O salão, que havia sido ornamentado em cinco dias, fora destruído em questão de segundos. Finders levavam o Supervisor e seus assistentes para um local mais seguro, enquanto bookman e exorcistas tentavam solucionar o problema.

- Por quê...? – Ela levava suas mãos ao rosto, cobrindo os olhos umedecidos, enquanto ajoelhava-se desesperada – Não... Isso não pode estar acontecendo... É um sonho, é isso!

- Miranda-san, cuidado! – o menor corria em sua direção, estendendo seu braço esquerdo, na defensiva. – Miranda-san, por favor, tome mais cuidado.

De nada adiantou o sermão dado por Allen que, com sua arma anti-akuma, a protegia.

- Concentre-se, por favor!

- Desculpe-me, mas eu... – sem ao menos terminar a frase ela começava a chorar novamente.

- Ativar Inocência: DARK BOOTS¹! – a garota corria em direção do akuma, atacando-lhe ao dar um salto mortal, sem obter sucesso – Droga. O que está acontecendo aqui, Allen-kun?

- Um akuma nível dois havia se infiltrado aqui na Ordem. Ele já destruiu esse salão inteiro... Estamos tentando combatê-lo, mas não estamos conseguindo.

Após ouvir tal explicação a chinesa olhou para a maior, que estava ajoelhada chorando, e se aproximou.

- Miranda, precisamos de sua ajuda. Junte-se a nós e tudo ficará bem.

- Lenalee-chan...  Mas eu não posso atacá-lo, não consigo...

- O que houve? E por que não pode atacá-lo? Ele é um akuma, um inimigo! – a garota perguntava sem entender nada, estava confusa.

- Ele... O Fred...

Um exorcista ruivo juntava-se a eles. Ao ver aquela cena ele se ajoelhou em frente de Miranda, encarando-a.

- Miranda, escute-me. A Ordem está em uma situação nada agradável e se não nos unirmos estará tudo acabado! Eu sei que sua situação é dura e triste, mas você não é a única que passou por isso. Miranda, pense bem. Você quer que mais pessoas ao seu redor percam a suas vidas?!  -  dizia ele num tom sério, fora de seu feitio. Em seguida ele desviava o olhar para Lenalee. – Lenalee, onde está o Yuu?!

- Como assim, onde ele está? Ele veio junt – virou-se e via que ele não havia chegado ao local, deixando-a preocupada. Sem falar mais nenhuma palavra, a garota começava a correr para procurá-lo.

- Lenalee! – Lavi, então, começava a correr atrás dela – Calma, menina. É melhor você ficar lá, junto de Miranda. Deixa que eu o procuro.

- Mas se estiver acontecendo algo com ele? – Dizia ela quase chorando.

- Não se preocupe, Lenalee. Eu te prometo que vou encontrá-lo e trazê-lo aqui. Sem falar que sua Inocência é mais forte que a minha, por isso, acho melhor que você fique dentro da Sede combatendo o Akuma. Não vou demorar. – Ele, então, seguia em frente.

A chinesa voltava rapidamente ao local e lá, junto aos demais exorcistas, começava a lutar. Esforçava-se muito, porém estava muito preocupada com Kanda; por que de repente ele desapareceria? Ele realmente estava junto, ela o viu correndo junto a ela. Ela o viu.  O Akuma, ao perceber a distração da garota, começava a atacá-la. Os movimentos inimigos eram tão rápidos que nem mesmo o Dark boot conseguia acompanhar.

• • • • •

Lavi o procurava igual a um louco por inúmeros cantos de diversos lugares. Nada. A neve não parava de cair e, cada vez mais, a temperatura caía. “Yuu, onde você foi parar?” Pensava o ruivo enquanto procurava o outro, quando de longe começava ouvir uma respiração ofegante e trêmula. Então Lavi ia correndo em direção do ruído esperançoso de que fosse Kanda. Sua hipótese não falhou; realmente era o próprio. Ele estava caído ao chão coberto de neve com suas mãos na região do coração sentindo muita dor e frio. Logo Lavi o ajudava preocupado; o estado de Kanda era constrangedor. Via-se o esforço que o jovem japonês exercia para chegar onde Lenalee estava.

- Yuu, calma, você precisa descansar. Ta certo que a gente ta precisando de mais ajuda lá dentro, mas você ta super mal.

Minutos depois, Kanda havia se recuperado um pouco e tentava se manter em pé sozinho.

- O que exatamente está acontecendo lá?

- O namorado da Miranda, o Fred, é um akuma nível dois que se infiltrou na Ordem e trouxe o caos todo.

Kanda logo começa a andar, mesmo com o corpo fraco, em direção da Sede. Não queria que Lenalee se machucasse. Em seguida, o jovem ruivo  ia atrás.

- Tem certeza que ta tudo bem, Yuu?

O jovem japonês ignorou a pergunta alheia e continuava a correr ainda com as mãos no peito. Aquela dor era intensa, mas não era maior que perder sua amada. Logo eles chegaram e viam que a situação havia piorado, ainda que Time Record², a Inocência de Miranda, estivesse ativada. Sem perder tempo Kanda ativava sua Inocência, Mugen³, e corria em direção do Akuma.

- Kaichuu ichigen! – De sua katana saía criaturas sobrenaturais as quais, em uma velocidade incrível, atacavam o inimigo, devorando-o.

O Akuma já havia sofrido vários danos com outros ataques e com este, porém ainda estava ali, de pé, continuando a atacar. Então o Akuma, que atacava Lenalee, passou a atacar Kanda pegando-lhe pelo pescoço. Em seguida o mesmo o batia na parede com toda a força e, com isso, fazia o jovem sangrar. Chocados ao verem aquela cena, todos que estavam presentes começaram a atacar o akuma. Incomodado, o akuma joga o jovem que segurava longe e começava a atacar os demais. Lenalee, ao ver Kanda sendo jogado longe, corria em sua direção para socorrê-lo. Ela senta ao local e coloca a cabeça dele em seu colo enquanto ela quase chorava.

- Kanda! Fique firme, por favor...

Ele a olhava ainda fraco e sangrento, quando então ele levava sua mão esquerda ao rosto da menor.

- Não se preocupe, eu não morro só por causa dessa coisinha. Você sabe disso. – Enquanto ele dizia, seu corpo com a força mística que ele possuía, começava a se recuperar.

Ele logo se levantava e tomava a posição de ataque e Lenelee, ao vê-lo assim, ela tomava toda a coragem e também se posicionava. Naquele momento estava óbvio que teriam que realmente trabalhar em equipe para que pudessem derrotar aquela alma penada. Naquele momento, parecia que todos entenderam tal fato e foi Allen quem começou o ataque e depois Kanda, Bookman, Lavi e, por último, Lenalee. A sincronia de todos foi perfeita, porém faltava uma coisa: ataque em conjunto. Então, sem mais perder tempo, todos direcionaram suas armas anti-akuma ao mesmo e, em frações de segundos, todos atacaram. O resultado foi ótimo; finalmente eles derrotaram-no. Agora eles teriam que arrumar todos aqueles danos causados, logo a festa de natal havia acabado em um desastre. Todos da Ordem, sem exceção, tiveram que ajudar.

 - Hey povo! Vamos começar a organizar isso tudo amanhã.

- Mas, niisan...

-Vamos curtir essa noite Natalina. Estes são momentos o qual nunca vai voltar, não é? – Komui olhava rapidamente a Kanda e logo desviava o olhar para sua irmã com um sorriso estampado em seu rosto.

O cenário estava horrível; não havia praticamente nenhuma parede e o salão estava todo detonado. Kanda saía daquele local e ia ao jardim que naquele dia estava coberto por uma camada de neve. Aqueles flocos gelados que caíam suavemente do céu ao jardim combinava com o jovem samurai que guardava sua katana e olhava para aquele céu escuro sem estrelas.

 Sozinho, ele ficava pensando em seu enigmático futuro; será que seu futuro seria igual a este céu que via tão escuro? Teria realmente um futuro pela frente? Talvez respostas fossem óbvias e obscuras para ele, mas não queria acreditar nisso. Não, não queria. Queria fazer de sua existência importante pelo menos uma vez, nem que fosse somente para uma única pessoa. Só não queria que sua vida fosse em vão. Queria passar a vida ao lado de quem realmente amava e fazê-la feliz, sem dor e sem sofrimento.

- Tch... – Dizia ele, ainda pensativo.

Uma jovem se aproximava do jovem silenciosamente. Ela estava ao seu lado quando ele finalmente percebeu.

- O que tanto pensa, Kanda?

- Nada demais.

- Por que você sempre esconde de mim? Eu me preocupo com v – Kanda a abraçava repentinamente e continuava a ação por minutos – Kanda?

- Lenalee... Nem que seja só este momento, deixe-me ficar assim aqui, junto com você...

 Novamente ela se assustava com as ações de Kanda, porém dessa vez Lenalee retribuía o abraço e fechava os olhos. O silêncio permaneceu entre os dois durante vários minutos daquela noite de natal.

Uma música começava a tocar lá de dentro do salão, o que fez Kanda parar de abraçá-la e andar em direção do salão.

- Vamos, aqui está frio. Vai pegar um resfriado se ficar aqui.

Ela o seguia até chegarem lá, aonde o novato vem em sua direção, convidando-a para dançar. Não conseguindo recusar o convite, ela aceitava e os dois iam em direção ao meio do salão. Kanda se sentava a um bloco de cimento caído no chão e somente observava-os. Era difícil para ele ver tudo aquilo, mas talvez fosse melhor assim. Talvez Allen pudesse fazê-la feliz mais do que ele próprio.

O jovem exorcista ruivo foi até o mesmo e o observava atentamente. Via tal sofrimento em seu semblante. Aquele não gostava de ver seus companheiros assim, então ele lhe disse:

- Yuu, pare se torturar. Não fique pensando muito no futuro, viva o presente. Se realmente a ama, corra atrás. Não se deixe vencer por alguém que chegou aqui recentemente, né? – Concluiu ele, sorrindo.

O outro, ao ouvir tais palavras, o olhava por instantes. Depois o outro fechava os olhos e suspirou. Então ele se levantava e dizia:

- Talvez tenha razão.

Assim, o jovem Kanda ia em direção da moça interrompendo a dança de Allen e Lenalee. Ele a admirava e logo em seguida estendia sua mão a ela.

- Mas o que...? – Dizia Allen.

- Perdi muito tempo, agora é a minha vez de dançar com ela... Lenelee, não sou muito bom nessas coisas, mas você me concederia a honra desta dança? – Não sabia exatamente o que fazia naquele exato momento, porém Kanda deixou ser guiado pelo seu coração. Definitivamente aquele não era o Kanda que todos conheciam.

A garota corou no mesmo instante e, sem dizer palavra alguma, ela dava a mão para aquele samurai o qual ela tanto amava. Aquela música de melodia calma deu o ritmo para aquela dança cheio de sentimentos. Os dois pareciam ser um só e nada naquele momento poderia separá-los. O cenário todo destruído era pequeno em comparação à felicidade que eles sentiam.

De longe Lavi os observavam com um sorriso satisfatório e Komui, que estava ao seu lado, segurava um lencinho e chorava escandalosamente.