Era quinta-feira à noite, Frank, Gerard e Mikey chegariam na noite seguinte, e eu não havia tido pesadelos, estava feliz.

 - Tem certeza que não quer ficar aqui? – perguntou Diana quando lhes informei que iria dormir em minha nova casa naquela noite.

 - Tenho – sorri. – Tenho que terminar de organizar tudo, Gerard não é muito organizado.

 - Hum – ela disse apenas.

 - Mas já está escuro, tem certeza que não quer ficar até amanhã de manhã? – pediu Leticia.

 - Tenho – repeti, já pegando minha pequena malinha de mão e indo até a porta.

 Dirigi até o meu novo prédio, já estava anoitecendo. Entrei no apartamento número 531, no quinto andar. Assim que entrei em casa meu celular tocou.

 - Oi – disse a Gerard.

 - Como você está? – ele perguntou com uma voz doce.

 - Bem e você?

 - Também – ele respondeu. – Saudades...

 - Também estou com saudades... – disse, melosa.

 Ele riu.

 - Então... nos vemos amanhã a noite? – perguntei.

 - Sim, amanhã à noite eu estou chegando aí – ele respondeu.

 - Okay, te amo – disse.

 - Também te amo – ele respondeu.

 Desliguei o celular e o deixei sobre a mesa de centro da sala, dei dois passos e logo ele começou a tocar novamente.

 - Oi – atendi, alegre, sem ver no visor, deduzindo que seria Gerard.

 - Nossa, adorei isso, há quanto tempo não fala assim comigo... – disse uma voz masculina do outro lado.

 - Brendon... – sussurrei.

 - Isso, viu? Está tão apaixonada por mim que até reconhece minha voz – ele riu.

 - Não, isso é por que você não pára de me infernizar! – gritei.

 - Calma, só quero lhe dizer uma coisa – ele disse.

 - Fala logo! – rosnei.

 - Olha pela janela...

 Fiquei com receio de fazê-lo, mas acabei indo até a janela da sala e afastando a cortina. Ele estava lá em baixo, encostado em um carro prata, olhando para mim.

 - Gostou da surpresa? – ele riu.

 - Sai daqui – disse. – Gerard vai chegar daqui a pouco – menti.

 - Mentira! – ele quase gritou, era louco. – Ele só vai chegar amanhã à noite!

 - Ah, me deixa em paz Brendon! Você não ganha nada me perseguindo assim! – gritei alto.

 - Está enganada! Eu ganho o prazer de vê-la com medo – ele riu novamente.

 - Eu não estou com medo de você! – menti, mas me surpreendi com a verdade que saiu em minha voz, mas não foi o bastante.

 - Mentira – ele adivinhou.

 - Saia daqui ou eu irei chamar a polícia! – ameacei.

 - Calma, calma, calma – ele disse, sorrindo para mim lá de baixo. – Eu já estou de saída, queria apenas lhe mostrar que não esqueci de você, docinho – ele desligou.

 Fiquei olhando pela janela até ele ir embora, queria ter certeza de que ele não voltaria ali então liguei para o porteiro e lhe comuniquei que sempre que visse Brendon ali, comigo ou Gerard em casa ou não, que avisasse-me, e que nunca permitisse a entrada dele aqui.

 Depois fui tomar um banho morno, deixei a água escorrer por meus cabelos, por meu corpo, por vários minutos, aquilo era relaxante e me ajudou a ficar mais tranquila.

 Fui dormir logo depois, não estava com fome.

- -

Layla’s Dream – On

 Eu estava naquela casa novamente, agora sozinha naquele quarto. A cama e os lençóis estavam limpos, e eu estava sentada na beirada dela.

 Sentia-me observada, até que ele saiu da sombra próxima à janela com um sorriso amigável e uma das mãos para trás do corpo.

 - Olá – ele disse, sorrindo.

 - O que quer aqui, Brendon? Já disse para deixar-me em paz! – gritei, levantando-me e encarando-o.

 - Eu já pedi-lhe desculpas – ele disse, tocando meu rosto.

 - E eu já disse que não lhe perdôo – rosnei.

 - Apenas, um último beijo Layla, um último toque – ele pediu, aproximando seu rosto do meu.

 Não respondi, seria o último não é?

 Brendon tocou seus lábios nos meus delicadamente, afagando meu rosto, dei um leve sorriso torto, seria o último beijo, depois eu o deixaria para sempre.

 Foi então que senti uma forte fisgada em minha barriga, abri meus olhos rapidamente, os de Brendon se abriram devagar, ele tinha agora em seu rosto um sorriso maquiavélico. Olhei para meu corpo, havia uma faca enfiada logo abaixo de meu peito e Brendon e segurava firme.

 - Maldito – disse, forçando minha voz a sair.

 - O último beijo... – ele sussurrou. – Agora você pode me deixar...

 - Desgraçado! – gritei. – Eu ainda irei te matar! Você vai pagar, Brendon!

 - Como? Você está morrendo, Layla! – ele riu.

 - Nem que eu volte em outros tempos, irei lhe encontrar, Maldito! – falei.

 Brendon tirou a faca de minha barriga, fazendo-me cair. Ele olhou-me, sorrindo, girando a faca em sua mão.

 - Adeus, Layla – ele sussurrou.

 Não consegui responder, tudo foi escurecendo. Tentei levantar-me, mas não consegui, caí de vez no chão, e tudo apagou.

Layla’s Dream - Off

- -

 - Layla – alguém sussurrava em meu ouvido.

 - Hum? – resmunguei, abrindo os olhos lentamente.

 Levei um susto ao ver quem era.

 - Gee? – espantei-me.

 - Oi – ele sorriu.

 - Mas você não ia voltar só hoje à noite? – perguntei, era sexta-feira de manhã.

 - Sim, mas as coisas por lá acabaram mais cedo, então resolvi fazer uma surpresa – ele disse, dando-me um beijo.

 - Estava com saudades – o abracei forte.

 - Também estava – ele disse, estranhando um pouco minha reação. – Está tudo bem? – ele perguntou, desconfiado. – Você parecia estar tendo um pesadelo...

 - Está tudo bem sim, acho que sonhei com algo mesmo, mas não lembro – disse apenas, mentindo um pouco.

 Pude perceber em seu olhar um “Tem certeza?”, mas ele não disse mais nada.

 - Que horas são? – perguntei.

 - Nove e quinze da manhã – ele disse, olhando o relógio de cabeceira.

 - Bem, vou fazer café – disse, espreguiçando-me.

 - Não precisa – ele sorriu. – Já fiz café.

 - Sério? – uni as sobrancelhas. – Mas, não precisava...

 - Layla! – ele riu. – Eu sei fazer café, ta legal?

 - Okay – ri também.

 Tomamos café juntos pela primeira vez naquela semana.

 - Nem parece que somos casados – disse, como quem não queria nada.

 Ele revirou os olhos.

 - Não sege dramática – ele disse.

 - Não estou sendo – disse. – É a mais pura verdade, a gente não teve nenhum momento juntos essa semana, e olha que oficialmente nós ainda estamos em Lua de Mel.

 - Bem, estamos tendo um mento juntos agora – ele riu.

 Bufei.

 - Você me entendeu, Gerard! – rosnei, levantando-me da mesa e indo até o quarto para trocar de roupa.

 - Eu fiz um café da manhã com tanto carinho e você nem vai terminar de tomar? – ele disse, vindo atrás de mim.

 - Não estou com fome – falei, vasculhando o guarda-roupa.

 - Ta legal, Layla – ele disse, erguendo as mãos como se estivesse se rendendo. – Vamos ter um momento juntos.

 - Agora não quero mais – disse, jogando uma calça jeans para fora do guarda-roupa. – Por que eu trouxe isso? Não me serve mais.

 - Não mude de assunto – ele riu.

 - Está rindo do que, Gerard? Eu estou com o rosto pintado e um nariz redondo e vermelho?

 - Não, mas está brava, e você fica tão engraçada assim – ele riu.

 - Gerard! – gritei. – Eu tive uma semana ruim, tive pesadelos constantes e horríveis, e você está ignorando o fato de que o nosso casamento está caindo na rotina com apenas uma semana de vida!

 Ele não disse nada, apenas ficamos nos encarando.

 Bufei e voltei a fuçar o guarda-roupa.

 - Credo! – disse. – Eu pensei que já havia livrado-me dessa saia há muito temp...

 De repente fui interrompida por Gerard, que puxou-me rapidamente para um beijo, não o impedi, afinal, eu queria aquele momento juntos, mas mesmo assim não consegui esquecer por completo os meus pesadelos.

 Gerard e eu passamos o resto da tarde juntos, e à noite fomos jantar em um restaurante de comida italiana.