Edward acordou de repente, imaginando se não encontraria Bella ali por perto, empunhando uma cruz. Ou, pior, alguma estaca. Embora ainda houvesse uma trégua entre vampiros e shape-shifters, havia aqueles que achavam difícil esquecer os velhos pre­conceitos. Para dizer a verdade, ele conhecia alguns vampiros centenários que achavam que os Pack não passavam de um ban­do de cachorros selvagens enlouquecidos. Poderia ser verdade há séculos, quando eles vagavam pelas florestas da Europa com a forma de lobisomens, mas Edward achava que atualmente a matilha estava mais organizada que o Conselho dos Vampiros. Claro que ele não lidava com eles desde a metade do século XVIII: era briga demais para seu gosto. Mas sua doce Bella pensara que ele poderia machucá-la e, para se defender, transformara-se em loba, acreditando que ele a atacaria. Como ela pudera pensar isso? Como se ele pudesse ferir aquela que estava se tornando mais importante para ele do que... Edward interrompeu sua reflexão ao sentir uma dor aguda no peito, no lugar onde um dia estivera seu coração. Precisava encontrar Bella e lhe explicar. Poderiam resolver tudo juntos. Precisavam resolver. Ele sentou no chão, preocupado por não ver sinal de Bella.

Edward levantou e saiu do closet. A cama desfeita não parecia ter sido usada. Uma rápida olhada pela casa revelou que ela se fora. Para onde? Ao atravessar a sala, ele notou que a luz da secretária eletrônica piscava. O indicador digital assinalava uma chamada, mas quando ele apertou o botão a máquina reprodu­ziu duas a mais. Todas as chamadas pareciam ser de amigas de Bella. Todas haviam telefonado para falar, excitadas, sobre um estranho que chegara à cidade, um caçador de recompensas chamado Jacob Black que oferecia 50 mil dólares em troca de um homem chamado Edward Cullen. Infelizmente, Jacob era bem conhecido de Edward, que o vira pela última vez quando ainda morava na Europa e usava um nome diferente. Jacob não era caçador de recompensas, mas um caçador de vampiros — um dos mais bem-sucedidos, se é que o sucesso podia ser medido pela quantidade de mortes. Ele estava atrás de Edward há muitos e muitos anos, medidos em termos humanos. O pai dele e seu avô haviam perseguido Edward. Jacob Black descendia de uma longa li­nhagem de caçadores que se dedicavam a erradicar os vampiros da face da Terra e estava decidido a vencer onde seus ancestrais haviam falhado. Pelo visto, apesar de Edward tentar ficar fora de seu alcance, Jacob, afinal, descobrira que ele se mudara para os Estados Unidos e que adotara outro nome. Jacob queria ver Edward morto e nada o impediria de alcançar seu objetivo.

Intrigada e sem ter o que fazer até que Edward acordasse, Bella resolveu escutar o que Jacob Black teria a dizer. De acordo com a mensagem de Rose, ele teria uma reunião com o conselho da cidade naquela tarde, às 13h. O que ela ouviu deixou-a assus­tada. O homem realmente ofereceu 50 mil dólares a quem lhe informasse o paradeiro de Edward Cullen. Em seguida, ele dis­tribuiu alguns cartazes com uma enorme fotografia de Edward sob a legenda: "HOMEM PROCURADO." Jacob alegou que Edward era procurado em sua terra natal, a Inglaterra, onde era conhe­cido por um nome inteiramente diferente, por crimes hediondos demais para se contar. Ele disse estar à procura do criminoso há muito, muito tempo, e que conseguira rastreá-lo até os Estados Unidos. Acrescentou que dessa vez faria de tudo para garantir que Eward não escapasse, como já ocorrera.

Bella era bastante esperta para saber que os Pack também eram caçados. Ela estivera com o homem — desculpe, com o vampiro — por tempo suficiente para perceber que, fosse o que fosse,Eward não era um criminoso, mas a quantia de dinheiro que Jacob oferecia como recompensa a fez pensar. Cinqüenta mil dólares seriam uma ajuda e tanto para pagar as contas do tratamento de Allie. Para Bella, Alice era como uma irmã. Du­rante os anos que se seguiram ao divórcio de seus pais, enquanto o pai se entregara à bebida, sua mãe a abandonara e a família de Alice a acolhera, preservando sua sanidade e seu ânimo. Bella os amava mais que à sua mãe — que tentava amenizar a culpa através de telefonemas mensais.

Do ponto de vista de Bella, ela não tinha dúvidas sobre o que deveria fazer.