As Caçadoras escrita por onlyafox


Capítulo 8
Capítulo 8




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Amy e eu partimos ao nascer do sol. Mesmo morando perto de New York, o avião que pegaríamos para Phoenix iria sair ao meio-dia, precisávamos chegar no aeroporto cedo. Iriamos de carona com a van do acampamento até o começo da cidade, depois era por nossa conta.

Aquela era a primeira vez que eu saía para o mundo desde que cheguei ao Acampamento Meio-Sangue. Ouvi relatos de que muitos monstros nos atacam, mas achei melhor manter as idéias positivas.

– Kate, está com o seu arco? - Amy me perguntou, quando chegamos em frente à van.

– Sim, estou, e com as facas também.

– Ótimo - ela suspirou de alívio. Ela era filha de Deméter, não gostava muito de lutar.

Entramos na van e começamos a discutir o que deveríamos fazer. Não era uma missão, não para o acampamento pelo menos; era uma missão pra mim. Era a minha mãe, eu precisava saber se ela estava bem. Olhei para a janela, me perguntando o que iria encontrar quando chegasse na minha casa.

– Kate... ela está bem. Aliás, imagina a alegria dela de ver você de novo! - Amy tentanva me reconfortar, mas não conseguia.

Olhei novamente para a janela, observei a paisagem que passava rápido e percebi que estava com sono. Eu estava tão preocupada ontem à noite que nem dormi direito, e ainda acordei muito cedo. Encostei a cabeça no ombro de Amy e adormeci.

Acordei com Amy me sacudindo. Olhei em volta, estávamos em um estacionamento de um Taco Bell, percebi que estava com fome. Amy deve ter percebido que olhei para minha barriga, porque imediatamente ela me estendeu uma barra de cereal. Não obrigada, não sou muito saudável.

– Kate, a partir de agora é por nossa conta. Precisamos sair da van e pegar um táxi.

Olhei pra ela, ainda estava confusa. Porra, eu tinha acabado de acordar, estava com fome e preocupada com minha mãe, eu estava meio mal, não acha? Amy ainda me encarava, esperando eu descer da van, e desci. Esperei ela sair e nos despidimos de Argos.

– Kate, você sabe pedir um táxi? - Amy me perguntou anciosa.

– Não enquanto estiver com fome.

– EU TENHO CEREAL!!!

– Eu não quero cereal! Eu quero TACOS!!!

– Tá bom. Então fazemos o seguinte: compramos tacos e comemos no táxi. Ok?

Assenti sorrindo de satisfação, eu amo tacos, pelo menos alguma coisa naquele dia foi bom. Amy virou e começou a andar em direção ao restaurante, decidi fazer o mesmo.

O lugar estava vazio e só tinha um atendente no caixa, achei muito esquisito, mesmo em bairros pequenos, sempre tinha algumas pessoas no Taco Bell a qualquer hora. Amy não gostava de falar com adultos, então andei até o caixa para fazer o pedido.

– Com licença, eu quero fazer o meu pedido - comecei.

O homem levantou a cabeça. Tinha olhos verdes estranhos e o cabelo era mais laranja que uma cenoura. Ele era alto, muito alto e grande e estava cheio de espinhas na cara (eca!).

– Ora, uma filha de Apolo e uma de Deméter. Ótimo. Melhor que os mortais que trabalhavam aqui.

Gritei de espanto. Ele falava na voz da minha mãe. Como isso era possível? É claro! Monstro. Ele estava perto, então eu devia usar as facas. Saquei-as em um rápido movimento, mas ele percebeu isso e desviou dos meus golpes facimente. Irritada, parei de atacar por um segundo, foi a vez dele.

Foi naquele momento, em que ele me deu um tapa muito forte, que me fez voar longe; que eu percebi que tipo de monstro era. Ele imitava vozes, era grande, forte e os dois olhos às vezes despareciam e um olho verde grande tomava o meio de sua testa. Era um ciclope, Annabeth me ensinou um pouco sobre eles. Não ia ser difícil matá-lo, se ele não falasse na voz da minha mãe.

Como disse, ele me deu um tapa e eu voei longe, fui parar perto de uma mesa no meio do resteurante. Aquilo doeu, mas não tive ferimentos. Olhei para Amy, ela estava paralisada perto da porta. O ciclope começa a andar em direção a ela, mas minha amiga não se mexia. Levantei, tirei da mochila meu arco, e em um segundo mirei e atirei na cabeça do monstro. Ele começou a virar pó, e Amy continuava a assistir tudo aquilo paralisada.

Andei até minha amiga e abracei-a. Olhei para o rosto dela, havia uma expressão de horror, mas depois de um tempo olhando pra mim, passou. Mas ela estava séria, não estava sorridente como a Amy que eu conheço. Logo aquele susto iria passar.

– Amy, está tudo bem. Já passou. Ele morreu - eu disse calmamente.

Ela olhou para a poeira no chão e depois voltou a olhar pra mim. O seu olhar dizia que iria me explicar depois. Tudo bem, ela pode dizer quando ela quisesse.

Fizemos alguns tacos (Amy não colocou carne, pois é vegetariana), colocamos numa caixa e saímos para a rua. Eram 11 horas, não ia dar tempo. O vôo saía em uma hora e não tínhamos passagens. Voltei a olhar para a rua, estava pouco movimentada, mas de repende um táxi amarelo parou em frente à nós. E uma voz ressou lá dentro:

– Se quiserem ir para Phoenix, entrem no carro.

Não pensamos duas vezes e entramos. Parecia um táxi normal, exceto pelo forte cheiro de colônia. O motorista misterioso olhava fixamente para a rua, e usava uma boina preta. Era difícil saber quem era.

– Quem é você? - perguntei com a voz confiante.

– Kate! Não reconhece seu tio quando o vê?

Tio? Querido, meu pai tem uns trezentos irmãos deuses, como vou lembrar de um deles se nunca os vi?

– Hahahah! É verdade, Kate! Nunca nos vimos, deixe eu parar no farol, ok?

Ótimo, mais um deus que lê pensamentos. Olhei para a janela, não era possível! Estávamos ao lado do Madison Square Garden. Devíamos demorar 40 minutos para chegarmos aqui, mas estávamos no táxi a apenas cinco.

– Ah, paramos! Então, deixe-me tirar o chapéu, eu quero que você adivinhe.

O homem virou para nós. Ele tinha cabelos castanhos e caheados, olhos também castanhos com um olhar arteiro. Eu sabia quem ele era.

– Você é Hermes, pai do Walter.

Seu olhar entristeceu um pouco, não sorria mais.

– E eu já estava me acostumando com o "pai de Luke". Agora a nova moda é o meu outro filho.

– O que você quer? - perguntei mal-humorada.

– Querida, eu sinto muito pelo o que ele fez. Você não merecia, cá entre nós você é a melhor filha de Apolo que já conheci.

Olhei para ele. Ele estava me bajulando? Talvez sim, ou talvez o que ele disse era verdade. No entanto, ele queria alguma coisa.

– Você ainda não me respondeu.

– Ah, o que eu quero? Que você converse com Walter. Deixe as coisas bem entre vocês. Ele têm me pedido muito para que você conversasse com ele.

– E se eu não for conversar com ele?

– Bem, não tem problema. Eu estou te ajudando pra compensar o que ele fez, mas gostaria que você fizesse esse favor pra mim.

– Vou pensar.

– Está bem. E aqui estão duas passagens para Phoenix. E são 11:30, é melhor correrem.

Ele me entregou um bolsa vermelha. Abri e lá estavam as passagens, mais dólares e dracmas. Olhei pela janela de Amy, estávamos em frente ao aeroporto. Sorri para Hermes.

– Obrigada, nos ajudou muito. Vou tentar conversar com ele. Até mais.

E saí do carro sem esperar pela resposta do meu tio. Amy, embora ainda chocada, me seguio pelos corredores do aeroporto.

"Vôo 3145. Destino: Phoenix. Embarque no portão 6"

Era o nosso avião. Corremos até o portão, entregamos as passagens e ninguém perguntou se tinhámos algum adulto nos acompanhando. Nossos lugares eram na primeira classe. Amy sentou na janela e eu sentei no corredor.

– Agora acho que eu posso falar - Amy começou.

– O quê?

– Bem... é que...

E então a luz para por os cintos ascendeu. Iámos decolar em poucos minutos, Amy parou de falar.

Quando estávamos no ar, e os avisos de colocar os cintos apagaram, Amy continuou sua história.

– Kate, meu primo morava naquele bairro. Há algumas semanas antes de irmos para o acampamento, ele me contou que arrumou um emprego no Taco Bell daquele bairro. Aquele ciclpe disse que éramos melhores que os mortais. Como assim melhores? Onde eles estavam? Kate, ciclpes comem mortais e semideuses. São carnívoros.

– Amy. não fica assim. E se o seu primo se demitiu do emprego antes daquele monstro aparecer? Acho que o ciclope teria falado se tinha feito algo com seu primo, só para nos deixar abaladas.

– Talvez, Kate. Mas mesmo assim, não sei direito como reagir a tudo isso. Tenho muito medo que meu primo esteja morto, muito.

Encarei ela por alguns instantes, e depois abracei-a. Isso pareceu reconfortá-la. E então ela começou a chorar, chorar aos soluços. Uma aeromoça parou ao meu lado, perguntando se estava tudo bem, pedi a ela uns biscoitos orgânicos e uma manta. Sabia que ia alcamar Amy.

Depois que os biscoitos e a manta chegaram, Amy parou de soluçar. Chorou em silêncio o resto da viagem. Eu torcia para as coisas não piorarem, mas eu sou uma semideusa, sorte é mais difícil que um mortal ganhar na loteria.


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