Cuidado Com O Que Você Deseja 2 escrita por Katie Anderson


Capítulo 6
Capítulo 6




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Capítulo 6

Quando eu acordei, não estava mais no porta-malas. Estava presa numa cadeira, como nos filmes. Sabe, algo prendendo meus braços aos da cadeira e minhas perna também às da cadeira. E uma venda nos meus olhos.

   Isso foi meio estranho. Eu sempre amei filmes de ação, mas isso na vida real... é completamente assustador. Mas um barulho interrompeu meus pensamentos.

   – Quem está aí? – perguntei, burra como sempre. Sério, o que eu esperava de resposta? Oi, sou seu amigo sequestrador, quer um pouco de pipoca? Ok, Catherine.

   Não ouvi passos. Escutei algo que parecia o som de rodinhas deslizando pelo chão.

   – Bip biip biiip pip bip piiiiiiiiiiiiiip? – Uuuh, era um robozinho, que medo! Calma, será que era o Robô Ed?

   Bem, eu ainda estava vendada, mas a venda era, de certa forma, meio transparente. Não pude ver exatamente onde estava, mas dava para notar um pouco de luz.

   Eu tentava me soltar daquela cadeira grotesca, mas quanto mais eu me mexia mais as cordas me apertavam. Que loucura era aquela? Aquilo machucava! Não pareciam cordas normais, como se elas fossem de outro material.

   Então comecei a escutar um zzzzzzzzzz vindo do robozinho. Parecia uma lâmina. OMG, não me fatie viva, robozinho! Ele começou a se aproximar e ouvi um clanc atrás da minha cabeça. Ele tinha tirado minha venda.

   Eu estava certa. As cordas que prendiam meus pulsos eram realmente feitas de outro material, como se fossem de aço, ou algo assim. Olhei para baixo; as cordas que prendiam meus pés era as mesmas.

   – Bip piip pip biiiiip pip piiiiiiiiiiiiiip? – Disse o robozinho.

    Quando eu levantei os olhos para ver onde exatamente eu estava, e tive uma surpresa. Eu não sei bem o que eu esperava, talvez um cativeiro cheiro de sangue e cadáveres, algo que metesse medo. Mas não era nada disso; o lugar era magnífico. Era meio escuro, admito, mas eu estava cercada que coisas chiques. Era uma espécie de quarto, mas muito arrumado. Tinha um sofá com estampa de tigre no canto à direita e uma TV de não sei quantas polegadas. A uns dois metros da TV havia um espelho que ia do chão até o teto, o acabamento revestido de ouro puro. Um tapete persa cobria o chão. Não tinha janelas ou portas, o que não fazia o mínimo sentido, pois como, então, me colocaram ali?

  Mas algo me chamou a atenção. O robô era impressionante. Como o espelho, revestido inteiramente de ouro puro, com botões de diamantes, esmeraldas e rubis. Aposto que só aquele robozinho idiota vale mais do que minha casa inteira.

   Porém, não foi isso que me chamou a atenção. Foi o fato de ele estar se comunicando comigo. Bem, uma tentativa de comunicação, pelo menos. Tipo, ele ficava mexendo os braços e apontando para TV. Como se quisesse que eu fosse até lá. Mas como, criatura, se eu totalmente presa nessa cadeira ridícula?

   Então eu escutei novamente o zzzzzzzzzz e quase pulei da cadeira. Provavelmente ele estava fazendo a mesma coisa que havia feito antes, o lance pra tirar minha venda. Confesso, fiquei nervosa, pensei que ia perder minhas mãos e meus pés, mas o robô foi rápido e cauteloso, e foi muito bom me ver livre daquelas cordas. Estavam começando a me apertar, pude notar marcas vermelhas nos meus pulsos. Bem, pelo menos eu estava com meu converse, e o cano dele ia até o meu tornozelo, então meus tornozelos estavam livres de marcas. Mas doíam um pouco.

   Foi um alívio me levantar daquela cadeira. Eu não sei quanto tempo eu fiquei desacordada, mas meus músculos estavam doloridos, como se eu estivesse sentada naquela posição por horas.

   Notei então que a TV estava ligada. Tipo, não tinha nada passando, estava fora do ar. Você pode me achar uma estúpida por ir até aquele canto da sala e ficar em frente a TV. Eu não achei uma excelente ideia, mas eu precisava de uma pista pra descobrir o que estava acontecendo. Ok, eu tinha sido sequestrada, mas por quê? E por que eu? O que eu tinha que alguém poderia querer?

   O robô começou a se esconder. Esquisito, era como se ele não quisesse ser visto. Mas visto por quem? Só havia eu naquela sala, não tinha nenhuma câmera. Bem, eu pelo menos não vi nenhuma câmera.

   Quando me aproximei, vi um bilhete em cima da TV. Dizia: aperte o botão. Eu estava quase apertando quando o robozinho veio e disse um BIIIP PIP BIIIIIIP PIIIIIIIIIIIIIIIIIIIP ZIIIU bem furioso. Aparentemente, não queria que eu apertasse o botão.

   Cara, era só um botão. O que de ruim poderia acontecer?

   Bem, isso podia ativar uma bomba e fazer a TV explodir e fazer tudo rolar pelos ares e certamente me mataria, pois eu não tinha nenhuma escapatória, já que não havia portas ou janelas naquele lugar.

   Mas nunca devemos pensar no pior, não é?

   NÃO É????

   Fiquei com pena do robô. Ele parecia mesmo destinado a me impedir de ligar a TV, e crente de que ia conseguir.

   Pude ver a tristeza estampada no rosto dele enquanto se afastava de mim. O que era muito estranho, pois robôs não demonstram emoções.

   Cara, o que eu to dizendo? ROBÔS NÃO TÊM EMOÇÕES!

   Enfim, eu apertei a droga do botão. Dane-se se aquilo explodisse, eu já ia morrer de qualquer maneira com falta de oxigênio em algumas horas.

   Nada. Eu apertei e não aconteceu nada. Tanta tensão pra nada.

   Isso só podia acontecer comigo.

   Sério, eu nunca devia ter saído com Katie. Talvez, se eu continuasse na cama, como uma boa cidadã, nada disso nunca teria acontecido

   KATIE! O que será que aconteceu com ela? Nada, eu realmente espero. Bem, provavelmente ela deve ter voltado pro banheiro e visto que eu não estava mais lá na mesa! E ela pode ter avisado meus pais! Não preciso me desesperar, ainda há esperança!

   Eu estou presa num lugar sem portas e sem janelas! Não sei como entrei, não tem como sair. Não há esperanças.

   Caí no sofá, cansada. Não é possível que ninguém vai tentar me procurar. Eu sou uma pessoa importante! Tá, talvez nem tanto, mas eu tenho amigos, família e um emprego. Não é possível que ninguém sinta minha falta!

   – Muito bem, Catherine. Alguém talvez se lembre de você. Você precisa acreditar nisso, é a única coisa que a manterá viva aqui. – Ok... mas quando eu comecei a me perguntar de onde vinha essa voz, olhei instintivamente pra TV.

   Estranho. Não tinha absolutamente nada há um minuto, e agora aparece, do nada, a imagem de uma pessoa falando comigo.

   Não é exatamente uma pessoa, tinha lá forma de uma cabeça, mas não dava pra ver quem estava falando. Sabe quando você recebe uma ask anônima no tumblr? Mais ou menos assim.

   – Hm. O quê? Você leu minha mente ou algo assim?

   – Algo assim. – Disse a imagem. – Na verdade, você costuma pensar em voz alta.

   É verdade. Precisa ver quantas pessoas me olham desesperadamente tentando decifrar o que eu estou dizendo durante uma prova.

   É lógico que os professores percebem, interpretam errado e ainda me mandam calar a boca.

   – Mas vejo que está bem. Isso mostra que é mais forte que os outros. Prova o seu valor.

   – Foi você quem me sequestrou, idiota? Lá naquele restaurante de quinta categoria? E você nem ao menos se... espera. Outros? Valor? Do que diabos você está falando?

   – Acalme-se garota. Bem, certamente que sim. Uma parte, pelo menos. Você foi sequestrada, se quiser dizer assim, mas eu não sou a mente por trás disso tudo.

   Ai, não. Eu não acredito que isso tudo não é nada, pois está implícita a ideia de um “plano maior” ou o que quer que seja. Mas, calma. Existem outras pessoas em lugares assim? Com tudo revestido a ouro puro? Quanto dinheiro esses sequestradores têm?

   – Não mande eu me acalmar. Onde estou? Como entrei aqui? – Como faço pra sair daqui? acrescentei em pensamento.

   – Eu pararia com essa reclamação se fosse você. Está na melhor, er... sala. – Provavelmente essa não era bem a palavra que ele estava procurando, sua voz não mostrava um pingo de satisfação.

   Bem, ele está parcialmente certo. Tem uma TV de plasma gigante aqui. Um sofá super confortável. Um banheiro lá nos fundos com uma banheira I-MEN-SA e uma jacuzzi. Uma coisa fina em cima de uma outra coisa fina na mesinha ao lado do sofá, que eu logo vi que era um iPad em cima de um Mac Book Air. E sabe-se lá o que mais pode ter ali.

   Eu tinha certeza que eu podia assistir qualquer coisa naquela TV. Inclusive, dentro de um armário, que eu fui vasculhar depois, tinha quase todos os meus filmes favoritos. O lugar era perfeito. Exceto por uma única coisa.

   Eu estava presa sozinha sem ter como sair.

   – Caaara, não me importa o que tenha aqui nessa suíte ridícula! Como eu saio daqui? – Perguntei, gritando.

   – Da mesma maneira que entrou. – Respondeu, casualmente.

   – Eu estava inconsciente quando me colocaram aqui, criatura! Eu não sei como entrei aqui!

   – Devia ter aproveitado esse momento. Você é altamente irritante quando está acordada. ­– Murmurou.

   – O QUÊ?

   – Nada. Sinta-se a vontade pra usufruir de todas essas coisas aí. Voltarei a entrar em contato. Mas estarei de olho em você, Catherine Seward.

   – Stweart.

   – Que seja. – Então a TV desligou sozinha.

   Cara, isso foi estranho. O que aconteceu aqui, exatamente? Uma espécie de videoconferência por televisão? E, putitangas, a voz do cara não parecia, bem... real.

   Tipo, eu trabalho com música, certo? Então, eu já fui a vários estúdios que fazem alteração de voz. E eu sei reconhecer quando uma voz é alterada.

   É, se Jeff tivesse aqui talvez eu...

   JEFF! Como eu pude passar esse tempo todo aqui sem ao menos pensar em Jeff? Ele COM CERTEZA sente a minha falta. Ele deve ter percebido que eu saí com Katie e não voltei! É isso! É só eu ligar pra Jeff e...

   Espera. Jeff não tem celular.

   Mas eu poderia ligar pra alguém entrar em contato com ele! Perfeito!

   É, exceto que a única pessoa que tem conhecimento de Jeff e poderia fazer isso está furiosa comigo agora.

   Não importa. Ainda estou furiosa com Will. Além disso, não preciso que ele faça nada por mim.

   Peguei o iPad e entrei no meu tumblr para passar o tempo. Mas abusei rápido. Twitter? Mesma coisa. Facebook? Nem comento.

   Era tudo tão estranho. Tipo, aquelas coisas eram legais, mas não eram minhas. As únicas coisas que me pertenciam ali e fato eram as roupas que eu estava no momento.

   Ainda bem, né, porque se eu tivesse percebido que mudaram minhas roupas, certamente alguém ia levar um tiro.

   Enfim, o ar condicionado estava me deixando congelada. Isso porque eu ainda estava vestindo o que eu usei para sair pra correr com Katie, e isso era um short muito curto, um moletom que não ajudava em nada naquele frio e meu allstar roxo preferido. Ou seja, mesmo congelando, eu me sentia, de certa forma, confortável.

   Quando eu vi que meu tédio não passaria tão cedo, resolvi ligar a TV.

   – Com tantos canais bons por aí você liga no National Geographic Channel? – Disse uma voz masculina desconhecida.

   Isso certamente interrompeu meus pensamentos. De onde veio essa voz? Não é possível ter mais alguém aqui. Já rodei esse lugar centenas de vezes, teria visto se ele estivesse aqui dentro.

   – Qual o problema do National Geography Channel? ­– Respondi para o vazio. – Aliás, quem é você? O que faz aqui por que está falando comigo? De onde você veio? Onde você está?

   – Calma garota, uma pergunta de cada vez! – Disse a voz.

   Comecei a me sentir estranha. Não de uma maneira ruim, mas, sei lá... não consigo explicar direito o que senti ali.

   Então eu me virei e vi. Atrás de mim estava o meu pesadelo loiro.

   – Olá, Catherine. Como é bom te ver novamente. ­– Disse Chad.



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