Chocolate and Surprise

Estavamos sentados no banco da praça, eu me deliciava com o ultimo pedaço do meu chocolate, distraido demais para ser verdade, pensativo. O único barulho que eu escutava era a musica do jogo de Matt, nada mais que isso. Ele estava concentrado demais no PSP pra trocar qualquer palavra comigo. Bufei, cansado do silencio e querendo mais chocolate.

–E ai senhor viciado em games? Está tão bom ai pra você não querer conversar comigo? - Ele riu e me olhou. Ele sabia o que eu queria

–Não adianta Madonna chocólatra, a gente não vai sair daqui só pra ir comprar mais chocolate pra você.

–POR FAVOR! Eu vou ter abstinencia de chocolate se não comer de novo logo! E você sabe como eu fico quando isso acontece!

–Não, não sei. Poderia me mostrar? - Falou rindo da minha cara, eu por minha vez revirei meus olhos.

–Se você não for comprar chocolate comigo faço uma fogueira com TODOS os seus jogos.

–Você não ousaria!

–Duvida mesmo de mim?

Sorri, puxando o isqueiro do meu bolso, o acendendo. Matt se jogou em cima de mim, na tentativa de tirar o pequeno objeto de minhas mãos, sai correndo em direção ao nosso carro, abrindo a porta e me trancando lá dentro, enquanto Matt tinha um ataque do lado de fora, batendo no carro e mandando eu abrir a porta. Não o faria nem morto. Geralmente quem dava ataque e saia batendo nas coisas era eu, mas era extremamente divertido fazer os papeis se inverterem.

–MIHAEL KEEHL! ABRE AGORA A PORRA DESSA PORTA!

–E se eu não quiser eim? - Matt bufou e socou a parte de cima do carro, ele não tinha nenhuma arma contra mim, e se tivesse ele sabia o fim que tudo ia ter...

–Vai Mello, por favor.

–Não, eu não vou abrir. - Certo, me senti uma criança birrenta.

–TÁ BOM, eu compro chocolate com você, mas larga a porra desse isqueiro e deixa eu entrar no carro!

–É assim que se fala Jeevas. - Destravei as portas e ele entrou, arrancando o casaco que usava.

–Você é extremamente irritante, sabia?

–Falou o senhor bonzinho do ano...

–HA HA HA okay? Está esperando o que pra ir comprar o chocolate?

–A madame colocar o cinto de segurança.

–Não preciso disso. - Revirei os olhos e puxei o cinto dele e coloquei no lugar.

–Precisa sim, não vou me responsabilizar por qualquer acidente.

–Você parece minha mãe. Por mais que eu nem me lembre direito dela.

–Se eu sou a mãe você é a criança birrenta e viciada em video games.

–Não vou te responder Mello, não quero ficar com um olho roxo.

–Acho bom.

O silencio voltou ao carro, Matt estava jogando de novo. A gente vivia brigando por varios motivos, alguns tão absurdos quanto uma barra de chocolate, mas a gente sempre se deu bem. O conheço desde que me dou por gente, nossos pais morreram numa viagem que todos nós fizemos, tinhamos mais ou menos cinco anos, fomos para um orfanato mas aos dez anos fugimos de lá e nos viramos desde então. Enfim, nem me apresentei direito. Meu nome é Mihael Keehl, mas prefiro que me chamem de Mello, tenho dezenove anos e sou viciado em chocolate. Mail Jeevas, ou Matt tem a mesma idade que eu só que é viciado em video games. Paramos na frente de uma lojinha de doces e descemos do carro, Matt me deu o dinheiro suficiente para cinco ou seis barras, entrei e comprei minhas preciosas. Entrei no carro e Matt me encarava.

–O que foi senhor goggles?

–Nada demais...

–Então tá bom... - Okay, eu estava me corroendo de curiosidade por dentro. Ele riu. -O QUE FOI CARALHO!?

–Vai logo pra casa.

–Pra que toda essa pressa?

–Porque eu quero jogar no meu playstation.

–Não me convenceu. - Assoprei uma mecha de meu cabelo que estava sobre meus olhos.

–Se você for rapido eu te conto o que eu vi...

Ele acabou de falar as palavras magicas pra me fazer quase destruir alguns carros no meio da rua, eu estava curioso e ele disse que quando chegassemos em casa ele iria me falar o que viu, ele somente fez o favor de aumentar ainda mais minha curiosidade, então pisei no acelerador do carro. Matt ria escandalosamente ao meu lado cada vez que alguém quase batia no nosso carro e xingava e eu retribuia o xingamento. Chegamos na garagem do apartamento em que moravamos e eu puxei - leia arrastei - Matt até nosso apartamento.

–Agora me diga Matt, O QUE DIABOS VOCÊ VIU!?