Apolonyx escrita por Veneficae


Capítulo 26
Segunda Trombreta




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Ênio transparecia depressão.

- Esses são Ápate, Hebe e Filotes. - apresentou-me, apontando o dedo da esquerda para a direita. - Um sem graça idiota, outra ignóbil e a última... estranha... respectivamente.

Hebe bufou.

- Ênio, boa como sempre. A parte negra da nossa família, literalmente. - e dá um sorriso meio maquiavélico. - Como eu queria dar um trato nessa sua cara metade feia e metade óssea - suspirou. - mas esses são causas providas dos ossos do seu ofício... é assim que fala? Umpf, trocadilho infeliz.

Filotes se manifestou, então.

- Seja mais agradável, Hebe. A juventude não é gentil?

- Não. É apenas jovial... gentil eu não posso garantir.

Ápate riu.

- Ainda não acredito que pode ser a Deusa da Juventude, afinal, você não era nada jovem ou bonita quando nasceu. Parecia uma pequena gosma plasmática azul e...

- Hei!

- Mas é verdade, Filotes! - e começou a rir histericamente. - O que estou falando?! Ênio fez Moros se assustar quando nasceu! Não duvido nada que ele ficou cego por causa disso...

- Chega!! - gritei, sem querer chamando a atenção de toda a base. - Hãham, desculpe. Podem voltar ao trabalho! - disse eu e, assim que voltam a fazer o que faziam, voltei-me aos meus irmãos. - E vocês, o que fazem aqui?

Filotes deu pequenos pulinhos com seus saltos agulha.

- Ajudar, claro! - ela sorriu. - Querida, vamos ajudar tanto os semideuses como os deuses...

- Ah, entendi! - exclamou Ênio, dando um sorriso sombrio. - Vão usar a enfermaria daqui para tratar dos deuses também... engenhoso... muito engenhoso...

Dei ombros.

- Os deuses nos ajudam e nos os ajudaremos, nada mais do que justo.

- O que acham? Querem a nossa ajuda?

- Claro, Filotes. Só avisem o Quíron, ele que está no comando, mas... e ele? - apontei para o Ápate. - O que faz aqui?

- Vim ajudar na guerra, eu...

- Espera! - exclamei, num rasgo de esclarecimento. - Eu não estava me lembrando, mas sei quem é você!

- Bingo! Qual é o prêmio?! - sacaneia-me.

- Você é a personificação do engano, dolo e fraude! Como nós poderíamos confiar em você?

Houve um silêncio.

- Fui obrigado pela deusa Atena. - disse, de cabeça baixa. - Estou aqui para cuidar do nosso outro irmão que irá nos ajudar.

- Quem?

- Já, já ele chega. Enquanto isso... que tal vocês irem logo fazer algo de útil?

Antes que eu desse as costas, fuzilei-o com os olhos e ameacei-o:

- Vou ficar de olho em você. - e me verei, andando com passos tão pesados quando a de um elefante. - Ênio, prefiro que cuide e vigie Ápate. Nunca que confiarei nele, em nenhuma palavra, mesmo com Atena...

- Eu te compreendo. - e riu. - Você não sabe o que ele fez depois que nasceu... vamos dizer que é uma das poucas piadinhas de família. - Ênio me deteu, segurou meus ombros e arrumou minha armadura. Ficou queimado onde tocara. - Logo você vai fazer parte da nossa família nada família. É horrível, cheio de traições, mortes... nem tente imaginar o que Nýchta passou conosco, mas - ela suspirou. - Vale a pena, conhecer alguns de nós. Não leve pela aparência...

Eu dei um sorriso, mas saiu mais como uma careta.

- Táh... mas deixa eu ir. Boa sorte... com o Ápate.

- Ok. - e sumiu.

“Muito bem, agora vamos fazer algo de útil” pensei.

Em poucos minutos todos já estavam organizados e estavam prontos para ir para as suas respectivas posições. Eu nunca gostei muito de Ares, mas pedi sua benção lutar bem e sobreviver a guerra. Se ele me ouviu ou não, dane-se, mas alguma coisa me dizia que ele também estava desejando isso... não só Ares, todo mundo.

Estava eu na minha tenda, afiando Zulfiqar com as lâminas do Wolverine. Será que ganharíamos? Haveria chances disso acontecer?

De repente de descuidei, distraída com meus pensamentos, e acabei fazendo um talo no antebraço. O sangue dourado escorreu por entre meus dedos e pingou na grama.

- Incrível. - murmurei.

Ouvi passos.

- Se cortar? É, deve ser realmente incrível.

Era Tânatos.

- Diego! Quero dizer, Tânatos.

- Quíron mandou dizer que o grupo que vai fazer a falange tripla está pronto. Perguntou se você quer ir?

Eu me levantei e fiquei frente a frente com ele.

- Quer que eu vá? - perguntei, fria como um iceberg.

- A opção é sua.

- Simples assim?

- Simples assim.

Eu sorriu, sem humor.

- Não, não é não. - agi apenas seguindo meu instinto, toquei seu rosto e vi-o todo se transformar. Toda aquela farsa humana, rosto, membros, seu físico... sumiram. Vi então a criatura com a qual eu me deitei em um paraíso secreto.

Tânatos virou o rosto.

- Não faça mais isso. - ele tentou mudar de forma novamente, mas eu o impedi.

- Não. Não me importo. Você não estava na forma humana quando se deitou comigo.

- Isso é diferente, tinha todo um...

- Não arranje desculpas. - murmurei, segurando seu rosto estranho. - É estranho? Sim, é. Mas pergunte a mim se me importo? Que diferença faz? Há muitos seres humanos horríveis por ai e... cada um tem a sua beleza, que não se limita a características físicas e aparência. Gostaria que eu fosse hipócrita e dissesse que você é lindo?

Ele abriu a boca, mas eu o detive novamente.

- Umpf. Se assim o fosse, não estaríamos noivos. Aliás, você não teria me pedido em noivado se eu fosse desse tipo.

De repente ouvimos um urro lá fora.

- Boa sorte na guerra. - disse ele, sem qualquer sombra de frieza ou ressentimento. Tânatos ergueu meu braço ferido, agora totalmente curado e beijou-a.

- Para você também. - murmurei, sorrindo, sem graça.

Mas antes que eu vá, ele me abraçou e perguntou:

- Posso pegar uma coisa?

- O que quiser.

Ele tocou no meu colar sob a armadura, aquele que me deram tempos passados, o qual vivia se metamorfoseando. Eu havia me acostumado muito com a sua frequente frieza ultimamente que até senti-me estranha quando Tânatos o tirou. Ele observou, analisou e depois amarrou em volta do seu próprio pescoço.

- Uma lembrança, já que você tem uma minha. - explicou, fazendo-me lembrar do anel pendurado no cordão de colar. - Talvez eu precise dele durante a guerra.

Eu sorriu e ele volta a sua forma humana.

De repente a segunda trombeta soou.

Então a Terceira Guerra Mundial se inicia.

Então, leitores, em quem vocês apostam? 


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Notas finais do capítulo

Quais irão morrer? Virar Deuses? Ou simplesmente ficar na nossa memória?
Esperem o próximo capitulo.



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