Naquela manhã de sol, o ruído das rodas da carruagem real era a única coisa que poderia se ouvir durante um longo tempo. O reino dos francos estava despertando quando duas das irmãs Swan decidiram pegar a carruagem real e se dirigiram até a costureira encarregada dos vestidos da rainha do reino.

─ Por que está tão quieta minha irmã? ─ Perguntou Tainah, que já estranhava o silêncio da irmã.

─ Estava apenas com meus pensamentos. ─ Disse Bella. ─ Esme disse que preciso mandar fazer os vestidos para quando eu for rainha. Pensei que fosse somente o de noiva. ─

─ Vou fingir que acredito apenas para não deixa-la mais apreensiva. ─

As irmãs resolveram encerrar a conversa por alguns minutos, pois haviam acabado de chegar à costureira e Tainah não queria deixar a irmã nervosa. Lembrava-se de como estava com seu casamento e de como tudo foi tão rápido.

O ateliê era pequeno e muito simples, mas era magnifico. Havia tecidos por toda parte juntamente com penas e pedras que reluziam a cada raio de sol que atravessava a janela. Logo uma senhora de cinquenta primaveras e cabelos castanho escuros apareceu sorridente ao ver as duas meninas que entravam em seu recanto.

─ Vocês devem ser as irmãs Swan. Qual de vocês será a noiva? ─ Perguntou.

Isabella ainda se sobressaltava com a palavra noiva e esperava que alguém entrasse e respondesse por si, mas sabia que aquilo não iria ocorrer. Não que seria um horror se casar com o homem mais lindo que já vira, apesar de não ter visto muitos homens em sua vida, mas porque sentia medo: do casamento, de seus compromissos como rainha, dos deveres como castelã e da mais temida noite de núpcias.

Tainah percebendo que a irmã não estava bem ainda com tudo aquilo se adiantou e anuncia que Bella era a noiva e ela era a irmã.

─ Que maravilha! Sentem-se jovens, vou mandar Julia trazer hidromel e logo voltarei. Chamo-me Carmen. ─

Num instante, Carmen se retirou para mandar a filha trazer a bebida e algumas empadas que havia preparado para a visita.

─ Bella, desfaça essa cara se não Carmen irá achar que não quer se casar. ─ Disse Tainah, preocupada com a irmã.

Assim que a irmã proferiu suas palavras algo muito estranho aconteceu dentro de Isabella: uma vontade súbita de gritar que seria louca se não se casasse tomou conta de si e a deixou em pavor. A verdade era que o que mais queria era se casar com Edward, mas tinha medo até mesmo da sombra do futuro marido, medo e algo mais que não sabia explicar, algo que fazia aquele calor entre suas saias voltar.

Carmen entrou seguida por Julia e sentou-se com as meninas na mesa de desenhos.

─ E então, por que Esme não veio? ─ Perguntou.

─ Ela esta envolvida com os preparativos do baile. Algo da tradição de vocês. ─ Respondeu Bella, que tomava seu hidromel.

─ Ah sim! Julia já está fazendo a sua camisola não é querida?! ─

─ Sim! Espero que goste alteza. ─

─ Tenho certeza que irei. ─

Depois de algumas conversas inúteis para passar o tempo, Carmen pegou um grande pergaminho e uma pena para desenhar.

─ Acho que primeiro devemos desenhar seu vestido de noiva e então veremos os vestidos para usar depois. ─ Falou Carmen. ─ E então Isabella, como quer seu vestido de noiva? ─

─ Eu gostaria de algo simples e branco... ─

Enquanto Bella falava, a costureira desenhava cada detalhe com perfeição. Cada traço era feito com todo cuidado para que o vestido ficasse perfeito.

─ Acho que podemos bordar algumas pedras água marinha, são lindas e combinam com o branco. Também podemos fazer uma capada branca do mesmo tecido e borda-las também. ─ Sugeriu a artesã.

─ Sim, essas pedras ajudam na fidelidade e no amor verdadeiro. Os gregos dizem que elas trazem sorte ao matrimonio. ─ Disse Isabella, sonhadora.

Aquelas pedras tinham que estar em seu vestido, para que nada desse errado em seu casamento.

─ Bem, aqui está o desenho e acho que este tecido ficará perfeito. ─ Disse mostrando o desenho juntamente com um pedaço de tecido branco. ─ Já pensou no vestido que vai usar em sua coroação? É um dos mais importantes após o casamento. ─

─ Sim! Esme me mostrou o vestido que usou em sua coroação e achei magnifico. Gostaria de fazer algo parecido se não se importa. ─

─ Claro que não! Você é quem manda aqui, só preciso achar o desenho. ─

Após alguns minutos de procura, Carmen achou o vestido que havia feito há muitos anos atrás. Aquele vestido era simples, mas magnifico e com alguns ajustes no desenho o deixaria mais bonito do que fora o de Esme.

As garotas passariam a tarde na costureira e os garotos passariam a tarde fazendo...bem... nada!

─ Acho que caçamos o suficiente para o baile, o casamento e o ano inteiro. ─ Disse Emmett, sentando-se na beira do lago.

─ Nem me fale nesse baile. Sabe quantas vezes eu tive a oportunidade de falar a sós com a Bella desde que ela chegou? Umas duas ou três eu acho. Como eles querem que nós tenhamos uma vida longa e plena se nem conversamos direito? Ou melhor, como eles querem que eu jogue ela numa cama se nem sei quais são seus livros preferidos? ─

─ Primeiro: você jamais cometeria essa indelicadeza de joga-la na cama; segundo: eu tenho um plano, mas você precisa estar bem preparado, digamos. ─

─ Se eu bem me lembro de seus planos, eles são uma droga, mas diga logo qual é o seu plano perfeito. ─

─ Você ainda sabe escalar? ─

......................................

─ Contem-me como foi? Como são os vestidos? E o de noiva? ─ Perguntou Esme, na mesa do jantar enquanto todos comiam.

─ Foi ótimo e os vestidos são lindos. Carmen queria saber quando a senhora e Alice iriam lá, mas eu disse que não sabia. ─ Respondeu Bella, mexendo na comida enquanto sentiu os olhos verdes de Edward sobre si.

Alice havia sentado ao lado de Bella para saber todos os detalhes e saber se Carmen tinha desenhado seu vestido para o casamento, afinal Alice queria estar linda, segundo ela.

Bella tinha muita paciência com Alice e era doce com qualquer pessoa, até mesmo com a mãe e a irmã que jogavam seu veneno o tempo inteiro.

O jantar estava maravilhoso, Emmett e Edward haviam passado a tarde caçando com alguns homens da guarda e havia comida para um batalhão por um bom tempo no castelo. Logo que o jantar terminou, Bella decidiu se retirar e sua dama de companhia a seguiu.

─ Pode ir Lourdes. Eu vou ler um livro que peguei na biblioteca e eu mesma me troco depois. Está dispensada. ─

Lourdes se despediu da sua senhora e foi se retirar. Logo todos no castelo já estavam em seus aposentos e Bella estava deitada em sua cama com um livro nas mãos sem nem imaginar o que acontecia do lado de fora do castelo.

Edward e Emmett, naquela tarde, haviam conseguido entrar no quarto de Isabella sorrateiramente e amarrar uma corda forte o suficiente na sacada. Agora Edward tentava escalar a parede para chegar até o quarto de sua noiva sem que ninguém visse. Por sorte, o quarto de Bella não ficava muito alto e depois de alguns minutos, sem saber ao certo quantos, Edward alcançou a sacada. Através das cortinas, conseguiu ver Isabella deitada em sua cama lendo um pequeno livro que parecia ser um romance.

Edward deu leves batidas na janela o que sobressaltou Bella e fez com que ela seguisse até a janela cautelosamente. Ao perceber que era Edward, seu corpo foi tomado por surpresa e aquele mesmo algo a mais.

─ Edward?! O que faz aqui? Por acaso está bêbado? ─ Disse ao abrir a janela.

─ Não Bella, eu... ─

─ Entre, antes que meu pai veja que está aqui e mate você. ─

Edward entrou e Bella já foi perguntando novamente.

─ E então o que o traz até meu quarto? ─

─ Bem, eu... ─

─ Ai meu Deus! Edward você precisa ir. Isso não está certo. Oh Deus, eu juro que não tenho nada a ver com isso. Por favor, não me leve para o inferno. ─

Edward caminhou até Bella e a segurou pelos ombros dando leves sacudidas.

─ Será que pode me escutar? ─

Bella ficou tão assustada por ver que Edward a tocava que apenas confirmou com a cabeça e deixou que ele a arrastasse até o divã na ponta da cama, sentando-a lá.

─ Ótimo! Eu vim aqui porque vamos nos casar e mal temos tempo para conversar, mal nos conhecemos. Então acho que deus não vai te levar para o inferno porque está conversando com seu noivo e eu trouxe uvas flora, porque soube que são as suas preferidas quando estão graúdas assim. ─

Bella não sabia o que dizer, afinal não é todo dia que um noivo escala o até o quarto da noiva para conversar e comer uvas.

─ Por que você escalou a parede e não utilizou a porta de comunicação? ─ Perguntou ao sentar nas almofadas que Edward havia colocado ao chão.

─ Porque a chave está com a minha mãe. Ficará com ela até o casamento. ─

─ E como sabe que as uvas Flora são as minhas preferidas? ─

─ Ouvi você comentando com a sua irmã no jantar quando servirão uvas. ─

Logo o silêncio constrangedor tomou conta do quarto e apenas os estalinhos das madeiras pegando fogo na lareira poderiam ser ouvidos.

─ Por que gosta tanto destas uvas? ─ Perguntou Edward para quebrar o silêncio.

─ Eu gosto de qualquer uva branca que esteja graúda assim. ─ Disse Bella com o rosto vermelho de vergonha. ─ Você vai rir, mas é por causa do estalinho que elas fazem quando colocamos elas na boca. ─ Completou rindo.

Edward a acompanhou rindo e retirou uma uva do cacho, olhou nos olhos de Bella e disse:

─ Vamos ver. Abra a boca. ─

Bella hesitou, mas abriu a boca deixando que Edward depositasse a uva ali. Ela tinha que confessar que sentiu algo ainda mais estranho quando ele fez aquilo. Segundos depois estourou e Edward riu com o barulho.

─ Tem razão, é gracioso. ─

Algum tempo depois Edward e Bella haviam terminado com dois cachos de uva e riam a cada coisa que um falava.

─ Então você também gosta de cavalgar?! Poderíamos passear amanhã se minha mãe liberar você. ─

─ Acho meio difícil elas me liberarem. Você deveria ver quando todas resolvem invadir meu quarto. ─ Disse rindo e sendo acompanhada pelo noivo.

Depois daquelas risadas algo estranho aconteceu. Eu digo estranho porque somente Bella e Edward poderiam lhe explicar a sensação que tomou conta de cada um.

Edward se aproximou de Bella e acariciou seu rosto.

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─ Seus olhos são como o chocolate e seu nariz é arrebitado de um jeito incrível e lindo; a forma como seus cabelos caem em seu rosto me lembram cascatas e seus lábio me lembram o mel. ─

Sem pensar duas vezes, Edward colou seus lábios nos de Bella que se assustou, mas não queria que ele retirasse os mesmos. Quando Edward tentou aprofundar o beijo, Isabella entrou em desacordo consigo mesma.

Você não pode deixar que ele a beije desse jeito. É pecado e Deus jamais vai te perdoar por isso. Lembre-se dos sermões do padre Olavo quando estava na abadia. Disse um de seus lados tapando um dos olhos enquanto espiava pelo outro.

Não tem nada demais. É só um beijo e essa sensação não parece ser nada ruim não é mesmo? Espere até ver o que ele pode fazer depois do casamento. Disse seu outro lado rindo enquanto comia uvas.

Seu lado sensato falou mais alto e ela afastou-se de Edward, colocando-se de pé.

─ Por favor, vá embora. ─

Edward não questionou sua decisão, pois sabia que havia passado dos limites. Pegou suas coisas e saiu pela janela, deixando uma Isabella frustrada e cheia de duvidas.