– E foi assim que eu vim parar aqui.

Quando terminei de contar como tinha parado na cadeia. O dia estava amanhecendo. A Ades estava chorando, a mulher elegante com os olhos cheios de lágrimas e a magra estava de boca aberta.

– Essa é uma historia e tanto

– Pois é

– Você fez tudo isso por causa de um jogo de futebol mesmo?

– Sim

– E a Rachel? - Ades perguntou

– Eu não a vi depois do jogo

– Fabray? - o guarda me chamou - Seu advogado está aqui fora te esperando

– Certo - olhei para as três mulheres na minha frente - foi um prazer conhecer vocês três.

– O prazer foi nosso Q. - a mulher elegante me falou

– Agora vai lá e pega a sua garota de volta

– Não sei se ela ainda me quer. Ela se apaixonou pelo Charlie e não pela Quinn

– Ela vai ser uma hipócrita se não te der uma chance. Afinal não é todo mundo que tem dois pais Gays.

– Tchau garotas - me despedi das três com um abraço e fui pra sala do delegado que estava com o meu advogado. Para a minha total surpresa era...

– Hiran?

– Oi Quinn - ele sorriu pra mim

– Mais como?

– Sou advogado do seu pai a anos. E conseqüentemente conheço o Charlie já que ele fez um estagio lá no escritório. Quando eu te vi, já soube de cara quem era você.

– Uau! - eu estava em choque - obrigado por me tirar daqui

– Isso foi fácil. O Charlie era o maior interessado em pegar a pessoa que estivesse se passando por ele. Mais como ele até se divertiu prestando depoimento ao seu favor. O delegado resolveu te liberar.

– Que bom

– Vamos? Seus pais estão lá fora. Junto com todos os Titans e alguns alunos.

– Er... A Rachel esta também?

– Não - ele me olha com ternura

– Ha...

– Mais ela me mandou vim te tirar daqui. Mesmo sem saber que eu era advogado do seu pai. Ou seja, que de qualquer forma eu já viria.

– Isso é bom?

– Isso é ótimo... A minha estrelinha só precisa de um tempo pra digerir o que aconteceu. Quando ela se entender com a própria cabeça ela vai te procurar, não se preocupe.

– Certo - fomos andando até a sala de espera onde estavam os meus pais, Charlie, Santana, Britt, Kurt e Puck.

– Filhinha - Minha mãe me abraçou - o minha florzinha passou a noite numa delegacia suja.

– Tá tudo bem mãe, as outras presas cuidaram bem de mim.

– Vamos pra casa filha, tirar essa roupa suja de grama e toma...

– Não mãe, eu vou pra escola

– Como é que é mocinha? - meus pais tem o raciocínio meio lento.

– Hoje é o baile do McKinley e eu não posso perder.

– Mais já descobriram que você não é o Charlie

– Eu sei... Mais eu tenho um assunto pendente lá. E tem que ser hoje. Por favor???

– Tudo bem, mais é só hoje - eles concordaram.

Quando saímos da delegacia eu vi que todos os Titans e a treinadora Beiste estavam lá fora.

– Sabe você poderia ter se transferido, em vez de se passar pelo seu irmão.

– Eu sei treinadora, mais a senhora teria me dado uma chance?

– Não - ela sorri

– Obrigado a todos vocês, pela oportunidade que me deram.

– Você mereceu - Mike falou

– Agora vamos Q. Nós temos que arrumar roupas decentes pra ir ao baile.

– Você quer que eu te ajude com a peruca?

– Não Kurt, eu vou vestida de Quinn mesmo.

Voltamos pra escola. Puck e Mike me deram cobertura pra entrar no dormitório masculino sem ser notado pelos outros estudantes que já estava se arrumando também. Quando entramos no quarto o Finn estava lá. Deitado na minha cama.

– Eu sabia que você iria voltar

– Porque eu não voltaria? - ele se levantou e caminhou até a porta, mais parou ao meu lado antes de sair.

– Hoje eu vou cumprir o que eu prometi, sobre tirar a virgindade da sua namoradinha.

– Ela não esta nem ai pra você imbecil - Puck respondeu por mim.

– Você acha? Então porque ela aceitou ir no baile comigo? - com isso ele saiu e nos deixou sozinhos

– Ele tá mentindo

– Não ele não está - eu afirmei.

– Fica calma Quinn. A Rachel não vai dar mole pra esse cara. E eu vou te ajudar a reconquistar ela.

– Eu tô tão cansada desses planos absurdos de conseguir entrar pro time e agora reconquistar a Rachel.

– Mais você não vai bancar a garota agora né? - olhei pra ele que me encarava com as sobrancelhas arqueadas.

– Não, eu não vou bancar com a garota agora.

Abri meu guarda roupa e peguei uma calça esquine preta bem justinha, uma blusinha branca com a gola "V" e um all star xadrez. O Puck foi se arrumar no quarto do Mike pra me dar privacidade, o que eu agradeci mentalmente. Tomei um banho bem demorado pra tirar todo o peso das costas do dia anterior. Nos meus olhos eu usei uma maquiagem bem leve, só pra me acostumar com ela de novo,"afinal faz dois meses que eu não uso maquiagem" meus cabelos ainda estavam na altura do ombro e bagunçados. Estava pronta. Então mandei um sms pro Puck.

Estou pronta - Q

Já chegamos - P

Dez minutos depois, Puck e Mike chegam pra me pegar no quarto.

– Minha nossa Q. Você está gostosa - os dois me examinaram de cima a baixo.

– Obrigado e podem parar de me olhar desse jeito.

– Que jeito? - Mike perguntou

– Garotos! - falei revirando os olhos - vamos logo. Tenho que distribuir uns socos no Finn.

Fomos andando mesmo, já que o baile seria no ginásio da escola. De longe eu avisto o Charlie com a Santana, Brittany e Kurt.

– Espero que não se importe, convidei alguns amigos

– Valeu Puck.

Todos nós entramos no lugar. A festa já tinha começado, e a musica era muito alta. Quem comandava o som era o Glee Club.

Por onde nós íamos passando as pessoas apontavam pra mim. Uns cochichava e outros sorriam pra mim. Mas meus olhos estavam mais empenhados em achar uma morena baixinha e linda, por quem eu estava completamente, perdidamente apaixonada. Mais quando eles a encontraram não gostaram muito do que viram. O Finnidiota estava dançando com ela. Ele me viu e se aproximou mais ainda dela.

– Quer que eu vá dar uns bons bufetes nele?

– Não Santana, mais eu preciso de você - peguei na mão dela e pedi licença a Britt. Puxei a Santana pro meio da pista de dança e ficamos ao lado deles dois. A Rachel estava linda. Com um vestido bege e com o cabelo feito um coque. Ela só me viu quando eu sem querer, querendo. Esbarrei no Finn. Ela me olhou de cima a baixo e lambeu os lábios. Isso me causou um arrepio terrível. Eu quase a beijei ali mesmo. Mais não o fiz. Finn puxou ela pela mão e foram para o bar."ele deve esta querendo embebedar ela".

Depois de um bom tempo o Puck passa por mim e sussurra no meu ouvido.

– Está na hora de pegar sua garota de volta

Então ele sobe no palco e começa a falar.

– Bom pessoal. Agora eu quero que você troquem seus parceiro para a próxima musica.

Ele piscou pra mim e eu corri com a Santana para perto do Finn e da Rachel. Santana pegou o Finn muito a contra gosto e foi com ele pro meio da pista. Ficamos só Rachel e eu.

– Me dá essa honra? - estendi a mão pra ela, que me olhou por um momento até colocar sua mão sobre a minha. A melodia de So Close do John McLaughlin começava a tocar na voz de Noah Puckerman.

Conduzi ela até o centro da pista de dança e me aproximei de seu corpo passando o braço e sua cintura. Ela me olhava com ternura e medo de se entregar.

Você está em meus braços

E o mundo todo está calmo

A música está tocando apenas para nós dois

Tão perto juntos

E quando estou com você

Tão perto de me sentir vivo

Começamos a dançar em um ritmo lento, mais bem elaborado. Mesmo sem ensaiar.

A vida passa

Sonhos românticos irão parar

Então eu digo meu adeus e nunca saberei

Tão perto eu estava esperando, esperando aqui com você

E agora para sempre eu sei

Tudo o que eu queria era te abraçar

Tão perto

Girei seu corpo em torno de si própria. E peguei sua mão.

Tão perto de alcançar aquele famoso final feliz

Quase acreditando que isso não é mentira

Agora você está ao meu lado e veja como chegamos longe

Tão longe estamos... Tão perto

Essa ultima estrofe eu cantei ao pé do seu ouvido. E senti ela apertando seu corpo contra o meu.

Começamos a dançar mais rapidamente. Então a ergui e girei no ar.

Como eu poderia enfrentar os dias

Se eu devo te perder agora?

Nós estamos tão perto

De alcançar aquele famoso final feliz

A coloquei no chão e nos olhamos até nos aproximarmos para um beijo. Porem.

Quase acreditando que isso não é mentira

Vamos sonhar para saber onde estamos

Tão perto

Tão perto...

E ainda assim tão longe.

– Estou atrapalhando? - Finn toca o seu ombro e isso a impede de prosseguir com o beijo.

– Não - ela fala ainda olhando pra mim. Isso me dá uma dor tão grande no coração que eu senti o chão se abrir em baixo dos meus pés. Ele estendeu a mão pra ela que aceitou na mesma hora.

Era isso... Esse era o nosso fim

Olhei pra Santana com os olhos cheios de lágrimas e ela estendeu sua mão pra mim, como se estivesse me dando força. Rachel ainda me olhava junto com Finn. Eu baixei a cabeça e uma lagrima escapou dos meus olhos. Sorri sem animo algum, peguei na mão de Santana e ela me puxou pra longe dali. A melodia terminava e Puck me acompanhava com os olhos de cima do palco.

– Você está bem Q. - Britt me perguntou assim que chegamos onde ela estava com Kurt e Charlie.

– Eu preciso de ar - olhei pra todos e sai do ginásio com a cabeça baixa. Triste e arrasada.

Voltei pro meu dormitório e desabei em choro. Nunca me senti tão triste como estou agora. Abri meu guarda roupas e tirei as mochilas que dois meses atrás estavam sendo desfeitas. E comecei a arrumar minhas coisas dentro. Não quero mais ficar um segundo nesse lugar. Nada mais me impede de ficar aqui. Já provei que sou tão boa jogadora de futebol quanto qualquer cara. Sou tirada da minha raiva e magoa por duas batidas na porta. Provavelmente é o Puck, ele sempre esquece as Chávez daqui, e deve esta me procurando pra me impedir que vá embora. Caminho em direção a porta e pra minha total surpresa não era o Puck.

– Você?