Lenalee havia dado um tempo de conversar freqüentemente com Allen, pois agora estava a cuidar de seu melhor e talvez, o único verdadeiro amigo. Ela finalmente compreendera o que realmente sentia por Kanda, não era aquele simples afeto de amizade, mas sim, estava completamente apaixonada pelo mesmo. Kanda sentia a mesma coisa, porém ele somente não havia chegado à mesma conclusão.

Era uma segunda-feira na qual Lenalee cuidava de Kanda. O médico havia recomendado uma semana de repouso, porém como ele teve uma recaída, o médico recomendara que ficasse de repouso por três longas semanas, portanto, estavam na terceira e última semana. No quarto, os dois ficavam a conversar, contando acontecimentos de cada missão, trocando idéias e assuntos diversos.

- Nossa, na minha última missão eu estava sozinha e eu tinha que derrotar aqueles akumas. Ta, ta, Eu tava conseguindo, só que na hora que fui dar uma pirueta para acabar com o último, eu não vi atrás e bati com tudo a minha cabeça no poste que tinha lá.

- Putz... Lenalee, eu não sei se é impressão minha, mas sinto que você está cada vez mais distante de mim, antes tomávamos as refeições juntos, freqüentemente você me procurava, puxava assunto comigo, mas agora não, parece que desde que o Moyashi chegou à Ordem, as coisas não são como antes. Será que deixamos de ser amigos?

- Nada a ver, Kanda, não viaje. Está tudo como antes, absolutamente nada mudou.

- Mas você ta muito de conversa com o Moyashi, isso é fato.

- Não é Moyashi, é Allen. Não, impressão sua, eu só estou ensinando as coisas pra ele sobre a Ordem, nada mais.

- Vê? Você o defende muito, muito mesmo. – Kanda percebe que falara o que não devia – Desculpe, é que antes eu era seu único amigo, mas agora você tem ao Moyashi também.

- Não precisa se desculpar, Kanda – a menina acaricia os longos cabelos de Kanda –, você ainda é meu melhor amigo. Nunca te trocaria por alguém. Você foi quem me trouxe a alegria para essa minha nova vida de exorcista.

Os dois se sentiram ficar avermelhados, porém disfarçam.

-... É... Daqui uma semana e meio já é natal...

- E aniversário do Allen Também.

- Aff, eu não acredito que o Moyashi é natalino...

- Realmente, você se dá bem com ele mesmo, né? – rindo.

- Não mesmo, ele é do tipo de pessoa que me irrita. Aquele olho amaldiçoado dele deve estar afetando a visão dele!

- Hihihihihihi, por que diz isso?

-... Ele me chamou de senhorita!!!

Lenalee passara três noites e três dias em claro, quando ao quarto dia, adormecera mesmo naquela velha cadeira de madeira que estava sentada. Ao vê-la assim, Kanda se levanta, vai a sua direção, a pega no colo e a coloca na cama do mesmo, enquanto ele se sentava naquela cadeira e ficara a observar carinhosamente a garota adormecida. Em mesmos instantes, pensava sobre seus sentimentos relacionados à Lenalee, se realmente estivesse apaixonado por ela, não saberia o que fazer, porém achava ele que nunca ele deveria se apaixonar justo por ela, pois era sua melhor amiga desde a infância e tudo iria mudar inclusive a faria sofrer. Querendo ou não, estava completamente apaixonado, isso era fato, porém não queria demonstrar isso, em sua opinião, Lenalee amava Allen e vice-versa.

Foi aí que, após ficar a pensar muito, Kanda resolve ir tomar seu café da manhã.

- Oi, Kanda!

- Yo, Moyashi...

- Nossa, que desânimo, hein? O que têm feito? Ta chegando o natal, né? E o meu aniversário também!! Vou receber presentes! Mal dá para esperar. Uia, falando em presentes, preciso ir eu tenho que comprar presentes! Kanda, do que a Lenalee gosta, hein?... Responde-me!

- Como você fala, Moyashi. Acho que você fala até mais que o Lavi.

- O que tem eu? – Lavi vem direção dos dois, abanando as mãos no ar.

- O Bakanda disse que falo mais que você.

- Você acha que eu falo demais, Yuu?

- Sim, agora, com licença, deixe-me tomar meu café da manhã em paz.

Kanda pega sua bandeja e resolve ir ao quarto comer, pois era praticamente impossível ficar sossegado no meio daqueles dois que lá discutiam. Enquanto comia, o jovem ficava a observar, sentado naquela cadeira, sua querida amiga dormindo. Também ficara a refletir sobre si mesmo, ou melhor, sobre seus sentimentos os quais fluíram e acaba a se lembrar de que o natal já está próximo, assim, logo pensa: “tenho que comprar alguma coisa para ela”. Após ter comido, ele leva a bandeja e as louças à cozinha, depois fora à procura de Komui, para perguntá-lo qual era o tamanho de vestido que Lenalee usava. Komui com ciúmes o perguntou por que, porém como se tratava de Kanda Yuu, ele resolve ensiná-lo.

- Kanda-kun, é bom que tenha um ótimo gosto, viu? Porque eu não quero ver minha querida e liiiiiiiiinda irmãzinha fique brega, ok?

Pequenos e suaves flocos de neve começaram cair sobre aquela cidade no qual o jovem exorcista que lá estava à procura de uma loja de roupa feminina aberta, porém estava difícil. Depois de horas e horas de procura, ele finalmente acha uma única loja, e foi lá que comprara o tal presente. Não sabia se ela iria gostar, mas de uma coisa ele tinha certeza, que ele estava lhe dando com todo o seu carinho e amor que possuía. Para os outros, ele comprara algo que pudessem ser utilizados para sacaneá-los. Ao chegar à sede, ele coloca os presentes debaixo da árvore natalina, como era de costume e depois, fora direto ao quarto. Era uma hora da tarde e Lenalee não havia acordado, Kanda notou que Allen estava ali, ao lado dela, sentado à cadeira, esperando-a acordar.

-... Por acaso meu quarto virou sala de visita, Moyashi?!

- Ah, Bakanda, você voltou, nem tinha notado. Ahahahaha.

- Não teve graça. Não vê que ela ta dormindo? Está sendo incômodo.

A jovem exorcista acorda com aquela “conversa razoável” daqueles dois:

- Allen-kun?

- Lenalee, que bom que você acordou, fiquei preocupado! Esse Bakanda ficou implicando comigo!!!

Kanda sentira ciúmes, porém, para não cometer nenhum tipo de vacilo, resolvera sair do quarto.

- Kanda, aonde você vai? Você deve ficar de repouso... Aliás, o que faço aqui deitada?

-... Você havia adormecido na cadeira, logo de manhã. Então a coloquei na cama e fui tomar minha refeição matinal. Com licença agora.

- Mas aonde você vai, Kanda?

- Vou ao jardim...

- Vou com você.

- Não. Deixe-me só, por favor.

- Kanda...

- Deixe-o ir, Lenalee. Ele precisa esfriar a cabeça, ele é muito arrogante.

- Eu não acho isso dele, Allen-kun. Ele é gente boa, talvez seja um pouco mal-humorado, mas ninguém é perfeito.

- Como sabe? Lenalee, você só vê as qualidades das pessoas, e esse é o seu ponto cego.

- Pode até ser, mas eu sei que o Kanda é uma boa pessoa, porque foi ele que trouxe alegria pra minha vida...

Allen rouba um beijo longo de Lenalee, deixando-a sem jeito.

- A-Allen... kun?

- Desculpe-me, mas não consegui me controlar... É que, Lenalee, eu te amo desde que entrei para essa Ordem.

Em verdade, Kanda estava escondido, vendo a cena, ficara entristecido, pois naquela hora teve certeza de que não teria mais chance, quando Lavi o vê, o chama escandalosamente:

- OI YUUUUU! O QUE TA VOCÊ TA FAZENDO AÍ ESCONDIDO?

-... F-fica quieto!!

Os dois que estavam lá dentro do quarto se surpreenderam, pois nunca imaginariam que Yuu, quero dizer, Kanda estaria escondido, vendo e ouvindo tudo.

- K-Kanda?!

- Tch... Valeu mesmo, Lavi, estragou tudo.

- De nada!... Mas pera, como assim estraguei tudo?

- Esquece... Tch... Quem diria, hein? Vocês dois...

- Não, Kanda! Não é nada disso que você ta pens- é interrompida por Kanda.

- Não me diga mais nada, eu já sabia, aliás, boa sorte com ele, Lenalee.

- Kanda...

Quando a garota corria atrás daquele jovem que caminhava entristecido, é segurada por Allen, que depois de feito o tal ato, leva de Lenalee, um tapa bem dado no rosto, e assim, ela continuava a segui-lo, porém ela o perde de vista, pois ele havia ido a um lugar pouco provável de alguém procurá-lo: encima do telhado. Ficara deitado lá, a olhar aquele céu acinzentado que perecia acompanhar seus sentimentos. Estava sentindo dores, dores de amor, aquela sensação de que o mundo havia acabado para ele, que não haveria chance alguma, deixando cair uma gota de lágrima, algo impossível de Kanda fazer.

- O que eu fiz? Ela só é minha amiga e não minha namorada... Sou um completo idiota mesmo! Tch, agora dei na cara que gosto dela... Mas eu nunca teria chance mesmo...

Enquanto isso, dentro da sede estava uma confusão, pois chegara aos ouvidos de Komui o ocorrido. Sem ao menos pensar duas vezes, o Supervisor ativa o Komurin III, um robô com suas características semelhantes ao de seu criador (Komui), para correr atrás de Allen, enquanto Lenalee estava ainda à procura de Kanda. Ele somente voltara na hora de dormir, pois não queria ver ninguém naquele dia. No dia seguinte, estava mais calmo e após refletir muito durante a noite, sentiu-se na obrigação de pedir desculpas a ela, pois fora muito ignorante. Kanda a procurava dentro da sede, mas não conseguiu encontrá-la, quando ele se lembra do lugar que ela costumava ficar quando estava chateada com alguma coisa: o jardim. Então ele vai até o suposto lugar e realmente, ela estava lá, debaixo de uma árvore. Sem ao menos que Lenalee notasse, Kanda se aproximada mesma, sentando-se ao lado, em posição de lótus. A jovem, ao perceber a presença dele, tenta se desculpar, porém Kanda a interronpe:

- Não Lenalee, você não me deve desculpa alguma, eu sou o único que lhe deve mil desculpas... Perdoe-me por ontem, por favor. Mas se não quiser e simplesmente me odiar, tudo bem, eu entendo, pois você tem todo o direito...

Lenalee olha o jovem que ainda estava a meditar e em seguida, ela o abraça repentinamente, com um sorriso em seu rosto.

- É claro que te perdôo Kanda. Não tenho motivo algum para te odiar...