Apenas Uma Alma escrita por Luna Sweet


Capítulo 7
VI




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O céu estava negro, as estrelas brilhavam como nunca. Quem olha-se para o céu não dizia que a alguma horas atrás, havia tido uma tempestade. A Luz com o seu brilho, iluminava o quarto escuro.

Um corpo repousava sobre um edredom velho de flores. A cama ficava á frente da janela.

- Você podia dormir um pouco - Seus olhos estavam fechados e sua voz saia mole.

Erick estava sentado perto da cama, apoiado na parede. Seus olhos estavam fixados no corpo encolhido.

-Eu não consigo dormir assim. – Seus olhos estavam fechados e o cansaço a consumia.

 O perfume da camisa dele entrava pelas suas narinas. Vestia a camiseta cinza que há algumas horas atrás, estava sobre outra pele.

Era possível ver seus olhos verdes no meio da escuridão. Sua costa nua estava apoiada na parede branca e gelada do quarto. Seus cabelos negros estavam desarrumados e alguns fios grudados um aos outros. Sua respiração era tranquila e lenta.

Ela bocejou.

- É exatamente essa sensação que eu tenho quando eu estou dormindo em casa desses dias pra cá. – Seus olhos estavam fechados. – Angustia. - A luz do luar desenha a curva de seu corpo branco  coberto apenas pela camiseta cinza. – Não sei... – Seus lábios não se entreabriram mais.

Os olhos verdes sumiram da escuridão. Os olhos cansados estavam fechados.

- Mas eu sei que nada vai acontecer... - Sua face estava virada para o outro lado. Não podia ver os olhos verdes que até a alguns segundos atrás, a olhavam.

Eles surgiram novamente na escuridão. Estava fixado na silhueta que era iluminada apenas pelo luar. Seus lábios, finalmente se juntaram durante a noite toda.

Havia uma macha laranja no céu, que se mesclava com uma mancha rosa e roxa, formando uma coloração bela, no nascer do sol. Logo acima, o azul celeste começava a se mesclar com o rosa alaranjado. As nuvens estavam fofas e coloridas por causa da cor do céu.

Os raios que começaram a entrar pela janela, esquentavam a pele branca e gelada que estava sobre a cama. Os raios incomodavam seus olhos que ainda estavam fechados, forçando-a a acordar. Encravou com forças, suas unhas da mão direita no edredom florido, que estavam debaixo de seu corpo.  Sua face foi esfregada de leve no travesseiro, fazendo o cheiro desconhecido entrar pelas suas narinas. Seus olhos arregalaram. Seu corpo recuou bruscamente, ficando sentada na cama. Seus fios brancos como a lua da noite passada, estavam bagunçados e amarrados uns aos outros. Suas unhas coçaram o couro cabeludo, deixando seu cabelo mais desarrumado. Por um momento, tinha esquecido que tinha passado a noite fora de casa. Respirou fundo e olhou para o espaço aonde Erick tinha passado a noite. Seu corpo músculos e  esquálido, não se encontravam aonde deveriam estar.

-Erick? – Encostou as pontas dos dedos do pé no chão de madeira. Um arrepio subiu pelas suas costas, pela temperatura da madeira. – Erick? – Caminhava para a porta de madeira que escondia o banheiro.

Seus dedos nem haviam tocados na maçaneta dourada da porta do banheiro e a maçaneta da porta principal do quarto girou. Deu alguns passos para trás e a porta se abriu.

-Achei que ainda estaria dormindo. - Vestia ainda sua calça preta jeans e sua jaqueta fechada, já que sua camisa estava em outro corpo. Em suas mãos, havia algo enrolando em um guardanapo branco de papel.- Eu achei que você estaria com fome e fui buscar algo para você. – Passou os dedos sobre o cabelo, bagunçando-os.

Estava apenas com a camisa dele e sua roupa intima preta de cetim e renda. Seus dedos tocaram na pele dele ao pegar o pacote tão cuidadosamente embrulhado.

- E-eu... – ele arranhou a garganta – Eu preciso da minha camiseta se não se importa. O guincho vai chegar e eu preciso ver o carro.

Largou o embrulho em cima da cama e em seguida pegando a sua camiseta indo em direção ao banheiro. A porta de madeira foi severamente empurrada, batendo com força.

Seus olhos fecharam com a batida.

A porta logo se abriu. Luna saiu de lá, vestindo sua regata florida. A camiseta cinza estava do avesso quando a devolveu.

- Ontem à noite, você disse que eu não sabia o que você era...

Um batido constante saia da porta.

-GUINCHO!

Eric desvirou a camiseta e a vestindo log em seguida.

-Não demore. – Bateu a porta logo atrás de sí.

Quatro horas e meia de viajem dentro de um caminhão fedido e desconfortável. Seu braço relava na jaqueta de couro de Erick toda vez que o caminhão passava rápido por alguma curva ou desigualdade da estrada. O caminhão parou na frente do Ico. Seus pés despidos nem encostaram direito no chão e a porta de vidro do restaurante foi aberta.  Ela estava sendo segurada por Philip que olhava fixamente para Luna. Ele a soltou, indo em direção à garota e aprendendo em seus braços musculosos. Ele a abraçou com força e seus dedos se entrelaçaram nos fios brancos.

Os dedos brancos e finos deslizaram pela cintura e chegando às costas de Philip, encravando suas unhas na camisa dele com força.

- Quando Leticia chegou aqui, eu achei que eu nunca mais...  – Philip encarou Erick. Seu ódio por ele era visível. Seus dedos deslizaram pela face esquálida dela. Encostou sua testa á dela. – Leticia está preocupada com você. Eu vou te levar para casa.

Phip a soltou. Em segundos seus dedos estavam no pescoço de Erick.

-Se algo tivesse acontecido com ela, eu acabaria com todos os acordos e mataria você.

- Ela estava lá.

Philip o soltou.

- Como você pode leva-la lá?

- Eu não a levei. Eles sabem por eu estou aqui agora. Eles sabem aonde ela está.

Philip espremeu os olhos por um segundo.  Ambos conversavam sussuradamente. Deu alguns passos para tras, virou o seu corpo e caminhou em direção a Luna. Sua mão repousou levemente na bacia dela.

Erick olhava fixamente para ambos. Seu sangue esquentava a cada segundo que seu coração batia mais rápido.

- Eu preciso que o senhor assine aqui.

Luna estava sentada no banco vermelho da lanchonete. Philip sentou ao seu lado e passou seu braço em volta de seu pescoço.

- Você está bem? – ele levou seus lábios ao encontro a pele branca de Luna dando-lhe um beijo na bochecha

Ela apenas afirmou com a cabeça.

- Ele te fez alguma coisa?

Ela negou com um gesto com a cabeça e logo em seguida o abraçou.

- Eu me perdi na cidade, não sabia a onde estava. Acho que foi a fome. – Ela encostou sua cabeça no peito dele. – Eu esbarrei no Erick e tudo ficou escuro.

Seus dedos acariciavam o cabelo bagunçado.

- Eu vou te levar para casa. Não precisa vir trabalhar hoje.

Eles levantaram. Philip passou seu braço pela cintura de Luna, mantendo seu corpo perto do dela. Ao abrirem a porta do Ico, o carro e o caminhão do guincho não estavam mais lá. Caminharam juntos sem pronunciarem uma palavra.

Estavam parados na porta da casa. Philip bagunçou o cabelo com os dedos.

- Eu volto mais tarde para ver como você está... Não suma de novo, tá bom?

Ela sorriu.

- Não vou sumir.

Ela girou a maçaneta da porta e entrou, fechando aporta logo atrás de sí. Philip se distanciou até conseguir enxergar a janela de seu quarto. As cortinas estavam abertas e era possível ver  Luna lá de baixo. Luna apareceu na janela e deu um sorriso sem graça e fechou as cortinas. Philip pôs a caminhar em direção oposta á lanchonete.

Sua cabeça estava sobre o travesseiro e seus olhos fechados. Tudo o que tinha passado na noite passada vinha a sua mente. Mordeu os lábios inferiores.

O telefone de casa tocou. Seus olhos abriram imediatamente. Esticou o braço, procurando o telefone que estava sobre o criado mundo.

-Alô?

-  LUNA SUA VACA, FILHA DE UMA PUTA! VOCÊ SABE O QUANTO EU FIQUEI DESESPERADA ONTEM? AONDE VOCÊ ESTAVA? – era possível ouvir a voz de Leticia do outro lado do quarto.

- Não sei. Eu acho que eu passei mau por que estava com fome e me perdi por lá.

- e pra que serve o celular ,garota?  Eu te liguei uma pá de vezes e caia o tempo todo na caixa postal.

- acho que acabou a bateria. Desculpa Le. Eu só fui acordar horas depois no carro do Erick

-COMO ASSIM NO CARRO DO ERICK? – Luna distanciou o telefone do ouvido.

- Eu fiquei tonta, esbarrei com ele e quando eu vi estava no carro dele.

-  aram ! Quando eu cheguei em casa ontem, eu liguei para sua casa e você não atendeu.

-  Eu não estava em casa. A gasolina acabou no meio do caminho e passamos a noi..

-COMO ASSIM PASSARAM ANOITE JUNTOS E FORA?

- Não aconteceu nada ok ? Não era para você estar tendo aula agora?

-  era, mas... eu dei uma fugidinha só para poder te ligar. E como eu já fuji... fala logo o que rolou.

- Vai depois da escola para a lanchonete que a gente conversa. – Luna fechou os olhos e sorriu. Desligou o celular sem ouvir a resposta dela.

Eram onze horas da manha e seu corpo estava repousado na cama, debaixo dos lençóis brancos e vestindo a mesma roupa da noite seguinte. Sua pele estava tomada com cheiro dele, que a deixava tonta. Uma vez ou outra respirava fundo e aquele perfume entrava na sua narina, fazendo-a sorrir no mesmo instante. Lembrava-se do rosto de Philip ao vê-la chegar com Erick naquela manha. Mostrava desespero e alegria ao mesmo tempo. Ele lhe fazia bem. Estava confusa. Nunca havia sentido nada daquele jeito antes. Por que seu coração batia assim por dois garotos? Por dois garotos desconhecidos? Não completamente desconhecidos, mas... Por dois garotos que nunca se virão e se odeiam. Por dois garotos que querem a mesma garota. 


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