Palavras na Brisa Noturna escrita por Charichu


Capítulo 17
Quando eu morrer...


Notas iniciais do capítulo

Em homenagem a Salim Georges Khouri, meu querido avô, falecido em 31 de maio de 2008.
Parei de escrever textos pequenos desde então...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/18279/chapter/17

 

Quando eu morrer...

... não quero uma missa, mas sim um banquete. Na mesa, comam meus pratos favoritos, bebam meus vinhos prediletos e dancem ao ritmo das músicas que tanto cantei. Por fim, saboreiem uma sobremesa de chocolate. Porque assim foi a minha trajetória: alimentando-me da abundancia da felicidade ao mesmo tempo em que bebia o amargo da vida. Mas fiz tudo isso com a certeza que encerraria com o doce da morte. 

 

Quando eu morrer...

... não quero lágrimas a menos que sejam de felicidade, derramadas durante uma gostosa gargalhada. Nunca gostei de ver uma pessoa triste e não será agora, na minha morte, que mudarei minha maneira de ser. Portanto, lembre-se do quanto nós nos divertimos, das nossas brincadeiras e piadas, e sorria.

 

Quando eu morrer...

... não quero lamúrias. Não lamente por algo inevitável que aconteceria algum dia... se não hoje, talvez amanhã. Se minha vida foi penosa, deixe-me então descansar agora que partir.  O mundo já está repleto de dor e sofrimento e eu não descansaria em paz se soubesse que estou contribuindo para  isto.

 

Quando eu morrer...

... por favor, não se culpe. Não pense que poderiam ter feito mais por mim. Isto não vai adiantar. Eu já estou morto e você não tem o poder de mudar o passado.  Porém, você tem a capacidade de alterar o seu futuro. Então, olhe para seu presente, olhe para as pessoas que agora estão a sua volta e pense o quanto elas precisam de você. Dê o melhor de si a elas para que, quando voltarmos a nos encontrar, você possa me contar, alegre, das muitas experiências que vivenciou com elas.

 

Quando eu morrer...

...não quero caixão. Queime meu corpo. Deixe que o fogo, alimentado pelo meus restos mortais, consuma a dor e angustia que você sente no momento, pois é o que faria se estivesse vivo. Assim, sua última lembrança de mim deverá ser da pessoa forte e alegre que fui e não do cadáver frio, pálido e inerte que jaz na sua frente. E, por favor, não se esqueça de jogar as cinzas no mar. Assim poderei partir com a certeza de que meu corpo servirá de alimento a bela diversidade do oceano não ao ordinarismo dos vermes..

 

Mas, acima de tudo, não se esqueça que, quando eu morrer...

...não significa que estou lhe abandonando. Ao contrário, permaneço vivo em seu coração. Quando você deparar-se  com minha cor favorita, minha comida predileta, a minha cidade natal... minha imagem aparecerá nítida em sua mente, como nas fotos que outrora tiramos juntos. Estarei com um sorriso nos lábios e meus olhos brilharão de orgulho ao  presenciar a pessoa maravilhosa que  você se tornou. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Palavras na Brisa Noturna" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.