do seu pé.

Duvidava muito que alguém além de Akita e Hayato o visse, mas não lhe dava assim tão prejuízo ambos o virem. Na verdade era até melhor que descobrissem por si mesmos ao invés de ter que lhes contar: descobrira pistas de um de seus irmãos, Riki — que com certeza foram deixadas de propósito para que o geniozinho as desvendasse.

Ele percorria a cidade tão silenciosamente quanto o vento. Onde estava indo? Nem ele próprio sabia, estava apenas indo para onde seu admirado e inteligente irmão mais velho lhe conduzia. “Será que Lyn está com ele?”, pensou. “Ele deve ter por volta de onze anos agora… Não acho que iria atrapalhar. Quando eu tinha essa idade, o onii-sama sempre me levava junto.”

De repente Aiko parou de correr, quase batendo a testa na placa de um bar. Por sorte deu tempo de escorregar pelo lado e se apoiar na parede. Passou os olhos pelo piso, varrendo todos os cantinhos. Passou a observar os vasos de flores do chão, notando com o canto do olho uma manchinha avermelhada na bordinha da pétala da margarida.

Abaixou-se e arrancou-a com a ponta dos dedos. “O sangue não é do onii-sama, mas a marca tem o formato de uma coroa, com certeza foi ele que a deixou”, pensou Aiko. Deixou a pétala de lado.

Ia desviar o olhar, quando captou no cantinho do vaso um rabiscado. Era um número — o número 1. Para todo mundo isso não seria nada demais, absolutamente nada. Mas, sendo Aiko, ele entendeu imediatamente. “Um dia… ele dará outra pista em um dia. Uma semana… a marca de coroa foi feita há uma semana. Um mês… ele voltou há um mês. Um ano… opa, parece que meu otouto morreu há um ano. Isso significa, obviamente, que ele está viajando sozinho. Possibilidade de o onii-sama ter mudado de ideia quanto a salvá-lo de alguma coisa… 35%.”



• • •



Aiko ia tocar a rosa seca com a ponta dos dedos, mas recuou-os de repente. Arquando a sobrancelha, puxou do bolso uma bolinha de papel, soltando-a sobre a planta. Os espinhos, retorcidos e reduzidos pela falta de água, com a mesma velocidade de sempre, aumentaram cerca de quatorze ou quinze centímetros. “Então mesmo quase mortas elas funcionam”, pensou.

Virou-se, observando os outros andando pelo cômodo, procurando algo incomum. O que prendeu sua atenção foi a figura de Akita aproximando a mão de algo enrolado no dossel da cama de casal, uma planta. Uma… rosa branca banhada pelo luar.

— NÃO TOQUE NISSO! — um grito escapou da boca de Aiko antes que percebesse.

Por puro reflexo, o Tsugumi disparou na direção do pequeno, passando os braços por volta dele e o puxando para trás. Apenas com o roçar da pele de Akita nas pétalas, os espinhos verdes se expandiram. Foi por muito pouco que sua delicada mão não foi transpassada. Os orbes ouro se arregalaram de susto.

— Tome mais cuidado — disse Aiko, soltando-o. — Onii-sama gosta de pegadinhas desse tipo. Nem tente abrir uma porta se a maçaneta estiver meio torta ou algo do tipo. Lembro-me de um protótipo que ele estava fazendo quando fui embora de casa, a fechadura solta um ácido que literalmente transforma a mão da pessoa em pó quando a maçaneta é tocada. Tomem cuidado com tudo mesmo.

Akita se encolheu, agora receoso de dar um único passo.

Hayato estava agora no corredor, observando o lustre de cristal pendurado no teto cinco metros acima. Estranhou quando o mesmo começou a estremecer.

Clanc!

O lustre, enorme e pesado, arrebentou o suporte que o prendia ao teto. Suas pupilas se dilataram por um momento, a adrenalina liberada em seu corpo sugerindo o que aconteceria a seguir. O objeto inanimado caiu com estrondo no chão, levantando muita poeira e fazendo partes de cristal voarem. Hayato saltou para longe, escondendo-se atrás de uma estante.

— O que houve?! — a voz do Tsugumi pôde ser ouvida, assim que ele saiu do quarto e ficou aliviado quando viu fios brancos atrás de um móvel de madeira alto.

— Diga, Aiko… — o albino disse. — Há quanto tempo esse lustre estava aí?

— Quanto tempo exatamente eu não sei, mas tenho certeza de que é o mesmo de quando eu tinha três anos. Ainda tem a marca de tinta que eu deixei no suporte.

— Caiu por causa da ferrugem… Ei, julgando pelo jeito que você descreveu seu irmão, aposto que o que está procurando está lá fora.

— Eu sei.

Hayato levantou-se.

— Então por que não vai? — perguntou o albino.

— Porque o que tenho de achar não é o que estou procurando.

— Hã?

— Ah, é complicado explicar… Tipo, onii-sama gosta de brincadeiras, não é? Então, tenho certeza de que ele fez algo do tipo. Escondeu pistas em algo que eu nunca pensaria em pro… — Aiko se interrompeu no meio da frase.

Akita, que esgueirara-se para o corredor junto do Tsugumi e Daichi — Yuurei permanecia no quarto —, disse:

— O que foi? Algum problema?

Aiko tinha os olhos mais vivos do que em qualquer momento que pisara no terreno, ligeiramente arregalados. A boca entreaberta tentava formar uma palavra. Parecia surpreso. Além disso tinha um ar de obviedade.

— Claro! Como não notei antes? — disse, dirigindo-se mais a si mesmo do que aos outros. Em resposta ao olhar confuso dos outros rapazes, explicou: — As rosas! Essa era a dica desde o início! Elas estavam em todo lugar da casa! Desde o hall de entrada, o corrimão do corredor e o dossel da cama! Então, supondo que da última vez a coroa indicou a casa de antigos duques e duquesas, no caso, a minha, creio que as flores agora indiquem um jardim. Mas como há uma seca, deve ser um jardim ou uma grande floricultura pertinho de um cemitério!

Parou para respirar e reorganizar as ideias na cabeça.

— E eu posso supor também, partindo do perigo das possíveis armadilhas na casa, que devemos tomar muito cuidado. Sei que tem algo de podre nisso tudo. Sei que tem!

— Aiko… — a voz de Akita soou meio fraquinha. Se aproximou dele e pousou a mão no braço do mesmo, como se para dar força, com um sorriso.

O mais velho sorriu de volta, embora ainda com a cabeça cheia e cheia de pensamentos que ninguém teria capacidade de adivinhar tudo.



É como uma partida de xadrez. Estou vendo o tabuleiro montado.

Sei que Akita e Hayato são as duas Torres. Como sendo peças muito fortes, têm mais valor que os bispos e os cavalos.

Posso afirmar com segurança também que eu e Yuurei somos os dois Cavalos, ou como eu gosto de chamar: Cavaleiros. A única peça no jogo que pode pular sobre as outras.

Mas estou com problemas em decifrar os Bispos. Tenho certeza de que Daichi é um deles, mas e o outro? Não sei… Já cogitei que fosse Takeshi Khan — sim, parece que ele e o visconde Theo têm o mesmo sobrenome —, mas… não me parece certo. Se fosse ele, a disposição das peças me pareceria errada. O que me leva a crer que vão aparecer mais peças fundamentais para o jogo.

E, claro, há também os Peões. Os preciosos Peões que muita gente despreza. Posso não ser muito apegado a eles, mas sei que são muito importantes em um jogo de xadrez. Os que eu posso afirmar que estão na posição de Peões são Takeshi, Ayumu (o fiel servo do jovem Khan) e Mikato. Sei que muitos vão me achar um tolo por acreditar que um simples amigo de Daichi — cabeça quente e desbocado — seja uma das peças. Mas, ao contrário de você, eu tenho certeza, então não me questione caso não possa provar o contrário.

Agora, sobre as outras peças importantíssimas em um jogo de xadrez, é esperado que me perguntem sobre o Rei e a Dama nesse momento. Ainda não tenho certeza de nada.



• • •



Eles resolveram aparecer de surpresa na casa de Takeshi — afinal, depois da morte de Theo a casa passou para ele —, apenas para importuná-lo por uma noite.

Como os outros empregados continuavam trabalhando na mansão, foi a servente Bethany que abriu a porta para eles. Ela pareceu meio surpresa ao encontrá-los ali, mas lhes deu passagem para entrar.

— Ah, eles vieram! — a voz da empregada Ray os alcançou. Ela limpava os vidros das janelas. — Por favor, se puderem ir atrás de Ayumu seria ótimo. Não sei exatamente o que aconteceu com ele dessa vez, mas está morrendo de medo dentro da cozinha.

— Eu vou — ofereceu-se Akita, para logo em seguida voltar o olhar para Hayato. — Posso?

— Vá em frente — respondeu o albino. — Vamos conversar com Takeshi.

O pequeno assentiu, indo por onde achava que dava para a cozinha. Logo que fechou a porta, abriu-a de novo, meio constrangido.

— Porta errada — disse baixinho, entrando pela ao lado, dessa vez a certa.

Daichi já estava no andar de cima, procurando o cômodo em que Takeshi estaria. Enfim, depois de incontáveis portas, encontrou uma entreaberta. Escancarou-a.

O jovem Khan estava sentado no chão mesmo, ignorando os três sofás no quarto, a cadeira e as duas poltronas. Tinha as pernas dobradas, apoiando os braços nas mesmas e escondendo o rosto. Podia muito bem estar dormindo, chorando ou apenas cansado. Na verdade estava imerso em pensamentos, quase como que num mundo à parte.

Ao ouvir alguém entrando, Takeshi levantou o rosto instantaneamente. Tinha os olhos… arrepiantes. Daichi chegou a recuar um passo quando o rapaz de mesma idade lançou-lhe aquele olhar paralisante. Mas o que lhe chamou a atenção logo no momento seguinte foi a marca que o outro tinha no rosto. Um hematoma…?

— O que houve? — a voz do ruivo soou, séria.

Takeshi não relaxou, apenas desfez a tensão nos braços e pernas — o que indicava que estivera pronto para revidar caso um ataque fosse dirigido à si. Agora que olhava bem, parecia frustrado, furioso, nada do entediado e mimado Takeshi. Não se moveu um centímetro.

— Vai responder?

— Ayumu me escondeu algumas coisas importantes.

— Está zangado com ele?

— Não! Não é com ele! O problema é o que aconteceu por ele ter feito isso!

Agora até mesmo Hayato ficou preocupado. Ele se adiantou, entrando mais no quarto. Sua voz, embora perfeitamente audível, não passou de um sussurro.

— Por isso ele está enfurnado na cozinha?

— Aquele pirralhinho foi atrás dele? — Takeshi disse, voltando a esconder o rosto. — É bom… Sendo ele acho que Ayumu irá perceber antes de conseguir atacá-lo…

Aiko pareceu pensativo.

— Posso tentar adivinhar o que houve? — falou.



○ ○ ○



Akita entrou timidamente na cozinha. As luzes estavam apagadas, a luz do nascer do sol que entrava pelas finas cortinas possibilitava supervicialmente a visão do cômodo.

— Ayumu…? — chamou baixinho.

Viu o outro na frente da pia, de costas, apoiado com as mãos e com a cabeça baixa.

— Ayumu!

Akita se adiantou para tocar seu ombro. Assim que o fez, Ayumu virou a cabeça com brusquidão. Seus olhos estavam preenchidos por medo. Levava algo em direção ao pequeno. Só pareceu notar quem era que estava atacando quando a faca de cozinha estava a centímetros do rosto dele.

O outro arregalou os olhos, dando um passo para trás, esquivando-se. Antes que o servo de Takeshi tentasse esfaqueá-lo novamente, Akita segurou o ombro do braço que segurava a lâmina, segurando perto do pulso dele e pressionando com força o nervo com o dedo indicador. Com o choque e a dor, Ayumu deixou a faca cair no chão.

— Acalme-se! — gritou Akita, sem soltá-lo.

De repente, Ayumu começou a tremer de leve. Em poucos segundos, lágrimas amargas transbordavam dos olhos dele, pingando no chão. Akita, vendo que não seria atacado novamente, soltou-o, ajoelhando-se ao lado e o abraçando. O servo demorou, mas retribui, hesitante.

— Quer me contar o que acontecer? — o pequeno perguntou suavemente. — Alivia o peso do coração, sabia?

O jovem servo soluçou.

— Eu… — gaguejou. — Eu descobri que… que algumas pessoas queriam entrar aqui e… t-tirar informações do Takeshi-sama… Como ele estava fora, eu não avisei para não incomodá-lo…

Mais um soluço.

— Bethany estava com ele, Vincent havia ido à floricultura comprar novas sementes e Ray estava limpando a carruagem lá nos fundos. Eu estava guardando os livros de estudo do Takeshi-sama, q-quando ouvi um barulho… Fui ver o que era e quando me dei c-conta, estava amarrado e… e… — Ele não conseguiu acabar a frase, desabando em um choro.

Akita não entendeu de imediato, mas quando compreendeu o sentido daquelas palavras quase chorou junto. Apertou o abraço e passou a mão pelos cabelos de Ayumu, na hora soltos, a franja cobrindo boa parte do rosto.

— Agora está tudo bem — sussurrou o pequeno. — Takeshi está aqui, estamos todos aqui. Daqui a pouco ele vai vir, não se preocupe. — Ergueu a voz. — Ray! Ray-san!

Em momentos, a chamada empregada irrompeu pela porta.

— Por favor, acenda as luzes — pediu Akita. Ela assim fez. — Poderia ficar com ele um pouco? Vou chamar os outros e já volto.

— Claro — respondeu Ray, preocupadíssima com Ayumu, amparando-o.

O pequeno assentiu, agradecendo, e saiu da cozinha. Subiu correndo as escadas, diminuindo a velocidade ao chegar na porta onde os amigos estavam. Entrou silenciosamente no cômodo já sem nenhum som.

— Quer ir lá falar com ele? — a voz de Akita soou meio deslocada naquele lugar funebremente silencioso. — Ayumu se acalmou. Foi ele que te bateu?

Takeshi, já de pé, tocou o próprio machucado no rosto.

— Pois é — respondeu vagamente, saindo do quarto.

— Já descobriram o que aconteceu? — perguntou Akita em um murmúrio.

Aiko assentiu.

Daichi descolou-se da parede em que estava encostado, encaminhando-se para a porta. Parou antes de sair, apenas para dizer:

— Podem deixar que eu converso direito com ele. — E sair pelo corredor.

O pequeno ficou confuso quando Hayato e Aiko baixaram os olhares para o chão, quase como se constrangidos. Não, não era bem essa palavra. Talvez… desconfortáveis?



○ ○ ○



Takeshi entrou sem cerimônia pela porta escancarada da cozinha. Resetou-se momentaneamente ao ver a imagem de Ray abraçando maternalmente um trêmulo Ayumu. Quando ouviram o som de passos, ambos levantaram o rosto para ver quem chegava. O servo empalideceu um pouco ao ver o ferimento pequenino no rosto do patrão.

— Ray, se puder… — disse Takeshi, não sabendo muito bem como se expressar.

— Ah, claro — respondeu a empregada com um sorriso, entendendo o que ele queria dizer.

Ela se levantou, pedindo licença e saindo da cozinha.

Takeshi olhou para Ayumu, que tinha os olhos vermelhos e inchados. Devia ter sido… horrível.

— Desculpe ter te batido — murmurou o servo com a voz meio embargada.

— Não peça desculpas — Takeshi não sorriu. — Está… doendo?

O outro, pelo contrário, esboçou um sorrisinho tranquilizante, balançando negativamente a cabeça.

— Estou bem — respondeu. Takeshi não acreditou, mas manteu-se quieto sobre isso.

— Nunca mais me esconda nada desse tipo.

— Mas…

— Prometa.

— Mas…

— É uma ordem.

Após a frase autoritária do patrão, Ayumu assentiu.

— Tá bom.

— “Tá bom” o quê?

— Prometo não fazer isso de novo.

Takeshi se deu por satisfeito.

Uma batida na porta chamou a atenção de ambos. Uma cabeleira carmesim rebelde apareceu. O corpo esguio estava apoiado no batente, as mãos nos bolsos e sustentava um olhar pesado.

— Posso emprestá-lo por um momento? — indagou Daichi.

— Vai lá — autorizou Takeshi. — Esperarei aqui. Acho que vou aproveitar e comer um pouco de bolo.

Ayumu levantou-se, acompanhando o ruivo até a sala principal entre o enorme hall de entrada e a cozinha, a mesma onde houve pela primeira vez uma conversa entre eles e o Visconde Khan. Daichi sugeriu que o outro sentasse, ele assim o fez. O ruivo abaixou-se por trás da poltrona onde Ayumu estava, apoiando-se no espaldar mediano e dizendo:

— Vou te contar meu segredo nem tão secreto assim. Muita gente já sabe, inclusive Aiko e Hayato.



○ ○ ○



— Eu tenho um prazo — disse Aiko. — Um prazo para desvendar todas as pistas que o onii-sama me forneceu. Uma semana, para ser exato.

— Por que uma semana? — quis saber Hayato.

— Porque o onii-sama vai aparecer mais ou menos em uma semana. Não posso desapontá-lo!

— Tem algo a ver com Daichi? — Akita perguntou.

— Talvez. Por que está dizendo isso?

— Ora, você ficou encarando-o o trajeto todo até aqui.


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Notas finais do capítulo

Aai, que nervoso! T-T
Medão de que esteja ruim T~T
Mais uma vez eu agradeço de coração que estejam acompanhando essa história! Obrigada! Obrigada mesmo! =3
Sei que atrasei um pouquinho o capítulo, mas dei meu melhor. De novo, vou tentar colocar o próximo o mais rápido possível ^^
Aceito críticas de todos os tipos! :D



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