Acordei no meio da noite assustada. Tive um sono muito macabro, não sou de me assustar fácil mas... Foi muito estranho. Acordei com o barulho do telefone no sonho... E o celular de Brian estava tocando. Ai credo.

Como ele não acordou pra atender, catei e atendi eu mesma né.

- Alo? - falei, minha voz denunciando meu sono.

- Merrie? Oh, desculpe querida.

- Senhora Haner? 

- Sim, querida.

- Ah. Brian está dormindo...

- Não precisa acordar. Só queria saber onde estava. Quando ele acordar avise que chegamos de viagem.

- Pode deixar...

- Cuide do meu bebê. - rimos.

Larguei o celular no chão e voltei a dormir imediatamente.

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- Bom dia. - recebi um beijo na bochecha. A verdade é que não dormir muito depois que acordei de madrugada. Minha cara devia entregar, porque Zacky olhou assustado pra mim antes de me dar bom dia.

- Dia. - resmunguei.

- Eita porra, tu dormiu? - Jimmy falou, entrando na cozinha também.

- Mais ou menos...

- Dia. - Matt disse me esmagando nos braços dele.

Que gente viu, acordam todos super dispostos e não sei o que. Vei, só eu que acordo querendo matar o primeiro ser vivo que cruza no meu caminho?

- Sua mãe ligou no meio da madrugada. - falei quando Brian entrou na cozinha.

- E...?

- Eles chegaram.

- Ah... Hora de ir pra casa. - sorriu.

- MATT, MINHA MÃE VAI COMERRRR MEU CU, TU PODE ME LEVAR PRA CASA? - Johnny entrou, berrando.

- Odeio ser vizinho dele. - Matt resmungou. Rimos. - Falou pra vocês. 

E assim todos foram embora. Jimmy levou Kate logo depois de Matt sair com Johnny. Anne foi com Kate. Brian foi pra casa matar saudade dos pais.

Consegui pelo menos prender Zacky.

- Você não vai me abandonar Porpetinha. - choraminguei abraçada com ele. Zacky riu.

- E pra que você me quer?

- Podiamos fazer o trabalho já né? Adiantar...

- Merrie Louvain querendo adiantar trabalho? Aconteceu alguma coisa? - dei risada da careta que ele fez.

- Ah. Necessidade de ficar com o meu gordinho gostoso ué.

- Af gente, não sou gordo.

- Eu sei, você é gostoso. Agora, que tal fazer o trabalho?

- Ok.

E assim foi a nossa manhã, fazendo trabalho. Terminamos perto do meio-dia, então resolvi fazer o almoço. Zacky e Tom não reclamaram da comida, suponho que estivesse boa... Sei lá.

Tom mais a tarde saiu, disse que queria dar uma volta na vizinhança. Me agarrei em Zacky de novo pra ele não me abandonar, e de fato, ele não me deixou.

- O que vamos fazer? - ele reclamou, jogado comigo no sofá.

- Você podia pegar meu violão lá em cima e fazer uma serenata pra mim... - ele riu.

- Vei, quanto tempo tu não toca aquela coisa?

- Um ano.

- Vish.

- Acho que não sei nem fazer o dó mais. - ri.

E nisso Zacky levantou e foi até meu quarto buscar aquela coisa. Era um violão velho e preto. Lindo quando comprei, acabado hoje em dia. Abandonei quando arranjei uma guitarra e depois larguei ela também. Tristeza.

Obriguei Zacky a tocar Nothing Else Matters no violão porque Zacky é foda. E ele tocou. Coisa mais linda meu Deus. Vontade de morder aquelas bochechas até arrancar fora... Sou canibal ok.

- Awwwwwwn, coisa linda. - abracei ele, quando terminou de tocar a música. - Amo você Porpetinha.

- Amo você nanica. - me abraçou de volta.

Não sei o que seria da minha vida sem meus amigos.

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Dois meses depois;

Os meses estavam voando. 

Brian e eu continuavamos juntos, caso alguém ai se pergunte.

Continuavamos a beber até cair e ir bebados pra escola... Nada que as pessoas percebessem, além de nós mesmos.

Fui expulsa quinze vezes da aula de Física... Não faço ideia do por quê.

Thomas se adaptou perfeitamente com a California. Se enturmou com o pessoal que já tratava ele como amigo de longa vista. Era legal isso.

Também estava próxima dele... Acabei me tornando muito amiga. Sempre que precisava desabafar e meus amigos não estavam ali, tinha Tom.

O final do ano estava próximo... Bailes, festas. Toda aquela porcaria escolar. Ano que vêm é o ultimo ano e depois... Acho que nem Deus sabe.

O pessoal ta super empenhado com a banda, mesmo que eu nunca veja eles ensaiarem. Já eu... Não faço ideia do que fazer dessa vida. Vou virar catadora de lixo. Deve dar algum dinheiro né? Já desisti de tudo que queria, não sei mais o que fazer. Desespero viu.

Mamãe vive falando de faculdades em New York, França, Inglaterra, Alemanhã... E eu fico tipo "... então mãe...". Acho que vou ser a decepção da vida dela...

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- Marie? - Jimmy balançava a mão na frente do meu rosto, despertei dos devaneios.

- Uhm? - olhei para ele.

- Ta aqui, ou ta aonde?

- Desculpa... O que vocês estavam falando?

- Sobre as férias...

- Ah.

- Você vai conosco pro Hawaii? - Zacky perguntou.

- Anh... Na verdade... Prometi que ia com Thomas pra Inglaterra... Sabe... Visitar meu pai... Faz... Tempo...

- Ok, não tem problema gatinha, a gente entende. - Jimmy me abraçou.

- Sério mesmo? Vocês não vão me odiar?

- Cala boca Merrie. - Matt jogou uma almofada em mim.

- Quando que começa as férias? - perguntei.

- Daqui um mês. - Johnny disse, enchendo a boca de pipoca logo em seguida. Nojento.

- Vish.

- E tem aquela porcaria de baile também. - Zacky resmungou.

- Ah. 

- Vocês vão? - Matt perguntou. - Vou com... Anne...

- É, vou com Kate.

- Desculpa, não tenho namorada. - Johnny disse.

- Nem eu. - Zacky bufou.

- Nem eu. - Brian disse. Joguei uma almofada nele. - Ah, espera. Tenho sim.

- Idiota. - ri. - Gordinho, você não tem porque não quer. Várias minas dão em cima de você na escola. Só tu que não percebe. - ele bufou.

- Elas não se manifestam. Não sou vidente...

- Te apresento uma amiga da Anne... Super afim de você. - ele riu. - E você Dear John, não tem por que é idiota.

- Mas hein?

- Fica se pagando de fodástico, as mina fica tudo insegura, ai nem criam coragem.

Ele saiu resmungando alguma coisa, enquanto os outros riam.

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Vocês já pararam pra reparar o teto? Ele é tão reto, ou de madeira ou... Enfim. Meu dia tava sendo um tédio. Meus amigos sumiram, não me disseram aonde foram e levaram meu irmão com eles. Mamãe estava trabalhando. Não tinha absolutamente nada para fazer. Nem algo da escola. Afinal, final de ano é mais matação do que outra coisa. Tentei tocar violão, mas fiquei com tédio. Fui pra guitarra, tédio. Coloquei algum cd pra tocar, cansei. Filme não tinha pra ver, os da TV eram chatos e repetidos.

Ou seja, tédio. Já liguei pro Zackk, Brian, Jimmy, Matt, Johnny, Thomas, mamãe, Kate, Anne... NINGUÉM ATENDIA A PORCARIA DO CELULAR. Acho que me abandonaram. Cansaram de mim. Não me amam mais.

Para vocês que se perguntam. Me encontrava no jardim, atrás da casa, deitada na grama. Agora mesmo encarando uma árvore do lado de uma mesinha que mamãe colocou ali a tempos atrás, que quase ninguém usava. Antes? Antes estava encarando o teto, jogada no sofá de cabeça pra baixo. 

Sabe aqueles dias que não tem absolutamente nada para fazer e você tem que se contentar em encarar as coisas? Pois é. Agora que me lembrei... O baile é mês que vêm. Brian quer ir. Porque disse que, se os outros vão, ele também vai. Dai eu pago o pato né? Desgraça.

Mas voltemos aos meus devaneios. Acho que vou desenhar. Sou boa com desenho... Eu acho. Na boa, queria ouvir música ou tocar alguma coisa. Mas, como todos sabe, já tentei isso e não adiantou. A música que escolhi não foi boa o suficiente. O CD não era legal o bastante... Que tédio.

Só para deixar bem claro aqui, que estou maravilhosa. Cabelo preso em um coque, um blusão que é provavelmente dois números maior do que uso, um shorts jeans qualquer e havaianas. (see it)  L-I-N-D-A. Quem aparecer aqui em casa vai sair correndo. Simplesmente perfeita. Me encanto com o quanto consigo ser bonita quando estou em casa. Impressionante.

Fiquei a tarde inteira jogada na grama, do lado de fora. Só quando começou a escurar que fui pra dentro. Fiquei lendo qualquer livro que peguei. 

Mal entrei em casa e já fui direto pra cozinha. Não sou de ferro. E eu quero brigadeiro. Coloquei tudo na panela, porque tenho preguiça de por aos poucos. Mal fui ligar o fogão a campainha tocou. Saco mesmo. 

Desliguei o fogão e fui atender a porta. Sim, fui linda daquele jeito mesmo. Meu cabelo uma zona.

- Quê? - Abro a porta educadamente, problema?

- Nossa, que humor.

- Que tu quer?

- Vim te ver...

- Ta Matt, entra.

Deixei ele se virando pra entrar e fechar a porta. Voltei pra cozinha a fim de fazer meu delicioso brigadeiro.

- Fazendo o que? - ele chegou por trás, me abraçando e olhando pra panela.

- Brigadeiro.

- Aquele troço lá?

- Isso.

No fim fomos assistir qualquer coisa na TV e comer. Porque comer é vida né gente. Tava um tédio aquela casa hoje e nem era domingo. Dica.

- Onde tu tava? Aliás, onde tá todo mundo? - ele riu.

- Não posso falar.

- Diabos Shadows. Fiquei o dia inteiro fazendo porra nenhuma e você não pode falar o que tava fazendo? - resmunguei exagerando depois na colherada de brigadeiro.

Ele só riu. Rir vai te ajudar a ter sua cara dentro dessa panela amigo querido. Desgraça mesmo.

- Fui ajudar o Brian com uma coisa. - disse por fim.

- E ele precisou de todo mundo pra isso?

- Quase. - riu.

Revirei os olhos.

Ele ficou mais meia hora por ali e depois foi embora. Continuei vendo TV, não tinha mais nada pra fazer mesmo. Mamãe ainda não havia chegado, nada de Tom.

Era quase meia noite e estava sozinha ainda.

Quer saber? Boa noite.