- Leana? - Pergunto, embora saiba realmente quem é, e que não irá me responder.

A cena que vejo à minha frente, é medonha. Leana morta, cortada membro por membro, deixada para que os animais comam seus restos mortais… Ou imortais, tanto faz.

Sento no chão e começo a sentir culpa, dor, aperto… Não pude fazer nada para salvá-la. De todas as vezes que eu achei que ia perdê-la, agora eu tenho a certeza que Leana nunca mais voltará. 

Ajoelho-me no chão daquela mata, e sinto vontade tremenda de chorar, de acabar com tudo naquele momento.

Respiro fundo e olho para o chão. Mata? Mas eu não consigo sair da tumba.

Algo está muito errado…

E então eu acordo e respiro fundo, meu corpo já começando a estremecer de raiva. Olho para o lado e Carolline começa a gargalhar.

Corro rapido até a sua direção e paro em sua frente, olhando diretamente em seu olho.

- O que foi? - Carolline pergunta - O que mais posso fazer? Não me culpe! Você que me aprisionou nessa tumba com você. Para sempre.

Para sempre. Sorri de satisfação por saber o plano que estava por vir. Porém, senti minhas mãos começarem a suar por lembrar que, junto com Carolline, também iria servir de banquete para o monstro. 

Desviei meu olhar do rosto de Carolline e comecei a andar, me afastando dela e sentando em meio a algumas pedras que haviam servido de cama para mim durante muito tempo. Para mim, parecia uma eternidade. 

Ouvi os passos de Carolline atrás de mim e, para a minha surpresa, ela sentou-se ao meu lado.

- Você nunca quis saber porque eu fui capaz de fazer tudo o que eu fiz pra você?

Suspirei fundo. A olhei bem em seus olhos.

- Já. Já quis muitas vezes saber o porque você tinha tornado a vida da pessoa que mais te amou um inferno. Mas então eu descobri que você é apenas uma vadia. Ah, e um demônio. Então está tudo explicado. - Sorri ironicamente.

- Sabe… - Ela disse pausadamente - Não precisa ser grosso.

Bufei.

- Cala boca.

- James… 

- Sai daqui. - Falei grosso.

Surpreendentemente, Carolline parecia magoada. Ela me obedeceu, se levantou e foi para um canto mais afastado da tumba, como costumava fazer sempre. 

Comecei a ouvir passos, como de costume. Mas dessa vez não parecia apenas os passos da Taylor. Parecia que estava acompanhada. E, assim que Rick apareceu em meio campo de visão, pude perceber que estava certo. 

Seu rosto demonstrava decepção, e eu tinha certeza que ele estava decepcionado comigo. E sabia exatamente o porque, é claro que Taylor falaria. 

Ele chega e me olha nos olhos, e eu engulo seco e faço o mesmo. Me sinto intimado com aquele rosto sério do meu amigo, porém não deixo de olhá-lo da mesma maneira.

Tenho a sensação de que estaríamos se atacando, se não tivesse uma barreira impedindo dele sair, caso entrasse. 

E então, sutilmente porém com a mão tremendo, Rick estende um papel para mim. Continuo olhando-o antes de abrí-lo. 

“Pesquisamos mais sobre os monstros que Brian e Elena querem tirar do purgatório, eles se chamam Leviatãs. 

Era um plano perfeito, levando em consideração que essas criaturas não seriam capaz de quebrar a barreira do feitiço após comerem Carolline viva. Porém, você também será comida.

James, não podemos fazer isso. Como você pode tomar essa decisão tão estupida? Eu estou decepcionado contigo, cara.”

- Hum… Que informação mais interessante. - Ouço uma voz feminina que definitivamente pertence à Carolline em meu ouvido e me arrepio de medo. 

Olhei para o lado e vi que Carolline lia a carta. Olhei para frente e Rick estava com a palma na mão no rosto, e Taylor estava branca de susto. 

Não tive reação, porém Carolline pegou a carta da minha mão e em seguida torceu meu pulso, fazendo com que eu caísse no chão.

Em uma velocidade muito forte, ela me levou até a parede rochosa e expor seus olhos totalmente negros. Não tive nenhuma reação quanto à isso, pois ainda estava processando a informação de que Carolline soube do plano.

Mais um plano que definitivamente iria falhar. E então, em movimentos bruscos, Carolline leva sua mão até meu pescoço, apertando-o com força.

É engraçado, por eu ser um vampiro, não devia sentir falta de oxigênio. Mas eu sinto. E ela estava me sufocando.

- Eu consigo facilmente matar James, ainda não o fiz pois ficar completamente sozinha nessa tumba para sempre seria extremamente estressante. Além do mais… - Carolline olhou para Taylor, abrindo um sorriso malicioso. - Sem ele, como poderia me divertir? 

O demônio à minha frente voltou a ter seus olhos verdes e me olhou, passando a lingua suavemente em meus lábios e olhou para Taylor novamente, ela parecia não conseguir controlar os membros de seu corpo, se não fosse muito arriscado, tenho certeza que ela passaria pela barreira.

Carolline finalmente largou meu pescoço e eu finalmente consegui respirar, caindo no chão. 

- Bom… Estão avisados. - Ela disse pausadamente e de uma forma calma, por fim. 

- Olha, agora que você sabe, vou falar abertamente. - Rick quebrou o silencio, olhando nos meus olhos. - Você está sendo um babaca, não poderemos continuar com esse plano. Você precisa fazer algo para sair daí o quanto antes!

- Não existe nada que ele possa fazer. - Carolline interferiu.

- A conversa não é com você, slut. - Taylor provocou. 

As duas se olharam rapidamente, porém não foi omitido nenhum som.

- Eu quero Carolline morta. - Falei, olhando em seus olhos e a mesma levantou a sobrancelha. - Custe o que custar. - Falei, firmemente.

- Mas temos que tirá-lo daí antes, porra! - Taylor gritou, nunca tinha a visto tão irritada. - James, não faça isso com você… com a Leana. Imagina o quanto arrasada ela ficará quando descobrir isso?

Meu coração amoleceu um pouco pensando nela, porém dei uma bufada e cruzei meus braços.

- Leana não se importa comigo. Ela nem sequer veio me visitar. - Disse, mordendo o lábio inferior, estava claramente decepcionado. 

- Mas eu me importo. - Taylor disse firmemente, olhando em meus olhos.

Ficamos alguns segundos hipnotizados, e então ouvimos barulhos. Olhei rapidamente para Rick, que mantinha os olhos arregalados.

- É tarde demais. - Rick sussurrou. 

Ouvi então uma voz masculina muito conhecida. Logo pude perceber de quem pertencia. 

Brian.

Ele estava recitando algo do qual não sabia bem o que significava, apenas sabia que era um feitiço. Tinha um grimório aberto em suas mãos e, ao chegar perto de onde eu e Carolline estava aprisionada, ele estendeu sua mão e continuou recitando as palavras com vigor, e então ouvi Carolline começar a gritar e rapidamente ela ficou imóvel.

Olhei para Brian e franzi o cenho. Segundos depois avistei Elena atrás dele, seu olhar estava pedindo piedade e, pude perceber que ela havia sussurrado um “Eu sinto muito” para mim e fiz que sim com a cabeça, como se não tivesse problema. 

Sabia que, para matar Carolline, tinha que sofrer as consequencias.

Já falhamos mais de uma vez, e a ultima vez custou a vida de Katerina. Agora custaria a minha, nada mais justo.

- Não! - Taylor gritou. - Precisamos tirar James de lá primeiro!

- Não há tempo! - Elena gritou de volta. 

Taylor tentou parar Brian, fazendo com que ele se desconcentrasse do feitiço que estava fazendo em uma das paredes da tumba, afim de abrir a porta do purgatório. 

E então, atrás dela foi Elena, levando-a para parede e a socando de uma maneira que Taylor perdeu seus sentidos, desmaiando.

- Só não machuque Taylor! - Gritei, irritado.

Rick me olhou com aqueles seus olhos arregalados e não sabia o que fazer. Fiquei com pena do meu amigo, queria fazer de tudo para me salvar, mas… Sejamos sinceros.

Já era tarde demais.