Capitulo 2: no quarto.

Como os dois dividiam o quarto Léo sempre dormia na sala pra me deixar mais confortável.

- Léo não precisa sair do seu quarto dessa vez – eu falei assim que coloquei as coisas em cima da cama de meu namorado.

- eu não vou deixar você dormir na sala. – ele disse indignado.

- e quem disse que eu vou dormir na sala? - eu perguntei

- a mamãe não vai deixar vocês dois ficarem sozinhos no quarto então não vai ser eu que vou dormir naquele sofá horrível – falou Júlia simplesmente.

- eu só to falando que eu não ligo de dormir no coxão inflável que meus tios me mandaram, só isso – eu disse abrindo minha mala e jogando o coxão na mão de Léo.

- tá bom, mas eu não quero vomitar enquanto eu durmo, então nada de beijo e amasso durante a noite. – falou Júlia de forma brincalhona.

- Júlia menos vai! Pelo amor de deus, a gente nunca faz nada na sua frente! – eu exclamei indignada.

- caramba se o que vocês fazem na minha frente não é nada eu to com medo de quando vocês estão sozinhos! – brincou Jú prendendo seus longos cabelos loiros do mesmo tom dos de Léo.

- então deixa que eu durmo no coxão, você fica na cama – falou Léo fingindo que nada havia acontecido, porque vamos falar a verdade eu tenho quinze anos, ele dezesseis e a gente já ta namorando faz um ano, então as coisas já estão um tanto avançadas.

- não precisa amor! O coxão é confortável. – eu disse tentando argumentar.

- claro que precisa! – falou ele, esse é um dos motivos de eu amar tanto ele, ele é super cavalheiro.

- o que eu falei sobre melosidade? - perguntou Jú me fazendo rir. – querem saber, to indo lá pra fora assim vocês podem colocar o papo em dia.

- tchauzinho! – eu respondi enquanto Léo me abraçava. Por incrível que pareça, assim que a Jú saiu nós nos comportamos até demais! Eu abri a minha mala e peguei a minha roupa pra eu tomar banho. Des de que eu tinha onze anos, eu nunca tive vergonha de Léo, bem pelo contrario eu sempre me senti bem ao lado dele.

Eu peguei minha toalha, minha roupa e meu sabonete e fui pro banheiro deles tomar meu banho. Assim que liguei o chuveiro e entrei debaixo d’agua comecei a chorar, como eu disse eu não sei de onde eu tiro tanta lagrima, mas ultimamente a única coisa que eu tenho vontade de fazer é chorar, primeiro porque eu sei que não importa o que me aconteça se eu ligar pra minha casa eu vou ouvir uma voz falando que o numero foi desabilitado, eu nunca mais vou ouvir meus pais falando comigo, me dando broncas, ou me dizendo que me amam e que a gente vai se ver no próximo fim de semana; segundo até pouco tempo meu namorado estava me dando gelo; terceiro porque eu não cumpri a minha promessa de seguir em frente e ser feliz que eu havia feito no hospital pros meus pais.

 Flashback:

Eu havia acabado de receber a noticia que meus pais haviam sofrido um acidente de carro e que eles estavam no hospital, eu ainda estava na casa de Leo e Julia, mas eu parei tudo e fui pro hospital com os pais deles e eles, quando eu entrei na sala que eles estavam eu percebi que estavam apenas semiconscientes, eu cheguei mais perto e dei a mão pra minha mãe que a segurou com força.

Quando ela apertou minha mão toda a barreira que eu havia construído de força e coragem desmoronou e eu comecei a chorar.

- filha, nós sabemos que não vamos sobreviver, mas nós queremos que você saiba que não importa o que aconteça conosco, nós estamos orgulhosos da mulher que você está se tornando, e queremos que você siga em frente. Você vai ficar com os seus tios e também sabemos que você está em boas mãos – falou minha mãe olhando além de mim e vendo que mesmo naquele momento Léo estava atrás de mim me dando forças, nós tínhamos acabado de começar a namorar.

- Rê, nós te amamos mais do que tudo nesse mundo, eu quero que você nos prometa que você vai seguir em frente, construir sua família e ser feliz. – disse meu pai serio olhando pra mim da mesma forma que ele fazia quando queria muito que eu fizesse alguma coisa e que era quase impossível eu recusar.

- e-e-eu prometo – gaguejei engasgando com as minhas próprias lagrimas, Léo me abraçou com mais força. – eu amo vocês demais!

Assim que eu terminei de falar isso eu ouvi a pior coisa da minha vida, o som das maquinas que contavam o batimento cardíaco de meus pais parando, quando ouvi isso eu caí em mais lagrimas e só percebi que Léo havia me tirado da sala quando nós estávamos sentando no sofá da sala de espera.

Fim do flashback.

A partir desse dia eu fiz de tudo pra ser feliz, mas quando Léo terminou comigo eu parei de tentar ser feliz e agora eu to aqui de baixo do chuveiro chorando. Mas agora isso é uma promessa pra mim mesma, eu vou fazer tudo pra ser feliz e não vou deixar nada me abalar. Com esse pensamento eu enxuguei minhas lagrimas, me acalmei, desliguei o chuveiro, me sequei, coloquei a roupa e saí do banheiro.

- Rê minha mãe ta esperando a gente pra... Que foi? Por que você tava chorando? - perguntou-me Léo.

- nada não, vamos lá – eu respondi enxugando meus olhos.

- meu amor, você pode me falar tudo, você sabe disse não sabe? - ele perguntou.

- depois eu te falo, vamos comer eu to morrendo de fome – eu respondi tentando mudar de assunto.