As regras foram feitas para ser quebradas. Agarrando o braço de Edward, Bella sabia que, se algum dia se visse tentada a sair de sua área de segurança, aquele seria o homem a convencê-la, a seduzi-la. Seduzida.

O simples pensamento fazia com que seus mamilos ficassem sensíveis. Ela esperava que ele não percebesse como a deixava perturbada. Outro shape-shifter qualquer seria capaz de farejar seu desejo, mas aquele macho humano jamais poderia fazê-lo, apesar de Bella ainda não saber por que ele não tinha chei­ro.

Todos os seres humanos tinham algum perfume, não tinham? Talvez ela não soubesse tanto a respeito deles como pensava.

— Você está bem? — Edward perguntou numa voz rouca que fez com que Bella desejasse acariciá-lo.

— Estou. — Embora estivesse enrolada naquela ridícula atadura, sua cabeça não doía e já estava cicatrizando. Ser um puro shape-shifter tinha suas vantagens, e a rapidez para se curar era uma delas.

— Então, saia comigo, por favor.

Bella pensou se deveria aceitar. Ela tinha a sensação de que ele não costumava pedir por favor.

Ela olhou seu relógio e fi­cou na dúvida: ainda eram 22h de uma sexta-feira. Seria uma tristeza pensar em ir para casa e passar o resto da noite sozinha, vendo televisão, quando estava acompanhada pelo homem mais bonito que já vira, e que flertava com ela.

— Posso lhe oferecer uma bebida? — ele perguntou. O lindo sotaque inglês a deixava louca.

— Talvez apenas uma — ela concordou.

Ele deu aquele sorriso sexy e suave de novo, e Bella se der­reteu. Talvez estivesse mesmo na hora de uma aventura, ainda mais se ela pretendia desistir de ter encontros por algum tempo. Apesar de ele ser humano — ou talvez justamente por causa disso —, ela poderia ter uma louca aventura com ele.

Se estava disposta a quebrar todos os seus hábitos, quem seria melhor para acompanhá-la que aquele belíssimo estranho, de passagem pela cidade? Nenhum de seus amigos ficaria sabendo, com exceção de Alice. Bella contava tudo a ela, e mal conseguia esperar para lhe contar a respeito de Edward Cullen.

Caminhando silenciosamente com seus macios sapatos bran­cos, a enfermeira, afinal, trouxe os papéis da alta. Bella assinou-os, grata por ver que a aura da mulher revelava que ela era Pack e que não se daria o trabalho de lhe fazer recomendações, certa de que ela estaria boa antes de chegar em casa. Antes de sair, ela ajudou Bella a tirar as ataduras da cabeça.

— Pronta para sair? — disse Edward olhando para ela com um olhar cheio de promessas.

Pela primeira vez em... bem, pela primeira vez há muito tempo ela sentiu um intenso arrepio de expectativa. Isso, seria fantástico.

— Estou — ela respondeu. Uma vez que Edward não sabia de seus poderes regenerativos, ela se aproveitou e se apoiou nele enquanto caminhavam até o carro, deleitando-se com a força dos braços que a envolviam, observando a elegância de suas mãos de dedos longos e de unhas bem cortadas.

Ao contrário de levá-la de volta para o Shorelines, ele a le­vou para um pequeno bar que não tinha música ao vivo e que, portanto, estava mais vazio. Ele escolheu uma mesa na varanda, ao luar, com vista para o lago. Assim que Bella sentou, ele se afastou para pegar as bebidas e ela ligou para Allie. Sabia que a amiga ainda estaria acordada, porque a quimio a deixava agi­tada e incapaz de dormir.

Allie deveria estar perambulando pela casa, tentando combater a náusea, e gostaria da distração.

—Alô?

Bella rapidamente contou os acontecimentos da noite. Para seu alívio, Em não fez comentários sobre o atrapalhado contra­tempo. Conhecendo-a como conhecia, Alice sabia que aquele tipo de acidente lhe ocorria com freqüência.

— Está quebrando suas regras de ouro? — Alice zombou. Desde que recebera o diagnóstico no ano anterior, Alice in­sistira com Bella que suas estritas regras para encontros não passavam de uma maneira de lidar com uma situação que ela não podia controlar: o câncer.

Bella desconfiava que Allie tinha razão. Colocar ordem em sua vida lhe dava uma sensação de segurança, um porto seguro do qual poderia lutar contra o destino cruel que ameaçava lhe roubaria querida amiga. Esta noite ela quebraria todas as regras, todas as suas normas ab­surdas.

Ela viu Edward voltando do bar com as bebidas e notou que todas as mulheres olhavam para ele, e ela não poderia culpá-las. Só de ver o homem caminhar na sua direção, com um andar elegante que o fazia parecer flutuar, sua boca ficava seca.

— Eu lhe conto depois — prometeu Bella. — Preciso desli­gar. Ele está voltando. — Ela desligou o celular e o jogou dentro da bolsa no exato momento em que Edward chegava à mesa.

— Aqui está. — Ele colocou a taça de vinho branco diante dela e sentou, sem deixar de observá-la. O olhar nos maravilho­sos olhos escuros prometia delícias tão sensuais que ela quase lambeu os lábios em antecipação. Diabos, como um homem po­deria ser tão atraente?

A bebida dele, num copo alto e sem gelo, era vermelha. Ela adivinhou que era um Bloody Mary.

— Você está na cidade há muito tempo? — ela perguntou, tentando não parecer muito interessada na resposta.

— Eu planejava apenas passar a noite. — A voz contida pa­recia pesarosa. — Mas, como na verdade eu não ouvi a banda tocar, acho que vou ficar mais algum tempo. Talvez mais uma noite.

Mais uma noite. Saber que tinha um tempo limitado para se­duzi-lo só a deixou mais excitada. Era melhor que fosse rápida.

A loba dentro dela já fora despertada e estava inquieta e pronta para caçar. O problema é que, nunca tendo seduzido um ser hu­mano, Bella não sabia o que deveria fazer.