Dezesseis de dezembro, ainda em Oldale. O céu estava tão cinza quanto o dia anterior, mas ao menos o sol conseguiu passar um pouco mais pelas nuvens. Os pokemons ainda não saiam como em outras estações, afinal, ainda continuava muito frio. Duncan Wilbur, treinador com possíveis traços de insônia, não conseguiu dormir muito bem à noite, e acordou com uma mordida de Damon, seu Sandile, que se mostrava mais animado com a jornada que seu treinador.

Puxando seu pokemon de volta para a pokebola, ele foi abrir a janela de seu quarto, quase já acostumado com os costumeiros Taillows cantando de manhã, até que percebeu que havia dormido demais e que no inverno não tem muitos Taillows. O sol brilhava atrás das nuvens no topo do céu, o que o fez se apressar um pouco, já que a ultima coisa que queria era ter que dormir no meio de uma rota selvagem.

Colocando uma camiseta vermelha com mangas longas e brancas, uma calça de moletom preta e uma jaqueta, também vermelha, com um capuz que cobria seu curto cabelo preto -herdado de sua mãe, Lily-, terminou de se arrumar com um par de botas comprado no dia anterior e colocando a mochila amarela e supostamente super-resistente, cheia de coisas que Steve arrumou. Correndo para a cozinha, encontrou seu pai, com um olhar meio triste no rosto.

–Steve...

–Você sabe que não vai ser uma boa ideia procurar a sua mãe, Dunk.

–Eu prometo que sempre que eu conseguir, eu mantenho contato com você, não precisa ficar assim...

–Acho melhor você tomar o seu café, antes que ele esfrie ainda mais.

Steve completou a frase e se virou para o lado, começando a lavar a sua louça. Duncan, sem certeza do que falar, simplesmente se virou para o seu café da manhã congelado, não ligando muito para a temperatura, já que tinha perdido um pouco seu apetite. Liberou seu Sandile, Damon, para comer alguma coisa antes de sair. Damon, por sua vez, parecia estar com um apetite monstruoso, mas ignorou a sua ração, partindo para o prato de Duncan. Nem ele nem seu pai o repreenderam. Nenhuma palavra foi dita enquanto Damon se divertia com seu banquete.

Após o grande momento de silêncio, Damon já havia acabado, e assim Duncan decidiu partir logo, antes que seu pai mudasse de ideia. Por mais que isso o magoasse, Duncan estava com a ideia de rever a sua mãe firmada na cabeça. Os dois saíram da casa, ainda em um silêncio, enquanto Steve seguia atrás, para fechar a porta de casa. Duncan parou no meio do caminho, se virando para Steve.

–Me desculpe... Você sabe o quanto eu sinto falta dela...

–Eu também filho...

–Eu prometo que eu vou voltar inteiro, pai.

–Pai? Faz anos que você não usa essa palavra quando falava comigo...– Steve não se controlou e deixou uma pequena lágrima rolar para fora de um de seus olhos.– Se você não voltar inteiro para casa, você vai ficar de castigo para sempre, senhor Wilbur.

Os dois se jogaram em um abraço, que parecia ter quebrado o silêncio de vez. Aquele momento parecia durar uma eternidade para os dois, até Steve comentar algo com seu filho.

–Agora eu acho que é melhor você correr, antes que Damon vá para muito longe, Dunk.

–Huh? Damon?

Se soltando do abraço, Duncan começou a olhar para os lados, até ver, já longe, Damon seguindo sozinho para a Rota 102.

–DAMON!

E assim, Duncan começou oficialmente a sua jornada em rumo a Slateport, seguindo pela Rota 102, já que eles não tinham nenhuma maneira de atravessar a Rota 103. Mas Sandiles são bem rápidos, mesmo com suas pernas curtas. Será que Duncan conseguirá alcançar seu pokemon ou Damon seguirá em uma aventura solo? Steve colocará seu filho em um castigo eterno mesmo? Como Sandiles são tão rápidos com patas tão pequenas?