Apenas Uma Alma escrita por Luna Sweet


Capítulo 5
IV




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-VAMOS LUNAAAAAAA- O Som da buzina do carro de Leticia ecoava pelo quarteirão. Ela vestia um suéter de lã com um chiuaua estampado.

Luna fechou a porta de casa. Scoty, tecnicamente deveria tomar conta de Luna enquanto sua irmã estivesse fora. Mas, ela cuidava de si mesma. Ele nunca estava sóbrio.

Luna desceu as escadas da varanda vestindo um short jeans azul claro e uma bota de cano curto de salto preto. Em baixo de sua jaqueta de couro, tinha uma regata florida.  Seus cabelos brancos estavam soltos sobre o ombro. Seus olhos azuis estavam escondidos atrás de um imenso redondo óculo de sol preto, mesmo não tendo sol naquele dia. Caminhou com passos leves e lentos até o carro.

Seus dedos finos tocaram na maçaneta do carro. Puxou e a porta destravou. Sentou no banco de tecido do carro de Leticia e fechou a porta logo em seguida.

Leticia pisou no acelerador, que fez o pneu cantar. O céu estava nublado, mas dava para ver o sol atrás das nuvens cinzentas. Elas haviam ido para a cidade mais próxima, Lüsterm. A única diferença de Lüsterm e Ustemburgo é que em Lüsterm tinha 1.000 pessoas à mais, 20 restaurantes a mais, 3 escolas á mais e 230 lojas de roupas á mais que Ustemburgo.

Depois de quatro horas e meia de viagem, Luna e Leticia estavam na cidade de Lüsterm.

-A única coisa ruim dessa cidade é que não tem aonde estacionar. – Leticia bufou.

- Não reclama! Chegamos perto da hora do almoço e vamos comer antes de qualquer coisa – Luna apoiou a cabeça na janela. – ALÍ- Esticou o dedo indicador, apontando para um espaço, aonde o carro caberia perfeitamente.

-Sorte !

Leticia manobrou o carro comum pouco de dificuldade. Um barulho como um raio fez dentro do carro.

- Epa...

- O que você quebrou? – Leticia olhou assustada para Luna.

- Conhece a fome? Então...

-É... Vamos fazer assim. Vamos até aquela ruazinha que tem os carrinhos de crepe e de cachorro quente. Enquanto você compra o seu crepe eu vou naquela loja ma-ra-vi-lho-sa, que tem na frente. Pode ser?

Luna revirou os olhos.

- eu vou comer agora, mas não vou parar para comer com você depois!

Leticia bateu a porta do carro e em seguida, apertou o botão de um mini controle preto de carro para acionar as travas. A única coisa elétrica que aquele carro tinha eram as travas.

- Tá! Vamos comer primeiro!

Laçaram o braço uma na outra. Andavam colocando um pé na frente do outro majestosamente. A calçada não tinha uma desregularidade. As ruas eram feitas de paralelepípedo, já que a cidade foi construída na beira do rio.

O céu estava limpo. Não avia uma nuvem cinza e negra e nem aquela maldita neblina grossa que aparecia à noite e só sumia na hora do almoço que tinha em Ustemburgo.

Caminharam por sete quarteirões até chegarem aonde o carrinho de crepe e cachorro quente estava. A cidade estava movimentada, com os visitantes e com os moradores e seus familiares. Crianças brincavam na praça. As mães estavam sentadas nos bancos de madeira e conversavam uma com as outras.

O carrinho de cachorro quente estava entre o carrinho de crepe e o de algodão doce.

-Nossa! Olha essa fila! – Letícia tinha desanimado.

Era hora do almoço e metade das pessoas que estavam na praça formavam a fila.

-Não podemos fazer alguma outra coisa ou ir comer em outro lugar? – Leticia olhava para Luna com a tentativa de fazê-la desistir de comer e ir direto as compras.

As unhas longas e negras de Luna coçaram o seu couro cabeludo.

-Vamos! Eu aguento por mais uma hora- Luna suspirou.

Leticia tocou na face branca de Luna, trazendo sua face para perto dela. Os lábios lambuzados de batom cor fúcsia encostaram-se à pele de Luna, dando-lhe um beijo na bochecha.

Leticia puxou Luna pelo pulso e entraram na primeira loja de sapato que tinha por perto.

Ao entrar na loja, Leticia experimentou tudo o que via pela frente. Eram de salto, rosa, azul, couro, veludo... Luna estava sentada em uma poltrona branca de veludo da loja. Sentia seu estomago pedir por socorro. Estava ficando mais branca do que era. Luna, já havia escolhido e pagado os seus sapatos, quando teve foi falar com Leticia.

-Eu vou guarda-los no carro, quer que eu vá guardar alguma coisa pra você?

-Quero. – Leticia deu 7 sacolas lotadas para Luna- Leve pro carro que eu vou te esperar na fila do cachorro quente. Tudo bem?

Leticia colocou a chave do carro no bolso traseiro de Luna.  

-QUANDO EU VOLTAR É BOM VOCÊ ESTAR NAQUELA FILA, SE NÃO, QUEM VIRA O CACHORRO QUENTE É VOCÊ, LETÍCIA.

- Tá. Eu vou estar.

Subiu os sete quarteirões que tinha descido para chegar a praça. Largou todas as sacolas no chão perto do carro. Respirou fundo. Seu estomago gritava pedindo por comida.

- Shiiiu! – Ela conversava com ele.

Pegou a chave do bolso traseiro, apertou o botão fazendo as travas abrirem.  A rua a onde o carro estava, estava tranquila e quase ninguém passava por lá. As sacolas estavam largadas apoiadas no carro. Luna deu um passo e meio e estava atrás do carro, agora tinha espaço suficiente para estacionar um caminhão atrás do carro. Deu um tapa forte no porta-malas e a porta destravou. Levantou delicadamente a porta. Pegou as sacolas e as jogou dentro daquele baú aveludado. Bateu a porta com força e travou o carro. Seus dedos seguravam a chave.

Luna estava descendo o quarteirão quando passou por um beco estreito. Após passar pelo beco, Luna parou. Deu três passos para trás e olhou para o beco. Havia uma placa de madeira antiga colada na parede ao lado de uma porta grande de ferro. – Juro, por tudo que é mais sagrado, que eu NUNCA  vi isso aqui – Luna estava confusa. Já havia passado por todas as ruas daquela cidade e sabia que naquele quarteirão não devia ter um beco. Muito menos um beco, com as paredes de pedra. O chão com paralelepípedos e uma estranha placa d madeira com uma cruz de ponta cabeça desenhada nela. Luna não aguentou, seus passos eram leves e largos. Aproximou-se da porta. Virou sua face desconfiada para ambos os lados. Sua mão suava. Aproximava lentamente sua mão a maçaneta dourada e grande que tinha na porta de madeira rústica, mas a maçaneta girou sozinha. Antes que a porta abrisse, Luna correu para dentro do beco, escondendo-se atrás do muro.

Saiu uma mulher alta, com os cabelos louros encaracolados amarrados em um penteado desarrumado, vestia um vestido longo e justo negro.

A respiração de Luna estava pesada – o que eu estou fazendo? Não tem nada de errado em querer ver o que é aquilo- Luna respirou fundo e ouviu a porta de madeira fechar, ao olhar de volta para o fim do beco, da onde tinha vindo, a cidade havia sumido e tinha uma rua larga de paralelepípedo. – [i] É... só pode ser a fome, eu preciso ... eu preciso comer alguma coisa e toda essa alucinação sumirá[/i]. – Luna fechou os olhos e respirou fundo.

-Boa tarde, minha jovem. - uma voz rouca sai de trás de um capuz negro

Luna havia virado seu corpo para sair de trás do muro. Esbarrou com um senhor que vestia uma capa negra que cobria sua face. Luna tampou a boca para não sair um grito.

- Boa trade – Mesmo assustada, sua voz estava meiga.

- Aqui não é um lugar para uma menina como você.

Não era possível ver sua face, seus olhos...

- Está perdida?

- Eu? – Luna deu um sorriso sem graça – Não. Não.

-Não é o que parece. – O homem levantou sua mão e seus dedos magros, compridos e enrugados apareceram. Suas unhas eram razoavelmente compridas e havia uma crosta de sujeira por baixo delas deixando-as negras. Seus dedos imundos pegaram uma mecha de cabelo branca de Luna.

Luna deu uns passos para trás e correu em outra direção. Luna dava passos largos rápidos e pesados. Seu salto entrou no vão de uma das pedras do chão, fazendo-a cair no chão.

-Au! – resmungou. Suas mãos ficaram raladas.

- Está perdida minha jovem. Eu sei que está. Eu posso te falar a saída.

Luna estava com os joelhos apoiados no chão. Algumas mechas de seu cabelo estavam na sua face. Seus olhos arregalaram e sua respiração ficou pesada.

- É só você me dar algo em troca, menina. – O velho falou sussurrou em seu ouvido.

Luna engatinhou pelo chão rápido. Levantou rápido, não ligando para seus cortes. Dobrou a perna para frente e retirou um dos pés de seu sapato. Dobrou a outra perna para trás e puxou o outro pé. Correu, seu olhar para trás ou saber onde estava indo. Havia varias ruas de paralelepípedo.  Corria pelas ruas perdidas. As ruas estavam desertas. Havia bares e todos com o mesmo símbolo. Uma cruz de ponta cabeça. Luna estava perdida e fraca por não ter comido nada há muito tempo.

 O céu estava nublado e garoava. Seus pés esquálidos estavam negros por causa da sujeira da rua. Segurava suas botas pelo salto. Havia parado para recuperar o ar. Seus passos eram lentos. Sua cabeça doía.

- Eu disse que estava perdida. Não vai conseguir sair daqui.

Luna olhou para trás

- O que você quer de mim? – Estava assustada. Sua visão estava ficando embaçada por causa das lagrimas que se formavam. – Eu não tenho dinheiro se é isso que você quer.

-Dinheiro? – Deu uma risada rouca e logo em seguida tossiu – Eu não preciso do seu dinheiro.

Ele caminhava lentamente em direção a ela. Sua capa negra cobria-lhe da planta dos pés até o alto da cabeça, não era possível ver a sua face e nem o que tinha nos pés. Luna dava passos lentos para trás.

- O que quer então? – Estava assustada.

- Algo que não se pode buscar, nem achar, e talvez tampouco perder.

Uma charada? Naquele momento?

O homem dava passos lentos e se aproximava de Luna. Seu cheiro de defunto podia ser sentido a quilômetros de lá. Luna estava apavorada. Seus olhos estavam vermelhos por causa das lagrimas. Sua face começava a ficar molhada pelo líquido que escorria de seus olhos. Passou suas unhas no couro cabelo, puxando as mexas de cabelo para trás.

Luna não estava lá para resolver charadas e nem para descobrir se aquilo era ou não uma. Tinha mais um beco, dentro do beco que ela estava. Correu para dentro do beco escuro. Seu corpo foi encontro em algo quente e duro. Um grito agudo ecoou.

-Luna? O que está fazendo aqui. – Erick segurava seus braços.

-Eu não sei – sua voz mau saia. - Ele quer algo que não pode ser buscada e nem achada. Minha cabeça dói e tudo está tão... – Luna parou por um estante. Ela olhou para os olhos azuis de Erick e uma lagrima escorreu pelos seus olhos.

- Ele quem?

As unhas de Luna estavam encravadas nos braços dele. Ela o segurava com força, sua respiração estava ofegante.

- tá tudo tão...frio e...

Então a escuridão havia surgido para Luna.


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Notas finais do capítulo

Enfim, eu não lembro que nome eu dei pro marido da irmã de luna, então apartir de agora eel chama Scoty - pois é.



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