“Respira fundo, você consegue.” A Sra. Pierce falou para a filha, que estava sofrendo as horríveis dores do parto.

“Cadê a Santana? Por que ela não chega logo?” Brittany perguntou, a Sra. Pierce baixou os olhos, não sabia como explicar para a filha que sua esposa estava atrasada e não lhe dera nenhuma explicação até o momento. “Cadê, mãe?”

“Ela vem vindo, ela vem vindo.” A mulher assegurou a filha, e sorriu para ela. “Está tudo bem.”

Mas não estava tudo bem, Brittany queria Santana e queria ela naquele exato momento.

A Sra. Pierce não podia compreender o comportamento da nora, que estivera tão presente durante toda a gestação de sua filha, perdendo noites e mais noites de sono atrás dos pedidos e desejos mais loucos da esposa, a acompanhara em todas as visitas ao médico, comprou uma montanha de roupinhas, brinquedos e móveis novos para a bebê, se desfez de seu escritório que agora estava todo cor-de-rosa e cheio de unicórnios nas paredes, que ela mesma pintara, contando com a ajuda de seu irmão, e agora isso? No momento crucial de sua vida e de Brittany, ela simplesmente não aparecera, mas sua mãe já fora avisada, e com certeza e traria a latina ali, nem que para isso fossem necessários usar os modos de Lima Heights.

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A Sra. Lopez entrou no escritório com seu costumeiro jeito de chefona. Todos ali já a conheciam, se Santana era conhecida por seu jeito nem sempre tão simpático e exigente com seus funcionários, e sua mãe era igual à ela, só que duas vezes pior, porque era a única além de Brittany, que calava Santana, então era duas vezes mais perigosa.

“Santana está aqui?” A mulher perguntou a jovem secretária, que fora contratada há menos de um mês.

“Sim, a Dra. Lopez está na sua sala.” A jovem respondeu, meio receosa, se Santana lhe dava calafrios, a Sra. Lopez fez suas pernas ficarem trêmulas.

A latina seguiu até a sala da filha, ainda não acreditando que Santana tivera aquela atitude, deixando sua esposa dando a luz sozinha, nem ao menos ligar para dar um apoio moral, mas ela iria aprender uma lição, ela ia ver como se ensinavam filhos negligentes com os próprios filhos e esposas em Lima Heights, ah se iria.

Abriu a porta do escritório de Santana já imaginando as verdades que diria à ingrata da sua filha, mas a situação mudara em menos de um segundo, assim que ela vira Santana caída no chão, desmaiada e tão pálida, sendo socorrida por Quinn Fabray, sua sócia.

“Santana! Dios mio!” A mulher agachou-se ao lado da filha e sua sócia.

“Sra. Lopez, que bom que a senhora chegou, Santana desmaiou logo depois de receber uma ligação, o que será que está acontecendo?” Quinn abanava com um pedaço de papel o rosto da jovem latina.

“Brittany está em trabalho de parto.” A Sra. Lopez respondeu, segurando o rosto de Santana, já arrependida por ter pensado mal de sua filha, era óbvio que ela não iria abandonar Brittany nesse momento tão importante. A emoção que ela sentiu foi tão grande que não agüentou logo após receber a ligação de sua sogra, informando que a pequena Sugar estava a caminho.

“Oh que ótimo! Eu tenho que ligar para Rachel para dizer que nossa afilhada está nascendo.” Quinn falou animada com um largo sorriso.

“Vai querida, eu cuido da Santana.” A Sra. Lopez respondeu, então sem perder mais tempo, a loira se levantou e foi até a sua sala avisar sua esposa sobre as boas-novas.

Finalmente Santana começou a retomar a consciência, mas estava confusa.

“Mama? O que está acontecendo?” Ela perguntou com a voz baixa, a Sra. Lopez suspirou, não podia contar a verdade nua e crua para Santana, e correr o risco dela desmaiar outra vez, mas nem foi preciso, no mesmo momento os olhos de Santana se arregalaram.

“Sugar...” Ela murmurou, e logo se levantou agitada. “Mama, minha filha está nascendo, eu... Eu preciso estar com Britt agora!” Santana estava tão agitada, como sua mãe nunca vira antes. “ Britt precisa de mim, eu preciso ir lá agora... Argh, droga! Cadê a porcaria da chave do carro?” Ela falou em frustração, após olhar por toda a mesa e não encontrá-las.

“Santana, vamos no meu carro, vai ser muito mais seguro.” A latina mais velha sugeriu, sabia que sua filha não estava em condições de dirigir, e não seria nada legal que Sugar ficasse órfã e Brittany viúva logo nesse dia tão especial.

“Tudo bem.” Santana concordou, então as duas saíram apressadas, e cruzaram com Quinn, que rapidamente apertou a mão da latina mais jovem.

“Parabéns Santana.” Ela a parabenizou, Santana abriu um sorrisinho nervoso.

“Obrigada, Quinn.” Ela agradeceu.

“Logo Rachel e eu estaremos no hospital para conhecer nossa afilhada.” Quinn lhe assegurou.

“Ótimo.” Ela respondeu animada.

A cabeça de Santana estava a mil por hora, ela pensava tantas coisas ao mesmo tempo, que ela nem imaginava ser possível, só mesmo o nascimento de um filho para despertar esse tipo de reação nas pessoas.

Quando a voz da Sra. Pierce lhe informou que Brittany entrara em trabalho de parto prematuramente, seu mundo veio abaixo. Ela acreditou por alguns segundos que fosse mesmo morrer, porque o filme de sua vida passou diante de seus olhos. Ela vira a primeira vez que encontrara Brittany, ainda na escola primária, a primeira vez que ela dormiu na casa de sua amiga, aos nove anos de idade, a primeira vez que tiveram uma discussão, o primeiro beijo, logo após um banho de piscina, a primeira experiência sexual, em sua antiga casa, a conversa decisiva com Holly Holliday, a declaração doída de amor no corredor do McKinley, o momento em que começaram a namorar, o dia em que ela pedira a loira em casamento,o dia do casamento, o momento em que decidiram usar um método caro e arriscado para ter sua filha, o momento em que ficaram sabendo que o método funcionara, as noites de sono perdidas em busca das coisas mais loucas que Brittany queria comer, o primeiro brinquedo que comprara, um unicórnio de pelúcia, a enorme faixa escrita “Bem-vinda, Sugar” colada em cima da porta do quarto da menina, que lhe causara uma semana com seu corpo dolorido, uma vez que ela caira após pendurar a faixa, e muitos outros pequenos detalhes que fizeram desse momento algo tão especial, que quase fora capaz de fazer seu coração falhar.

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O choro da pequena Sugar cortou o ar, levando Brittany e sua mãe as lágrimas. Depois de tanto esforço, tatás noites em claro, tantos desejos estranhos, e tantas barreiras quebradas a sua filha estava ali, viva e bem de saúde. Era uma pena Santana não estar ali compartilhando aquele momento.

“Mamãe, eu quero pegá-la.” Brittany sussurrou, estava exausta, o trabalho de parto a deixara acabada. Sem demora, a Sra. Pierce colocou aquele pequeno e frágil ser nos braços da mais jovem mamãe. As lágrimas foram inevitáveis, assim como acontecera com Santana momentos antes, a loira vira um filme em sua cabeça com os momentos mais importantes que a levou até aquele ápice. “Eu só queria que Santana estivesse aq...”

Nesse momento duas latinas entraram na sala, Brittany olhou orgulhosa para a estupefata e pálida Santana. Foi quase como se a loira tivesse encontrado uma lâmpada mágica e pedido a presença da esposa para o gênio que nela habitava, de tão rápido que seu desejo se realizou.

“Oh Dios...” Santana murmurou, aproximando-se lentamente da cama. “Me desculpa Britt, eu me atrasei...” Mas as desculpas foram impedidas de serem concluídas, a emoção falou mais alto, e o choro dominou o momento. Santana e sua mãe se abraçaram, e era difícil saber qual das duas estava mais emocionada. As duas loiras se entreolharam, e sorriram. Em seguida, a latina mais jovem abraçou sua sogra, que lhe parabenizou mais uma vez, e em seguida olhou para Brittany e Sugar. “Britt, olha só para ela... Nossa filha!”

“É, você quer segurá-la?” Brittany perguntou, então Santana assentiu com a cabeça, e pegou Sugar, que estava quietinha.

“Olha só, a menininha da mamãe...” Santana falou baixinho e deu um beijinho na testa frágil de sua bebê.

“Ei San!” Brittany a chamou. “ Você é a mãe, mamãe sou eu.” Ela disse e piscou para a latina, que abriu um sorrisinho.

“Tudo bem.” Se Brittany queria assim, assim seria.

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“Olha só que linda Quinn, por favor, diga que você concorda em termos a nossa menininha também.” Rachel falou, ainda encantada com a pequena Sugar, agora em seu colo. “Olha só como ela é perfeitinha, olha só para essas mãozinhas, esses olhinhos, os fiozinhos de cabelo tão delicados.” Santana estava sentado ao lado de sua esposa, e as duas apenas riam bobamente, orgulhosas de serem pioneiras nesse tipo de situação entre seus amigos. Quinn estava ao lado de Rachel, admirando a beleza que era sua afilhada.

“É, ela é mesma uma graça.” Quinn concordou e olhou para mãe e mamãe, que trocaram um selinho. “Tudo bem Rachel, eu prometo que vamos ter a nossa menininha também.” As duas riram.

“Estão vendo? Logo logo Sugar vai ter uma amiguinha.” Rachel disse as duas.

“Ela vai ficar esperando, hein?” Brittany respondeu.

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Dois dias depois de seu nascimento Sugar esteve pela primeira vez em sua casa, onde foi recebida por uma grande festa, que infelizmente seu vovôs e seu tio não puderam participar, o vovô Pierce por estar em uma missão espacial (sim, vovô Pierce é um cientista da NASA) e o vovô e titio Lopez por estarem prestando seus serviços médicos aos menos favorecidos na África e leste da Ásia, mas ambos estavam orgulhosos pela chegada da mais nova membro da família Pierce-Lopez.

Fora um dia de intensa alegria, Brittany apresentara a menina à Lord Tubbington, e os seus amigos do Clube do Coral e das Cheerios, mas o melhor do dia ainda estava por vir.

Após todas as visitas irem embora, Santana pegou seu violão e foi até o seu antigo escritório, agora quarto de Sugar, onde Brittany cantava canções de ninar para a pequena que estava quase dormindo.

“Ei Britt, eu quero cantar uma música para você e para ela, as minhas garotas.” Santana disse, chamando a atenção da esposa, que parecia cansada, mas podia agüentar mais um tempinho antes de cair na cama para seu merecido descanso.

Santana começou a dedilhar em seu violão uma melodia conhecida por Brittany, uma melodia que lembrava sua infância, e quando a latina soltou a voz, lágrimas escorreram silenciosamente pelo rosto da loira.

I've got sunshine

(Eu tenho o brilho do sol)

On a cloudy day

(Num dia nublado)

When it's cold outside

(Quando está frio lá fora)

I've got the month of May

(Para mim é como se fosse a primavera)

Well, I guess you'll say

(Bem, você vai me perguntar)

What can make me feel this way?

(O que pode me fazer sentir desse jeito?)

My girl

(Minha garota)

Talkin' 'bout my girl

(Eu estou falando da minha garota )

I don't need no money

(Eu não preciso de dinheiro)

Fortune or fame

(Fortuna ou fama)

I've got all the riches baby

(Tenho todas as riquezasquerida)

One person can clain

(Que uma pessoa pode pedir)

Well i guess you'll say

(Bom, você vai me perguntar)

What can make me feel this way

(O que pode me fazer sentir desse jeito?)

My girl

(Minha garota)

My girl

(Minha garota)

My girl

(Minha garota)

Talking about my girl

(Estou falando sobre minha garota)

My girl

(Minha garota)

Brittany abraçou e beijou a esposa assim que a canção terminou.

“Eu te amo tanto, você é o melhor presente que eu já ganhei em toda a minha vida,Santana.” Ela disse nos intervalos entre os beijos.

“Você também, é.” Santana respondeu.

“Agora somos uma família completa, e vamos ser muito felizes.” Santana sorriu.

“Sim, nós vamos.” Ambas sabiam que a suas vidas nem sempre seriam aquele mar de rosas e clima de lua de mel que estavam vivendo agora, mas elas também sabiam, que não havia nada, mas nada mesmo, que seu amor não pudesse superar.