21/12/2009 – 1:00 AM

Quatro paredes rosa se apertavam umas contra as outra, brilhando sob a forte luz do luar. A mobília branca e lilás indicava que o cômodo se tratava de um quarto feminino. A garota em questão falava ao telefone ao mesmo tempo em que digitava no seu recém adquirido computador portátil. Seu nome era Nany. Ela conversava pelo computador com sua melhor amiga, Pix e pelo telefone com Lily, outra amiga. Os assuntos? Nada em especial, apenas bobeiras adolescentes, e coisas sobre a banda. De repente, sua mãe bate à porta e a manda dormir, obviamente em vão. Era apenas uma da manhã, ainda muito cedo para elas.

Nany havia esquecido completamente que exatamente àquela hora da madrugada Messy fazia aniversário. Provavelmente só se lembraria de manhã.

21/12/2009 – 1:00 AM

Messy se senta em um balanço da praça, o coração pesado, os olhos inchados de lágrimas. O mundo como ela conhecia deixou de existir. Nunca mais saberá o que é rir com despreocupação infantil, porque a infância ficou para trás. Esperanças esmagadas e sonhos despedaçados serão seus companheiros constantes agora que sua mãe se foi. Aquela tarde marcava o inicio de uma nova vida, uma vida que ela preferia que nunca viesse a existir. Como isso poderia ter acontecido logo no seu aniversário de 14 anos? Nunca saberia a resposta. Os segundos se arrastam lentamente, e Messy se dá conta de que estava parada naquele balanço há muito tempo. Faz um grande esforço para se levantar, enquanto a idéia de que nunca mais veria sua mãe começa a tomar conta de seu pensamento.

—Está tudo bem?— Ela fica parada olhando para o rosto de sua irmã e mais uma rodada de lágrimas parece percorrer seu rosto. Incapaz de responder, a garota sobe correndo as escadas que levam ao seu quarto. Ela leva um susto ao ouvir o som do telefone tocando. A secretária eletrônica atende e a voz de Pix, sua amiga sussurra em seus ouvidos: "Messy, é você? Eu sei o que aconteceu com a sua mãe, e pensei em ligar para ver se está tudo bem. Retorne a ligação quando puder." Este era o problema. Ela provavelmente nunca poderia, nunca se sentiria livre do vazio que penetrava silenciosa e dolorosamente em seu peito. Deitada na cama, ela tentava entender porque sua mãe tinha partido logo quando tudo parecia estar dando certo. De nada adiantou. Nunca entenderia. Idéias ridículas começavam a se formar em sua cabeça. Entre elas, estavam largar a banda e se mudar para o lugar mais longe possível ou se enfurnar na cama e nunca mais sair de lá. A segunda parecia ser mais plausível.

21/12/2009 – 1:05 AM

—Lily? Você não sabe o que aconteceu! A mãe da Messy sofreu um acidente de carro! Eu liguei para ver se estava tudo bem, mas ela não atendeu. — Uma onda de tristeza percorre os sentimentos de Lily, mas é logo substituído por alegria, afinal, todas as músicas da banda estavam prontas para serem lançadas na internet, e com um pouco de sorte, alguma gravadora as ouviria e as lançaria para o sucesso. Não que ela não se importasse com a morte da mãe de sua melhor amiga, mas ela toda era só negócios! E, se ela não se preocupasse com o futuro da banda, quem se preocuparia? Com certeza, não a Pix. A Messy talvez, mas com esse acontecimento inesperado em sua vida, ela provavelmente nem se lembraria que tinha uma banda. A Nany também nunca se daria ao trabalho de olhar para algo que não fosse o próprio umbigo. De repente o telefone toca e a voz de Nany começa a tagarelar. "[...] Fiz Compras no shopping [...] Liquidação [...] Garoto lindo parado do lado de fora da minha casa [...]" Como sempre Lily não deu a mínima atenção à sua amiga. Assim como sua mente era só a negócios, a de Nany era só a coisas Fúteis. E todas sabiam disso. Segundos depois que ela desliga o telefone, este toca de novo. Mas, a voz que fala em seus ouvidos era muito diferente da voz agitada de Nany, ou da seca de Pix. Era uma voz triste. Ela percebeu logo que se tratava de Messy. "Você sabe o que aconteceu, não?" A menina sentiu uma profunda pena de sua melhor amiga. "Claro, Não vou perguntar se você está triste, porque esta é a coisa mais óbvia do mundo, mas espero que você não esteja se sentindo TÃO mal assim...". Passaram a noite conversando no telefone. Nenhuma das duas meninas conseguia dormir. Até que uma nova ligação aparece no telefone de Lily. Ela atende. As duas meninas ouvem atentamente cada palavra pronunciada pela outra pessoa da linha, e ficam petrificadas ao entenderem o que estava acontecendo, toda a melancolia anterior foi rapidamente substituída por uma felicidade estrema: Era uma gravadora querendo assinar com a banda. Lily é a primeira a se recuperar do choque inicial e consegue marcar um encontro com o representante da RsB.

21/12/2009 – 1:20 AM

Um forte frio atravessa a janela da casa de Pix, que se levanta do computador para fechar as cortinas. Ela havia acabado de descobrir que a mãe de sua amiga Mess tinha sofrido um acidente, e havia terminado de dar a má notícia para as outras meninas. Ela não fazia a menor idéia de onde M se encontrava no momento, mas tinha feito a sua parte para ajudá-la então não ligava muito para o fato ocorrido. Das 4 amigas da banda, ela era, de longe, a que menos se encaixava no grupo. Mesmo cantando extremamente bem, quando estava na companhia das outras, se intimidava, e acabava desafinando. E ela há muito tempo havia percebido que as outras só a deixavam continuar no grupo por amizade, não realmente por talento.

Mas isso não a incomodava. Fazer sucesso como cantora era um sonho antigo, e que ela daria tudo para conseguir. Qualquer coisa mesmo.