O Teatro escrita por GabrielleBriant


Capítulo 7
O Roubo da Espada




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VII

O ROUBO DA ESPADA

Tentar ignorar o que ocorria à sua volta era questão de sobrevivência para Severo Snape. Se ele não o fizesse, acabaria enlouquecendo.

Naquele momento, por exemplo, Aleto Carrow estava em sua sala, falando das aventuras que tivera ao assassinar a família de um diplomata italiano que viera à Inglaterra oferecer apoio aos que lutavam contra o Lorde das Trevas. Como se o próprio Severo não tivesse experimentado um pouco daquela mesma aventura... Severo fora responsável pela morte de três dos assessores do diplomata, e a última coisa que ele precisara era ser lembrado das suas atividades da noite anterior.

- ...o pobre coitado não agüentou por muito tempo. Eu mal havia começado a usar as minhas maldições prediletas, e ele perdeu a consciência. Foi bem irritante, sabe? Ensinar é muito mais complicado do que eu imaginava, então eu estava estressada ontem; queria descontar em alguém e achava que aquela era a oportunidade perfeita... De qualquer modo, eu pensei em esperar ele se recuperar, mas o Lorde das Trevas me mandou parar de brincar com ele e terminar logo o serviço. Você não odeia quando isso acontece? – Aleto esperou alguns segundos, mas o diretor nada disse. – Severo? Severo? – Finalmente voltando a si, o olhar antes vago de Snape cravou-se na mulher. – Você estava me ouvindo?

Ele pigarreou e moveu-se desconfortavelmente em sua cadeira.

- Desculpe-me, Aleto. Estou tendo um dia ligeiramente conturbado. Mas estava ouvindo, sim.

A mulher deu de ombros, recostando-se à cadeira.

- Atrapalho, então? – Os lábios de Severo curvaram-se num sorriso sem graça e a mulher bufou levemente decepcionada. – Pena. A melhor parte da história viria agora. Depois que eu matei Giardino, a esposa dele chegou. Belíssima mulher. O Lorde me deixou brincar com ela durante toda a noite...

Severo teve de se obrigar a sustentar o seu olhar e manter o seu rosto inexpressivo; tentou não imaginar o que a mulher teria passado nas mãos de Aleto. Certamente fora longo, humilhante e doloroso... Aleto era a Comensal predileta do Lorde das Trevas para torturar mulheres; e, até onde Severo sabia, aqueles eram os poucos momentos em que era permitido a ela liberar todas as suas perversões – logo, ela sempre fazia um “bom trabalho”.

- Certamente é uma história a ser ouvida em momento oportuno.

Aleto rolou os olhos.

- Você está um chato hoje. E também não acho que possa conversar muito com Amico, já que o único assunto que ele tem ultimamente é como ele faria um trabalho melhor que você – ela bufou exasperadamente e balançou a cabeça. – É irritante. Onde está Linda Marie?

Severo sentiu o seu corpo ficar tenso – não que ele temesse que Aleto pudesse fazer algo contra a sua mulher; mas realmente não gostava que as duas ficassem juntas... não gostava de imaginar o que se passava pela cabeça de Aleto ao estar perto de uma mulher como Linda.

- Não a vejo desde o café-da-manhã.

A mulher suspirou, levantando-se.

- Bem, vou procurá-la. Tenho a tarde livre e estou com vontade de fazer compras... talvez eu lhe faça um favor e passe com ela numa loja nova de lingerie que abriu semana passada... Fica na Travessa do Tranco, então eu imagino, deve ter umas coisas bem interessantes à venda!

Severo deu um meio-sorriso.

- Eu não quero que a minha mulher seja vista comprando lingerie na Travessa do Tranco, Aleto.

- Bem, ela decidirá isso – Ela deu de ombros, divertida. – Boa tarde, Severo.

Ele não respondeu; apenas deixou a mulher ir-se embora e suspirou. Tentou não pensar no que ela passara a última meia-hora descrevendo. Ainda era difícil para Severo assimilar que aquela era a sua atual realidade; e que ele não tinha muito o que fazer para mudá-la.

Ligeiramente impaciente, ele moveu o porta-retrato de prata que ficava sobre o seu gabinete, no lado esquerdo. Ele dedilhou os sulcos que compunham o detalhe da moldura antes de dizer, com uma voz muito baixa:

- Onde eles estão, Black?

Em menos de um segundo, apareceu na moldura o rosto de Phineas Nigellus Black. O antigo diretor parecia cansado.

Eu já disse que pouco consigo ver, além das quinquilharias da Srta. Granger! Você tem que aprender a ser Paciente, Snape!”

Severo respirou fundo, procurando calma, e olhou para a espada de Godric Gryffindor, que estava exposta numa prateleira perto da porta de entrada da sala. Desde que virou diretor e passou a ter acesso total e irrestrito ao artefato, uma das suas missões naquela maldita guerra passou a ser entregá-la a Potter. Os motivos, como sempre, Dumbledore preferiu manter obscuros. De certa forma, no entanto, Severo agradecia por aquilo: ele estava passando tempo demais ao lado do Lorde das Trevas e, de fato, quanto menos ele soubesse dos planos de Dumbledore, maior seria a probabilidade de eles darem certo.

Saber onde Potter estava não era, de início, uma grande preocupação, desde que o garoto teve a brilhante idéia de levar consigo o retrato de Phineas Black, ironicamente no escopo de espiar Hogwarts. Logo Phineas recebeu a missão de identificar o local onde o trio se escondia. Fácil.

A medida que parecia simples, no entanto, estava se mostrando mais que difícil. Phineas estava com Potter há um mês e meio, e ainda não sabia dizer onde o garoto se escondia.

- Eu apenas quero fazer o meu trabalho, Black!

A imagem de Phineas abriu a boca para replicar, mas foi impedido pela voz suave que veio de trás de Severo:

Phineas está certo, Severo... dê tempo ao tempo. Eventualmente, as coisas tomarão o seu rumo e saberemos onde Harry e os seus amigos estão.”

Severo bufou exasperado e afastou a sua cadeira, de modo que pudesse olhar o quadro de Dumbledore. Tentou manter a sua voz calma quando respondeu:

- Alvo, os exércitos do Lorde das Trevas são cada vez mais numerosos e poderosos. Ele está conseguido convencer famílias inteiras de que os seus propósitos estão corretos! As mortes também estão cada vez mais numerosas e violentas! Eu não sei por quanto tempo eu poderei fazer isso!

Você fará pelo tempo que for necessário. Lembre-se que, agora que estou morto, tudo depende de você. Se você desistir, a morte de Lílian terá sido em vão.”

Severo fechou os olhos por um segundo. Mesmo depois de morto, o velho tentava usar como trunfo a lembrança da morte de Lílian.

- Eu sempre fiz o impossível para que isso não acontecesse – Ele disse pausadamente. – Mas, sinceramente, começo a duvidar que possa pagar completamente a minha dívida. – Ergueu o rosto novamente. Era clara a sua expressão de dor. – Minha esposa disse, há alguns dias, que eu estou me importando muito com o que o Lorde pensa. E eu acho que ela está certa.

O retrato de Dumbledore franziu o cenho, preocupado.

O que você quer dizer com isso, Severo?”

- Eu comecei a sentir novamente o poder que o Lorde pode me dar... e eu gosto disso, Alvo. Lembre-se que isso foi o que me seduziu nas Artes das Trevas.

Lembre-se também do preço desse poder, Severo. A vida de inocentes...”

- Eu sei! E eu estou lutando! Mas eu não sei por quanto tempo--- E é por isso que eu quero saber logo onde esse pirralho está! Se entregar essa espada vai ajudá-lo a chegar logo ao final de tudo isso, eu quero entregá-lo o mais rápido possível!

O retrato de Dumbledore sorriu amargurado.

Essas são as suas esperanças, Severo? Eu nunca menti para você, e não mentirei: essa espada não trará a paz; ao contrario, apenas trará a guerra aos seus meses de ápice. Mais mortes, mais dor... mas, sim, mais perto do final. E você sabe que precisa está ao lado de Harry no final...”

- Sim! Eu tenho que revelar que ele tem que morrer!

Esse é o seu dever.” Alvo parou por um momento. Quando Severo abriu a boca para replicar, mudou de assunto: “Como está Linda Marie?”

Severo desviou o seu olhar.

- Não que seja da sua conta, mas ela não acredita mais em mim.

Não seria porque você não conta mais nada a ela? Severo, ao longo dos anos, ela se mostrou digna de confiança. Você precisa de alguém com quem possa conversar abertamente... E eu sei que eu nunca fui essa pessoa. Ela é a sua companheira.”

- O Lorde das Trevas não confia nela – Severo confessou com a voz baixa. – Ele sabe que Linda participava de ridículos movimentos estudantis pelo direito dos trouxas quando estudava na França e, por isso, tem certeza que ela não partilha da visão dos Malfoy. Ele constantemente exprime o desejo de conversar com Linda, embora eu tenha conseguido convencê-lo do contrário até hoje. Eu temo que qualquer dia ele obrigue-a a ser marcada. Antes disso, você sabe, o Lorde vai tentar entrar na mente dela... e se ela souber de qualquer coisa, estará tudo acabado.

Eu pensei que você sempre pedisse à sua esposa para engarrafar os fragmentos de memória que deveriam estar indisponíveis para Voldemort.”

- Sim, mas eu prefiro prevenir. Nada que disser vai me convencer a jogar minha mulher nas suas estratégias suicidas, Alvo. Enquanto ela estiver comigo, eu a protegerei da melhor forma.

Voldemort jamais a matari---”

- Eu tenho as minhas dúvidas. – Severo se levantou, irritado. – Essa discussão está encerrada.

Com passos largos, ele deixou a sala da direção. Tentou não pensar no conselho de Dumbledore; embora soubesse que contar tudo a Linda no mínimo traria a sua esposa de volta à sua cama. De qualquer forma, as estratégias de Dumbledore pareciam trazer apenas a morte: ele já morrera, Potter era um alvo em potencial e até mesmo Severo via-se dia-a-dia encarando a morte, apesar de conseguir se livrar dela devido às próprias idéias. Linda não seria mais uma vítima dessas estratégias. Não se ele pudesse impedir.

Os seus devaneios foram interrompidos pela imagem da sua esposa que, sentada na escadaria de entrada da escola conversava com dois alunos. Ao se aproximar, ele reconheceu Ginevra Weasley e Neville Longbottom.

Imediatamente, as suas feições aflitas tornaram-se frias. Com os passos lentos e controlados, ele se aproximou do trio.

- Eu acreditei ter sido claro quando disse que qualquer desrespeito à minha esposa seria severamente punido.

Longbottom, como esperado, congelou ao ouvir a voz ameaçadora de Severo; o que fazia um bom contraste com o rosto da garota Weasley, calmo e seguro – talvez com uma pontinha de insolência que irritou o diretor. Linda, por fim, parecia estar relaxada pela primeira vez desde a discussão que tivera com o marido no primeiro dia do ano letivo.

Ela sorriu.

- Eles não estão me desrespeitando, Severo. Eles apenas são gentis comigo, – Linda disse calmamente. Quando o olhou, ele pôde perceber um breve brilho maldoso nos olhos da esposa. – ...ao contrário da esmagadora maioria das pessoas que estão nessa escola.

Os olhos de Severo estreitaram-se, sabendo que o comentário ácido se dirigia a ele. Olhou para os dois alunos.

- Gentis? Logo eles, grandes amigos de Harry Potter? – Ginevra pareceu querer protestar, mas logo levou um beliscão de Longbottom e se calou. – Essa é Ginevra Weasley. O sobrenome já diz que não pode ser confiável. Mais uma cria dos Weasley, que, por não ter dinheiro suficiente para pagar por lazer, passam o dia fazendo filhos; muito embora não possam sustentá-los. É uma adoradora de trouxas, além de, salvo engano, ser a namoradinha de Potter. E, é claro, esse é Neville Longbottom, a filha dos aurores Frank e Alice Longbottom. Um menino covarde e sem iniciativa, que, sinceramente, não merece os pais que tem. – Voltou-se para Linda. – A garota está aprontando alguma coisa e chamou o primeiro idiota que fará tudo que ela mandar para ajudá-la.

Linda ergueu uma sobrancelha e cruzou os braços, mas, aparentemente, não perdeu a calma.

- Eu sei quem eles são, Severo. Eu estive conversando com eles durante as últimas duas semanas.

- Pouco me importa. – Ele ignorou quando Linda rolou os olhos. – Menos trinta pontos para a Grifinória. – Os garotos começaram a protestar, mas ele os interrompeu, completando. – De cada um.

- Mas professor! – Ginevra finalmente exclamou. – Nós estávamos apenas conversando!

- Desrespeito é subjetivo – Severo disse com um sorriso maldoso formando-se no canto dos seus lábios. – E, se eu fosse você, menininha, pararia de protestar... ou a punição poderia ser maior.

A garota ficou tão vermelha quanto os seus cabelos.

- Severo, por favor...

Ele olhou para Linda, esperando que ela continuasse as suas súplicas, mas a mulher simplesmente se calou e suspirou.

- Volte para o nosso quarto.

- Claro – mas não ela se moveu. Severo ergueu uma sobrancelha. – Você não vai me acompanhar?

- Não. Tenho de comprar algumas coisas em Hogsmeade. Quer vir também?

- Estou cansada. Mas divirta-se.

Por um momento, nenhum dos dois disse nada, limitando-se à troca de olhares. Finalmente percebendo que o assunto estava encerrado, Severo deu meia-volta e começou a fazer o seu caminho para fora da escola.

Ao perceber que o marido estava suficientemente longe, Linda voltou-se para os dois garotos.

Ela conhecera Ginevra Weasley e Neville Longbottom no intervalo para o almoço do primeiro dia de aula dos dois. Estranhou que, de todos os alunos, eles tivessem sido os primeiros a socializar com ela; dias depois Ginevra revelou que todos estavam curiosos, e eles haviam perdido uma aposta entre os seus colegas Grifinórios. Até então, ambos adolescentes estavam se mostrando boas companhias – especialmente porque, depois da discussão com Severo, a única companhia que ela tinha era a de Aleto; e não era agradável.

- Desculpem o meu marido. Ele é muito protetor. E, se eu pudesse, daria os pontos de volta a vocês.

Ginevra sorriu de forma complacente.

- Tudo bem! Ele nunca gostou muito de nós dois. O que me leva a pergunta indiscreta que quero fazer desde que lhe conheci: o que você viu nele? – Ginevra corou um pouco ao perceber a sobrancelha erguida de Linda. – Quer dizer, você é diferente dele! Você é... acessível.

Neville deu um sorriso maroto.

- Ela está tentando dizer que você é legal e ele não.

- Severo é legal. Apenas não com vocês. Ele é um homem maravilhoso.

Os dois se entreolharam, claramente duvidando do que Linda dissera. Ela não os culpava; dizer que Severo era legal era, de fato, uma grande mentira... pelo menos nos últimos tempos. Ginevra mordeu o lábio levemente.

- Ele... foi para Hogsmeade... Vai demorar?

Linda deu de ombros.

- Eu não sei. Ele deve demorar. Nós moramos lá e eu acho que, além de fazer compras na farmácia, ele vai dar uma olhada na casa.

- Ah – a ruiva sorriu. – Será que poderíamos abusar de você e pedir para tomar um chá na sala da direção? Nós éramos muito amigos de Dumbledore...

Linda olhou-os por um tempo, pensando no que Severo dissera sobre os dois estar aprontando algo e lembrando-se do pedido que ele lhe fizera de não levar ninguém à sala da direção. No entanto, ela não estava exatamente feliz com o atual comportamento do marido e pouco se importava se o irritaria ou não.

- Vamos.

Logo os três subiam as escadarias da escola, até chegar ao sétimo andar. Por precaução, Linda usou o feitiço inventado pelo seu marido, o abaffiato, antes murmurar a senha que abria a porta. Logo, os três estavam na sala da direção.

- Qual é o quadro dele? – Linda apontou para a moldura vazia onde ficava o quadro de Dumbledore. – Ele votará logo?

Linda deu de ombros.

- Eu não sei. Severo não gosta que outras pessoas fiquem no escritório.

Ginevra franziu o cenho, deixando o seu olhar cravar-se na espada de Gryffindor.

- Dumbledore deixou isso para Harry, como herança.

- Mas ela é patrimônio da escola; o único dono que ela teve foi Godric Gryffindor. Logo, não podia ser deixado para ninguém.

- Posso ver de perto?

Linda se aproximou da garota, começando a acreditar no que Severo lhe dissera: eles estavam, de fato, aprontando alguma coisa.

- Não – Disse seca, num tom que muito lembrava o seu marido. – Como eu disse, Severo não gosta que pessoas fiquem no seu local de trabalho. Acompanhem-me para a outra sala.

Sem esperar resposta, Linda levou a sua mão esquerda para as costas da garota e a empurrou gentilmente. Como esperado, o garoto moveu-se assim que as duas passaram a se encaminharem para a saleta adjacente ao escritório de Severo.

- Sentem-se. – Linda pediu, enquanto se encaminhava para a cozinha e fazia o chá. Tentou ouvir o que os garotos cochichavam, mas não conseguiu; eles falavam muito baixo e rápido.

Quando o chá finalmente ficou pronto, ela colocou numa bandeja junto às três xícaras e um prato de biscoitos. Sentou-se na poltrona de Severo, de frente para os garotos, e serviu o chá.

- Você nunca fica no escritório com ele? – Ginevra perguntou.

- Não. Geralmente, eu passo os dias nessa sala, lendo. Ele está certo, no entanto. Na posição dele, também não gostaria que pessoas ficassem atrapalhando o meu trabalho.

- Mas... – Longbottom começou. – O diretor mal recebe visitas, até onde nós sabemos. As pessoas têm medo de vir aqui. E ninguém sabe a senha – ele se calou por um momento, pensativo. – Aliás, qual é a senha?

Linda bebericou um pouco de chá e olhou friamente para a dupla.

- Não posso dizer – disse rapidamente. Suspirou. – Mesmo que Severo não tenha muitas visitas, ele é um homem ocupado. No mais, nós passamos os últimos anos de casados nos vendo praticamente apenas nos fins de semana e nas férias. Nada mais justo que querermos manter certa distância no momento!

Longbottom continuou calado, talvez ainda absorvendo a rejeição anterior; mas Ginevra riu do comentário de linda – um riso falso que Linda era acostumada a soltar quando conversava com os Comensais da Morte.

- Então esse é o segredo para o seu casamento dar certo?! – Ela perguntou, bem-humorada. – Vocês se conhecem há quanto tempo.

- Nove anos. Estamos juntos desde então; casados há seis.

- Mesmo? Como foi a cerimônia?

Linda suspirou.

- Muito discreta, na verdade. Celebramos no Ministério da Magia perante apenas quatro testemunhas, e depois tivemos uma festa pequena em nossa casa, para alguns amigos e familiares.

- Você tem fotos? Eu adoraria vê-las.

Linda se levantou cautelosamente, procurando não tirar nenhum dos dois garotos do seu campo de visão. De fato, o seu olhar apenas deixou os dois por uma fração de segundo, enquanto ela pegava no aparador da lareira uma foto do seu casamento com Severo.

Voltou rapidamente para o seu lugar e olhou a foto antes de entregar à garota: ela fora tirada pouco depois da oficialização do matrimônio, ainda no Ministério da Magia. A imagem mostrava um Severo relaxado e bem-arrumado, com os seus cabelos negros presos e nem um pouco oleosos. Linda, vestida de branco, abraçava divertidamente o seu marido e lhe dava um beijo no rosto. Então Severo a surpreendia, virando o seu rosto e beijando rapidamente os seus lábios. Linda lembrava que o beijo fora tão rápido que era provável que nem as testemunhas nem o juiz houvessem percebido-o. E, até aquele dia, Linda tinha a mais absoluta certeza de que esse era o único motivo que havia levado Severo a beijá-la em público.

- Snape parece tão... feliz – Ginevra comentou. – Eu acho que nunca o vi assim.

Linda sorriu, levando a xícara de chá aos seus lábios. Ainda desconfiada dos garotos, inspirou o aroma do chá, mas não sentiu nada além do perfume da camomila. Assim, bebericou-o.

- Eu o vejo assim sempre. É como eu disse, ele é um homem incrí---

Ela parou de falar ao sentir a sua garganta secar de repente. Os demais sintomas surgiram em menos de um segundo: Linda começou a sentir os seus olhos pesarem e a vista embaçar, de forma que ela tinha que fazer um esforço sobrehumano para mantê-los abertos. Com dificuldade, ela viu Ginevra e Neville se levantarem, e a observarem... não para ajudá-la; mas como se estivessem esperando algo funcionar.

Pensando em tirá-los da sala, ela empunhou a sua varinha e se levantou... o mundo pareceu girar e ela sentiu o seu estômago embrulhar. Tudo ao redor dela parecia se mover em câmera lenta. Ouvi a voz arrastada e distante do menino dizer, temeroso:

Ele vai descobrir...”

E então a voz feminina, esta mais urgente:

Será tarde demais...”

Linda tentou dar um passo, mas as suas pernas falharam. Como um cadáver, ela caiu ao chão... mas não antes de sentir uma terrível, sonora e dolorosa pancada em sua cabeça... E tudo ficou escuro.

Os dois garotos, paralisados, olharam para a mulher ao chão. Um fiozinho de sangue escorria pela sua cabeça.

- Gina... – Neville gemeu.

A ruiva tinha o nariz e os olhos avermelhados.

- Eu sei.

- E se ela tiver alguma coisa? E se ela morrer? Ela está sangrando, por Merlin! O que nós---

- EU SEI! EU ESTOU VENDO, NEVILLE! – Uma lágrima escorreu pelo seu rosto. – Foi um acidente! Nós não fizemos nada! Agora escute!

- Gina, eles vão nos matar! Snape vai nos matar!

- ESCUTE! Nós vamos pegar aquela espada e deixar a escola! Daremos um jeito de encontrar Harry e tudo vai ficar bem, ouviu? – O garoto ficou parado, ainda olhando para a mulher que, no chão, sangrava inconsciente. – VOCÊ ME OUVIU, NEVILLE?

Ele assentiu lentamente.

- Ótimo! Agora se mexa! Vamos pegar a espada!

Mas, antes deles se virarem, uma voz aveludada soou por trás deles:

- Planejando roubar a propriedade de Hogwarts, Srta. Weasley?

E, para o horror dos dois garotos, atrás deles estava Snape com a sua varinha empunhada e uma expressão indiscutivelmente perigosa.

XxXxXxX

Então, eu planejava postar esse capítulo antes do carnaval... mas, infelizmente, não deu. Eu estou também ocupada com uma tradução (os vampiros de Stephenie Meyer me morderam!), e ficou meio complicado dividir o tempo entre ela e essa fic... e, claro, os quatro dias de folia também não ajudaram! Hehehehe!

Anyways, revisem, por favor.

Agradeço à Shey, minha maninha querida que betou mais esse capítulo.


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