Folhas de outono

Por Peu Wincest

As folhas alaranjadas da grande árvore caíam em completa harmonia, dançando sobre o ar gélido que passava pelo bosque naquela manhã de outono. Os orbes do jovem Merlin fitavam intensamente o denso (bosque). Estava totalmente entregue aos braços do príncipe, que, com seu manto vermelho, aquecia seus corpos. Merlin simplesmente amava sentir a segurança e o conforto que encontrava nos braços de Arthur, seu amado príncipe. Não trocaria aquilo por nada. O calor que emanava do corpo do jovem o fazia sentir-se seguro, um estado de harmonia no qual nunca havia estado. Ser envolvido pelos braços do príncipe Arthur fazia Merlin se sentir a pessoas mais completa em toda Camelot. Completo por estar ao lado do único que importava; o único que realmente amava.

Os filetes de luz da grande estrela cortavam as nuvens teimosas que persistiam em ofuscar sua grande luz naquela manhã de outono. O silêncio predominava no bosque ao norte de Camelot, apenas a respiração dos dois jovens apaixonados era audível naquele amanhecer.

Arthur apertou um pouco mais seus braços fortes envolta do jovem mago, segurando Merlin com firmeza, diminuindo qualquer distância que havia entre seus corpos. Sentia-se obrigado a protegê-lo de qualquer mal. Proteger seu pequeno e atrapalhado amor. O jovem príncipe considerava-se o homem mais sortudo do mundo por ter o maior dos tesouros. O amor daquele quem amava. Não conseguia achar palavras para dizer o quão grato estava por Merlin aparecer em sua vida. No fatídico dia em que se encontraram e seus olhares se cruzaram pela primeira vez, se lhes dissessem naquele dia o quão amaria aquele garoto franzino de certo soltaria uma de suas gargalhadas de deboche. Como poderia ele, o futuro rei, se apaixonar por um plebeu?

Entretanto, o que Arthur não sabia era que seu amor por aquele simples servo seria maior que seu amor por Camelot. Sabia que, por Merlin, seria capaz de tudo. Morreria por ele e mataria para protegê-lo se fosse preciso, porque Merlin era a única coisa que importava.

Arthur apertou o jovem mago com força, beijando o pescoço de Merlin.

O jovem mago se entregou a carícia que seu amado lhe fizera, sentindo o coração do príncipe pulsar em suas costas. Um sorriso acanhado dominou seus lábios, permitindo que uma felicidade indescritível preenchesse seu coração completamente. Felicidade seria pouco para descrever o que sentia quando estava nos braços de Arthur. Era mais do que felicidade, era amor. Amor esse capaz de ultrapassar fronteiras, reinados, magos e feiticeiras.

Entretanto, precisava encarar a realidade. Camelot precisava de Arthur como rei. Fechou seus olhos e respirou profundamente, deixando o ar encher os seus pulmões ao máximo, para que se esvaíssem segundos depois. Seus olhos se abriram lentamente, encarando os filetes de luz que lutavam para aparecer por entre as nuvens acinzentadas.

- Está na hora de voltarmos – Disse o jovem mago.

Merlin tentou levantar-se, porém fora impedido pelo príncipe que o segurou com firmeza.

- Quero ficar mais um pouco aqui, com você.

Arthur se aconchegou no ombro do jovem servo.

- Perdeu a cabeça? Precisamos voltar antes que percebam que você não está em seu quarto.

Merlin conseguira desvencilhar-se dos braços de Arthur e se levantou apressadamente. O príncipe o seguiu, puxando-o com força. Entreolharam-se por longos segundos, totalmente entregues um ao outro.

- Eu não me importo – Disse Arthur.

- Camelot precisa de você.

Merlin sentiu um aperto cruciante ao proferir tais palavras. Sabia mais do que todos que Camelot precisava de Arthur mais do que ele próprio precisava de Arthur. E mesmo não querendo acreditar, essa era uma verdade que não poderia ignorar.

- Eu preciso de você, Merlin. Ainda não percebeu isso? Sem você não sou nada e apenas ao seu lado sou inteiramente completo.

Os dedos de Arthur acariciaram suavemente a maçã do rosto do jovem mago. Seus olhos azuis se perderam no olhar profundo de Merlin. Puxou o servo eliminando qualquer distância que ainda havia entre eles. Seus lábios roçaram-se nos de Merlin, sentindo em sua pele a respiração ofegante do outro. Invadiu os lábios dele sem encontrar nenhuma barreira, saboreando o gosto de Merlin que o fascinava.

Merlin segurou a cintura do jovem Pendragon por instinto, entregando-se ao beijo carinhoso. Seus lábios apreciavam o gosto adocicado do príncipe. Seu coração pulsava como sempre fazia apenas quando beijava Arthur, intensa e fortemente. Entregou-se ao beijo por longos minutos, até que o ar se fizera necessário, obrigando ambos os jovens a se afastarem.

Um vento gélido atravessou o bosque, levantando as folhas caídas ao chão e arrancando as mais fracas e prestes a cair. O tom alaranjado das folhas de outono pintaram o cenário composto pelo príncipe e seu servo, que se entreolhavam intensamente. Perdidos não apenas em seus olhares, mas também em seu amor.

FIM