Crying In The Rain. escrita por deathcocktail


Capítulo 8
Tell me what's in.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura. :D
Não sei quando vou postar o próximo capítulo pois, de sexta até domingo, vou ficar sem internet.



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– Queria te desejar Feliz Natal.

A voz de Leana continuava saindo, e eu não conseguia ouvir. Meus pensamentos estavam me ensurdecendo, apenas conseguia pensar no porque de ela ter sumido.

Reparei melhor em Leana e percebi que estava com a mesma roupa que eu a vi quando parecia estar me observando no Canadá.

O mais estranho era essa regata naquela neve. Parece que ela não sentia frio.

– Ok. - Eu falei, transparecendo minha voz trêmula.

Comecei a chegar mais perto, Leana observando atentamente cada movimento meu, sem levantar um músculo.

Fui andando devagar em círculos em volta ao sofá onde ela estava sentada, e comecei a racionar, em voz alta:

– Primeiro eu te conheço no meio do deserto. Depois eu te encontro na cidade onde eu chego. Estranho, não é? Destino. - Minha voz soava um tanto irônica.

– Isso foi coincidência, e você sabe.

A olhei por um segundo, estava séria. Continuei a andar devagar em círculos.

– E depois eu te beijo, você dorme aqui. No dia seguinte preparo o almoço, me corto… Você some. Foge. - A olhei, sério. - Pela janela. - Dei uma pausa. - Do banheiro. - Intensifiquei a palavra “banheiro”, indignado.

Ela se virava com o corpo para observar meus movimentos circulares e permanecia calada. Então resolvi continuar:

– Fica desaparecida por um mês. Passo o natal na família de Taylor, te vejo me observando no Canadá. Como sabia onde eu estava?

Leana pôs a mão na cabeça, fingindo estar confusa. Apenas fingindo, pois sabia que as próximas palavras que sairiam da boca dela seriam mentiras.

– Do que está falando? - Perguntou, com os olhos de uma pessoa inocente.

– Não foi muito esperto de sua parte vir me visitar com a mesma roupa que estava me obserando no Canadá, Leana. - Disse por fim.

– Eu…

– E então você aparece aqui. - A cortei, minha voz soava seca e rígida. - Falando que sente minha falta e me desejando feliz natal?!

Leana engoliu em seco.

– Eu… Eu posso explicar.

Sentei ao seu lado no sofá, sem desviar meus olhos dos dela e vendo que ela fazia o mesmo, sem hesitar, peguei em suas mãos que, mesmo no calor, estavam geladas.

– Então, por favor. - Dei uma pausa, ainda olhando fixamente em seus olhos. - Explique.

Agora Leana desviou seus olhos para o chão, parecia formular alguma frase.

E então, em questão de segundos, ela me olhou novamente, seus olhos procuravam alguma expressão nos meus.

– Eu precisava de um tempo sozinha. - Leana disse por fim. - Mas então eu vi que, sumir de repente, não foi uma boa idéia. Eu senti sua falta e não sabia como falar com você novamente…

Fiquei alguns segundos tentando digerir o que tinha acabado de ouvir.

– Pois é, Leana. - Respondi seco - Sumir de repente, nunca é uma boa idéia.

Ela abaixou a cabeça. Subiu novamente e levou uma de suas mãos para meu braço que, até então, estava rígido, pois com seus toques e olhares, fui ficando cada vez mais manso e calmo.

– Mas… - Molhei meus lábios, parando alguns segundos para visualizar bem o rosto de Leana. - Por que fugir assim que eu cortei minha mão? Tudo bem, eu entendi! - Continuei falando, não deixando com que ela explicasse. - Você não pode ver sangue, não é?

Leana revirou os olhos e disse:

– Quase isso.

– Então por que não ficar me esperando no quarto?! - Perguntei, indignado.

– James… Confie em mim. Eu me arrependo de ter sumido. Me dê mais uma chance. Deixe eu voltar para sua vida.

Olhei para baixo por alguns instantes, pensando em tudo que sofri enquanto ela estava longe. Olhei para seus olhos novamente. São os mesmos olhos que sempre me deram conforto.

Era estranho, em tão pouco tempo, conhecer uma mulher assim, ver que eu poderia amar novamente e então, ela some. Respirei fundo e assenti com a cabeça.

Ela sorriu e vi que sua boca se aproximava da minha, então virei meu rosto.

Sabia que ia me arrepender disso no futuro, porém, era o melhor a se fazer agora.

– Leana… - Minha voz saia em um sussurro. Continuei. - Eu concordei em você voltar para minha vida, mas não dessa forma. - Eu olhava para o chão, não conseguia encará-la.

– Mas…

Suspirei fundo e olhei para seu rosto novamente, que carregava decepção. Porém o meu carregava muito mais.

– Você me abandonou, Leana. Me conquiste novamente. - Acariciei seu rosto e continuei falando, minha voz ainda saindo como um sussurro. - Você fez isso fácil da primeira vez.

Seus olhos cor de mel desviaram seu olhar para baixo e Leana assentiu com a cabeça. Após alguns segundos, olhou nos meus olhos novamente. Fixei meu olhar nela, sem hesitar.

– É justo. - Ela disse por fim. Arrumou o cabelo e continuou falando. - Melhor eu ir para casa, preciso dormir. Amanhã vou no bar onde eu trabalhava, para ver se consigo o emprego novamente.

Assenti com a cabeça, ainda fixado em seus olhos. Ela se levantou devagar, a segui com o olhar, até ela chegar na porta da sala e, sem olhar para trás nenhuma vez, abriu a porta, saiu e a fechou novamente.

xxx

Fui acordado pela claridade que saia da janela de meu quarto, esfreguei meus olhos, tentando abrí-los devagar e me espreguicei na cama.

Fiquei olhando para o teto por alguns segundos. Pensei na noite anterior e senti um aperto enorme em meu coração.

Leana. Finalmente voltou.

Me levantei e fui até o banheiro fazer minha higiene e tomar um banho.

Separei uma bermuda jeans e uma regata cinza e fui até uma padaria, comprar alguns cookies para comer.

Fiz isso e, ao sair da padaria, fui trabalhar.

Comecei a pensar em Taylor, o que ela estaria fazendo agora. Resolvi que quando chegasse em casa, faria uma carta para ela, explicando o motivo de toda aquela conversa com a irmã. Tentar explicar meus sentimentos por Leana. E, o mais importante, além de tentar explicar para Taylor, estarei tentando explicar para mim também.

Como que, em tão pouco tempo, uma mulher consegue me deixar tão preso quanto ela?

xxx

Fechei a loja com os funcionários e quando estava indo em direção à minha casa, parei. Olhei para o lado e avistei o open bar.

Hesitei por um momento mas, finalmente, decidi entrar.

E então, vi Leana no balcão, trabalhando. Dei um sorriso fraco, fico feliz que ela tenha voltado a trabalhar.

– Conseguiu o trabalho de volta, hein? - Falei, sentando em uma das banquetas perto dela.

Ela sorriu ao me ver e, enquanto trabalhava, respondeu:

– Uhum. Eu consigo convencer fácil as pessoas.

Sorri. Fiquei observando ela servindo outras pessoas quando que, ela veio em minha direção e se debruçou no balcão.

– Preciso falar com você. - Leana disse sussurrando. Franzi o cenho e tentei decifrar sua expressão, porém foi em vão.

– Sobre o que?

– Sobre sua família.

Meus olhos se arregalaram e perguntei, gaguejando:

– Minha… Minha família?

Ela balançou a cabeça e, ainda sussurrando, continuou:

– Meu turno acaba agora, vou me arrumar e a gente senta para conversar, pode ser?

Assenti com a cabeça, tentando digerir as palavras de Leana. Minha família? Ela nem sequer sabem quem são. O que poderia ter para conversar sobre minha família?

Ela saiu com um shorts jeans branco e uma regata apertada preta e um tênis também branco, me puxou pela mão e me levou em direção à uma das mesas do bar.

Leana sentou, olhou para os lados e falou, sussurrando, o que estava me deixando atordoado pra caralho:

– Eu admito que estava te seguindo quando você foi para o Canadá. Estava tentando achar um jeito de falar com você novamente. - Ela parou por alguns segundos, fitando meus olhos. E continuou. - Aquela casa cuja você estava olhando… Era a dos seus pais?

Parei por um segundo e lembrei de ver Leana me olhando atrás da casa. Aquela cena estremeceu meu corpo inteiro.

– Sim. - Respondi, tentando achar onde ela queria chegar com isso. - É a casa dos meus pais…

– Bom, na noite que ficamos juntos, - Ela olhou para o lado, como se estivesse tentando lembrar. - Eu te contei como meu namorado era ciumento. Rick queria que eu fizesse uma coisa cuja eu negava sempre. E então, com raiva, ele matou meus pais.

– Sim, você me disse. - Falei, recordando.

– E você me contou que a mulher que partiu seu coração foi Carolline, sua meia-irmã. - A olhei sério, esperando que continuasse. - Carolline era a loirinha cuja estava na sua casa?

– S-sim. - Disse, guagejando. Minhas mãos já estavam suando, estava desesperado para que Leana chegasse logo no ponto onde queria.

E então, sua expressão foi de terror, olhando direto para meu rosto. Molhei meus lábios, tentando digerir sua preocupação, e perguntei:

– Por que, Leana?

E então ela desviou o olhar de mim. Virei meu rosto e avistei um homem musculoso, com algumas tatuagens e cabeça raspada. Estava de óculos escuros e dizia para Leana ir até ele.

– Eu preciso ir. - Ouvi a voz de Leana, olhei para onde vinha, porém, ela já estava lá fora conversando com o cara.

Fiquei observando, até que, vi ele agredi-la.

Meu coração começou a bater acelerado, então, por instinto, fui onde os dois se encontravam.

– Está tudo bem por aqui? - Perguntei, seco.

Leana se afastou.

– Fique longe dela. - O homem mostrou seu dedo até minha cara, destacando o enorme anel prateado com pedras vermelhas em seu dedo.

E esse anel era familiar, olhei para o lado até meu campo de visão enxergar Leana, e olhei para suas mãos. E então eu vi um anel igual, que já havia reparado antes.

Fiquei confuso. Olhei novamente para o homem à minha frente e, antes que eu pudesse reagir, cai no chão. Havia levado um soco.

Sentado no chão, tentando voltar ao normal, consegui ver e ouvir Leana:

– Rick! - Se direcionou ao homem que, agora, percebi que era seu ex namorado. - Não ouse tocar mais nele!

O homem deu uma gargalhada.

– Por que, hein? O que vai fazer?

A cena que eu vi logo depois dessa, foi quase irreal. Leana que, a principio, estava parada, em pé e gritando ao meu lado, em questão de segundos, estava na frente de Rick, levando-o para o chão e socando seu rosto em uma velocidade e facilidade que eu nunca havia visto em minha vida.

Rick também era forte e percebi que os dois se locomoviam rapidamente. Por fim, o homem gritou:

– Não se atreva a pensar que é mais forte que eu!

Rick falava enquanto a jogava no chão. Todas as pessoas olhavam incrédulas. Leana começou a tentar se levantar, e Rick correu em uma velocidade tão grande que não o vi mais.

Leana e Rick são fortes. Rápidos. Sobrenaturais.

Coloquei a mão em minha cabeça, estava começando a ter uma grande enxaqueca.

Leana foi chegando mais perto, com uma expressão confusa e disse para mim, sua voz estava falhando:

– Seu… Seu nariz.

Coloquei a mão no mesmo e vi que ele estava sangrando. Por um momento, pensei que Leana ia desaparecer, mas agora ela apenas virou de costas e cruzou os braços.

Me levantei e entrei no open bar, meus olhos acharam uma mulher que lá trabalhava e fui em sua direção.

– Por favor, tem alguma pia aqui onde possa limpar esse sangue? - Disse, segurando meu nariz.

Ela pegou em minhas costas e me indicou o caminho.

Lavei meu nariz e coloquei a mão em meu rosto, pensando.

Sai do banheiro e fui até lá fora, onde Leana se encontrava sentada no chão, olhando o horizonte. Parecia perdida em seus pensamentos.

Suspirei aliviado, vendo que ela não havia fugido dessa vez.

Sentei ao seu lado e puxei seu rosto pelo seu queixo, fazendo com que ela me olhasse.

– O que foi aquilo? - Perguntei, sério.

– Aquilo o que?

Por um momento, vi que Leana estava se fazendo de desentendida.

– Vocês dois tem o mesmo anel. - Parei por um segundo. - Creio que não seja aliança de noivado. - Ela riu por uns instantes e eu fiz o mesmo, mas logo voltei a ficar com a expressão séria, fitando seus olhos. - Vocês brigaram, ele tem uma velocidade sobrenatural, assim como você. Você não fez força para jogá-lo no chão, também.

Leana suspirou e olhou para baixo. Olhou para mim novamente e respondeu:

– Na minha infância até minha adolescencia, eu praticava muitos esportes.

Disse, por fim, sorrindo. Franzi o cenho, mas logo em seguida sorri com ela, fingindo acreditar. Apenas fingindo, pois eu sabia que, algo estava acontecendo.

Levantei-me e estendi minha mão para que ela se levantasse também.

– Está tarde. Amanhã de noite, depois do seu trabalho, quero que passe em minha casa. Está bem? - Perguntei, ainda sorrindo.

Ela assentiu com a cabeça e nós nos abraçamos.

No caminho de casa, eu estava sozinho, apenas com meus pensamentos.

O que poderia estar acontecendo, afinal? Estava confuso. Porém, tinha certeza apenas de uma coisa:

Eu ia descobrir.



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Notas finais do capítulo

Eai? O que acharam? HAHAHAHA