Uma Bruxa, Semideusa? escrita por Lux


Capítulo 8
Quase Viro Espetinho de Semideusa


Notas iniciais do capítulo

Hey! Voltei, meus queridos leitores!



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Sentei numa cama ao lado das minhas poucas bagagens com os filhos de Hermes me encarando, acho que estavam decepcionados porque não podiam fazer nada comigo... Tentei lembrar do que Hermes era deus, não foi difícil, ele é mensageiro dos deuses do Olimpo, deus dos viajantes e dos ladrões, depois ficou claro porque Annabeth disse para nada meu sumir.
Abri o zíper da minha bota e percebi que dormira com ela, o que era estranho. Tirei minha varinha de dentro dela e consertei meus óculos com feitiço simples, os deixei em cima de uma mala, prendi os cabelos com um elástico que sempre tenho preso ao pulso e deitei na cama exausta.
Adormeci rápido e tive pesadelos, muitos deles. Estava completamente no escuro e sozinha, a Voz que me atormentara quando afugentei os Dementadores estava lá. Não conseguia ver nada, muito menos o dono da Voz, mas parecia que ela estava em todo lugar, me sussurrando coisas que não entendia. Criaturas me arranhavam e agrediam em meio da escuridão. Foi perturbador. Eu gritava a plenos pulmões, tentando fugir de algo que queria que não fosse minha realidade. Senti mãos nos meus ombros e por um momento achei que tinha sido algum monstro do pesadelo que tinha vindo me matar. Mas eu acordei, Annabeth me sacudia.
-Akemi! Por Zeus! Você está bem?
Sacudi a cabeça negativamente, assustada demais para dizer qualquer palavra. Todos no Chalé de Hermes me encaravam.
-Pesadelos? Você estava gritando descontroladamente! Ninguém conseguiu te acordar!
-Parecia tão real... Aquela Voz... Já a escutei antes...
-Voz? Que voz?
Disse a ela as duas vezes que a ouvi e o que ela disse para mim. O mais assustador é que me lembrava daquela voz horrível, em algum ligar no fundo da minha mente aquilo existia e sua aparição algum tempo antes só fez com que ela ressurgisse do esquecimento. Eu não conseguia me lembrar de onde ela tinha vindo, toda vez que chegava perto de uma vaga pista em minha cabeça ela desaparecia e se tornava enevoada. Quanto mais me esforçava para lembrar mais difícil era, típico do DA. Era frustrante demais. Annabeth pareceu preocupada e me disse que os semideuses podiam ter sonhos que na verdade eram visões, você não imagina o quanto isso me afetou.
-Bem, agora vamos para a floresta? A Captura da Bandeira vai começar. - ela disse se levantando da cama.
Os filhos de Hermes estavam se dispersando, pegando cordas, para armadilhas, imaginei, armaduras, elmos e armas.
-Ah, sim. Mas eu posso me trocar antes? Acho que esta roupa não é muito boa para esportes. - disse, ainda estava com o uniforme de Hogwarts.
-Sim, claro! Imaginei que fosse pedir isso, então trouxe isso para você. - ela respondeu estendendo a mão com uma camiseta laranja. -Acho que é o seu tamanho.
-Obrigada. - respondi sem jeito pegando a camiseta e a estendendo na minha frente. Estava escrito Acampamento Meio-Sangue, não Alojamento sei-lá-o-que como tinha pensado.
Levantei da cama, abri uma mala e peguei uma calça jeans confortável e meu Converse All Star de cano curto preto, entrei em um banheiro dentro do Chalé, me troquei, soltei o cabelo, o penteei com os dedos e o amarrei em um rabo de cavalo novamente. Annabeth me esperava.
-O que devo levar para esse jogo?
-Armas, como suas adagas de bronze celestial - ela disse apontando para os objetos ao lado de Hermione. - e outros objetos mágicos, como sua varinha. Irão ser itens úteis.
-Bronze Celestial?
-O metal com que as lâminas são feitas. Ele fere os monstros, outros semideuses e até deuses. Mas os mortais saem ilesos. - algo na sua voz me deu a impressão de que ela sabia disse por experiência própria. -Onde você as conseguiu? Nenhum semideus novo tem uma.
-Na verdade eu não sei ao certo. Antes elas só apareciam quando eu precisava, depois sumiam.
Peguei minha varinha e a coloquei no bolso da frente da calça e as adagas do bolso de trás, tomando o cuidado de fazer com que as lâminas entrassem no objeto mágico. Saímos do chalé e todos os campistas estavam se dirigindo para a floresta animados. No caminho eu e Annabeth paramos em um arsenal com uma variedade infindável de armas, armaduras, escudos e elmos que pode-se imaginar.
-Pegue isto aqui. É melhor estar preparada, nem todos aqui são bonzinhos com os novatos. - ela disse jogando um peitoral metálico, um elmo com pelugem vermelha em cima, um escudo e um cinto com suportes para as adagas.
O cinto me interessou bastante, era simples, porém bem útil. Não passaria de um cinto comum de couro preto sem o suporte para as armas que ficava na parte de trás, nas costas. O suporte, também de couro preto, protegia as lâminas cintilantes deixando apenas o cabo à vista e deixava as facas em uma posição horizontal de modo que eu poderia pegar os objetos facilmente apenas colocando as mãos para trás.
Agredeci, passei o cinto pelos passantes já com minhas adagas no suporte e arrumei minha camiseta de uma maneira que não era possível ver o cinto, coloquei o peitoral com um pouco de dificuldade, na verdade, muita dificuldade, o elmo se encaixou perfeitamente em minha cabeça. Incrivelmente, todo aquele equipamento não estava muito pesado, pelo menos não da maneira que eu achei que fosse.
Entramos na floresta e me deparei com uma horda de cabeças-vermelhas. O penacho do elmo deveria ser algo que determinava times. Eu me senti extremamente perdida, passei o olho correndo por todos aqueles campistas e todos estavam animadissímos para a captura daquela noite.
-Escutem! Esta noite, serão os Chalés de Atena, Apolo, Hermes e Hefesto contra os Chalés de Deméter, Ares, Afrodite e Percy.
Quando Annabeth disse "Percy" todos começaram a dar risadinhas e eu lembrei que Percy era aquele garoto de cabelos pretos e olhos verdes, fiquei com uma dúvida de quem ele era filho, mas ela se foi quando alguém gritou:
-O filho de Poseidon quer sua companhia, Annie!
Acho que eles eram namorados, algo que veio a ser óbvio depois. Annabeth ficou um pouco vermelha, mas depois começou a discutir estratégias com outras três pessoas, fiquei mais perdida ainda, Annabeth era a única pessoa com que tinha falado realmente desde que tinha chegado.
-Jake, você tem que liderar seus irmãos para o flanco direito e para a traseira de nossa área. Travis, a mesma coisa, só que o flanco esquerdo. Vocês devem separar seus chalés, de modo que o fundo fique protegido por filhos de Hefesto e Hermes. Will, vocês fazem a patrulha do centro conosco. - disse Annabeth.
-Certo, mas quem vai pegar a bandeira? Acho que Percy e Clarisse virão pegar a nossa. E também acho que eles imaginem que você irá pegar a deles. - disse Travis apontando para a bandeira apoiada em uma rocha.
A menina parecia estar enfrentando um dilema.
-Annabeth? Posso dar uma opinião? - perguntei quase sussurrando para ela, não queria incomodar.
-Sim, você tem uma estratégia?
-Mais ou menos. Acho que devem mandar alguém que eles não imaginem que seria capaz de ir lá. Alguém que poderia ir pelas árvores, assim não iria deixar pegadas no chão... - disse.
-Os novatos! Ela e Jared poderiam ir! Eles ainda não foram proclamados, então ninguém sabe quais poderes eles têm, o menino provou ser bom com o arco e flecha e ela tem poderes que ninguém mais aqui tem. E ambos parecem ser leves a ponto de irem pelas árvores.
Quando escutei meu nome, fiquei com exasperada. Não sou a melhor atleta que deveria estar naquele acampamento, se eu tivesse que correr pela minha vida, com certeza morreria. Não devia ter dado a ideia, mas já era tarde demais para mudar. Eu e um menino que aparentava ter minha idade fomos encaminhados para uma árvore de tronco grosso e alto e começamos a subir. Quando alcançamos o topo uma corneta soou marcando o começo do jogo.
Ficamos em silêncio por um tempo, que, aliás era bem incômodo. Ou talvez tenham sido poucos instantes, mas eu sou meio tímida, então pode ter parecido muito tempo. Ele era um pouco mais alto que eu, sua pele era pálida, seu cabelo de cor castanho levemente avermelhado estava bagunçado e pude ver de relance seus olhos, que eram lindos, verde mar nas bordas e castanho mel perto da pupila. De seu ombro pendia uma aljava com uma dúzia de flechas e ele segurava um arco.
-Hã, oi! - ele disse, timidamente. -Meu nome é Jared.
-Akemi. - disse estentendo minha mão.
-Você é inglesa? Você fala com sotaque. Você tem algum plano para pegarmos a bandeira? - ele respondeu segurando minha mão.
-Ah, sou sim. E na verdade, tenho. Se eles forem espertos, irão colocar a bandeira no centro do campo deles, onde é mais protegido. Como estamos nas árvores, não iremos deixar pegadas no solo, quando acharmos a bandeira posso fazê-la levitar até nós. Queria ter um mapa, seria mais fácil de saber onde estamos.
-É um ótimo plano! Um mapa como este aqui? - Jared disse tirando um pedaço de papel levemente amassado do bolso. -Eu desenhei quando cheguei no acampamento, sabe, para não ficar perdido.
-Isso se mostrou bem útil agora, não? - corei um pouco por causa do elogio sobre o plano. -Bem, nós estamos aqui. - eu disse apontando para um ponto do mapa. -E eles estão ali, provavelmente a bandeira aqui. Vamos?
-Claro! - ele respondeu entusiasmado.
Assim, nós saltamos de galho em galho, (nossa, isso soa mais estranho do que pensei), eu quase despenquei das árvores uma ou duas vezes, porque, sinceramente, eu não sou a garota mais atlética ou equilibrada do acampamento, fiz uma marca em cada uma das árvores que passamos, para não andar em círculos. Ás vezes encontrávamos algumas ninfas e sátiros pelo caminho, vimos monstros no chão e ficamos gratos por estar fora do alcance deles. Durante aquele tempo eu e Jared nos conhecemos melhor e falávamos praticamente sussurrando, pois não iria ser bom se o time adversário nos descobrisse.
-Então, você é de Londres? - ele perguntou.
-Sim, na verdade eu nasci aqui, mas fui levada para a Inglaterra quanda era muito pequena. E você, de onde veio? - respondi e perguntei.
-Kentucky. Eu sei que é uma pergunta estranha, dada as circunstâncias em que estamos, mas quantos anos você tem?
-Treze, acabei de fazer no dia 1 de Setembro. (N/A: eu mudei a idade dela.)
-Eu também! Quer dizer, eu também tenho treze, mas faço em Agosto, dia 18.
Andamos (ou pulamos?) mais um pouco e chegamos no nosso destino. Chegamos em uma grande clareira com um monte de pedras no centro, parecia que tinha o formato de um punho. Eu realmente não gostei nada do que vi, tinham muitos guardas. Tinham pelo menos uns dez deles, nunca iriámos conseguir chegar perto da bandeira sem sermos notados. Ficamos na beirada da clareira, de modo que não podiam nos ver, mas nós pudemos vê-los claramente.
-O Punho de Zeus... - Jared balbuciou.
-O quê?
-O Punho de Zeus, eles batizaram assim porque parece um punho. Droga, Clarisse está aqui. - ele respondeu apontando para uma garota grande com cabelos castanhos ensebados segurando uma lança. -Ela enfiou minha cara na privada hoje de manhã. Não é muito bom contrariar ela.
-Certo... - disse, pensando que poderia ficar sem saber a parte da privada. -Temos que distraí-los. Vamos fazer assim, atire uma flecha ali, ali e ali. - disse apontando umas árvores. -Que eu irei fazer um feitiço de explosão ali e ali. Acho que eles irão se dispersar para ver o que é, então eu pego a bandeira e voltamos.
-Ok. Vou para lá, naquela árvore, fica mais fácil de atirar.
-Tudo bem, eu também terei que ir mais para perto dos alvos.
Torci para que fossem idiotas o bastante para não deixar alguém de guarda. Nos separamos, não foi uma boa ideia. Até certa parte meu plano deu certo, mas depois as coisas começaram a dar errado. Jared fizera o que eu disse, e como previ, dois deles saíram, depois um e a clareira foi se esvaziando até restar apenas Clarisse, Jared e eu. Comecei a ficar nervosa, mas joguei o bombarda em um arbusto meio longe de mim e Clarisse saiu da clareira. Mirei na bandeira e disse:
-Wingardium leviosa.
Como de esperado, eu consegui pegar a bandeira, mas percebi que assim que ela virasse para trás para voltar, eu estaria ferrada. E como eu ficou mais desajeitada ainda quando estou desesperada, fui para um galho mais fino, onde Clarisse não iria me ver, mas não me toquei que ele iria se partir. Quando ela voltou para o Punho de Zeus e viu que a bandeira tinha sumido, ficou louca, literalmente, começou a berrar enquanto os outros voltavam para lá. E então o galho quebrou, me fazendo cair de uma altura de uns sete metros rumo ao chão, senti meu tornozelo se quebrar com o impacto, todos os guardas olharam para mim e pude ver o olhar de pena no olhar de pena de Jared. A bandeira caiu um pouco longe de mim, mas minha varinha estava em minhas mãos e levitei a bandeira rapidamente até Jared, embora minha visão estivesse embaçada, ele a pegou e perguntou silenciosamente se eu estava bem. Respondi apressadamente que sim, o que era mentira, mas tive uma sensação de que se dissesse a verdade ele iria querer ficar, rapidamente ele desapareceu no meio das árvores.
-Vão atrás dele! Eu cuido da inxeridinha aqui. - ela disse com um sorriso maldoso.
Sabia que eles não iriam conseguir pegar Jared, mas não tinha tanta certeza assim quanto à Clarisse, a sorte não estava a meu favor. Ela tinha uma lança ameaçadora, eu um par de adagas e uma varinha, ela tinha músculos, enquanto eu era praticamente pele e osso e para melhorar não podia correr, meu tornozelo estava quebrado. Sentei no chão e comecei a recuar, vi um pequeno rastro de sangue na terra, levantei a barra da calça e tinha uma fratura exposta. Clarisse estava longe de mim, mas andava, acho que ela sabia que eu não teria nenhuma chance contra ela. Me apoiei em um tronco de árvore e levantei.
-Bem, você é o novo brinquedinho da Annabeth, huh? Anda com ela para cá e para lá... Queria fazer o ritual de boas vindas para você, mas ela estava muito perto e não ia gostar.
-Enfiar a minha cabeça em um assento sanitário? Obrigada, mas passo. - disse tentando conter as lágrimas de dor.
Depois disso ela levantou a lança e um movimento como de que ia lançar um arpão e jogou a lança em mim, mas virei para o lado e vi que sua ponta estava enterrada na madeira.
-Cofringo! - a lança explodiu em milhares de pequenas lascas de madeira.
A raiva estava estampada em seu rosto e, antes que ela pudesse me estrangular, joguei outro feitiço:
-Aqua Educto!
E ela saiu voando por causa do jato dágua. Não posso dizer que tive pena dela. Fui para o mais longe o possível mancando e segui o som de uma balbúrdia, gritos de vivas. Jared tinha chegado lá e levado a bandeira para o nosso lado. Ganhamos o jogo. Encostei-me em uma árvore para descansar e corri os olhos pela multidão até eles se encontrarem com os de Jared que falava com Annabeth, ambos preocupados. Eles me viram e eu acenei para eles enquanto corriam até mim. Meu rosto se contorcia para não mostrar a dor, mas logo irrompi em lágrimas.
-Ei, o que aconteceu? Você está bem?- os dois perguntaram em coro.
-Bem, eu caí da árvore. Meu tornozelo está quebrado. Clarisse tentou me matar. Fora isso tudo? Estou bem, sim.
E naquele momento percebi que poderia ter desaparatado. Como disse antes, fico muito desajeitada e não consigo pensar direitoquando fico desesperada. Eles me ajudaram a andar, segundo meus braços e me levaram até a Casa Grande.

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Notas finais do capítulo

Reviews? Eu ia deixar o cap maior, mas achei que iria ficar gigante demais... O que acharam???



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