Maybe Memories. escrita por biamcr_


Capítulo 2
Você sabe que isso não é amor.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/182907/chapter/2

– Uh, mãe? Estou na casa do Ray, ele perguntou se tem como eu dormir aqui hoje pra gente dar uma revisada em umas matérias. – Perguntei eu, enquanto caminhava para casa. – Estou passando aí pra pegar um pijama, mas preciso dar uma resposta a ele antes de sair.

– Gerard, sou eu. – Disse meu pai. – Escute, venha pra casa agora. Precisamos conversar.

Desliguei.

Sempre que eu escutava o famoso "precisamos conversar", dava merda. Sempre. Eu estava quase na esquina de casa quando desliguei o telefone, mas desejei que tivesse feito o caminho mais lentamente para poder demorar mais até chegar em casa. 

Quando cheguei à porta, respirei fundo. Eu tinha medo que o meu pai tomasse outra decisão maluca.

– Gerard, como chegou tão rápido? – Comentou meu pai. – Mas enfim, isso não importa. O importante é que, após um rápido telefonema, acho que decidi o que faremos das nossas vidas. – Disse ele, sério, sentando-se.

– Ah, Donald, ainda acho que isso é uma má ideia. – Disse minha mãe. – Toda a nossa vida nós moramos aqui, aliás, nossa vida é aqui...

– Donna, por favor, deixe-me falar.

– Nós vamos mudar de cidade? – Gritou Mikey, sendo seguido por mais manifestações da minha mãe e até minhas.

– Olha, me escutem, a coisa não é bem assim. Ou nós mudamos, ou vamos morrer de fome. A empresa está abrindo um négocio na California e querem me colocar de gerente, se eu aceitar. Se eu não aceitar, vão me rebaixar aqui e cortarão meu salário pela metade. Me parece burrice não aceitar. – Dizia ele, tentando nos convencer. – Eu já andei dando uma olhada em umas casas por lá, e tem umas bem baratas e bem localizadas. Acho que conseguiriamos construir uma vida lá.

– É, pode ser. Acho que estou disposta a tentar. – Disse minha mãe, parecendo convencida.

– Ah, isso é ridículo. Vocês que me desculpem, mas estou indo para a casa do Ray, preciso estudar.

– OK, Gerard, pode ir. Mas só aviso uma coisa: amanhã, quando voltar, estaremos fazemos as malas.

– Ótimo. – Disse eu, saindo.

Bom, eu podia até estar com medo que ele realmente arrumasse as malas e pegasse um vôo para o outro lado do país sem mim, mas meu orgulho falava mais alto. Eu não podia simplesmente dizer "OK, você está certo, vamos mudar". Era meio que impossível pra mim.

Saí meio sem rumo até a casa de Zacky. Eu precisava esquecer os problemas e, sinceramente, uma festa seria a ocasião perfeita pra isso.

Cheguei com as roupas que havia saído de casa. Naquele ponto, eu já não me importava mais se os outros pensariam que eu estava mal vestido ou sei lá o que, até porque a maioria já deveria de ter bebido tanto que nem perceberiam mais como eu estava.

– Gerard, finalmente! Até achei que você não viria. Ta pronto pra virar a noite dançando e se divertindo? – Disse Zacky, me puxando pra dentro da sala. – Pessoal, o Gerard chegou!

Todos me olharam é sorriram. É claro.

Os sorrisos falsos e interesseiros que eu eu estava acostumado, e até um pouco cansado, de ver. "Ei, vamos sair com Gerard Way e iludir o coitado só para ele pensar que somos legais e, depois, abandoná-lo?" Claro, até porque eu sempre estava nas festas e algumas garotas me achavam atraente, então eles tinham a obrigação de se aproveitar de mim. Super compreensível e racional.

– E aí, pessoal! – Gritei, sorrindo falsamente.

Eles não se preocupavam com os sorrisos falsos. Aliás, eles não se importavam com sinceridade.

Enquanto algumas mãos me cumprimentavam enquanto eu fazia meu caminho até a mesa onde se encontravam as bebidas.

– Gerard! – Disse Robert, me abraçando por trás e rindo logo após. – E aí?!

– Fala, Bert. – Eu disse, tentando não demonstrar o quão vermelho eu estava e pegando uma cerveja.

Bert e eu sempre fomos amigos, desde que éramos crianças. Nós dois éramos os típicos pré-adolescentes que estavam descobrindo o mundo juntos e compartilhando segredos. E devo dizer que descobrimos e compartilhamos demais.

Aos 13 anos, demos nosso primeiro beijo. Juntos. A partir daí, tudo mudou. Alguns anos depois fomos para o ensino médio e começamos a beber frequentemente. E, com isso, começamos a ficar mais juntos. Então nossas vidas viraram com uma extrema bagunça. Ficávamos bebados seguido, saímos juntos e nos tornamos "populares" na escola pelas merdas que fazíamos.

O problema é que, entre todas essas bebedeiras e pegações, eu acabei sentindo algo a mais por ele. Mas ele, aparentemente, não sentia o mesmo. Era só ficar, sem sentimentos.

Ainda mais quando ele bebia. O negócio ficava extremamente físico e, quando tocávamos no assunto no dia seguinte, ele dizia que gostava de dormir comigo e ria.

Dormir. Apenas.

Bert me puxava pelas mãos até o canto mais próximo. As garrafa que se encontrava nas minhas mãos alguns segundos atrás foi parar no chão da sala, quebrando-se. Ele me beijava com vontade, com desejo. Mas sem amor.

Nunca houve amor.

Enquanto Bert abria suas calças, o mesmo ia me jogando em um sofá que se encontrava em um ponto isolado da sala. 

– Eu te amo, Gerard Way. – Ele disse, sussurrando. – Agora tire suas calças.

Ele riu.

Eu realmente não estava com vontade de ser brinquedinho do Bert de novo. Mas, por outro lado, eu queria. Eu queria pra caralho. 

Enquanto eu me perdia nos meus pensamentos inúteis, Bert já ia tirando as minhas calças.

– Agora vire-se, meu amor. – Disse ele, rindo novamente.

Sim, eu estava excitado. Sim, eu queria. Não, eu não podia.

– Bert, eu... uh, eu tenho que te contar... – Fui interrompido pelos movimentos repentinos de Bert, que já segurava seu membro perto de mim. E, então, minha frase deu lugar para meus gemidos.

– Bert... – Gemi, tentando continuar a frase que havia começado.

– Mais alto, Gerard. – Disse ele, rindo.

– Bert, é sério... Eu, porra, eu... – Bom, a coisa que parecia mais impossível naquele momento era terminar de contar a ele o que eu queria contar. – Eu vou mudar.

– Você vai o quê? – Gritou ele.

– Porra, por que você parou?!

– Gerard, é sério. Você vai o quê? Porra, eu não posso ficar sozinho nessa merda. Vou ter que achar outro namoradinho. – Disse ele, levantando-se.

Ele arrumou suas roupas e sentou-se no sofá em que eu me encontrava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Antes que perguntem: sim, é Frerard. hehe E me desculpem pela demora.