...Assim que subiram todos os degraus pararam em frente a porta marfim, se entreolharam e giraram a maçaneta com aparência de antiga repleta de detalhes dourados. O cômodo possuía apenas uma cama coberta por lençóis de seda brancos e uma penteadeira da mesma cor abarrotada de pequenos frascos de vidro contendo substâncias, que pareciam ser de origem gasosa, de cor anil. Mas nenhum sinal de vida por lá, não havia ninguém, nem demônios, nem nada. Inquietos começaram a revirar os lençóis e mexer na penteadeira quando uma voz feminina inesperadamente disse:

–Não ensinaram a vocês que é feio mexer nas coisas dos outros sem a permissão dos mesmos?-disse a ruiva estonteantemente bonita pendurada no lustre do teto.

–Uau- foi a única coisa que Dean conseguiu dizer ao encarar aquela criatura maravilhosa.

–Sou Rebecca, irmã de Ruby, infelizmente...Vocês são Sam e Dean não são?- disse firmando seus pés no chão, apontando para os irmãos respectivamente.

–O que você é?E o que quer?- perguntou Sam sério.

–Sou uma demônia e quero a glória- respondeu se aproximando de forma sedutora dos dois.

–É serva dele?- indagou Samuel.

–Digamos que nós não temos opiniões muito divergentes, mas sentem-se para ficarmos mais a vontade -disse apontando para a cama -Ou deitem-se se preferirem- falou sorrindo para Dean. Depois de escutar que a ruiva era uma demônia, o irmão saiu do transe causado pela beleza dela e finalmente respondeu:

–Preferimos ficar de pé, mas se você quiser se pendurar no lustre novamente igual uma macaca, fique a vontade- debochou.

–Engraçado...- disse com um sorriso fraco- Mas vamos direto ao assunto, eu os chamei aqui para abrir os seus olhos, não vão conseguir derrotar meu mestre, um hamster é mais ameaçador que vocês. Nós os vemos como bolinhas de papel que com o fogo queimam e viram cinzas...

–Se fôssemos tão inofensivos assim não estaria tão empenhada em nos fazer desistir, se tivessem tanto poder assim já teriam nos matado!Não estamos sozinhos, temos uma força superior ao nosso lado- retrucou Sam.

–Olhem queridos- disse empunhando um de seus frascos e analisando-o continuamente- Sabem o que é isso?- se referiu a substância contida no frasco.

–Colágeno? Ter alguns milhares de anos...deve ter muitas rugas- debochou Dean.

–Passou longe, essa é um item da minha coleção, são almas de pessoas especiais que Lúcifer me presenteia, tem até de um comediante, sabiam?Que eu matei, ganhei como troféu- falou em tom ameaçador- E, sobre não termos lhes matado ainda...Por diversão, meu amo quer se divertir com vocês, usá-los como fantoches para criar histórias porque vocês não servem nem pra treino de demônios novatos...- antes que pudesse continuar tripudiando, Dean empunhou a faca e a comprimiu contra o pescoço de Rebecca.

–E agora?Quem é inofencível sua maldita?- Dean estava furioso, cada vez mais apertava a faca no pescoço dela, mas ainda não a tinha enfiado.

–Vai me matar?Isso não vai diminuir o mal que Rose vai causar- disse tossindo pela pressão que a faca fazia contra suas cordas vocais.

–O que você está dizendo?Espera Dean, para, quero ouvir o que tem a dizer.- falou Sam confuso pela afirmação que a ruiva tinha feito. Diminuindo a pressão que fazia com a faca, Dean se acalmou.

–Agora diz vadia, o que você quer dizer com "o mal que a Rose pode causar"?- falou Dean.

–Vocês ainda não perceberam?Abrigam o inimigo em casa, a protegem, mas ela é a grande fonte do mal. Ela possui o pode de seduzir até o mais ortodoxo, de confundi-lo. Se não fosse, Lúcifer não a ia querer. É ruim admitir, mas isso me causa até certo ciúme, durante todos esses anos escutar o amor da sua vida infernal chamar a outra de Preciosa...- desabafou.

–Está dizendo que ele está apaixonado pela Rose?- perguntou Dean.

–Não, exatamente, mas uma certa admiração... Acharam que ela era capaz de derrotá-lo? Foi isso que te disseram?- gargalhou a megera- Foi, não foi? Ele sempre engana os ingênuos, com promessas e mais promessas, pobre de quem ainda acredita nele. Seu ego enorme não o deixa ver nada além dele, também usa os outros como fantoches e transfere a outros seus devers e vantagens- ela parecia bem humana ao dizer aquilo, em nenhum momento seus olhos mudaram de cor e ela nem se alterou, mal olhava nos olhos dos irmãos. O que ouviram causou uma certa reflexão neles, colocou em dúvida aquilo que acreditavam, mas não demonstraram.

–Não adianta, não vamos acreditar em você, temos certeza do que queremos e como vamos conseguir isso, vamos destruí-los, todos vocês, mais cedo ou mais tarde- falou Sam.

–Pois bem, estaremos a espera do seu exécitozinho, mas até lá fique de olho em quem habita debaixo do mesmo teto que vocês. A pequena inocente já não é mais tão inocente- sua voz ecoou sobre o cômodo e sua imagem desapareceu, não estava mais ali.

–Você está bem?- perguntou Dean ao perceber o estado do irmão que fitava o chão pensativo- Devia ter me deixado furar a garganta dela quando eu tinha chances.

–Não iria adiantar, ela é só uma deles...- disse desanimado

–Vamos descer e terminar com aqueles três- falou Dean abrindo a porta. Para sua surpresa Castiel estava a sua espera com um sorriso. - Cas!- gritou ao se deparar com o rosto amigo

–Cas, você voltou- disse Sam se animando.

–Sim, Deus me deu outra chance- disse que eu seria mais útil na terra do que numa masmorra- respondeu- Ah e quanto aos três...já cuidei deles- o anjo devolveu a eles as armas que os demônios haviam capturado.

–Valeu cara- agradeceu Dean.

–E então, qual é o plano? Mikael está ajudando muito?- perguntou o anjo.

–Ele ficou na casa treinando a Rose- respondeu Sam seco, tudo aquilo que Rebecca disse mexeu com ele, será mesmo que sua filha se tornaria uma arma contra o bem? Se ela se tornasse ele teria coragem de matá-la ou se aliaria a Lúcifer para ficar ao lado dela? As dúvidas martelavam na cabeça dele causando um desconforto mental enorme.

–Vamos para lá então, quanto mais gente para fazer a segurança de Rose melhor.- afirmou Castiel.

–Ih, pegou sol né?Tá queimadinho- brincou Dean com Castiel.

–Claro, no céu ficamos mais próximos de sol- o anjo continuou a brincadeira, os dois conversavam animados, Cas estava diferente, tão vivo e alegre, nem parecia aquele anjo que falava sobre festas e pegação com tanta repulsa. Sam por sua vez, seguia no banco de trás do carro, olhava o breu através do vidro sujo do carro antigo levado pelos demônios, estava escuro, deviam ser por volta de uma 2:00 da manhã, a partir daquela conversa iria observar mais atentamente o comportamento de Rose.