X – x Dois Dias Depois x – X

 - Feliz aniversário! – disse Gerard, acordando-me com um sorriso.

 Ele estava ajoelhado ao lado da cama, para poder ficar mais ou menos na mesma altura em que eu me encontrava, deitada.

 - Oh, hoje é dia vinte! – falei, coçando meus olhos.

 - Uhum – ele sorriu. – Faz exatamente um ano que a gente casou!

 - Um ano que viramos pessoas de respeito – brinquei.

 - Pois é – ele riu.

 Gerard entregou-me uma caixa de veludo azul escuro, quadrada.

 - Não precisava comprar nada – falei. – Eu nem se quer tive tempo de comprar algo para você...

 - Deixe de ser boba, eu não quero nada, mas toda mulher merece ganhar alguma coisa no aniversário de casamento – ele acariciou minha bochecha.

 Abri a caixa, arfei ao ver o colar delicado, cravejado com pequenas pedras brilhantes, e uma um pouco maior em seu pingente.

 - É lindo! – falei, sorrindo. – Obrigada!

 Toquei seus lábios com os meus rapidamente.

 Logo pudemos ouvir um choro vindo do quarto ao lado.

 - Eu acho que eles escolhem a hora de chorar – Gerard riu.

 - Também estou começando a suspeitar disso – concordei.

 Levantei-me preguiçosamente e cambaleei até o quarto dos bebês, era Helie.

 - O que você quer, menina? – perguntei, pegando-a no colo.

 - Ela é manhosa – disse Gerard, se aproximando de nós. – Ela gosta do colo do papai... – ele pegou-a de meus braços.

 - Você ainda precisa me falar aquele seu segredo para acalmá-los, lembra? – falei.

 - Não, eu já disse que nunca vou contar – ele riu. – É segredo de pai, as mães não podem saber... Por isso, vá comer algo, se vestir, enquanto eu uso meus poderes paternos aqui.

 - Chato – murmurei, saindo do quarto.

 Gerard fechou a porta – era um segredo tão grande assim que eu não podia saber?

 Fui ao banheiro, lavei meu rosto, escovei meus dentes, penteei meus cabelos... Depois fui até o quarto e troquei de roupa, colocando um vestido de mangas curtas, justinho na cintura e solto na saia. Depois disso, fui até a cozinha e preparei algo para comer, fiz torradas e tomei uma xícara de café.

 Enquanto lavava a louça, Gerard apareceu.

 - Pronto, tudo tranquilo novamente – ele suspirou, pegando uma xícara e a enchendo com café.

 - Demorou... – comentei.

 - Não é um trabalho fácil – ele riu.

 - Poderia ser mais fácil se eu pudesse ajudar... – chantageei.

 - Não, eu gosto de trabalhar sozinho – ele sorriu largamente.

 - Chato – repeti, indo até a sala.

 Gerard tomou café da manhã e depois foi até a sala também, ficamos assistindo por alguns minutos.

 - Quer fazer algo hoje? – ele perguntou.

 Gerard estava com a cabeça deitada sobre minhas pernas, enquanto eu estava sentada no sofá, mexendo em seu cabelo.

 - Não, ficar em casa é bom – falei.

 - Tem razão – ele suspirou. – Estou cansado de mais para sair...

 - Você anda cansado de mais ultimamente – comentei. – Anda gastando energias de mais por aí?

 - Gasto muitas energias sem precisar sair de casa, Layla – ele riu, maliciosamente.

 - Então eu sou culpada pelo seu mal-estar... Como sou má – brinquei.

 - Muito má – ele completou.

 - O que anda sentindo? – perguntei, agora mais séria.

 - Apenas um pouco de dor de cabeça, nada de mais – ele deu de ombros.

 - Quer que eu leve você para uma consulta com Dr. Hill?

 - Nem pensar. Preciso apenas de um bom descanso... – ele suspirou novamente.

 - Okay – falei.

 Passamos o resto do dia em casa, assistindo, comendo porcarias – afinal, era nosso aniversário, merecíamos.

 O telefone tocou por volta de sete e meia da noite, Gerard o atendeu, era Mikey.

 - O que ele queria? – perguntei quando ele desligou.

 - Disse que ele e Leticia irão vir até aqui – ele sorriu.

 - Ah, estou com saudades deles – falei.

 - Só é triste por que eu queria aproveitar a noite sozinho com você – ele disse, abraçando-me e dando-me um beijo leve.

 - Eles não irão dormir aqui – ri. – Depois que eles forem embora a gente curte a noite.

 - Okay – ele disse, fazendo um beicinho fofo.

 Cerca de meia-hora depois, Mikey e Leticia chegaram. Mikey e Gerard ficaram conversando na sala enquanto eu e Leticia fomos até o quarto dos bebês.

 - Ah, Layla, eles estão crescendo tão rápido – ela disse, pegando Helie no colo.

 - Eu sei – concordei. – E você e Mikey? Não querem um para vocês?

 - Uma coisa de cada vez – ela riu. – Mas tenho uma novidade...

 Leticia mostrou-me sua mão esquerda, e só então pude ver o anel prateado e cravejado com alguns brilhantes delicados.

 - Oh Deus! Ele lhe pediu em casamento? – fiquei histérica.

 - Sim! – ela deu leves pulinhos. – Ele quer marcar a data para novembro!

 - Parabéns! – a abracei levemente, já que ela estava com Helie nos braços.

 - Obrigada! – ela sorriu largamente.

 Fomos até a sala, Mikey e Frank estavam rindo descontraidamente.

 - Que coisa feia, Mikey – falei. – Nem se quer nos disse que iria se casar...

 - Ah, eu esqueci – ele ficou sem-jeito.

 - Uhum... – falei, irônica.

 - Casar? – Gerard ficou surpreso.

 - Sim, ele pediu Leticia em casamento! – falei, pegando a mão de Leticia e mostrando-lhe o anel dela.

 - Ah, finalmente vai se amarrar! – Gerard riu de Mikey. – Meu irmãozinho está crescendo tão rápido!

 - Cale a boca, Gerard! – Mikey revirou os olhos.

 - Deixe de ser idiota, Mikey! Isso é tão lindinho! – Gerard fez uma voz bebê.

 - Gay – Mikey ironizou.

 - Bastardo – Gerard retrucou.

 - Idiota!

 - Pirralho!

 - Mulherzinha!

 - Menininha!

 - Chega disso! – interrompi.

 - Vocês são muito idiotas – Leticia riu.

 Ficamos ali por alguns minutos conversando. Gerard e Mikey trocaram mais alguns xingamentos, demos mais algumas risadas, até que percebi que Gerard não parecia muito bem, ele estava agoniado e inquieto, secando o suor da testa a todo o momento.

 - Acho que vou pegar um ar na sacada – disse Gerard, levantando-se.

 - Está tudo bem? – perguntei, percebendo sua agitação.

 Ele estava pálido novamente, e seu rosto parecia levemente suado.

 - Uhum – ele disse simplesmente.

 - Eu vou junto – disse Mikey, indo atrás dele.

 - Isso, não é bom deixá-lo sozinho – concordei.

 - Está tudo bem com Gerard? – Leticia perguntou a mim.

 - Eu não sei, ele diz que sim – respondi.

 Cerca de cinco minutos se passaram depois disso, até que ouvimos um barulho abafado vindo da sacada e logo depois a voz de Mikey.

 - Gerard! – ele gritou, assustado. – Layla, venha aqui!

 - Oh Deus! – arfei, levantando-me rapidamente e correndo até a sacada, Leticia veio atrás de mim igualmente desesperada.