Revelações De Um Passado Obscuro escrita por GiuuhChan


Capítulo 18
A Lenda




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~Lupus narra

Eu trabalho pra mim. É uma frase típica minha, e verdadeira, as coisas que eu faço são em prol do meu próprio interesse pessoal. E por que seria diferente? Não entendo por que as pessoas insistem em se submeter a seguir ordens por vontade própria. Fazer parte de um grupo estaria no primeiro lugar de uma enorme lista de “coisas que eu não tenho saco pra aturar”. É, é uma lista gigante sim, na verdade tenho muito pouca paciência com coisas e pessoas inúteis. Pessoas principalmente. Mas as circunstâncias pedem que eu mude meus planos, afinal, o objetivo inicial era me aproximar, não é? A oportunidade surgiu vinda de alguma coincidência que me parece mais obra de Thanatos.

Millie, a garota que carrega o caos. Será que ela chega a saber disso? Dentro dela está selado mais poder do que talvez ela mesma imagine, afinal, ter ambos os lados da batalha tornaria qualquer um a estratégia perfeita, mas o próprio Thanatos desconhece as trevas da garota dragão, mas como ela pode? Aliás, como consegue mesclar os lados opostos em equilíbrio? A própria Juriore desconhece razões.

Estamos andando pela floresta desde os primeiros raios de sol, guiados por Millie ao QG, andamos até chegarmos a um campo aberto, a terra era presenciada por uma vegetação escura e o cheiro se sangue seco banhava o local deserto. Millie parou, e eu e Azin seguimos o ato.

– Dizem que foi aqui que ocorreu um massacre há alguns anos, uma mulher em busca de poder entrou nesse lugar, que era uma vila bastante povoada, por incrível que pareça, e matou todos os seus habitantes. – Disse Azin, sentando-se no chão enquanto nós acompanhávamos o ato. Eu conheço essa história, e, bem, também sei quem é a protagonista dela. Continuamos conversando, Millie parecia não estar prestando atenção, sua mente vagava por algum outro lugar. Me chamou a atenção quando ela levantou bruscamente.

– Millie? – Sem respostas. Ela foi andando como quem parecia em transe, e eu à segurei um pouco antes dela cair ao chão. Desmaiou.

~Millie narra

“–Millie – Sussurravam vozes em meio ao que há segundos era um campo de batalha, mas tornou-se um massacre. Pessoas caídas ao chão, poças vermelhas como sangue. Eu vi uma mulher andando em minha direção, ao chegar mais perto, pude distingui-la melhor, raiva.

–C...Ca – não pude terminar, as letras e os sons engasgavam antes de saírem.

–Não pronuncie. Você não entende, jamais entenderia, pra você isso se limita a um “minha mãe matou meu pai por poder”. É muito maior que isso, eu sou muito maior que isso. E fui mais egoísta também, não foi seu pai, foram milhões, pessoas e outros seres, por uma causa que você desconhece e é melhor que continue. Fique longe. – Minha garganta doía, tossi. Sangue.

– Quem você pensa que é?

– Penso que sou sua mãe. Deveria ouvir o que digo.

– É? Por que deveria? – Apoiei-me em minha espada para levantar-me, com esforço, consegui. A raiva não me deixava sentir real dor. Tanto tempo, e ela aparece do nada se dizendo minha... Mãe. Não. – Responda! Por que eu deveria?

– Você ainda não entende, mantenha-se afastada da guerra que tem início agora. Mesmo que a lenda diga o contrário. Millie, entenda, por favor entenda. Apenas faça. A escolha não pertence a você.

– E as minhas escolhas não pertencem a você. Não se sinta no direito de se dizer minha mãe depois de tudo. Eu não a considero como tal, você é muito menos que isso. Você e o que você faz, tudo me dá apenas nojo. – Eu cospia as palavras com gosto metálico como facas ou sangue. – E entender o que? Você me dizer que eu não devo fazer nada pra lhe impedir? Sinto muito. Na verdade, não, não sinto. – Ela desviou o olhar.

– Está bem então, eu tentei lhe avisar. – seu corpo agora parecia apenas uma luz acinzentada, que virou fumaça. Seu rosto mudava de forma que era agonizante olhar para ele. Reconheci uma primeira, a forma que eu via anos atrás, quando éramos uma família. Engraçado como parece que esse tempo nunca existiu. Um outro eu via apenas cores como vermelho e azul, mas não pude ver ou distinguir o que realmente era. Segundos depois, eu ouvi uma voz conhecida. “Não vá” “Não dê ouvidos” “Você vai se machucar se for”. A voz de Lass. A voz dela. Os corpos se separavam. De um lado estava ele, puramente o Lass que eu conhecia. Do outro, ela. Uma outra vez? Não, isso é um sonho? Parei de ouvir a voz de Lass, ele apenas balbuciava com olhos aterrorizados virados pra mim, um Lass de temps atrás, um Lass da fuga do circo. – Se o que você deseja é me encontrar, antes você precisa entender por que você. Antes você precisa saber quem você é.

Ela se aproximava, e era como se um peso insuportável descesse sobre mim, fazendo-me cair sobre meus joelhos. Odeio fendas dimensionais. Meu olhar decaiu sobre o chão, que era o único lugar que eu tinha forças para ver. Senti suas mãos sobre meu rosto, forçando-o para cima fazendo-me encará-la. Seus olhos brancos mostravam que estava no auge de seu poder como bruxa. Os assassinatos devem tê-la feito mais forte, cada gota de sangue derramada.

– É o que quer? É sua escolha? Eu posso fazê-la esquecer disso mais uma vez. Você pode ficar quieta, pode ficar em paz junto às pessoas que conhece agora se quiser. Mas posso fazê-la lembrar. Você quer me impedir? Para me impedir você deve saber quem é. – Como assim? Quem eu sou?

– Eu me vingarei, é uma promessa. Por ele e por todos que você levou. Por todos que você fez mal de algum jeito. Me diga quem sou.

– Eu lhe pergunto. Quem você é? Entenda, lembre-se.

– Melissa, é apenas o que sei.

– Seus poderes. Quem é você?

– Quem eu sou? Você disse que poderia fazer isso! – Ela soltou meu rosto e ficou de pé.

– Até quando você estiver pronta, Millie.

– Espera!! – Ela continuou – RESPONDA!!

– Cumpra suas promessas se for digna delas. Hospedeira do dragão dourado, você tem trevas nos olhos.

Essa frase. Eu tentava me lembrar por que soava tão familiar. Quem eu sou. Hospedeira do dragão, trevas. Minha cabeça doía enquanto eu via as imagens à minha volta mudando aos poucos e tomando novas formas. O sangue sumia, meu corpo parava de doer, foram ilusões. Eu estava no que parecia uma outra fenda, mas as pessoas presentes não pareciam me ver. Fendas de espectador, você pode ver e ouvir, mas não é como se estivesse presente no lugar. E não eu não sei como eu sei disso, mas não vem ao caso.

Eu vi meu pai. Lágrimas me encheram os olhos, por que ela estava fazendo isso? Meu pai estava sentado numa mesa quadrada de vidro juntamente à um homem com quem conversava. Engoli vinhas emoções, eu sabia que estava ali por algum motivo, e só sairia quando descobrisse qual era. Cheguei mais perto para ouvir o que era dito.

– Não pode ser, ela é minha filha – Ele olhou para os panos em seus braços, só agora eu percebi que eles embrulhavam uma criança – Não, tem de ser outra pessoa, não pode ser ela.

– Não tente iludir a si mesmo convencendo-se disso, você conhece a lenda tanto quanto eu, e sabe que é ela. – Disse o homem – A hospedeira.

– Hospedeira de que? Que lenda? – Era ela, minha mãe. Ela tomou a criança em seus braços, e assim eu entendi que aquela criança era eu. – O que minha filha tem com a lenda? – Meu pai e o homem se entreolharam.– Por favor, pode explicar? – Ela insistiu olhando para o homem.

– Bem, é a lenda do dragão dourado. Talvez seja melhor você saber antes. Sua filha é a nova hospedeira.

– De?

– Do dragão. A lenda conta que o dragão dourado lutou junto à seu mestre numa guerra ocorrida em Xênia, ambos lutaram bravamente para defender o continente de um ataque de um grande mal desconhecido, dizem que esse mal foi uma união de forças entre os monstros comandados por alguém o qual suspeitam ser o deus Thanatos, que, com a promessa de poder infinito e ilimitado, conseguiu reunir diversos monstros poderosos para atacar o continente. – Começou ele, olhando para ela talvez verificando se havia algum questionamento, ela apenas sentou-se à mesa e olhava atenta. Ele continuou. – Desconfiam do deus por ele ser aquele que sempre desejou mais poder, foi contra o equilíbrio, sempre buscando formas de quebrá-lo.Naquela guerra, a luta estava difícil, o dragão e seu dono lutavam contra o comandante dos monstros, a luta estava equilibrada, o lado do “bem” era justo, porém, o do “mal” estava sempre trapaceando. No fim, o líder dos monstros iria matar o dono do dragão para que até mesmo o equilíbrio presente na guerra entre ambas as partes fosse quebrado, mas o dragão dourado foi propositalmente à armadilha no lugar de seu mestre, sacrificando sua alma para que levasse junto à si o líder.

– E o que trás minha filha à essa história? – Ela perguntou.

– O sacrifício foi feito pelo dragão, e ela o hospeda – Ele disse. Ela pareceu entender, mas a palavra sacrifício me causava arrepios – e só pode ser feito para salvar a vida de alguém, além disso, só aqueles que se arrependeram verdadeiramente de seus erros tem a alma pura para que o sacrifício possa ser feito. – Ele completou. – Bem, o plano do dragão deu certo, ele se sacrificou, mas levou junto o líder dos monstros, o que deixou a luta mais fácil, e, por fim, Xênia venceu a guerra.

– Mas espere, há algo que diga que esse sacrifício só pode ser feito com a alma do dragão?

– Na verdade, não há nada que diga, mas sempre foi um ponto crucial em todas as guerras, no entanto, os outros requisitos são reais. – Ele respondeu, com certo receio ao porquê da pergunta.

– Entendo.

– E ela é a hospedeira dele, como é possível? – Dessa vez meu pai quem perguntou.

– O dragão salvou a terra dos deuses, e estes, como forma de agradecimento, imortalizaram sua alma, assim, sempre que um grande mal está por vir novamente, um mortal é escolhido para hospedar a alma do dragão dourado. – Ele explicou. –É por isso que temo que Thanatos esteja novamente reunindo monstros para um novo exército, pois já percebemos indícios disso, e a prova final desta hipótese é que Millie é a nova hospedeira. Se há um hospedeiro, um mal está por vir. E ela precisa estar pronta pra lutar.

Nos próximos capítulos:

[...] “você tem à mim, eu vou estar aqui, é uma promessa” [...] “Quem são eles?” “Você...” [...] “O sacrifício da alma pode ser feito apenas por aqueles que possuem tanto a magia negra quanto a branca” “sou eu” [...] “eles não podem tirá-la de mim agora” “eu sinto muito”


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