Jeremy e Liza já haviam chegado – Frank esquecera de dizer que eles não eram um casal, e sim, irmãos, então cada um tinha uma família e filhos.

 Jeremy tinha um casal de filhos, a menina era Rita, tinha dois anos; o menino era Antony, tinha cinco anos, e devo admitir que ele era bagunceiro demais.

 Liza tinha apenas um filho, Victor, que tinha três anos, ele era mais calmo, não saía de perto da mãe, e por incrível que pareça, tinha feições parecidas com Frank.

 - Quem diria que o filho de sua prima seria mais parecido com você do que sua própria filha, não é, Frank? – Ray brincou.

 - Alice também é parecida com Frank – Liza tentou defender o primo. – Ela tem os olhos dele – ela riu.

 - A parte branca, não é? – Ray continuou.

 Claro que Alice era parecida com Frank, fazíamos isso apenas para irritá-lo.

 Finalmente Layla estava sentada ao meu lado, ela simplesmente havia esquecido de minha existência assim que chegamos aqui. Helena e Arthur dormiam, assim como Alice, que estava passando seu primeiro aniversário dormindo.

 Enquanto isso, Rita e Antony corriam pela área de festas, Jeremy tentava controlá-los, mas eles eram impossíveis. Cristina, esposa de Jeremy, não dava muita importância para a bagunça das crianças, estava conversando com Aline e Letícia.

 Até aquele instante não havia sinal de nenhum dos integrantes da Mindless Self, mas eu estava um tanto nervoso, estava com medo de algum dos idiotas que eu chamo de amigos acabasse dizendo algo sobre o suposto interesse de Lindsey em mim.

 Estavam todos distraídos, quando de repente Frank gritou, assustando todos:

 - Tire as mãos dos doces, Mikey! – sua voz saiu grossa e irritada.

 Olhamos para Mikey, que deixara um brigadeiro cair de sua mão por culpa do susto que levara, ninguém havia percebido que ele estava assaltando a mesa de doces antes de todos.

 - Eu só peguei um – ele tentou se justificar.

 - Se você não parar, eu vou fazer você devolver tudo o que você colocou para dentro – Frank disse, autoritário.

 - Está bem – Mikey desistiu, suspirando e devolvendo alguns brigadeiros à mesa.

 Nesse momento observamos a aproximação de silhuetas conhecidas – pelo menos para mim, Frank, Mikey e Ray. Jimmy, Steve, Kitty e Lindsey haviam chegado. Eles não estavam estranhos desta vez, mas também não estavam normais, estavam... diferentes, principalmente Jimmy, que usava novamente o cabelo espetado.

 - Finalmente! – Frank foi, sorridente, recepcioná-los.

 - Desculpe pelo atraso – Jimmy respondeu. – O trânsito estava impossível e ainda viemos todos no mesmo carro.

 Tentei não olhar para Lindsey, mas sabe, é justamente nesses momentos que parece que existe um imã que puxa sua visão... Fui obrigado a olhar, e ela estava encarando-me, desta vez tinha os cabelos soltos.

 Tentei esboçar um sorriso, mas deve ter parecido uma careta, pois ela fez o mesmo e depois desviou o olhar, falando com Frank.

 - Onde está a pequena? – ela referia-se a Alice.

 - Acabou dormindo – ele riu. – Sabe como são bebês... – ele olhou para Helie e Arth em seus carrinhos.

 - Oh, e esses são...? – Kitty olhou, fascinada, para meus filhos.

 - Arthur e Helena, filhos de Gerard e Layla – Frank respondeu.

 Todos olharam para nós, isso era constrangedor.

 - Então esta é Layla! – Jimmy aproximou-se, estendendo a mão para que Layla a pegasse, beijando as costas da mão pálida dela. – Sou Jimmy, aqueles são Steve, Kitty e Lindsey – ele gesticulava para cada um.

 Eu estava começando a me acostumar com essa loucura toda deles.

 - Prazer – Layla corou.

 Frank apresentou todos rapidamente, Victor, filho de Liza, ficara com medo de Jimmy, começou a chorar quando ele chegara próximo dele.

 - Isso é comum... – Jimmy riu enquanto Liza tentava acalmar Victor. – Esse cabelo assusta algumas crianças.

 - Quero ver quando tiver filhos, Jimmy – Steve zombou.

 E a conversa se seguiu falando sobre filhos, eu estava um tanto aéreo, não consegui prestar atenção em muita coisa.

 - Está tudo bem? – Layla perguntou-me, preocupada.

 - Sim – respondi.

 - Tem certeza? Talvez esteja tendo novamente uma queda de pressão por causa da anemia – ela ficou nervosa. – Está tomando os remédios direito, não é?

 - Estou – revirei os olhos. – E não é isso, apenas estou cansado – suspirei.

 Apoiei minha cabeça na sua e a abracei, ela afagou meus cabelos levemente. Pude sentir o olhar de Lindsey sobre mim, mas consegui evitar o contato visual.

 - Já podemos começar a comer, não é? – Mikey suspirou.

 - Não – Frank retrucou. – Ainda falta a minha mãe e uma outra convidada.

 - Outra convidada? Você não disse que havia convidado outra pessoa – Mikey uniu as sobrancelhas.

 - Vai ficar controlando quem eu convido para o aniversário de minha filha? – Frank arqueou uma sobrancelha.

 - Deixa pra lá – Mikey bufou.

 - Então, quantos meses eles têm, Gerard? – Lindsey perguntou-me, deixando-me surpreso.

 Tentei raciocinar, mas parecia que meu cérebro se desligou com a surpresa de Lindsey estar falando animadamente comigo, fiz o possível para responder, mas não consegui, pude ver Lindsey encarar-me arqueando uma sobrancelha, esperando uma resposta.

 - Três – Layla respondeu, quando percebeu que eu não seria capaz disso.

 - Ah, são lindos! – Lindsey sorriu para Layla.

 Suspirei pesadamente, podia sentir o suor escorrer por minha testa.

 - Tem certeza que está bem? – Layla encarou-me, uma mistura de dúvida, estranhamento e desconfiança estava presente em seu rosto.

 - Uhum – murmurei. – Vou ao banheiro – disse a ela, antes que ela pudesse falar mais alguma coisa.

 Levantei-me rapidamente e fui até os fundos da área de festa, onde havia banheiros. Pude ouvir as vozes animadas de todos enquanto molhava meu rosto com a água fria, estava realmente nervoso.

 Respirei fundo, tentei convencer-me de que estava tudo bem. E talvez estivesse mesmo, afinal, Lindsey não pareceu demonstrar nada do que demonstrara na última vez em que nos vimos.

 - Está tudo bem – disse a mim mesmo, destrancando a porta do banheiro e abrindo-a.

Não está tudo bem!, pensei ao dar de cara com Lindsey parada em frente à porta, encarando-me com um sorriso enorme.

 - Olá – ela disse, animada.

 Tentei parecer normal, mas não havia como, afinal, minha esposa estava há alguns metros dali, separados apenas por algumas paredes, e uma mulher que está afim de mim estava encarando-me com um sorriso um tanto malicioso demais para um encontro casual de amigos.

 - O...Oi – gaguejei.

 Eu estava ferrado.