A Vilã Morre No Final . escrita por Liz03


Capítulo 9
9) Por favor, acerte o prego e não o dedo




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Eu repetia as minhas obrigações mentalmente enquanto caminhava em direção ao meu carro. Se eu tivesse outra oportunidade, talvez eu fizesse tudo diferente...Se? Esse tipo de coisa não existe. É assim que tem quer ser, ponto. E gostaria que acontecesse rápido e sem envolvimento de terceiros, como deveria ser. Contudo, nem sempre os caminhos que regem a vida são os mesmos que construímos nas nossas próprias cabeças.Tive a confirmação disso quando vi um grupo de marginais batendo num carinha e a namorada dele gritando, não é com você, não se meta, certo? 

Repita comigo, eu sou uma idiota, retardada com cérebro de ervilha deprimida e carente. Droga! Puxei a arma que estava na cintura, destravei e a mantive apontada para frente, quando um idiota de boné vermelho chutou a cara do carinha que estava caído no chão, eu atirei na perna dele. Também nessa hora pensei que a loirinha que estava no chão junto com o carinha ia morrer porque ela fez um escândalo quando ouviu o disparo, fresca.

- Ou vocês saem daqui correndo ou eu atiro onde vocês vão sentir mais falta em perder, entenderam seus otários?

 Os idiotas saíram quietinhos. Covardes.

- O que aconteceu? – Perguntei para a loirinha que estava , a essa altura do campeonato, chorando como se eu tivesse atirado nela.

- Eles roubaram a gente e ba-bateram nele- Ai socorro, ela estava fungando

- Certo – Eu analisei o rapaz que estava no chão, depois de ver melhor percebi que inconsciente no chão com sangue saindo do nariz e um calombo na cabeça estava Tomás Daris, calouro do exército (e recente dançarino de tango), eu devia uma ao Daris, se ele não tivesse dançado comigo naquela noite como eu escaparia dos grandalhões que estavam procurando por mim? – Ele precisa ir a um hospital, nós vamos levá-lo ao meu carro.

- Mas como? A gente n-não agüenta ele

Realmente nós não conseguiríamos carregá-lo até o carro sem machucá-lo ainda mais. Peguei uma corda na mala do carro, passei a corda sobre um cano que ficava no alto do beco, me certifiquei de que era resistente, fiz polias com as latas de lixo. Se você decompor a força na horizontal e na vertical fará menos esforço para erguer o mesmo peso, fica tudo mais fácil quando você sabe usar as leis da física , sabe como é. Amarrei Daris pela cintura, puxei a corda e a patetona loira foi conduzindo o até o carro como uma marionete.

-Entra – Foi o que eu disse para a loirinha quando ajeitamos o calouro no banco de trás.

Eu queria ir voando até  lá por dois motivos principalmente: O primeiro tinha um cara desmaiado no meu banco de trás, e o pior, ele parecia ser um bom rapaz, se ele tivesse um treco e morresse faria falta para muita gente, ao contrário de mim, em segundo, se eles vissem o que eu estava fazendo , eu seria castigada, não importa se não vai trazer nenhum empecilho, não, eles só querem saber do sistema, do cronograma deles, e eu? Eu sou apenas uma peça de um jogo que ninguém me convidou para brincar, como vocês perceberam ajudar aquele pequeno idiota no banco de trás está na frente do sistema, eles teriam que esperar. Se eu fosse você eu não abria a minha boca para nada, não é conselho não, é ameaça mesmo.

Por isso explorei o máximo que meu eclipse ano 2000 poderia dar, no auge de seu motor tunado, envenenado e muito eficiente, modéstia a parte, 150 km/h descendo a rua, algumas buzinas, muitos xingamentos e até alguns dedos que me ofereceram pelo caminho, 190km/h.

- Não é melhor ir mais devagar? – Santo Deus, a loirinha queria dar conselhos sobre como eu deveria dirigir

- Eu sei o que é melhor e você...fica aí chorando e fungando tá bem?! – Olhei pelo retrovisor a cara dela, isso melhorou um pouco minha angústia, acho que ela estava apavorada.

Parei na porta da urgência, ajudei os enfermeiros a tirarem Daris dali, ele foi levado para fazer exames.

- Será que ele está bem? – Ai loirinha não fala comigo na moral

Não respondi.

- Tomara que ele esteja bem – Ela mesmo respondeu – Quero dizer, ele levou uma pancada na cabeça

Nada a comentar.

- Ele vai ficar bem não vai?

E como eu iria saber? Alguém quer calar a boca dessa mulher, por favor. Sério, mais um pouco e eu mesma mandaria ela para um lugar muito feliz.

- Será que ele está bem? – De novo isso?

- No exato momento? Não! – Agora eu respondi – Ele está escorrendo sangue do nariz e com um calombo enorme na cabeça, sem falar que nem acordado ele está, eu acho que ele está mal, você por acaso acho que isso é estar bem?

Certo, eu devia ter ficado calada,a loirinha começou a chorar desesperadamente. Droga, eu estava nervosa, tudo que eu queria era ouvir que o calouro estava bem e poder fazer minhas obrigações.

- Desculpa –Tentei me aproximar, não consegui, eu não era boa com esse tipo de coisa– Ele vai ficar bem

O médico chegou pouco tempo depois dizendo aí algumas coisas, o importante era: ele ficaria bem afinal.Parece que a loirinha queria agradecer, não parei para ouvir entrei no meu carro e acelerei como se disso dependesse a minha vida, no fim das contas, dependia. Cheguei na rua Jardins, número 9, fiz todo o procedimento padrão, reconhecimento individual, é como eles chamam. Na verdade, ali era uma “pseudo-livraria” para livros de viagem, peguei o terceiro livro na última prateleira da segunda estante, fui ao caixa e disse que o pagamento seria em cartão de crédito, digitei 219853, tratei de esfregar o polegar discretamente na parte inferior da máquina de digitar a senha- para checar a digital -  a mulher me deu uma nota fiscal, eu devolvi, ela fez um leve aceno de cabeça. Deixei o livro com ela, como sempre, nem me lembro quantas vezes eu já “comprei” e não levei o guia para turistas na Turquia. Não sei quem ela era e nem porque se submetia a isso, a primeira opção era chantagem ou até uma simples ameaça (era do feitio). Subi a escada em espiral no fundo da loja, bati na porta e um homem alto com uma submetralhadora na mão atendeu, acenou com a cabeça para dentro. Entrei. Um velho de paletó e cigarro na boca estava sentado de frente para uma escrivaninha, havia uma cadeira vazia. Ele apontou a cadeira vazia com a mão que tirou o cigarro da boca, assoprou a fumaça empesteando o cômodo, que era minúsculo, sentei e tratei de olhar por cima do ombro e de modo algum para os olhos dele.

- Atrasada – Foi a única palavra que ele disse

-Desculpe senhor –  Foi a minha resposta. Eu não me atrevi a dizer que estava no hospital com quem quer que seja, afinal, como eu lhe disse não quero envolver terceiros, ainda mais terceiros inocentes. E por que eu não menti? Ora, não tenho essa opção, você mentiria para a verdade ? O que ? Se eles eram a verdade? Não, muito pior, eles fabricavam verdades.

Eu nem sei ainda qual vai ser minha punição, mas que haverá alguma, ah...isso com toda a certeza. Eles não perdoam, essa é a regra. Quem são eles?

Você não vai querer saber, e , se um dia você souber já será tarde demais para que você se importe com alguma coisa, sua vida não valerá mais nada.


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Notas finais do capítulo

E aí? Me digam o que estão achando, opiniões pessoais sobre a fic, sobre os personagens, sobre a capa (ninguém falou da capa que deu trabalho viu?!). Eu estou postando muito, como vocês perceberam, vou demorar mais um pouquinho da próxima vez....Quem sabe demore menos se você comentar, é você mesmo, que mania estranha a sua, lê VOCÊ e pensa que não é contigo que é com os outros, não, não, comenta aí que o seu dedo não vai cair ;)



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