Não estava agüentando ficar sozinha naquele quarto escuro, principalmente por que a sua decoração era antiga e assustadora, fazia meia hora que a minha amiga havia saído para beber água. Maldita hora em que havia aceitado a proposta do meu tio para passar as férias ali naquela casa velha e que pertenceu a minha família há milênios atrás.

Levantei-me da cama e peguei um dos candelabros que estavam na parede do quarto e andei para o corredor. Olhei para um dos lados do corredor e era uma escuridão densa, senti um arrepio por todo o corpo, me virei para o lado contrario e andei calmamente pelo corredor, cheguei à sacada, olhei lá em baixo e nenhum sinal dela, chamei-a pelo nome e nada ouvi.

Virei-me novamente para voltar ao quarto, enquanto eu passava por aquele corredor escuro observava os quadros com pinturas obscuras e abstratas, mas um, dentre tantos, me chamou a atenção quando a luz passou por ele, era a pintura de um homem que aparentava ter seus trinta e poucos anos, ele tinha um olhar frio e calculista de dar arrepio na espinha abaixo , na moldura do quadro, estava escrito em letras clássicas: “William Dulock”.

Já tinham me contado a história dele, dizem que ele havia se apaixonado perdidamente por uma bela moça, mas ela não acreditava nele já que ele era considerado um assassino, por mandar matar todos os que ele odiava, ela sempre dizia a ele que nunca iria se casar com ele porque ele não tinha coração só que uma certa vez ele adoeceu e a cada vez mais ficava velho , era uma doença sem cura, quando estava no seu leito de morte pediu a seu fiel companheiro que antes de ser consumido pela terra, queria que o amigo arrancasse o seu coração, ele disse que não queria levá-lo junto e que era para que o amigo entregasse a bela moça para que ela visse que ele tinha um coração, dizem que até hoje ele procura um jovem e bondoso coração para preencher o seu buraco no peito. Eu neste corredor escuro, pensando em historias de fantasmas, uma boa forma de se passar o medo.

Cheguei o candelabro mais perto da foto e pude ver um enorme buraco negro no lado esquerdo do peito dele, achei tudo aquilo estranho, resolvi retornar a minha caminhada até o quarto.

Andava pelo corredor, observando muito bem todos os quartos, para ver se encontrava a minha amiga até que um deles, não sei ao certo o por que, me chamou a atenção, era o quarto mais bonito que havia naquela casa, o meu tio me dissera que era o quarto que William Dulock preparou para a tal moça eu nunca entrei lá, pois foi neste mesmo quarto que Dulock havia morrido. Fiquei na porta e passei o candelabro ao meu redor para enxergar algo, quando vi uma das cenas mais chocantes e assustadoras da minha vida, a minha amiga estava amarrada no teto com uma corda envolta do pescoço, cheguei mais perto e do lado esquerdo do seu peito havia um buraco, não estava acreditando, olhei para um canto do quarto e vi Dulock, olhando-me com um olhar frio e calculista , como do quadro, e em uma das suas mãos ele segurava um coração, com certeza o coração de minha amiga, de repente ele sumiu.

Na mesma hora corri até o quarto peguei minhas malas e saí no mesmo instante daquela casa entrei no carro e dirigi o mais rápido possível até a casa de meus parentes.

No outro dia voltei ao local com o meu tio e o meu primo, quando chegamos ao local do assassinato, não havia nada, nenhum vestígio de um assassinato, nada.

Enquanto os dois olhavam o quarto fui até o local onde estava o retrato de William e também não havia nada apenas a moldura do quadro, meu coração estava acelerado, até que vi estas palavras no quadro “este coração não cabe em meu peito, a próxima será você! Não fuja!”. E no fundo uma imagem de uma garota muito parecida comigo, parecia posar para uma foto, mas sem coração.