Hanna havia adormecido à algum tempo, estava cansada e inconsolável. E eu estava ali, como sempre, sentado na cama branca ao seu lado, enquanto acariciava seu rosto pálido.

Ficamos assim por horas, até que, finalmente, ela acordou. Seus olhos azuis se abriram atentos, ela olhou para os lados, e depois ficou ali, parada, olhando para o teto.

Então deitei-me, ainda olhando-a.

— Tudo ficará bem, minha querida. — sussurrei em seu ouvido, mas ela não deve ter me ouvido, obviamente, dando um beijo em sua bochecha em seguida.

Hanna levantou-se lentamente, andando em direção à porta. Eu a segui.

Ela andava olhando para todos os quartos atentamente, com aquele trage de hospital, e descalça.

Eu apenas andava a seu lado, enquanto ela procurava o quarto onde estava seu amigo Matthew, ao meu constatar.

Ela andou, andou, e o corredor já estava quase no final, quando ela olhou para um quarto, e lá estava o garoto, deitado na cama, o cabelo loiro estava meio apagado, e o rosto um tanto maachucado. Hanna correu em direção ao garoto, que a olhou e sorriu, mas não um sorriso feliz, um sorriso de conforto, até um pouco triste.

— Matt! Você está bem? — disparou Hanna, enquanto Matt se ajeitava na cama para abraçá-la.

— Hanna, estou... Muito feliz que você esteja bem. — ele disse entre alguns gemidos de dor.

Ele estava sem blusa, e com uma atadura envolvendo seu abdômen até sua cintura, seu rosto tinha alguns pontos nada sutis, e alguns arranhões, no braço, uma grande parte avermelhada, talvez uma queimadura.

Hanna o olhou preocupada, analisando todo seu corpo, cada machucado. Pousou a mão em seu rosto, e lhe deu um beijo na bochecha, exatamente como eu fiz a ela, só que ao contrário de mim, ambos sentiram, inclusive eu, bem lá na boca do estômago.

— Matt... a Jessie... — ela o olhou com seus grandes olhos azuis.Matt pegou a mão de Hanna e acariciou-a de leve.

— Eu sei, Hanna.. — eles se abraçaram e Hanna começou a chorar novamente, apoiando-se no ombro de Matthew. E vi uma lágrima solitária correndo pelo rosto do garoto.

— Eu estou aqui, Hanna, sempre. Você pode contar comigo. — cochichou Matt no ouvido de Hanna. E então, saí do quarto. Ela não precisava mais de mim, não naquele momento, não daquele jeito.
Eu estava sentado, solitário, no banco do corredor, enquanto médicos iam e vinham sem parar. E eu continuava ali.

— Parece que sua amada não precisa mais tanto assim de você. — surgiu de repente, uma voz ao meu lado, vindo de uma mulher com botas de salto agulha, blusa de manga comprida e calça pretas. Seu cabelo longo escuro cobria levemente seu rosto.

E só de ouvir sua voz, eu já sabia que era ela.