A Infância de Inu Yasha escrita por Kaoru Higurashi


Capítulo 15
Capítulo 15: Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Inuyasha não me pertence e blá, blá, blá



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Nove anos haviam se passado desde então... Nove anos de solidão, nove anos de lutas pela sobrevivência... Nesses nove anos o hanyou cresceu, já não era uma criancinha... Agora tinha uns dezessete anos, porém estava longe de ser um adulto. No mundo dos youkais ele era apenas um filhote ainda, os youkai (ou hanyou, no caso) se desenvolviam muito mais devagar que os humanos, o que lhes dava uma incrível longevidade, sendo que quanto mais idade tivesse um youkai, mais youki esse tinha e respectivamente, mais força.

Mas agora ele já sabia muito bem se defender sozinho... Já achava que sabia de tudo que era necessário saber... Mas claro, sempre há coisas a se aprender... E a vida se encarrega de nos ensinar... nem sempre da maneira que nós desejamos que fosse...

Achava que quando enfim se tornasse forte os outros youkais o respeitariam. Ledo engano... Jamais o aceitariam como é, sempre o chamariam de ‘hanyou’, ‘híbrido’, ‘meio-youkai’ entre outros nomes não tão ‘educados’. Sempre o tratariam como a escória da escória, mesmo que fossem mais fracos que ele, se orgulhavam de ser youkais ‘puros’. Os humanos pelo menos – em raros encontros eventuais – o temiam, mas estes nem sabiam a diferença entre um hanyou e um youkai, então não fazia muita diferença; fora que o tratamento dispensado por estes últimos não melhorara em nada, a menos que estivessem implorando por suas miseráveis vidas. Em suma, sua solitária vida não havia mudado quase nada...

[...]

Uma figura conhecida descansava em um galho de árvore. Seus longos cabelos pratas esvoaçavam ao vento primaveril, enquanto matinha seus olhos dourados fechados apesar de estar acordado e atento a tudo ao redor. As orelhas caninas também prateadas no topo da cabeça atentas à qualquer mínimo ruído que pudesse indicar perigo. Seus braços cruzados sob o peito escondiam garras mortais sob as mangas do longo haori vermelho que o acompanhava desde pequeno e que estranhamente parecia acompanhar seu crescimento – poderia ser atribuído ao fato de ser feito de pele de um youkai, não é de se espantar que tivesse ‘poderes mágicos’...

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Uma garota jovem corria pela floresta. Parecia fugir de algo, ou ‘alguém’, estava desesperada e ofegante de tanto correr, já apresentando sinais de fadiga. Atrás dela vinha um grupo de bandidos armados, eram cinco no total e a cada segundo avançavam para mais perto da garota, que já se deixava vencer pelo cansaço. De minuto em minuto ela olhava para trás, somente para constatar que seus perseguidores chegavam cada vez mais perto; em uma dessas ocasiões ela acaba por tropeçar em uma raiz de arvore mais saliente no chão.

A garota cai com estrépito ao solo, sentindo a dor no pé direito, com o qual havia tropeçado. Em instantes os bandidos já haviam chegado onde ela se encontrava, e a menina ainda na tentativa de fugir tenta se arrastar pelo chão, mas é segurada por eles. Três deles a seguram contra uma arvore, enquanto um terceiro se aproxima do rosto da garota:

- Você é uma gracinha, vamos nos divertir muito. – ele fala lambendo o rosto dela em seguida. Esta vira o rosto para o lado com nojo, os outros quatro riem.

A jovem tenta inutilmente se soltar do agarre deles, mas são cinco homens contra uma garota. Então, sem ver outra saída ela começa a gritar desesperadamente por ajuda.

- Não adianta gritar, estamos numa floresta, ninguém vai te ouvir – dizia o bandido que estava mais próximo dela.

- Me soltem!! Socorroooo!!! – ela continua a gritar.

[...]

O silêncio daquele dia calmo havia sido quebrado quando as orelhas caninas do hanyou captaram um som, não muito longe dali. Podia ouvir gritos, e sentia também cheiro de humanos. O híbrido abre os olhos dourados, visivelmente perturbado com o barulho, os humanos que ousaram incomodá-lo iriam se arrepender amargamente por isso. Ele se levanta e parte pulando de galho em galho, sendo guiado por sua audição e seu olfato até onde estava o motivo de sua perturbação..

[...]

A garota ainda se debatia nas mãos dos bandidos, o que fez um deles ficar bravo e dar-lhe um tapa no rosto. A menina parou temporariamente de se debater. O homem segurou-a pelo queixo virando seu rosto para ele:

- Fique quietinha senão quiser morrer. – e lambeu o rosto da garota perto de sua boca, em seguida passando a mão pela lateral de seu corpo.

Ela agora chorava copiosamente enquanto, entre soluços tentava implorar pela piedade inexistente naqueles criminosos:

- Por favor... Me deixem ir.... – ela dizia em lágrimas.

- Não ouviram a garota? – uma voz pode ser ouvida atrás dos bandidos.

Quando estes se voltam para trás deparam-se com o hanyou que os olhava com seus olhos dourados e furiosos. Dois dos homens desembainham suas espadas e partem pra cima do estranho, que se desvia sem fazer o mínino esforço e em seguida golpeia os dois humanos tão rápido que nem tiveram chance de reagir, ambos caem semiconscientes no chão. Os outros três se põe em alerta, deixando a mulher de lado, pegam suas katanas e apontam para ele, ainda espantados com o ocorrido.

- Ele é um youkai! – disse um dos homens, temeroso.

- Não importa, vamos acabar com ele. – disse outro atacando o ‘youkai’.

Inu Yasha usa suas garras antes mesmo do humano chegar perto dele, fazendo sua katana em pedaços. O homem olha para o que sobrou de sua espada e começa a tremer de medo enquanto encara o ‘youkai’ à sua frente, que parecia se divertir com a situação. O hanyou o ergue pelo pescoço e aperta as garras contra o frágil pescoço do humano, este já sufocando tentava inutilmente se soltar, resultando no hanyou apertar seu pescoço com mais força ainda. Enfim o pescoço do humano quebra sob a força dele...humanos eram realmente muito fracos, não achava nada divertido lutar com eles; largou o corpo no chão e se virou para os dois bandidos que restavam.

Um dos homens se ajoelha no chão e implora o perdão do ‘youkai’, o outro não consegue expressar reação alguma além de tremer incontrolavelmente. Inu Yasha olha pra eles com desprezo:

- Odeio bandidos! – os olha novamente, parecendo pensativo - O que farei com vocês...? – diz com sarcasmo.

- Senhor, por favor nos poupe. Prometemos nunca mais fazer isso de novo. – o homem que estava ajoelhado implora.

Por um instante ele parece pensar no que fazer com eles. O homem que jazia ajoelhado ao solo aproveita a aparente distração do hanyou e pega um punhado de terra no chão, depois repentinamente o joga no rosto do híbrido, na tentativa de atordoá-lo.

- Agora! – ele grita ao outro bandido, que parece despertar do’transe’ e ataca o inimigo com sua espada.

Mas seu ataque não acertou o alvo, quando a poeira baixou, ele não estava mais lá. Os dois se entreolharam confusos, e então olham pra cima a tempo de ver o hanyou voltando ao chão; num simples pulo havia desviado daquele ataque simples e os encara novamente:

- Vermes! – ele mostra suas garras afiadas, e sua expressão volta a ser raivosa – Agora vão morrer!

Num só golpe, os dois bandidos são fatiados em pedaços. Os dois homens que foram golpeados no início e estavam até agora inconscientes despertam, e após visualizar aquela cena saem correndo, desesperados pela floresta. Inu Yasha resolve deixá-los partir, não ia ficar correndo por aí atrás de bandidos, e se aparecessem novamente por ali, já sabiam o que os aguardava.

Em seguida voltou seu olhar para a garota no chão, esta ainda em estado de choque deixava algumas lágrimas caírem enquanto encarava o chão, tremendo.

- Hey! Você está bem? – pergunta com um quê de preocupação na voz.

A voz dele a tira de seus devaneios e pela primeira vez ela olha para o rosto de seu salvador. Ela parece se surpreender no momento e o olha com espanto levando as mãos à boca. “Está com medo por que sou um youkai.” – pensou ele sem se admirar com isso. Mas ele fica confuso ao ver a expressão dela mudar de surpresa para uma felicidade quase radiante. Mais lágrimas descem pelos olhos da menina, mas estas não mais de medo, e sim de alegria. O hanyou a olhava completamente confuso, mas antes que ele pudesse perguntar, ela começa:

- Não acredito... Inu Yasha! Eu sabia que nos encontraríamos de novo! – ela fala, feliz.

- Você me conhece? – pergunta com a sobrancelha arqueada, agora mais confuso...aquela garota sabia seu nome!?

- Não se lembra de mim? – ela parece ligeiramente decepcionada – Sou eu...a Haru!

- H..Haru? – esse nome....depois de ouvi-lo as lembranças começaram a afluir à sua mente, lembrara-se da garotinha com quem brincou quando era pequeno, e que não se importava dele ser um hanyou – É você mesma? – sua expressão era de reconhecimento.

- Sim. – ela responde feliz.

- O que faz aqui? – foi a primeira coisa que ele pensou em perguntar.

- Estava pegando água no rio, quando aqueles bandidos me viram e me perseguiram... - ela observa os corpos no chão. – Obrigada! Você me salvou. – ela diz sorrindo pra ele.

- Feh! Não foi nada. É que eu odeio bandidos. – diz virando a cara para o lado, ruborizando levemente. - Você cresceu bastante... – o hanyou diz a olhando –“Nem te reconheci!” – completa em pensamento.

- È... Você também.. – ela responde corando um pouco.

Ela o observa por um instante, não havia mudado em quase nada sua personalidade. Quanto à sua aparência, não foi realmente nada difícil para ela reconhecê-lo, distinguiria aquelas orelhinhas e aquele longo cabelo prateado - tal como seus olhos dourados - em qualquer lugar. Ele ainda usava o mesmo haori vermelho de nove anos atrás.... era como olhar para seu passado.. só que agora maior e mais forte.

- Acho melhor voltar para sua casa, não é seguro ficar por aqui. – a voz do hanyou a tira de seus devaneios, de um sobressalto.

- Ah, sim. – apesar de ter muitas coisas para perguntar ao amigo que não via há muito tempo, deixou questões para uma outra hora.

A garota tentou se levantar, mas sentiu uma pontada de dor no pé direito. Com tudo o que aconteceu ela nem lembrava que tinha se machucado ao tropeçar na raiz. Deu um pequeno gemido e voltou a sentar no chão, colocando a mão sobre o lugar dolorido e expressando dor.

- O que houve? – ele pergunta se aproximando.

- Acho que torci meu tornozelo quando caí. Mas creio que posso me levantar. – ela explica, logo depois se pondo em pé apoiando-se na arvore atrás dela.

Mas ela mal dá dois passos vacilantes e sente novamente a dor em seu pé, que cede para o lado, fazendo a garota se desequilibrar. Esta só não vai de encontro ao solo por que é segurada pelo hanyou que estava na sua frente. Ela, que fechou os olhos na hora da aparentemente inevitável queda, só percebeu o que houve quando não sentiu o impacto com o chão duro, mas sim dois braços fortes a segurando.

- Feh, nem consegue dar dois passos. – ele diz em seu costumeiro tom grosso.

A garota que nesse momento estava super corada se recompõe rapidamente:

- É claro que consigo! – diz como se estivesse absolutamente certa disso, mas quando ela tenta novamente apoiar o pé no chão ela sente a dor mais forte - decorrente de ter caído duas vezes.

- Você continua teimosa. – ele diz já perdendo a paciência.

- E você continua grosso. – ela dizia, mais divertida que brava.

O que fazer? Inu Yasha não queria mais se envolver com humanos, mas ela era sua amiga e não podia deixá-la sozinha ali. Resolveu levá-la, pelo menos até perto do vilarejo, a deixaria lá e depois voltaria para seu lugar na floresta.

- Suba! – ele diz virando-se de costas pra ela e baixando até ficar da sua altura – Andando assim não vai chegar nunca.

Ela olha por um instante, parecendo relevar sua decisão.

- Anda logo! – ele insiste sem paciência.

- Ai, não precisa gritar! – e finalmente sobe nas costas dele.

[...]

O hanyou começou a caminhar, mas depois de um tempo andando para lugar nenhum ele pára e pergunta meio sem jeito:

- Pra que lado era o vilarejo mesmo?

- Você não lembra? – a menina quase caiu pra trás.

- Bah! Já faz anos que não vou lá, como queria que eu me lembrasse? – se justifica.

- Bem.... eu fui um pouco longe do vilarejo... aí depois que aqueles bandidos me perseguiram eu corri sem nem olhar pra onde, então....

- Então você não faz a mínima idéia de pra que lado é. – o hanyou completa.

- É. – responde meio sem-graça.

- Segure-se! – ele avisa.

Mas antes que ela pudesse assimilar o comando ele dá um salto de modo repentino. A garota desavisada agarra com força as vestes do hanyou, temendo cair, e fecha os olhos com força quando sente o impulso para cima. Inu Yasha, percebendo o medo da garota tenta acalmá-la:

- Não se preocupe, não deixarei você cair – diz segurando o riso – Pode abrir os olhos.

Quando ela assim faz, visualiza um mar verde feito das copas das árvores abaixo deles e um lindo céu azul os envolvendo. Havia mata até onde as vistas alcançam, formando um tapete verde para quem via de cima. O vento acariciava seu rosto e fazia os longos cabelos pratas do hanyou esvoaçarem graciosamente, pássaros voavam a centímetros de distância e parecia ser possível tocar as nuvens com a mão. Um tanto distante podia-se visualizar um rio, que das alturas pareciam filetes azuis brilhantes cortando a floresta e sumindo no horizonte sem fim.

- Nossa! – foi tudo que ela conseguiu dizer.

Ao perceber que estavam ainda no ar e descendo, ela sentiu um frio na barriga, e novamente o temor de que fossem cair. Mas ao invés disso, o hanyou pousa suavemente sobre o topo da árvore mais alta, de onde se tem uma vista panorâmica de tudo ao redor. Após olhar um pouco ele aponta para um ponto ao longe.

- Ali está.

- Ah, é mesmo. – ela se alegra ao ver um pequeno ponto que, se olhar mais atentamente percebe-se ser um povoado.

O hanyou então novamente pula da arvore fazendo a menina ter outra vez aquela sensação estranha no estômago. Ele, de volta ao chão, corre alternando trechos de corrida e salto, mas de uma maneira suave sem dar trancos e incrivelmente rápido para uma certa humana. Sentia-se bem com ele, apesar de apenas ter estado com ele quando eram crianças, sentia como se fosse durante a vida toda. Sabia que ele não lhe faria mal e preferia mil vezes estar ali do que na mesmice do vilarejo ou sozinha numa floresta cheia de youkais e bandidos. Recostou-se nele e deixou-se ser levada, aproveitando para descansar da fuga dos bandidos e do recente susto de ter sido atacada..., porém isso já era passado...


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Notas finais do capítulo

Ninguém tá lendo  o/