Ellaí acordou em uma cama quentinha, a porta estava entreaberta e uma luz entrava no quarto. Espera, aquele era seu quarto, então estava em sua casa! Tudo não tinha passado de um pesadelo! Sua mãe entraria no quarto e iria trazer um xícara de chocolate quente e biscoitos com pedaços de chocolate que só ela sabe fazer. Seu pai entraria logo depois, pulando na cama como uma criança. Em pouco tempo estariam, os três, fazendo uma guerra de traveseiros.

Ela esperou, mas ninguém entrou, começou a ficar com medo que seu sonho fosse real. Levantou silenciosamente da cama e abriu a porta do guarda-roupa, na parte interna havia um grande espelho, ficou de frente a ele esperando ver o pijama listrado que sempre usava, mas o que viu foi um vestido preto sujo e meio rasgado, meias brancas e sapatos de fivela prestos cobertos de lama seca.Engoliu seco foi em direção a porta, viu pela brecha que a lareira da sala de estar estava acessa, abriu a porta num rompante e desceu rapidamente as escadas.

Parou de chofre no ultimo degrau quando viu as duas poltronas ocupadas. Estavam de frente a lareira e conseqüentemente de costas para ela. Teve a esperança que fosse seus pais, mas quem se virou foi se tio Charles. Uma enxurrada de lembranças a atingiu; lembrou do funeral, da chuva, do monstro... Foi tudo real! Sentiu os olhos arderam, e as lagrimas se acumulares e por fim escorrerem pelas bochechas. Charles nada falou, apenas a abraçou. Queria chorar com ela, mas não podia, tinha que ficar forte; queria dizer que estava tudo bem, mas estaria mentindo, ele não fez nada, apenas deixou que ela chorasse. Sua mãe costumava dizer a ele e a Edward “ chorar não faz mal, apenas tira toda a tristeza dos nossos corações.”

Pouco tempo depois Ellaí levantou o rosto manchado pelas lagrimas e viu a figura de um homem sentado olhando alheio o que estava acontecendo.

— Tio Charlie, o que está acontecendo aqui e quem é esse cara? — Perguntou a menina, olhando do tio para o estranho.

Charles se levantou e sentou na poltrona enquanto Ellaí sentava no tapete com as costas apoiadas nas pernas de Charles.

— Bom, por onde eu começo? — Perguntou Charles mas para si mesmo, mas Ellaí escutou.

— Que tal pelo começo? — Disse a garota com a voz cheia de ironia

O estranho, que não tinha mexido um músculo desde que a garota havia chegado, esboçou um pequeno sorriso.

—OK — Disse Charles sorrindo e erguendo as mãos em um ato de rendição. — Vou aceitar sua sugestão. Bom, se eu vou começar do inicio tenho que contra a historia de seus pais.

Ele tomou fôlego e começou a contar:

— Você sabe que seus pais, Edward e Rose, viajavam muito e ambos trabalhavam como historiadores, e que foi assim que se conheceram. Mas o que você não sabia era que seus pais eram Guardiões.