Já se passaram meses desde que Sophie desaparecera. A partir do primeiro momento, eu pude parar para refletir sobre o que acontecera naquele dia. Tivera tempo pra isso. Muito tempo. Sabia que havia cometido um erro grave e eu não tinha como voltar atrás e me redimir. Alice voltara ao normal, estava calma e tranqüila, sempre feliz em ajudar quando podia. O casamento de Edward e Bella foi lindo e ela teve muito tempo pra se gabar. Eu, ao contrário dela, me transformei, mais uma vez, mas me transformei por dentro, transformei meu coração. Sentia que Alice não era mais quem eu queria ter para o resto da minha existência. Invejei Edward quando me contou que jamais tinha amado outra pessoa que não Bella. Era seu primeiro amor, e ele me contava como era bom ter essa virtude. Amar uma única pessoa eternamente.

Pensei em Sophie e lembrei de que eu era como Edward quando a conheci, mas não tinha a maturidade, nem a compreensão da vida como eu tenho hoje. Deixei me levar pelas oportunidades, fui um tolo e ainda assim quando tive minha segunda chance, a joguei fora! Não podia aceitar que esse seria o fim, não conseguia acreditar que depois de tanto tempo, ela havia desistido de mim. Isso era incoerente. Alguma coisa com certeza estava errada. Eu precisava encontrá-la. Alice conversou com Charlie e pediu para que ele cadastrasse Sophie no banco de dados dos desaparecidos. Mas achei isso uma piada de mau gosto, pois de duas uma, ou ela havia sido raptada ou ela havia desistido de mim. Não iria ser encontrada, pois não estava perdida. De repente meu peito apertou e eu senti vontade de chorar.

_Qual é o problema Jasper? – Alice entrou no quarto onde eu estava. – Deixe de ser um bebê chorão! Fizemos tudo que estava ao nosso alcance, ela simplesmente não te quer mais! Esqueça-a! – Ela se enrolou nos meus braços e encostou sua cabeça no meu peito. Quanto mais ela agia, mais eu tinha vontade de chorar.

_Eu nunca... vou... esquecê-la! Ponha isso na sua cabeça! – Arregalei os olhos e sorri ao ver o desespero dela. A que ponto chegara o ser humano. Era ridículo o modo como tentava me conquistar, podia ter sido ingênuo no começo mas não a ponto de esquecer o que ela havia feito. Alice abriu a porta do quarto e saiu com uma cara amedrontada. Estávamos esperando notícias de Willy, que tinha ido a Itália para ver se conseguia alguma informação dos Volturi. Eu achei um tanto arriscado, mas ele a amava demais e eu definitivamente teria feito isso se achasse que tinha chance.

_Posso entrar? – Edward falou dando uma leve batida na porta.

_Deve! – Eu disse fechando a porta atrás dele.

_Eu acredito que esteja se preocupando demais com o fato de Sophie ter te deixado. – Olhei nos olhos de Edward, ele estava sério. Fiquei em silêncio e esperei pelo desfecho. – Eu não acho que seja normal, alguém que espera tanto tempo por algo, desistir assim tão fácil. – Ele me encarava com um ar sombrio.

_Eu também não acredito nisso, por isso não vou desistir de encontrá-la! – tentava pensar em alguma coisa que pudesse fazer, que já não tivesse tentado mas foi inútil.

_Se fosse você não esperava por Willy...

_Como assim?

_Você não acha que ele apareceu aqui e sem querer descobriu onde Sophie estava! Como se um Vampiro pudesse encobrir uma morte por cinco anos! – Edward riu da ironia. – Não é como se ela tivesse se coberto com pêlo de lobisomem. Ele a acharia, no máximo em um ano! Se ela mudasse, de cidade em cidade, dia após dia! E ela não fez isso! Ficou pelas redondezas, te vigiando. Arrisco a dizer que ela foi muito bobinha ao acreditar que poderia enganar Willy tão fácil assim! – De repente eu vi a resposta para a minha pergunta. Willy estava planejando algo terrível contra Sophie.

_Tenho que fazer algo Edward! Tenho que fazer algo e não sei por onde começar! – Minha cabeça girava. A esperança tinha tomado conta de mim novamente.

_Comece por não fazer planos, nem tomar decisões! Você vai precisar agir discretamente! Eu e Bella te ajudaremos no que for preciso, mas não podemos sair da cidade por enquanto.

Edward tinha alguma mensagem implícita que queria me passar. Não compreendi logo de cara e decidi refletir mais tarde em suas palavras. O importante era que o momento para agir tinha chegado, e eu não esperava o momento que pudesse tê-la de novo em meus braços.