O Teatro escrita por GabrielleBriant


Capítulo 34
Epílogo




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EPÍLOGO

- MARK! – Ele escutou a voz da sua mulher bradar dentro da casa e em seguida um choro alto, antes de assistir o garotinho de cabelos loiros sair em disparada pela porta da frente. – Mark Antony Boyer Prince, se você não vir aqui agora mesmo...! – Ela concluiu em tom de ameaça.

Sentado numa confortável cadeira de balanço na sua varanda, Severo limitou-se a rolar os olhos e voltar a sua atenção ao livro que tinha em mãos. Aquele tipo de briga já era tão comum em sua casa, que ele não se importava mais. A falta de sossego parecia ser um dos preços da paternidade: pelo que ele lembrava, tinha muito mais paz enquanto espionava o Lorde das Trevas, do que depois do nascimento do seu primogênito, Mark Antony.

- Papai! – O garoto, que agora estava com seis anos, ofegou. Os olhos acinzentados miraram Severo como se pedissem piedade; ele quase riu. – Eu não quero! Diga a ela que eu não vou!

Antes que Severo pudesse responder qualquer coisa, no entanto, Linda Marie apareceu à porta. Os longos cabelos loiros estavam presos num coque mal-arrumado e a maquiagem que ela costumava usar quando eles viviam juntos no mundo bruxo, agora era inexistente. As roupas também não eram mais as elegantes e caras; apenas uma calça jeans surrada e uma blusa de malha colada no corpo, que marcava a barriguinha novamente saliente. Não havia acessórios, não havia jóias da família Malfoy... não havia sequer sapatos em seus pés.

No entanto, Severo jamais a vira mais bonita.

Em seus braços, ela carregava a garotinha que Severo via como a sua estrela; a melhor coisa que ele já fizera em sua vida: a pequena Isabel tinha apenas dois anos e meio de idade e parecia endeusar o pai. Ela tinha os seus olhos, apesar de todo o resto ser simplesmente igual a Linda Marie – e ele adorava isso.

Naquele momento, infelizmente, ela esperneava nos braços da mãe.

- Severo! – Linda disse rispidamente, os olhos acinzentados fervilhando para ele. O garotinho escondeu-se atrás da cadeira do pai. – Diga ao seu filho para ir ao banheiro e tomar banho direito!

Severo olhou para o garotinho. Apesar de achar a situação ligeiramente cômica, ele forçou o seu olhar a tomar o tom intimidador que ele ainda usava em seus alunos.

- Mark – O garoto pareceu congelar. Não olhou o pai.

- Eu tomei banho! – Ele tentou razoar.

- Obedeça à sua mãe – ele disse pausadamente, perigosamente. O garoto olhou de Severo para Linda, talvez preparando o seu próximo argumento. – Agora.

Com isso, a coragem de argumentar de Mark Antony desapareceu completamente. O garoto logo saiu detrás da cadeira do pai e entrou na casa, provavelmente tomando o rumo do banheiro – Mark jamais ousara desobedecer a uma ordem de Severo.

Linda suspirou, embalando Isabel em seus braços e se aproximando do marido.

- Eu não sei como você faz isso! – Ela disse frustrada. – Eu não sei o que fazer para Mark me obedecer!

Severo deu de ombros.

- Você é muito pequena; não coloca medo em ninguém.

Os olhos dela cerraram-se e, mais uma vez, ele sentiu vontade de rir – apenas não o fez porque o choro alto de Isabel quase perfurou o seu ouvido. Linda bufou e soltou um rosnado impaciente.

- Eu desisto! Acalme-a!

Severo tentou ficar com cara de poucos amigos, mas era impossível quando estava perto da filha. Assim, ele apenas suspirou, levantou-se e pegou Isabel, dando à sua esposa um descanso. Começou a balançar a garotinha em seus braços – ela se enroscou no pescoço do pai e ele deu um breve beijo nos cabelos loiros; mas ela não parou o escândalo.

- Isabel, já chega! – Ela simplesmente o ignorou. Severo olhou para Linda, que se recostava na cadeira que ele há pouco ocupara e fingia não mais escutar a filha – O que houve?

- Mark estava correndo de mim e acabou esbarrando nela.

- Apenas um acidente, então – Ele disse, embalando a filha.

- Acidente que poderia ser evitado se Mark não fosse tão parecido com você! Sinceramente, Severo, eu preferiria que nosso filho tivesse a sua aparência e a minha personalidade; ele seria mais calmo e tudo seria mais fácil.

Severo deu um meio-sorriso.

Como Linda e Severo planejavam ter apenas dois filhos, antes de Mark nascer, o casal combinara que Severo escolheria o nome do primogênito e ela apenas teria o poder de veto – situação que se inverteria com a chegada do segundo filho. Depois de meses e meses de vetos, eles finalmente concordaram em nomear a criança de Viktor. No entanto, quando o bebê finalmente nasceu e Linda viu os ralos cabelinhos quase brancos e os olhos acinzentados, não pôde deixar de lembrar o seu pai, Marco Malfoy... E Severo teve de concordar com a homenagem.

Certamente Linda pensara que o filho também teria a personalidade dos Malfoy... mas ele era um inconfundível Snape.

- Bem, reze para que Isabel seja mais parecida com você... E que o bebê que está por vir seja exatamente igual.

Linda suspirou novamente, passando as mãos pelo abdômen ligeiramente proeminente.

- Sim... eu queria falar sobre isso com você. É sobre a ultra-sonografia.

Ao ouvir falar do futuro irmãozinho, Isabel calou-se.

Severo franziu o cenho, imediatamente preocupado. Ele não gostava nem um pouco de estar vivendo entre trouxas, mas simplesmente não suportava que a sua esposa estivesse visitando médicos trouxas. Não confiava na aparelhagem, e achava um absurdo que Linda confiasse os cuidados de sua gestação a pessoas tão mal-preparadas.

No entanto, ela sempre o lembrava de que todos os dias trouxas nasciam sem problema de saúde algum, e que ela já tivera dois filhos naquele método.

Naquele dia, ela fora fazer a primeira ultra-sonografia da terceira gestação. Infelizmente, Severo estava trabalhando na Universidade de Ilha de Man, em Douglas, e não pôde participar; Linda não queria adiá-la.

- O que houve? Algo errado?

- Bem, depende. – Ela mordeu o lábio inferior e o olhou apreensiva. – Você vai ter que trabalhar mais para reformar a casa.

- Por quê?

- São três, Severo. Três bebês. Três batimentos cardíacos. – Ela o olhou, esperando alguma reação, mas Severo apenas continuou calado, olhando-a estupefato. – E a imagem mostrou três fetos. – Ainda, ele não disse nada. – Severo?

Ele suspirou, embalando a garotinha em seus braços. Os seus olhos se perderam.

- Bem... – Ele finalmente disse. – Nós realmente precisaremos reformar a casa.

Linda se levantou, apreensiva.

- Você está chateado?

- Chateado? Eu devo lhe lembrar que eu era quem queria ter filhos? – Ele sorriu. – O que me preocupa é que eu nunca gostei de números ímpares. Além do mais, você escolheu o nome de Mark, eu o de Isabel, você escolherá agora o do primeiro que nascer, eu o do segundo e você o do terceiro. Logo, precisaremos de uma quarta gestação.

Ela o olhou boquiaberta, obviamente não acreditando em seus ouvidos.

- Não! Severo, quem você está pensando que eu sou? Uma Weasley? Seis filhos? Isso é absurdo!

Ele deu de ombros e olhou para a sua filha, que ainda soluçava.

- Isabel, querida, o que você acha de ter cinco irmãozinhos?

A garotinha abriu um fraco sorriso.

- Bom!

Severo olhou para Linda como se aquilo resolvesse a questão. Ela rolou os olhos.

- Não. Não! Essa é a última!

- Antes do fim da guerra, você me disse que, se eu conseguisse sobreviver, o seu útero seria a minha propriedade, não?

- Não! Quer dizer, sim! Ainda assim...

- E você se lembra que o número original de filhos que eu queria era oito?

- Mas Severo-

- E nós não precisamos ter outro filho imediatamente depois dos trigêmeos. Nós poderemos esperar uns três ou quatro anos, até que você tenha saudade de trocar fraldas; o mesmo sentimento que você teve quando quis engravidar de Isabel, lembra?

Linda desviou o olhar.

- Lembro.

- Então?

- Seis filhos. Ok. Eu posso cuidar disso – Linda deu um sorriso sarcástico e depositou um beijo leve nos lábios de Severo. – No entanto, eu quero ver como você vai encontrar tempo para fazer o bebê, enquanto cuidamos de cinco crianças! – Ela riu triunfante do rosto ligeiramente dolorido de Severo; ele não tinha pensado naquele detalhe. – Eu vou ver se Mark está tomando banho.

E, sem mais, Linda deu meia-volta e adentrou a casa.

Severo suspirou e sentou-se na cadeira, segurando Isabel em seu colo. A menininha soluçou mais uma vez e ele viu que ela ainda tinha marcas de choro em seu rosto. Angustiado, ele beijou os cabelos loiros e pegou a sua varinha.

- Expectro patrono.

Ao ouvir as palavras, a garotinha olhou com atenção o espectro prateado deixar a varinha de Severo e tomar a forma de um leopardo – Severo percebeu a mudança do seu patrono apenas alguns anos, enquanto tentava colocar Mark para dormir. Ele não sabia exatamente quando o patrono havia deixado de ser uma corsa: se foi no momento em que Mark nascera, ou se foi antes, quando ele deixou o mundo mágico e passou a se concentrar apenas em Linda, já que o patrono era tão parecido com a leoa da esposa.

As mãozinhas pequenas de Isabel começaram a brincar com o leopardo espectral e, pouquíssimo tempo depois, a garotinha ria divertida. Ao ver que a filha estava totalmente calma, Severo fez o seu patrono sumir.

Isabel ficou em silêncio por alguns minutos, antes de perguntar com a sua voz fina e inocente:

- Papai? – Severo olhou para a garotinha loira em seus braços. – Você faz bebês?

O rosto de Severo corou.

- Não.

- Mas a mamãe disse que você faz. Como?

- Bem, pergunte à sua mãe.

- Mamãe está com o Mark. Como você faz bebês?

Severo tentou olhá-la de uma forma intimidadora, mas os grandes olhos negros não pareceram se assustar; Isabel continuava a olhá-lo com o mesmo tom curioso. Ele não segurou uma breve risada – curiosa, insistente e inconveniente. Isabel certamente tinha a mesma personalidade de Linda.

- Isabel, você não quer brincar?

Os olhos negros rapidamente mudaram de intrigados para excitados.

- Com as Barbies? – E Severo conseguia distraí-la facilmente. Definitivamente, igual à mãe. Ele assentiu. – Você que brincar também, papai?

O primeiro impulso foi responder que não – afinal, ele era Severo Snape. Ele não brincava de boneca! NO entanto, como negar qualquer coisa àquela pirralha?

Bufando, ele colocou a garota no chão e se levantou – Isabel imediatamente buscou a sua mão.

- Claro que quero.

A menina deu um sorriso que pareceu iluminar aquele fim de tarde e, com os seus passinhos curtos começou a carregar Severo para dentro de casa.

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