Argos nos deixou na rodoviária de Nova York, já que o Lucas, por ser filho de Poseidon, não poderia voar. Nos despedimos de Argos e fomos pegar um ônibus. A ideia original era pegar um ônibus direto pra LA, mas iria usar todo o nosso dinheiro, e eu tinha a sensação de que precisaríamos dele depois.
– Então vamos atá o Kansas – Disse Tyler – É o mais perto que podemos chegar sem gastar todo o nosso dinheiro.
– Tá legal, então vamos – Disse Lucas.
Compramos nossas passagens e fomos para o ônibus, até que uma duvida me invadiu
– Perai – Disse eu – se a gente sair de Nova York, vamos entender o que eles falam? Porque nos dois – apontei pra mim e pro Lucas – não sabemos falar inglês
– Ah é, tinha me esquecido que vocês são brasileiros – Disse Tyler – Mas as fronteiras de Nova York são reversas também. Por exemplo, quando vocês entraram, conseguiu nos entender e quando sair, vai consegui entender o idioma falado no lugar onde vocês forem. Mas só se saírem de Nova York
– Então, se eu sair de Nova York e for pra França... - Disse eu
– Você vai falar francês
– Mas se eu sair do Brasil pra França... - Disse o Lucas
– Você não vai entender nada – Completou o Tyler
– Isso é simplesmente demais !! - Disse Lucas, e nós rimos
Entrei primeiro no ônibus e fui direto pro fundo, onde tinha mais acentos, pra nós três ficarmos juntos. Não sei porque, mas sentia que qualquer coisa faria queles dois brigarem, então sentei no meio, Tyler na janela e Lucas do meu outro lado. Conversamos até que Tyler pegou no sono, quando começou a cair a noite. Peguei meu Ipod e começei a escultar Everybody Hurts da Avril Lavigne, a primeira da minha Playlist, quando Lucas pegou o outro fone e começou a cantar enquanto tocava um violão invisível
– Everybody hurts some days
It's okay to be afraid
Everybody hurts, everybody screams
Everybody feels this way, and it's okay
Lalararara, it's okay

– Você canta bem – Eu disse pra ele
– Você acha?
– Claro, você arrasou – Eu disse e ele sorriu. A música acabou e começou a tocar Ruby da Kaiser Chiefs, mas agora ele começou a imitar as batidas da bateria.
– Pra um filho de Poseidon, você tá me saindo muito musical – Disse eu, rindo
– Pois é, to parecendo um filho de Apolo não? - Nós rimos. A música acabou e agora tocava Tudo em seu Lugar, do Nx Zero, e lá foi ele cantando
– Nós temos tempo pra errar
Tempo de sobra pra perder e ganhar
Apenas mais uma fase
E com o tempo o tempo volta ao normal
E põe tudo em seu lugar, tudo em seu lugar
Enfim

– Será que tem alguma música no meu Ipod que você não conheça?
– Pelo jeito não minha amiga
– É o que vamos ver – Peguei o Ipod e pus uma música da Adele, que eu tinha quase certeza que ele não escultava, mas não é que ele conhecia?
– But don't you remember, don't you remember?
The reason you loved me before,
Baby please remember me once more.
– Tá bom, desisto, você conhece todas.
– Eu te disse
Conversamos mais um pouco e eu cai no sono.

Sonhei com a minha mãe. No sonhos, estávamos nós duas no Olimpo. Verdade que eu nunca estive lá, mas o lugar era tão magnífico e perfeito, que não poderia ser outro lugar. Atena era morena, de olhos cinzas iguais o meus, usava jeans e uma camiseta branca básica. Ela não estava em seu tamanho normal, e estava na frete do seu trono, só eu e ela, e mais ninguém
– Er... Mãe? - Perguntei, confusa
– Olá Alice – Disse ela, com um sorriso caloroso. Me curvei e ela pediu pra eu levantar. Aquele lugar era tão real, que eu nem sabia mais se era sonho ou se eu estava lá de verdade.
– Eu to aqui mesmo ou... - Comecei
– É só um sonho minha filha
– Mas... porque estou aqui?
– Preciso falar com você sobre a missão.
– O que aconteceu? - Perguntei, meio assustada
– Eu só queria lhe dar os parabéns, sei que você vai me dar muito orgulho nessa missão, mais ou menos, na verdade
– Como assim?
– Vamos lá filha, um filho de Poseidon e um filho de Ares? Bom, não posso te falar nada agora, mas eu quero que siga seus instintos, mesmo que os seus companheiros digam que é errado. Siga sempre os seus instintos Alice, sempre.
– Obrigada mãe... 
– Me desculpe, mas não posso fazer mais, não podemos interferir na vida de nossos filhos, é a nossa lei
– Eu entendo, de verdade mesmo eu entendo - Eu disse, e ela ficou surpresa.
– Você entende? Normalmente nossos filhos ficam com raiva por não sermos mais presentes, levam algum tempo pra entenderem que essa é as nossas leis
– Mas eu realmente entendo. A senhora é a deus da sabedoria, não seria sábio ir contra as leis de seu povo. Se a senhora não seguisse essas leis, quem seguiria?Eu realmente entendo isso. Não estou mentindo, eu nunca minto
Ela sorriu pra mim de um jeito protetor
– Não sei se você sabe, mas Alice significa a verdadeira, sei que não mente. Eu dou muita importância ao significado dos nomes de meus filhos. Eu quero que saiba que amo todos vocês, mesmo que não pareça, eu amo todos vocês, de verdade. Quando chegar ao acampamento, diga a eles que eu os amo, e que vou aparecer pra eles quando precisarem, assim como estou aparecendo pra você minha filha. Mas agora você tem que ir, o dia já amanheceu. Vá em paz minha filha, e lembre-se de meus conselhos.