Amor Não Correspondido escrita por mai_peace


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu escrevi essa fanfic faz uns 2 anos aproximadamente, se trata de uma One-Shot e resolvi finalmente postar aqui. Espero que apreciem a leitura...
Basicamente eu não sei quais padrões de número de palavras se deve ter uma one-shot, se isto está errado e alguém quiser me corrigir fique a vontade!



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Eu estava sentada no balanço, parada, vazia. Não sentia mais nada, mas aquilo que eu não sentia eu podia saber mais que tudo, que era vazio, era dor. 
Nunca pude entender exatamente, a dor de um amor não correspondido, é uma dor estúpida e inútil. 'Eu não posso sofrer por ela'  mas eu sofro. 
E dói em cada pedaço do meu corpo que deixo lentamente de sentir... 
Vejo cabelos pretos longos entre um rosto feminino, claro e doce, sendo jogado pelo ar, era aquela pessoa, a qual não posso descrever seu estilo, sua forma de ser em palavras, elas parecem não conseguir descrever uma pessoa tão diferente, encantadora e se manter fiel a como ela realmente é. Jamais li um livro em que em uma personagem qualquer, eu pudesse ver ela, eu pudesse saber que alguém havia conseguido finalmente entender o que eu via, que talvez fosse o que pouca gente, ou talvez ninguém além de mim conseguisse enxergar nela. 
Jorgina, uma voz inexistente falou em minha mente, quantas vezes eu não havia ouvido essa voz, eu estava mesmo louca, sabia claramente que tudo aquilo era só um devaneio que um dia teria que passar... 
Despertei de meu sonho naquele balanço, vendo ela com seus cabelos pretos e seu blusão vermelho se aproximar mais ainda de mim. 
-Oi. Disse seca, dura, ao se sentar ao meu lado. O balanço era para duas pessoas, odiei naquele momento e eternamente, que aquele balanço fosse para dois, odiei que meu pouco peso não fosse capaz de quebra-lo e odiei que tudo estivesse inebriado, frio, silencioso, que folhas caíssem das árvores, odiei secretamente até o mundo naquele momento. 
-Oi. Respondi tentando fazer com que minha voz não soasse seca, ou empolgada demais, só um meio-termo disfarçado e falso, que não pudesse me denunciar, de que tudo em mim com ela ao meu lado, estava sendo uma mentira. De que até meu sorriso, era uma doce mentira que escorria por meus lábios.
O balanço começou a fazer a única coisa da qual tinha a obrigação de fazer, que era balançar, de uma maneira leve, olhei para baixo e vi os pés dela naquela bota preta, fincados ao chão e fazendo um movimento de vai e vem enquanto suas unhas mexiam de maneira incerta na corrente e a outra descansava na madeira, tirando o pouco espaço que havia entre nós, mas eu estava sendo invadida, minha mão já estava ali antes, e eu quase podia sentir, se é que se pode sentir palavras, um diálogo entre as duas, querendo avançar suavemente uma em cima da outra discutindo sobre como e quando fariam isso. E aquele toque poderia aquecer minha mão mesmo que a mão dela fosse fina e nossos casacos grossos que eles não pudessem aquecer nossos corpos, como das muitas coisas que eu não podia entender, eu não entendia porque a mão dela em um toque iria queimar a minha. 
Fui pega no fraga, observando as nossas mãos, na verdade eu estivava olhando a madeira. Me enganando talvez eu enganasse ela, que pairava com aquele olhar de mistério sobre a minha face. E sobre aquele silêncio, eu desviei o olhar, com a minha visão desconcentrada tentando ver qualquer coisa, ainda pode enxergar os dedos dela andando cautelosamente até os meus, tocando levemente a minha mão e se entrelaçando nela, a cobrindo, como eu suspeitava minha mão ficou quente, eu fiquei quente, minha respiração ofegou e meu peito disparou subitamente, por culpa do calor causado pelo toque, sentia minha mão queimar, uma queimadura que ás vezes dói e machuca. Se eu não tivesse me sentido tão sadomasoquista naquele momento e sentido imenso prazer com aquele fogo ali presente, me queimando, eu teria corrido, mas ela me fazia sadomasoquista e eu jamais poderia correr.

Às vezes meu corpo não respondia ao que minha mente mandava, desde que ela chegara eu estava mais que certa disso, todos os dias da minha vida, todas as manhãs em que quase obrigada abria meus olhos.
Então, como se meu corpo tentasse demonstrar mais uma vez essa desobediência e dessa vez minha mente estivesse justamente querendo me pregar uma peça; meu rosto se virou e fitou ela, todo seu corpo, parado, recostado como se estivesse com o mundo em suas costas, o blusão vermelho, sua mão na minha, seus cabelos pretos, sua pele clara levemente avermelhada por culpa do frio e a sua respiração pesada que soltava fumaça, como se ela estivesse em mais um de seus dias ansiosos, fumando um cigarro sabor cereja. 

Mais do que nunca ela estava ali, como se tivesse o mundo em suas costas e eu queria tirar aquele peso, mas não podia, eu não entendia. Senti vontade de falar alguma coisa, só não sabia o que falar para ela, para deixar o momento mais agradável e parecia que pela primeira vez o silêncio da voz doce e cheia de energia dela, queria me dizer algo que eu não podia escutar, claramente eu jamais a pude escutar.

Se parecia com o fim de uma guerra, e os dois líderes estavam ali, silenciados para dizer um ao outro que já não tinham mais o que falar, que estavam exaustos e quase mortos depois daquela guerra, meu corpo era dono de tanta dor e tantos sentimentos que eu certamente podia acreditar fielmente nessa metáfora insana. Eu ainda a estava olhando, ela virou seus olhos tristes para mim, tive vontade de chorar ali, pela primeira vez diante dela, por ver seus olhos molhados como se uma lágrima quisesse descer por sua face. Meu corpo me consumia de vontade de tirar aquele peso que eu não entendia, por fazer ela sorrir, por arrancar aquele olhar triste do seu rosto. 

Num gesto impensado, eu pude ver nossos corpos se aproximando em um diálogo calado, como o que existia naquele momento cheio de silêncio. O abraço queimou e aqueceu mais do que qualquer coisa jamais havia me aquecido, pude sentir o mesmo acontecer com ela, e doeu tanto quanto eu poderia aguentar mas agradeci por nenhuma lágrima tocar minhas bochechas elas permaneciam confusas em minhas pálpebras.

Ela tremeu enquanto encostava o queixo em meu ombro e me fechava, em um outro mundo onde só havia nossos corpos e os nossos cheiros misturados. Nos afastamos e nos olhamos, nossos braços ainda se tocando, minha mão pedindo... Não, meu corpo todo implorava, que ela não se fosse de perto de mim, eu não sei o que o dela pedia, como disse eu jamais pude entender o que o seu silêncio e o seu olhar doloroso diziam. Eu fitava ela no fundo de seus olhos com o olhar mais piedoso e cheio de toda aquela dor e amor que eu poderia ter naquele momento em que estava fraca e me sentia sem mais nada para oferecer ou para recuperar, eu mal podia recordar como era ter alguma coisa além desse vazio e desse amor. 
Houve um toque de seus dedos frios que eu senti penetrar meu rosto de forma quente, ela afastou um fio de cabelo de meu rosto eu tremi e temi que houvesse deixado isso evidente, tremi como quem soluça chorando, mas eu não estava chorando, sua mão escorregou e acariciou meus cabelos, percorreu minha nuca, dessa vez foi um arrepio que atravessou meu corpo olhei seu rosto e vi seus olhos semicerrados como se esquecendo um de seus sentidos, ela pudesse aguçar o outro. Seus olhos se abriram e fitaram meu rosto, meu corpo se aproximou do dela e antes que eu pudesse notar eu sentia a respiração dela em minha cara, fiz como ela e fechei meus olhos, na nobre ilusão de que aquilo ia me fazer sentir mais aquele momento. Nossos lábios se tocaram, aqueles lábios que eu recordava sempre tão avermelhado tocaram os meus brancos como se não houvesse sangue ou batom ali e enquanto num movimento calmo, lento e que parecia dizer que ele seria eterno, nossas línguas se fundiam e nossas salivas pareciam uma só. Eu realmente juro que não sei por quanto tempo estivemos ali, o suficiente para a tristeza parecer ter ido embora e para que eu colocasse minha mão sobre suas costas e não sentisse nada além de que não havia o mundo ali, entre eu e ela, e seu blusão vermelho.

Algo, talvez alguma espécie de aviso de nosso cérebro nos afastou e foi como subitamente eu a olhei e senti como se fosse a ultima vez, eu tinha um câncer mortal e iria morrer ali mesmo naquele balanço, naquele instante. Mas eu sabia que não era isso, nos olhamos, o mesmo olhar triste de um amor prometido, o mundo de volta em suas costas, o frio com o vento gelado tocando minha pele como eu jamais sentiria me tocar desta maneira novamente, a mão dela pela ultima vez na minha e nossos rostos se viraram e avistaram um garoto com pose de príncipe, magro com cabelos pretos e um casaco azul perfeitamente colado em seu corpo, em pé, olhando de longe, dessa vez não houve nenhuma respiração longa e funda, nenhum adeus.

Senti o cheiro de cigarro de cereja no ar o que determinaria que este seria para sempre o cheiro mais doloroso que eu poderia sentir e a droga que eu mais me viciaria em consumir, e a vi se levantar e me olhar com o seu corpo em perfeito sinal de adeus, me olhar só uma vez e depois se encaminhar até ele que ainda me fitava sério, parecendo o ultimo soldado sobrevivente do lado do inimigo que levava ele para casa para dizer, aquele lado havia vencido, um curto abraço dos dois, sem beijos só mãos dadas, eles foram caminhado lado a lado.

Finalmente as confusas lágrimas escorreram e eu me senti feliz por estar sozinha ali, com um canivete na mão entre lágrimas, eu risquei nossas iniciais como se estivesse riscando minha pele e as lascas da madeira fossem se não mais lascas de madeira, mas meu sangue. Entre lágrimas e uma culpa indescritível deestar errada, o cheiro e a vontade incontrolável de fumar, eu pude ver aquele local me condenar e me amaldiçoar de me torturar sempre que eu voltasse ali, por ter esse sentimento, o amor não correspondido que ela me proporcionava pareceu desaparecer e eu jamais entendi o motivo. Se foi porque sempre que eu a via depois em silêncio quando passávamos uma pela outra, o seu olhar ainda fosse pesado, eu a havia marcado e nisso eu não teimava em não acreditar. Ou se era devido somente ao fato de que depois disso eu a esqueci, assim como chegou sem eu saber quando, ele voou naquela tarde sem eu saber porque e meu sorriso se tornou mais vivo e hipnotizante, minha energia era agora mais forte e encantadora. Ao menos foi isso que ela me disse na última vez que eu ouvi sua voz quando nos tombamos na frente da escola enquanto eu fumava o seu cigarro sabor de cereja e disse num sorriso torto um 'obrigada', mesmo sem saber se aquilo era exatamente um elogio, jurei que aquele seria a ultima vez que ela me ouviria...


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Notas finais do capítulo

A fanfic se chama "Amor não correspondido", mas não se trata de um amor não correspondido, se trata de um amor inacabado...
Aquele que todos uma vez pelo menos já tiveram, que por algum motivo não deu certo e virou apenas uma lembrança.
Deixem comentários se gostaram, ou não, se acham que algo podia mudar na minha forma de escrever...
Agradeço a todos que lerem! *-*