Strange Kind Of Attitude escrita por Katie Anderson


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora :x a turnê está apenas começando, ainda vai ter muito rolo com a The Maine e é claro, meu lindo Chris Drew *---*



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Capítulo 8

            – Vamos, Em! – Disse a Annie, me empurrando pra fora do avião.

            – Tô indo. – Resmunguei. Mesmo viajando na primeira classe, vôos internacionais costumam ser cansativos.

            “Anime-se, Em”, pensei. Londres. Caras fofos com sotaque fofo. Um dia pra não fazer nada, shows só amanhã.

            – Então, como vocês querem os quartos? Individuais ou duplas?

            – DUPLAS! – Disse a Lizzie, pulando no pescoço da Ann.

            – Ai, sua louca, sai de cima de mim! – Gritou a Annie em resposta.

            – Hey, parem as duas! Não queremos chamar a atenção, lembram? – Hillary nos silenciou. – Então, Lizzie com Annie e Emily com Jenn?

            – Pode ser. – Jennifer sorriu em resposta.

            – Mesmo que fosse quartos separados a Jenn ficaria invadindo o meu quarto de qualquer jeito, então... – Respondi rindo, recebendo um tapa da mesma.

            – Há, você que invade o meu em busca do que vestir!

            – Vocês vão ficar no MESMO quarto, então parem de discutir sobre quem invade o quarto de quem! – Hillary está mais impaciente comigo desde o episódio com Richard.

            Queria que o Nickelsen chegasse logo para acalmá-la. Pena que a gente só encontraria com a The Maine em duas semanas.

            Eu estava disposta a aproveitar bem o meu tempo livre antes que o All Time Low chegasse.

            O que por acaso aconteceria no dia seguinte.

– Big Ben ou London Eye? – Perguntei a Jennifer enquanto almoçávamos.

            – Hm, London Eye. Quando começa a entardecer lota, é melhor irmos logo.

            – Quer chamar mais alguém?

            – Na última vez que eu verifiquei, Lizzie e Annie estavam dormindo.

            Ann dormindo. Novidade.

            – E a Hillary está louca com tudo isso, parece que não conseguiram as luzes certas para o show. – Omiti um riso. A Jenn é perfeccionista? Não chega aos pés da Knight.

            – Quer aproveitar seu dia sem o Gaskarth?

            Ela me pegou de surpresa.

            – Como você...

            – Eu te conheço. Relaxa, a gente vai dar um jeito nisso. – Ela deu uma piscadela encerrando o assunto. – Vamos?

            – Jenn, tem certeza que quer entrar nessa loja? – Perguntei cansada. Sacolas pesam, sabe. Principalmente de sapatos.

            – Eu gostei do casaco da vitrine!

            – Jennifer! Estamos na Europa, em JULHO! Um casaco?

            – Pode ficar frio, ué. – Ela deu de ombros.

            Dei um sorriso. Essa era a Jenn.

            – Vamos comer alguma coisa, estou morta de fome. – Falei tentando fazê-la mudar de ideia.

            – Vamos. – Ela concordou finalmente, então caminhamos até uma sorveteria próxima.

            Sorvete é comida SIM, tá?

            Entramos e colocamos as sacolas numa cadeira.

            – Vou buscar os sorvetes. – Jennifer saiu, me deixando sozinha. E com algumas pessoas me encarando, provavelmente me reconhecendo de algum lugar.

            Afundei na cadeira, desconfortável. Peguei meu celular pra disfarçar e fingir que eu estava ocupada, abrindo meu twitter. E vendo milhões de mentions, a maioria sobre a SKA no Reino Unido.

            – Desculpa a demora, a fila estava enorme. – Disse a Jennifer, chegando com meu sorvete de caramelo.

            – Tudo bem. Metade da sorveteria está olhando pra gente. – Sussurrei.

            – Só metade? – Ela sorriu irônica.

            – Quanto tempo até o primeiro autógrafo? – Perguntei.

            – Não dou 10 minutos.

            – Então é melhor comermos bem rápido. – Disse, fazendo-a rir.

            Dito e feito. Depois de uns 5 minutos uma garotinha de uns 10 ou 12 anos se aproximou.

            – Omg, Emily Turner e Jennifer Moore da SKA? – Assentimos. Sério, eu não resisto a ninguém com sotaque. Depois dela vieram mais umas dez pessoas. E a sorveteria não parava de encher.

            – Jenn, precisamos sair daqui!

            – Agora. – Ela concordou. – PESSOAL! Desculpem, mas a gente realmente precisa voltar pro hotel.

            – É, sentimos muito, mas temos que ir! – Complementei. – Vemos vocês no show de amanhã!

            Pegamos as sacolas e saímos dali.

            – Deveríamos estar acostumadas com esse tipo de coisa. – Falei enquanto buscávamos um táxi.

            – Imagina se fôssemos como o Bieber ou a Gaga? Não teríamos privacidade. – Ela riu. Jennifer sempre achava graça nessas coisas.

            Voltamos ao hotel. Tudo o que eu precisava era um bom banho seguido de uma cama macia. O dia seria pesado amanhã.

Bip Bip. Acho que era um despertador. Bip Bip.

            – Jenn. – Resmunguei.

            – Ahn.

            – JENN! – Falei ainda com a cara colada no travesseiro. – Desliga isso.

            – Não dá, não tem botão.

            – Argh. Jennifer, todo despertador tem botão.

            Ela reclamou de alguma coisa e se levantou pra procurar o tal botão.

            – Pronto, satisfeita?

            – Eu falei que tinha um botão. – Ri.

            – Ah, cala a boca! Vou tomar banho.

            – Vou logo depois. - Fechei os olhos.

– Em. É melhor você não voltar a dormir. Hillary quer ver a gente.

– Tá, tá, já estou indo. – Falei, e me sentei. Assim que ouvi o barulho do chuveiro, cai na cama fechando os olhos novamente.

JENN’S POV

– Jack, tem certeza? – Esse garoto era louco. Era oficial.

– Vamos, vai ser divertido. – Ele sorriu maliciosamente. – Quieto, Zack. Ela vai acordar.

– É Zack. Fica quieto ou cai fora. – Falei.

– Barakat, controle a sua amiga. – Zack falou e eu sorri.

– Jenn. – Ele me repreendeu. – E cala a porra da tua boca, Merrick.

Eu não tenho nada contra o Zack. Eu só acho que ele é meio idiota, e obviamente tem um péssimo desempenho ao vivo. Calado demais pra mim. Por isso gosto de implicar com ele, é divertido. Mas ele é amigo do Jack (e da Emily), então eu tinha que ser legal com ele de vez em quando. Mas ele sabe que gosto dele. Aliás, eu vivo elogiando a sua linha de roupas. É de ótimo gosto, eu sempre digo. Uma pena que o Jack não gosta quando eu uso a minha camiseta “we didn’t want to die, so we didn’t let Jack drive”. Eu adoro aquela camiseta, mas o Barakat fica reclamando que não é nenhum adolescente de 16 anos, e que pode perfeitamente dirigir como uma pessoa sensata. É claro que ele não pode, mas enfim. Prefiro não entrar nessa discussão.

– Já! – Jack me tirou dos meus devaneios e pegou um balde.

Então Zack arrancou a Turner da cama e a jogou no chão (o que a assustou muito devo dizer). Jack esvaziou o tal balde com água e cubos de gelo nela.

– AAAAAH! JACK, SEU FILHO DA PUTA! – Ela levantou e foi correr atrás dele, mas escorregou no chão molhado e caiu, me fazendo rir ainda mais. – ZACK, NEM SE APROXIME! – Ela começou a gritar uns palavrões e se lançou em cima do Barakat, tentando bater nele mas sendo impedida pelo Zack.

– Ainda diz que não é escandalosa, Emily? – Disse o Jack, rindo. Eu acho que o meu melhor amigo está querendo morrer, só pode. Quando ele finalmente conseguiu se desvencilhar da Em, ela foi pra cima do Zack, que ficou apanhando sozinho.

Ela parecia furiosa. Tinha conseguido imobilizar o Merrick sabe-se lá como, com todo aquele esteróide que ele deve tomar, e havia sentado em cima dele, tentando acertar a sua cara. Ele por sua vez apenas ria dela, que parecia uma criança de 11 anos perto dele.

O Jack estava se divertindo, e muito. Minha cama, que estava tão arrumadinha, agora estava com o lençol todo virado. Alguém precisava colocar ordem naquela bagunça. Adivinha quem seria? Controlei o riso, plantei uma cara séria no rosto (pra ficar mais realista) e comecei:

– Jack Bassam Barakat! Fora da minha cama! – Falei me virando pro Jack, que obedeceu rapidamente. Ele sabia que quando eu falava assim era melhor não contrariar, ainda mais quando ele estava bagunçando alguma coisa MINHA. Então me virei pra Em e o Zack. – Emily, sem querer interromper. – Tanto ela quanto o Merrick se virarem pra mim. – Mas você está usando uma camisola, lembra? E branca, por sinal.

Ela se levantou como se tivesse recebido um choque elétrico. Seu cabelo semimolhado estava todo embaraçado e sua camisola transparente. Me arrependi de não ter tirado uma foto. Se é que o Jack já não tinha feito isso. Ela correu para se cobrir com um lençol, mas já era tarde demais.

Jack ria despreocupado e eu não sei se era impressão minha, ou o Zack estava mesmo meio boquiaberto.

– Pois é, Em. Isso já é uma rotina nossa, né? – Definitivamente o Barakat queria morrer. Eu abafei um riso.

– Seu IDIOTA. Você jogou água GELADA com GELO em cima de mim! E se eu perder a voz? – Disse ela, ainda enrolada no lençol.

– Você não vai. – Ele garantiu sério, e o Zack finalmente fechou a boca.

– Tá, tá, agora saiam daqui pra eu poder me arrumar!

– Seu cabelo está um desastre, Em. – Falei, fazendo-a imediatamente levar as mãos ao mesmo. – Acho melhor você ir tomar um banho.

– Tá. Não quero ver nenhum dos dois aqui quando voltar. – Ela fuzilou os dois garotos com o olhar, fazendo-os voltar a rir. Dessa vez nem eu consegui não fazer isso.

Emily. Mais desastrada e escandalosa impossível.

– Hey, Jack, saiu a nova coleção da JAGK essa semana, não foi? – Falei assim que a Emily entrou no banho.

– É, e tem uma surpresa lá pra você. – Ele sorriu maroto. Como assim surpresa? Ele sempre me mostra toda a coleção antes dela ir pras lojas! – Adoro essa cara que você faz. Seus olhos ficam DESSE TAMANHO. – Ele riu arregalando os olhos o máximo que podia, me fazendo gargalhar.

– Pode ir me falando o que você escondeu de mim, mocinho!

– Tem uma camiseta lá só pra você. Com aquela estampa que você gosta da bandeira da Inglaterra.

– É a minha favorita por sinal. – O Zack se meteu. Eu sorri pros dois.

– SÉRIO? Eu tenho uma camiseta dedicada? Jack, eu te amo! – Falei pulando no pescoço dele, enquanto Zack ria da gente.

– Eu sei, eu sei. – Ai que garoto exibido.

– I am in misery, there ain’t nobody who can comfort me... – Cantava Emily ao sair do banho. – O que vocês ainda fazem aqui?

Jack e Zack trocaram olhares. Então olharam pra mim.

– Eu não tenho nada a ver com isso! – Defendi-me soltando o Jack e indo abrir a porta, fazendo a Em correr pra se esconder no banheiro de novo. As duas crianças passaram rindo feito idiotas e me abraçando ao sair. Baguncei o cabelo do Merrick só pra não perder a tradição.

– Não demorem, hein? – Ele disse antes de fechar a porta se ajeitando novamente.

Fui ver o que a Emily pretendia vestir enquanto ela secava o cabelo. Não fiquei surpresa ao ver que ela não tinha separado nada. O que seria da Emily sem mim?

Descemos até o café da manhã, já que a Em não tinha comido nada.

– Menina, que fome é essa? – Aquele prato dela era o triplo do que eu comi mais cedo.

– Eu acordo faminta, você sabe. – Disse ela, mordendo uma panqueca e fazendo uma careta. – As do Christofer são melhores.

Era verdade. Aquele garoto tinha mãos de fada (não levem ao mal sentido, ok?).

– Se bem que a calda de caramelo daqui é bem melhor e... Hey, Annie! Vem aqui. – Ela se aproximou com a Liz. Até que tinham se saído bem escolhendo a própria roupa. Só me ligaram duas vezes.

– Caramba, Em. Eu fico com fome só de olhar pra esse prato. – Exclamou a Liz. – Alguma de vocês viu a Hillary?

– É, ela mandou a gente descer. – Annie comentou enquanto eu ajeitava o cabelo dela, que estava bagunçado de um lado. – Ai, Jenn!

– Pronto, agora sim. – Sorri enquanto ela revirava os olhos.

– A Jenn me arrastou até aqui. – Emily começou, ainda comendo as panquecas. – Vocês precisavam ver a maneira delicada que o Jack e o Merrick me acordaram. – Ela sorriu ironicamente, e os olhos da Liz brilharam só de pensar no que havia acontecido.

– Eu falei pra você não voltar a dormir, Em. – Repreendi-a.

– Desculpem o atraso! – Hillary se sentou na nossa mesinha. – Emily, porque você ainda está tomando café da manhã?

– Longa história. Agora me deixa comer. – Ela começou a atacar o bacon.

Não interrompemos. Quem conhece a Emily tem certeza de duas coisas: não pegue as coisas dela sem pedir e nunca interrompa quando ela estiver comendo.

– Ok. Detalhes sobre o show: o All Time Low vai tocar antes de vocês. Pronto.

Revirei os olhos. Como sempre a Hillary super precisa.

– E de tarde? – Perguntei.

– Ensaio. Temos que passar o som e conversar sobre algumas coisas. Ei, o Matt e os garotos chegaram. – Ela acenou e eu me virei pra ver os meninos do ATL mais o empresário chegando.

– Hey, meninas, como vão? – Ele nos cumprimentou. Rian, Zack, Alex e Jack seguiram o exemplo.

Instintivamente olhei pra Em. Eu não esperava nenhuma surpresa, mas ela parecia incrivelmente entretida com suas torradas.

Estávamos sentadas numa mesa grande e redonda com sofazinhos ao redor, então tinha espaço suficiente pra os meninos se acomodarem. Jack sentou ao meu lado e não perdeu tempo:

– Emily, o que é isso? Virou a Jennifer foi? – Ele riu, e recebeu um tapa da minha pessoa.

– Então, o show começa às nove, quero todos lá às sete, SEM ATRASO. – Matt especificou.

– Mbhsdg vdghd gghs? – Emily perguntou.

– Engula primeiro, depois você fala Turner. – Riu Zack pegando a última torrada do prato dela.

– Droga Zack! Vá atrás da sua própria comida!

– Isso é um hotel, Em. Se quiser, vá pegar mais. – Liz falou calmamente, revirando os olhos.

– É exatamente o que vou fazer, meu chocolate quente acabou. – Pobre Em. Ela estava imprensada bem no meio da mesa. Ou ela passava pelo Alex, ou pelo Jack. E eu acho que ela ainda estava muito irritada com o Barakat pelo que aconteceu de manhã, já que escolheu a outra direção.

– Com licença. – Ela começou a sair. A mesa estava em silêncio, com exceção do Matt e da Hillary.

Mas como a Emily é coordenada e atenciosa, era previsível que ela tropeçasse e caísse levando o Gaskarth e o Rian junto.

Típico.

– Saiam de cima de mim! – Ela gritou empurrando o Alex.

– Você tenta se segurar em mim, me derruba e AINDA BRIGA COMIGO? – Ele rebateu. Os empresários pararam o que estavam fazendo.

– Eles ainda estão com isso? – Matt falou.

– Essa turnê vai ser mais difícil do que eu imaginei. – Hillary concordou, a medida que a Emily se distanciava.

Foi algo instintivo, todos olhamos pro Alex.

– O quê? – Ele perguntou.

– Você e a Emily ainda não se resolveram? – Matt perguntou diretamente.

A expressão do Gaskarth era fria. Como se seus olhos dissessem: não quero falar sobre isso. O silêncio se instalou na mesa.

– Sua camisa tá amassada. – Falei assim que percebi. Todos olharam pra mim. – Sua camisa, Alex. – Apontei. Ele olhou confuso pra própria camisa. Revirei os olhos, ficando em pé e estendendo os braços sobre a mesa pra arrumar. Quando voltei a me sentar ouvi o Jack sussurrar no meu ouvido: “Obrigado”. Eu sorri pra ele. Sabe-se lá o que o Gaskarth faria com o Matt se eu não interrompesse. Então a Em voltou com mais um prato de torradas e um copo com chocolate quente.

– Vocês vão se levantar para que eu possa passar ou eu vou ter que usar o chocolate quente?

Sem dizer uma palavra, eles se levantaram para que ela pudesse se sentar.

– Ótimo. – Ela disse ao sentar.

– Você vai engordar com tudo isso. – Lizzie comentou.

– Se eu não engordei com um mês comendo a comida do Chris, não vou com isso aqui. Além disso, essas calorias serão perdidas no show de hoje à noite.

Realmente. Aquele mês com Chris foi ótimo. Massa e chocolate todo dia, o dia inteiro. E eu definitivamente perdia o dobro do que a Emily perdia em calorias durante um show. Apenas seguia o conselho do Jack: nunca fique parada no palco durante uma música.

Um mês? – O Alex se intrometeu. – O Drew ficou um mês inteiro na sua casa?

– Teria ficado mais, por mim. – Emily respondeu fria.

– Mas...

– E o que você tem com isso mesmo, Gaskarth?

O clima ficou tenso.

– Então, vamos repassar a ordem das músicas Hillary? – A Ann perguntou, numa tentativa de desviar o assunto.

– Certo, as músicas. – Hillary começou, nos falando a ordem novamente. Enquanto isso a Em só comia, com o Zack ajudando. Alex olhava irritado pra mesa, e eu jogava jogo da velha num guardanapo com o Jack. E obviamente ganhava.

Enfim, acabou que tínhamos certo tempo livre antes de começar os ensaios. Deveríamos nos encontrar logo após o almoço pra encontrar com os estilistas, mas eu convenci Hillary que isso era uma péssima ideia. Era nosso show (o ATL ia tocar também, mas ignore esse fato), a gente se sentiria muito mais a vontade usando nossas roupas. Ou pelo menos, o nosso estilo.

            Por isso a Em fica louca com sessões de fotos. Ela nunca usa suas queridas botas ou camisas xadrez. Eu disse que ficava responsável pelo nosso figurino, o que não seria algo difícil.

            Acabamos a reunião e tínhamos umas seis horas até o começo dos ensaios. Resolvemos sair andar pela cidade. Hillary mandou o endereço e disse que esperava lá com Matt. Eu, como sempre, agarrei o Jack e saí com ele em busca de alguma loja ou coisa do tipo. O resto da SKA e do ATL nos seguiram. E posso dizer, foram seis horas muito longas.

EMILY’S POV

Turnê com All Time Low. Que maravilha. Preciso ser sincera, era a primeira vez que eu saía pra andar por Londres. Já tinha vindo outra vez, mas estava sem tempo de conhecer a cidade.

            Jenn queria ver mais lojas, como de costume. Lizzie, Ann e Rian queria ver o palácio. Jack, Zack e eu queríamos apenas andar. Então marcamos de nos encontrar no local do ensaio às quatro.

            – Jenn, a gente não foi no Big Ben ainda. – Falei, me lembrando do dia anterior.

            – É mesmo! Como a gente faz pra chegar lá?

            – É só um relógio enorme, qual é a graça? – Zack se intrometeu.

            – Vamos, se a gente pegar um daqueles ônibus de turismo a gente chega lá. – Jack deu a ideia.

            Começamos a andar, o Alex nos trazendo uma dúvida e fazendo eu me lembrar da sua existência.

            – Espera, não é preciso ter o ticket pra andar em um desses ônibus? – Droga. Ele tinha razão. Tem que comprar esses tickets antes de entrar. E ninguem sabia onde dava pra comprar e não tínhamos tanto tempo assim.

            – Vamos de metrô mesmo. – Jenn estava começando a se irritar.

Chegamos numa estação de metrô, e estávamos com sorte: não tinha muita gente. Estávamos todos esperando, e o próximo vinha em 15 minutos. Seriam 15 minutos bem longos, porque o silêncio ali estava insuportável.

            – Gente, eu preciso ir no banheiro, me esperem aqui, ok? – Jenn se levantou e saiu andando. Eu não fazia ideia de onde ficava o banheiro, mas acho que talvez ela soubesse.

            Beleza, Jenn, me deixou sozinha com quatro homens. E Jack e Zack estavam bem perto de mim, como se quisessem me proteger de algo que apenas eles sabiam que ia acontecer. Ou pra me impedir caso eu enlouquecesse. A segunda hipótese é mais provável.

            Ainda estava irritada com o Barakat pelo incidente matinal, mas mantive ele por perto. Porque assim seria mais fácil caso eu tivesse uma ideia do que fazer pra me vingar.

            – Cadê a Jenn? Por que as mulheres demoram tanto no banheiro, céus? Eu preciso de um doce. – Jack saiu andando. O que está dando nesse povo? Qual o problema de esperar a gente sair dali pra comprar um doce? E estávamos numa estação de metrô, onde o Jack ia conseguir um doce??

            Por sorte, Zack permaneceu ao meu lado. O silêncio ainda reinava, o que era estranho, porque quando eu estou nervosa eu começo a falar e não há ninguém que consiga me parar. Mas um certo indivíduo não merecia minhas palavras.

            E cadê a Jenn? O que ela foi fazer no banheiro que demora tanto?

            – Cara, a gente está aqui há séculos! Será que esse negócio não vai chegar nunca? – Alex perguntou.

            – Tem razão. Talvez esse horário esteja errado, acho melhor ir lá checar. – Mandei o meu melhor olhar de por-favor-Zackzinho-fique-e-não-me-deixe-sozinha-com-o-Gaskath, mas ele me ignorou e saiu andando.

            De novo, o silêncio predominou entre eu e o Alex. E dessa vez ninguém fazia questão de quebrá-lo.

            O tempo simplesmente não passava. Nem pra mim nem pra ele, porque alguns segundos depois Gaskarth abriu a boca.

            – Então, o que está achando de Londres?

            – Ótima. – Respondi com um grunhido. Não me sentia na obrigação de ser amigável.

            – Lembro o que você dizia sobre o trabalho. Que não valia a pena viajar o mundo inteiro se não tiver um tempo para conhecer por onde está passando. – Ele continuou, ignorando meu tom de voz que dizia claramente: cala a boca.

            – É, bem... mas é verdade, não é?

            – Claro. Essa é a graça das turnês. Lugares novos e... – Ah não. Eu conheço esse som. Pessoas correndo e flashes. Não pode se algo bom. – Sou só eu que estou ouvindo isso?

            – Como eles encontraram a gente aqui? – Perguntei, olhando desesperadamente ao redor em busca de outra celebridade que estive ali presente por alguma razão. Droga. Não tinha ninguém.

            Olhei pro painel grande ali em cima. O metrô chegaria em 3... 2... 1...

            Ele chegou e as portas abriram. CADÊ A ZACK? CADÊ O JACK? CADÊ A JENN????

            Eu me recuso a entrar num metrô sozinha com o Gaskarth numa cidade desconhecida. Não me importa se ele está se esforçando pra ser amigável, eu ainda me recuso.

            O som aumentou. Mas vinha com dificuldade, como se eles estivessem sendo barrados por seguranças.

            – Emily, entra. – Disse o Alex, já perto da porta.

            – Não.

            – Agora.

            – Não! Olha, eu não vou... – Ai meu Deus, o que eu faço?

            – Não foi um pedido. – Alex simplesmente passou os braços por volta da minha cintura e me levantou, me carregando pra dentro do metrô. Como ele fez isso, eu realmente não sei. Será que eu sou tão leve assim?

            Entrei, mas já era tarde demais. Alguns deles tinham me visto e provavelmente tirado uma foto. Droga.

Por que eu, cara, por quê? Isso sempre é comigo! Enquanto eu estou aqui, com a cabeça enterrada nas mãos, pensando como eu consegui parar nessa roubada, Alex tenta me acalmar.

            – Olha, eu conheço Londres. Mas ainda acho que seria melhor esperarmos umas paradas antes de descermos daqui. – Estávamos sentados, algumas pessoas nos olhavam.  – Por que você não tenta ligar pra Jenn?

            – É, acho que... – Peguei meu celular e comecei a ligar. Nada, ela não atendia. Tentei no de Zack. A mesma coisa.

            – Jack não atende. – Alex começou a ficar meio desesperado.

            – Nem a Jenn ou o Zack. – Me desesperei junto.

                Eu simplesmente odiava isso. Ele dizia alguma coisa, eu respondia e depois? Um silêncio se instalava no local. Quero dizer, da nossa parte né, porque o resto do metrô não cooperava mesmo.

            – Vamos descer na próxima. – Disse ele, eu nem havia notado quanto tempo tinha se passado. Assenti, sem dizer uma única palavra. Meu olhar estava fixo no meu domo no tornozelo. Na verdade, cada tatuagem minha tem uma história, assim como as da Jenn. Não que nós tenhamos muitas ou algo assim, mas sei lá, elas são divertidas. Eu lembro de fazer a minha primeira, uma borboleta azul nas costas, no ponto oposto ao meu umbigo, no mesmo dia que a Jenn fez uma cabide, também nas costas, mas um pouco abaixo da cervical. Eu sei, eu fiquei bem wtf? quando a Jenn disse que ia querer um cabide, mas enfim.

            Descemos, e parecia que estávamos em paz, pelo menos. Nada de flashes ou fãs querendo autógrafos. Isso era bom.

            Eu olhava ao redor com pouco interesse. Saímos da estação e pra mim não tinha nenhuma diferença na cidade, mas algo não estava certo, não pela expressão que tomou conta do rosto do Alex. A sorte é que ele conhecia Londres, senão teríamos sérios problemas.

            – Onde estamos? – Perguntei.

            – Não faço a menor ideia. – Ele respondeu.

            Mas que ótimo.

– Como assim “não faço ideia”? – Comecei uma reação que seria no mínimo escandalosa, se fosse avaliada pelo Jack. – Você disse que conhecia a cidade!

            – E conheço! Mas não essa parte. – Ele olhou ao redor em busca de um lugar que refrescasse alguma lembrança.

            – E se a gente voltasse pelo metrô? – Dei uma ideia.

            – Talvez. Você lembra de quantas paradas a gente esperou pra descer?

            – Não. – Murmurei. – Droga. Achei que você estava prestando atenção.

            – Bem, eu tinha outras coisas na minha mente. – Ele me olhou irônico. – Tenta ligar pra Jenn. Talvez ela atenda agora.

            Eu peguei meu celular e ele fez o mesmo, provavelmente tentando contatar o Barakat. E quando eu apertei o botão, tive uma nova surpresa.

            – Que droga, não tem sinal aqui. – Alex levantava o celular pro alto inutilmente. – E você?

            – Descarregado. – Falei, um som quase inaudível. Bem que a Jenn me avisou sobre o jogo do pingüim.

            Que droga. Eu odeio admitir que ela estava certa.

            Caminhamos um pouco, conversando levemente sobre coisas como o tempo. Não fazia ideia do que podia ter dado em mim para estar sendo tão amigável com ele, mas a gente já estava perdido ali. Estávamos metidos nessa roubada juntos, e o mínimo que eu podia fazer era não dificultar as coisas. Não sei quanto tempo se passou, talvez pouco mais de uma hora, meu estômago começou a roncar altamente.

            – Tem certeza de que não sabe onde estamos? – Perguntei.

            – Pela milésima vez, não. Parece que quanto mais a gente anda, mais desconhecido o lugar fica.

            – Então dê um jeito. Porque você vai nos comprar comida. – Falei com um tom autoritário e ele sorriu levemente.

Não sei quanto tempo ficamos fora. Mas foi definitivamente tempo suficiente para um almoço semidecente e um sorvete depois. E um tour pela parte estranha da cidade. Andamos pela cidade, paramos em algumas lojas, conversávamos animadamente e até tiramos algumas fotos com o iPhone dele. Como se nunca tivesse acontecido nada entre a gente.

            E eu não pude reclamar dessa tarde.

            – Vai Em, responde.

            – Sei lá que super poder eu gostaria de ter, Gaskarth. Isso é conversa pro Barakat.  – Dei de ombros.

            Ele me olhou, levantando as sobrancelhas.

            – Sei lá, acho que... voar. – Sorri. – É, voar parece legal pra mim. E você?

            – Bem, com certeza seria... – O toque do celular dele nos interrompeu. – Ai meu Deus, é o Jack!

            – Então atende! – Exclamei.

            – Ok. – Ele levou o telefone até a orelha. – SEU IDIOTA, QUAL É O SEU PROBLEMA, FILHO DA PUTA? DEIXOU A GENTE SOZINHO NA ESTAÇÃO E AGORA NÃ... Ah, oi Jenn.

            – Deixa que eu cuido disso. – Peguei o celular dele. – Jenn?

            – EM! Quer me matar do coração? – Ela parecia preocupada. – Onde vocês estão? Há horas estamos tentando falar com vocês! Por que não atendeu o telefone?

            – Ele, hm, descarregou.

            – Mentira que numa situação dessa você se distrai com joguinhos, né Turner? – Revirei os olhos. – E não, Jack, nem venha tentar defendê-la. A questão é, dê um jeito de vir pra cá AGORA. Hillary e Matt estão furiosos porque o All Time Low entra em 40 minutos e a gente nem pôde ensaiar porque os vocalistas não estavam presentes.

            – Desculpa, Jenn, mas a gente não faz ideia de onde tá.

            – Vocês O QUÊ? –Ela gritou, me fazendo tirar o telefone de perto da orelha. – JACK!

            – Sua vez de cuidar disso. – Entreguei o celular de volta pro Alex, estava começando a me apavorar com a reação da Jenn. Ainda bem que ela tem um amor imenso pelas suas guitarras, se não era bem capaz que ela destroçasse algumas na minha cabeça.

            – Ah, oi Jack. Olha, é o que eu estou dizendo, a gente não... pera, eu conheço essa estátua. Lembra quando a gente embebedou o Merrick pra... sim, eu estou exatamente ali. Acho que sei. Qual é o endereço do local do show mesmo? – Espera, eu ouvi certo? Alex tava enfim reconhecendo o lugar? – Sim, sim, eu chego a tempo... Mas bem em cima da hora. Estou pegando um táxi agora. – Ele desligou o celular. – Temos um problema.

            – Empresários furiosos que vão nos despedaçar se não chegarmos a tempo? – Perguntei.

            –Exatamente. – Ele respondeu. – TÁXI!

            Em menos de dois minutos, estávamos dentro de um táxi indo para o show. Com um certo medo do que podia nos aguardar.

– Acha que eles vão nos matar? –Sussurrei, ao entrarmos no local.

            – Tenho certeza. – Ele respondeu.

            As pessoas corriam de um lado pro outro, até que alguém nos reconheceu.

            – Graças a Deus! – Uma mulher exclamou e nos levou até os camarins.

            Jenn e Jack pareciam aliviados em nos ver, Hillary e Matt....

            – Onde vocês se meteram? – Matt gritou. – Alex, vá se trocar agora, vocês precisam entrar em cinco minutos.

            – Cinco minutos? – Vi o rosto do Gaskarth perder a cor. – Ok ok, estou indo, não me apressem. – E ele saiu da sala.

            Olhei para Hillary, esperando minha bronca.

            – Eu fui bem clara quando especifiquei sem atrasos. Você tem sorte de ter chegado a tempo, senão eu me sentiria obrigada a procurar uma nova vocalista para a SKA. – Assenti e ela continuou. – Mais um deslize desse e você terá sérias conseqüências. Jenn, ajeite-a. – E saiu do camarim estressada.

            Eu, por outro lado, nunca estive tão apavorada.

            – Respira. – Jenn falava enquanto pegava minhas roupas. – Temos mais de uma hora, relaxe um pouco.

            – Ela tem me dado medo ultimamente. – Murmurei.

            – Ela chegou no limite com aquele negócio do Richard. E relaxa, em duas semanas você vai poder fazer o que quiser, estaremos com a The Maine, lembra?

            Permaneci em silêncio.

            – Qual é, Em! não é como se ela fosse realmente te expulsar da banda, ou algo assim. Todo mundo sabe que a SKA não iria pra frente sem você. – Bem, é. Éramos uma banda. Se qualquer uma saísse não seria a mesma coisa.

            – Tudo bem, eu estou só... e onde você estava, hein, senhorita Moore?

            – Eu disse, havia ido no banheiro e quando voltei você e o Alex tinham sumido. – Essa era uma versão muito mal contada da história. – Anda, vá dar um jeito no seu cabelo, ainda temos que repassar a ordem das músicas. E vê se não esquece a letra dessa vez, tá? – Ela riu.

            Tudo bem, eu não tinha pressa. Principalmente porque a gente dividia o quarto do hotel, e eu tinha meus meios pra fazê-la falar.

            Agora, eu sentia pena do Gaskarth. Sem seu quinze minutos antes do show ele nunca tem um desempenho muito bom. Seu medo de palco ataca. Espero que não aconteça hoje, senão a culpa vai ser minha, como sempre.

            Pouco depois estávamos prontas, Jenn havia feito sua mágica. Falávamos sobre as músicas, Jenn usando uma camiseta da JAGK, com a bandeira da Inglaterra, deve ser  a que o Jack fez especialmente pra ela e uma skinny. Lizzie estava parecida, mas com uma blusa bem doida. Bem Lizzie. Annie usava um short e uma blusa preta, com seus clássicos allstars. Eu estava vestida como sempre, uma blusa da minha marca com um short fofo emprestado da Jenn. E minhas botas. Nunca me esqueço das minhas botas. Não sei quanto tempo ficamos ali conversando. Só sei que depois uma mulher (a mesma que me reconheceu com o Alex na entrada) estava lá avisando que não demoraríamos para entrar.

            Então, é isso. Tenho que me empenhar mais do que o normal para Hillary e Matt não me decapitarem. O que me acalma é que é só por hoje.

            Eu espero.

– Então? Vai me contar onde passou o dia? – Jenn perguntava, depois do show, quando estávamos no quarto. Eu sei, primeiro show, deveríamos ter uma after party ou algo assim, mas Hillary e Matt tinham nos proibido de diversão até nos sentirmos arrependidos. Eles devem estar tentando dar uma lição na gente, ou algo assim.

            – Sei lá, eu já disse, perdidos na cidade. – Dei de ombros e peguei mais um twix. Não sei onde Jennifer conseguiu uma caixa tão grande.

            Ah, espera, já sei. Jack Barakat.

            – Sei... e quão ruim foi? Muito ou mais do que eu penso?

            – Na verdade… foi até bom. – Hesitei e ela me olhou assustada. – Ah, sei lá. Começamos a conversar, ele pagou o almoço, depois saímos comer um sorvete... foi como se nada tivesse acontecido.

            – Você vai finalmente perdoá-lo? – Ela perguntou.

            – Acho que… bem, por enquanto eu ainda não sei. Vamos deixar acontecer naturalmente, ver no que dá. – Eu detesto coisas planejadas. Jennifer pareceu entender. – E você, algum dia vai me contar o que realmente estava fazendo na estação antes de nos perdermos?

            Jenn olhou pra cama e comeu mais um twix, desconfortável.

            – Tudo tem seu tempo. – Ela sorriu maliciosamente. – Vou te contar, mas não agora. Então, depois do acontecido é melhor você não se atrasar pro café amanhã. Vamos dormir.

            Ela apagou a luz, e mesmo assim, demorei a pegar no sono.


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