A Infância de Inu Yasha escrita por Kaoru Higurashi
Notas iniciais do capítulo
Inu Yasha não me pertence (mas um dia ele será meu)
Mais um fatídico dia de outono.... as folhas secas das árvores caíam devagar seguindo o caminho da brisa suave, formando um belo tapete no meio da grama, esta, ainda tenra e verde...
Em meio a esse cenário, um pequeno hanyou muito entediado, fitava o céu azul, enfronhado em seus pensamentos... Já fazia algumas semanas desde o incidente com o pai de sua amiga Haru, mas aquelas palavras de desprezo nunca saíam de sua memória. Ele o havia chamado de ‘hanyou’: “Mas o que será que é isso...?” Pensava Inu Yasha, não que já não tivesse ouvido as pessoas comentando aos cochichos enquanto o olhavam de esguelha, falavam alguma coisa como: monstro, hanyou, perigoso (entre outras coisas que seria melhor nem lembrar); mas agora pensava mais seriamente sobre o assunto. Seria o momento de perguntar à sua mãe?
O pequeno hanyou não sabia o por quê, mas sentia que sua mãe não lhe responderia, havia muitas coisas que ela não lhe contava, talvez por ele ainda ser muito jovem ou simplesmente por não ser a hora ainda.
- Detesto ser pequeno! - disse aos quatro ventos sem se importar se alguém ouvisse.
Resolveu, então, dar uma volta por aí pra ver se distraía a mente. Aproximou-se da floresta, a tal floresta que sua mãe lhe pedia para não adentrar, sempre ouvia dizer que era um local perigoso. Parou um pouco e pensou se deveria entrar...:
- Bah! Nada de mal vai acontecer! - disse confiante
Foi adentrando a floresta escura, cada vez que avança as árvores iam ficando cada vez mais altas, e suas densas copas quase bloqueavam a luz do sol. Começou a se sentir meio estanho, com um pouco de receio do que pudesse acontecer, mas também com um misto de curiosidade e vontade de prosseguir. O que poderia acontecer? Que tipo de criaturas viveriam ali? Quais suas intenções? - essas e outras perguntas apareciam sem parar na cabeça do pequeno hanyou que continuava a adentrar mais na floresta escura...
De repente sentiu algo em seu pescoço, uma picada de inseto; instintivamente esmagou o ‘inimigo’ com a mão. Uma minúscula criatura caiu levemente em sua palma estendida:
- Uma pulga? - pergunta Inu Yasha olhando com mais atenção, ao ver que a pulga usava roupas.
- Oh! Desculpe, esqueci de me apresentar - disse a pulga recompondo-se - Meu nome é Myouga. Você deve ser o senhor Inu Yasha!
- Senhor?! - estranhou Inu Yasha - E como você sabe meu nome?
- Ah! Eu era um grande amigo do seu pai!
- Meu pai? - era estranho como aquilo soava. Estava tão acostumado a não ter um pai, que lhe parecia absurda a idéia de que realmente tivera um.
- Oh sim! Seu pai era um poderoso youkai... - mas antes que Myouga pudesse terminar, Inu Yasha interferiu:
- Um youkai!? Meu pai era um youkai...?
Myouga estava perdendo a paciência; será que o pequeno não sabia nem o que era um youkai?
- Claro que sim! Por quê você acha que é um hanyou?
- Hanyou! Então você sabe o que é isso? Me explique! - pergunta ele impaciente
- Oras! Então sua mãe não lhe contou? - diante do silêncio do pequeno, ele então prosseguiu - Sua mãe é humana, e seu pai era um youkai. Da união desses dois seres nasce um ser híbrido, um meio-youkai, chamado também de hanyou. É isso que o senhor é amo Inu Yasha.
Inu Yasha não sabia o que dizer, estava tão chocado com a notícia que acabara de receber, nem a tinha digerido ainda... Ele era meio youkai e meio humano? Então era por isso que ele era tão diferente das demais crianças do vilarejo... Aí se lembrou de outro detalhe que gostaria de perguntar:
- E meu pai? Onde ele está? – perguntou impaciente
- Er... bem... – Myouga não sabia por onde começar, como diria para ele que o pai que nem chegou a conhecer estava morto, e que ele nunca o conheceria?
- Anda! Desembucha!
- É que... seu pai... ele....No dia em que o senhor nasceu... ele... bem...ele estava muito ferido, e... teve que lutar com um inimigo para proteger sua mãe... então ele...
- Fala logo! Estou ficando sem paciência! – Insistiu o hanyou nervoso
- Seu pai morreu nesse dia, Inu Yasha-sama, no dia em que o senhor nasceu...
O jovem hanyou parecia meio decepcionado, mas não triste. Afinal, como poderia ficar triste por alguém que ele nem conheceu? Mas ele era seu pai, e nunca iria conhecê-lo, saber como ele era, brincar com ele, ouvir sua voz...
- Então ele morreu....
- Anime-se Inu Yasha-sama! Seu pai morreu contente em proteger o senhor e sua mãe, ele ia querer que fosse feliz.
“Ser feliz..!?” - Pensava com ironia. Como um hanyou poderia ser feliz, sendo rejeitado por tudo e por todos? -“Se pelo menos ele estivesse aqui...”
Afastou esses pensamentos e foi se levantando para ir embora, mas parou de repente ao ouvir um barulho vindo da floresta:
- Quem está aí!? – gritou preparando as pequenas garras; mas sua confiança não era muita, nunca tinha enfrentado alguém, muito menos um monstro...
Um breve silêncio tomou conta do lugar, um momento que pareceu uma eternidade para o jovem hanyou...
Mas o que ele temia aconteceu...Um enorme oni surge do meio das árvores, derrubando-as e tudo mais que tivesse pela frente. O hanyou ficou sem reação, nunca tinha visto tal criatura, já havia ouvido falar, claro; havia dias em que o único assunto de todos do vilarejo eram os youkai e como eles haviam destruído determinada aldeia...
Mas agora era diferente, ele estava frente a frente à uma dessas criaturas. E agora, o que fazer?. Felizmente Myouga o tira desses devaneios:
- Inu Yasha-sama, corra! O senhor não pode contra ele!
‘Acordando’ então, o hanyou se põe a correr com a máxima velocidade que suas curtas pernas lhe permitiam. O oni o persegue com uma velocidade incrível, e por onde ele passa só restam destroços e árvores caídas. Após um dos ataques do youkai passarem de raspão pela cabeça de Inu Yasha, Myouga percebendo o perigo pulou do ombro do hanyou e foi para outra direção:
- Velho Myouga! Velho Myouga! – chamou sem efeito - “Que covarde!”
Ele já estava ficando cansado, quando finalmente avista as muralhas do castelo...Quando está mais ou menos a dez metros da muralha, ele pára de correr e volta seu olhar para trás. O oni não mais o perseguia, apenas o fitava da floresta, não se atreveria a invadir um castelo humano, correndo o risco de ser atacado com lanças e flechas, e acabar sendo morto por causa de um hanyou. O oni se virou e foi embora, sumindo na densa e escura floresta.
Agora o híbrido retomava o fôlego, seu coração ainda batia forte, suas pernas ainda estavam meio bambas, nunca havia chegado tão perto da morte. Passou pelos guardas e adentrou o castelo, chegando na sala de estar, sentou-se no chão e ficou ali, estático, ainda em choque. Izayoi adentra o aposento e após encarar seu filho pergunta:
- O que houve?
- Não... foi nada! – respondeu com a voz meio embargada
- Você não me engana. Aconteceu alguma coisa.... – ao vê-lo tremendo ela percebe que havia algo errado – Você não foi à floresta, foi? – indaga preocupada, já adivinhando a resposta.
- Eu.... – não agüentando mais o hanyou desabou no choro enquanto abraçava sua mãe – Desculpe mãe! Eu te desobedeci!
- Tudo bem meu filho! Está tudo bem agora! – diz a jovem princesa abraçando-o ternamente – Agora me diga o que aconteceu. – sua voz era terna,e não repreensiva.
- Um youkai! Um youkai me atacou...eu consegui fugir... Eu senti tanto medo! – disse o hanyou aos soluços. Sua mãe era a única com quem se abria, a única em quem podia confiar...
- Calma, calma. Está tudo bem agora. – disse com a voz doce – Você tem que ser forte. Vai encontrar muitos desafios nessa vida, e você tem que enfrentá-los. Por isso tem que ser forte. – ela lha afaga as mechas prateadas – Porém vai me prometer que não vai me desobedecer de novo.
O hanyou levantou a cabeça fitando-a. Izayoi enxugou uma lágrima do rosto do filho com uma das mangas de seu comprido kimono, e olhou-o com o olhar tão sereno que ela sempre tinha, aquele olhar que parecia poder acalmar tempestades, ou parar a mais poderosa das feras.
- Eu prometo – disse lhe abraçando novamente.
- Não se preocupe. Eu estou aqui meu querido, eu sempre estarei aqui quando você precisar. – nada nem ninguém o acalmava mais do que aquelas palavras vindas de sua genitora.
Ela o envolveu mais ainda em seus braços. Ele foi se acalmando e fechou lentamente os olhos, sendo embalado por sua genitora para um sono tranquilo e sossegado. Sim, ali estava protegido, nada o poderia ferir ou assustar enquanto estivesse com sua tão amada mãe...
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