Cuidado Com O Que Você Deseja 2 escrita por Katie Anderson


Capítulo 8
Capítulo 8




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/182970/chapter/8

Capítulo 8

   – Chad. É claro.

   Ele arqueou as sobrancelhas.

   – Já faz um tempo. Você não sentiu minha falta? – Perguntou.

   Sua falta foi a última coisa que eu senti, idiota.

   – Chad, você me manipulou. Me fez manipular minha melhor amiga, e ainda, como se não bastasse, praticamente tentou me matar. Queria mesmo que eu sentisse sua falta?

   Ele deu um meio sorriso, como se esperasse por uma resposta assim.

   – Eu achei que o que tínhamos era... especial. – Ele sussurrou, começando a se aproximar.

   O que eu ouvi em seguida foi um AI! muito irritado e relativamente alto, dito por um cara com a bochecha esquerda bem vermelha.

   Minha mão doía, mas isso era o de menos.

   – Fica longe de mim.

   – Passaram-se meses e você continua a mesma irritadinha de sempre. – Ele começou a formar outro sorriso, mas diferente do anterior. Mais... maléfico.

   – Chad, por que você não diz logo o que quer e vai embora daqui? – Então eu me toquei de uma coisa.

   Como ele havia entrado ali? E como ele ia sair?

   Ai meu Deus, não! Por favor, não me diga que eu vou ter que dividir aquela cela privativa com esse ser detestável.

   – Minha linda, sairei daqui assim que eu conseguir o que eu quero.

   – Chad, fica longe de mim. – Repeti, os dentes rangendo. – Eu não vou dar nada pra você. E como você vai sair daqui? Já deu uma olhada nesse lugar?

   Ele olhou ao redor.

   – Não é a toa que você foi posta na nossa suíte presidencial. – Ele deu uma andada pelo local. – Já usou a jacuzzi? Viu que tem lugar pra duas pessoas?

   PAF!

   – AI! – Gritou novamente. – Ok, parei.

   Um breve silencio.

   – Sério Chad, como eu faço pra sair daqui? – Perguntei.

   – Não se preocupe, você vai sair; mas não agora. – Ele hesitou, provavelmente lendo minha expressão. – Se você está pensando na hipótese de morrer sem oxigênio, relaxe. As fronteiras podem ser mágicas, mas o ar passa normalmente. – Ele sorriu, estalou os dedos e eu apaguei.

Acordei pouco depois, na cama do quarto. Não fazia ideia de como fui parar lá, talvez tivesse sido o robozinho. Mas mesmo assim senti um profundo alívio por Chad não estar mais ali. Enfim, um pouquinho de paz.

   Eu não estava usando relógio e os diversos aparelhos eletrônicos dali não informavam à hora. Como não havia janelas, eu tinha a menor ideia se era dia ou noite, tarde ou madrugada. E isso não era nem um pouco reconfortante.

   Confusa, cambaleei até a cozinha (sim, tinha uma cozinha ali) em busca de algo pra comer. Tirando o fato de eu estar sendo mantida refém ali, o lugar era simplesmente incrível. E enorme. Devia ter pelo menos uns 400 m².

   Chegando à cozinha, estava faminta. Fazia horas que eu não comia, sabe-se lá quanto tempo eu tinha ficado acordada. E um enorme sorriso surgiu no meu rosto quando eu vi a quantidade de comida que ali estava. E acredite, era MUITA: cupcakes, waffles, tortas, queijos, bolos, biscoitos, salgadinhos, diversos tipos de pães, croissants, chocolates, refrigerantes, sucos, sorvetes, mais chocolates, doces, burritos, todos os tipos de doritos existentes no mundo, ainda mais chocolates e muitas outras coisas que provavelmente estariam guardadas dentro daqueles grandiosos armários.

   Caaaaaaaara, por quanto tempo eles pretendiam me manter presa ali?

   Não que eu me importasse. Não muito.

   Peguei alguns waffles e um copo de suco de laranja. Parecia um café-da-manhã decente. Não me importa à hora, eu acabei de acordar e vou tomar meu café-da-manhã.

   E a sensação de poder comer na sala sem uma mãe irritada gritando com você pra tirar o pé do sofá simplesmente não tem preço.

   Distraída, liguei a TV para ver se algo ali ia tirar meu tédio. Fui passando os canais até chegar ao National Geographic Channel.

   Eu estava prestes a assistir algum documentário super interessante quando eu me lembrei: a voz.

   Não estava ali agora. Havia um silencio profundo na sala.

   – Hey, hm, menino do Geographic! – Gritei. – Você está por aí?

   Nada.

   – Cadê vocêêêêê, Geographic boy? – Gritei novamente.

   Mas dessa vez obtive resposta.

   – Eu sou uma pessoa, não um cachorro! – Gritou de volta.

   – Ah, desculpa. Onde você está?

   Momento de silêncio.

   – Como é o seu nome?

   – Catherine.

   – Catherine, venha até a sala de estar.

   Comecei a andar.

   – Pronto. Está vendo o espelho?

   – Sim. – Isso era alguma pegadinha? Ele tinha uma câmera escondida ali ou o quê?

   – Chegue bem perto.

   Com medo, andei vagarosamente até o imenso espelho com a moldura revestida de ouro puro.

   Espera. Aquele espelho era um espelho mesmo, ou era apenas falso?

   Para tirar minha dúvida, encostei minha unha no vidro.

   Não tinha espaço entre a unha e o reflexo. Espelho falso. Qualquer um podia estar me observando.

   – Perfeito. Agora dê dois toques com seu indicador no rubi do lado esquerdo, um com o anelar na esmeralda abaixo e mais três com o médio do diamante em forma de losango. – Fiz exatamente o que ele mandou. – Vai aparecer um pequeno teclado de vidro de números pedindo uma senha. Apareceu? Ótimo. Digite 2118135324.

   Com isso, aconteceu algo que me algo que me assustou.

   O espelho começou a se deslizar lateralmente como aquelas portas de vidro que ficam na entrada de empresariais chiques.

   Então eu me vi em frente a um garoto da minha idade que me fez esquecer que eu tinha um namorado por alguns segundos.

– Hm, oi? Você é o garoto do Geographic? – Perguntei, boquiaberta.

   – Quer parar de me chamar assim? Meu nome é Zachary. Zach. – Ele tinha um sotaque britânico adorável.

   – Catherine. Cath. – Sorri. Mas geralmente meu sorriso causa certo efeito nos garotos. Nele, nada.

   – É, eu sei. – Ele estava com aquele olhar. O olhar de eu-sei-não-precisa-ficar-me-enchendo-com-coisas-tão-óbvias. A maneira que ele me olhava com aqueles divinos olhos azul-marinho por trás da franja completamente bagunçada só o deixava mais intimidador.

   Mas ele parecia satisfeito por ter mais alguém por ali.

   – Então, Zach, tem mais alguém aqui? – Perguntei, já entrando no, hm, aposento dele.

   – Na verdade, não. Já estou aqui há uns três dias e você foi a primeira que chegou. E esse espelho foi a única “saída” que eu encontrei e só conecta nossas suítes. – O lugar não era tão glamoroso como o meu, mas ainda tinha certo charme. Estava bem bagunçado, mas eu não culpo Zach por isso. Ficar por cerca de três dias sozinho num local fechado deve ser realmente estressante.

   – Ah, entendo. Mas como você descobriu a paradinha do espelho? E a senha?

   – Ah, foi bem fácil. Não é comum um espelho de quase três metros de altura estar bem no meio de uma sala. Eu deduzi que ele servia pra alguma coisa. – Disse, sentando-se no sofá que, como o meu, também era estampado. Mas a estampa era de onça, não de tigre. – Analisando, vi que tinha que tinha algo de errado com aquelas pedras. Aí foi só usar estatística pra saber a ordem.

   – E a senha numérica?

   – Sabendo a lógica das pedras, foi ainda mais fácil. Precisei apenas de um mesmo raciocínio, e a senha tinha apenas dez dígitos. Brincadeira de criança. – Sorriu.

   Olhando pra ele e ao redor, vi que ele também tinha sido pego bem desprevenido. Mas acho que ele estava se vestindo melhor do que eu. Estava com uma calça jeans preta meio justa, uma camisa xadrez azul que realçava completamente a cor dos seus olhos e allstar. Acho que ele notou isso também, pois quando seu olhar chegou nas minhas pernas (completamente descobertas devido ao tamanho do meu short) ele levantou levemente a sobrancelha esquerda de maneira maliciosa.

   – Realmente, a lógica daquela senha era realmente fácil. Bastava apenas você pegar a ordem das batidas dadas nas pedras, o dedo usado e juntar com a letra inicial de cada pedra. 2118135324. Simples. – Sorri.

   Ele pareceu impressionado.

   – Uau. Você não tem cara de que é muito ligada nessas coisas não.

   Pera. Ele acabou de me chamar de burra?

   – E por que você não abriu a porta naquela hora? Por que esperou pra me dizer como fazer?

   – Eu ia fazer isso naquela primeira conversa que a gente teve. – Ele tava usando um cinto da Gucci. GUCCI! Quem usa um cinto chique casualmente? – Aí lembrei que você tinha acabado de ter a conversa de boas vinda pela TV e previ que o cara loiro ia aparecer pra falar com você logo. – O que era aquilo no canto? Uma bolsa masculina da Gucci? Ele usava um cinto e uma bolsa da Gucci casualmente? Céus, o que ele usava em eventos mais formais, então? Gravatas Louis Vuitton? – Quando ele saiu, eu tentei te chamar, mas você não respondia, então eu imaginei que você tivesse dormindo. E agora você está acordada. Eu não simplesmente abri a porta porque podia ser um pouco perturbador, sabe. Tinha um garoto ali, aí quando ele sai aparece outro do nada. Achei que seria mais fácil pra nós dois se você aprendesse a usar a porta.

   De certa forma, ele tinha razão. E vai ser bem melhor ter alguém pra conversar, sabe. E Zach era tããão gato...

   – Você conhecia aquele garoto? O loiro que apareceu mais cedo?

   – Chad? – Dei uma risadinha seca. – Sim, longa história. – Não sabia se era seguro contar sobre Jeff. – Zach, você faz alguma ideia sobre o porquê que você está aqui?

   – Na verdade não. – A voz dele vacilou. – No começo eu achei que fosse por dinheiro, mas mudei de ideia quando vi esse lugar. Já faz uns dias que eu venho pensando nisso. E você? – Mas ele não parecia muito interessado em saber, então tratei de mudar logo de assunto, já que eu acabo falando demais quando fico nervosa, e não preciso de mais um garoto paranóico por causa do gênio que vive em minha gaveta de meias.

   – Eu tenho uma jacuzzi com dois lugares... – Balbuciei.

   – O quê? – Ele perguntou, confuso.

   – Hm, nada não! – Tratei de desfazer meu mico gigante. “Eu tenho uma jacuzzi com dois lugares”? HÃ? Eu realmente disse isso? Acho que esses olhos intimidadores misturados com esse cabelo escuro bagunçado sexy à la Robert Pattinson têm certo efeito sobre mim.

   Calma, Cath. É com Will que você quer dividir a jacuzzi, não com Zach.

   E mesmo tendo Zach aqui para me distrair, devo manter o foco nos meus objetivos. Que são descobrir quem é essa mente, o que ela quer, qual sua relação com Chad e encontrar uma maneira de sair daqui.

   Se bem que um jacuzzi com Zach podia te ajudar a relaxar, Catherine.

   É, bem, quem sabe. Talvez, se eu...

   PERA, O QUE EU TO PENSANDO? Eu tenho um namorado!

   – Hm, o que eu quis dizer foi que seu aposento é quase igual ao meu. – Falei, começando a sentir o sangue subindo apressadamente para as minhas bochechas.

   – Ah, claro. – Ele sorriu. – Mas o seu ainda é melhor.

   Um breve momento de silêncio.

   – Olha, eu sei que você acordou faz pouco tempo, mas acho que você precisa dormir. Você realmente parece cansada.

   Fui me olhar no espelho e ele realmente tinha razão. Meu cabelo estava um ninho de ratos. Minhas olheiras eram profundas e bem escuras.

   Se alguém passasse por mim no meio da rua com essa aparência, eu certamente ficaria com medo.

   Me despedi e voltei para o meu quarto. Acho que Zach tem razão, é coisa demais para assimilar de uma só vez, eu precisava de algumas horas de sono para colocar as ideias em ordem. 



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cuidado Com O Que Você Deseja 2" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.