O Teatro escrita por GabrielleBriant


Capítulo 17
Um Brinde




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XVII

UM BRINDE

Ela perdeu o ar.

Linda sabia que tinha que se manter impassível; sabia que, naquela situação, o que ela mais deveria evitar era se mostrar avessa às ordens do Lorde das Trevas... então respirou fundo e olhou para o Lorde, forçando um sorriso tímido em seus lábios.

- Eu não creio que serei capaz, Milorde – disse lentamente, controlando a sua voz.

O Lorde das Trevas aproximou-se.

- Tente. – Linda assentiu. Continuou tentando mascarar o seu medo, mas, quando pegou a sua varinha, as mãos trêmulas a denunciaram. – Nervosa, Linda Marie?

- Um pouco. Eu nunca executei a Maldição da Morte antes.

Poucas pessoas sabiam, mas aquilo era uma mentira. Quando Linda tinha sete anos, os irmãos haviam apostado que ela não conseguiria matar um animal com aquele feitiço. A determinação que Linda sentiu em se provar para os irmãos fez com que ela, usando a varinha do pai, executasse com sucesso a Maldição da Morte numa indefesa lebre. Quando a pequena Linda viu o animal inerte, irremediavelmente morto, sentiu a maior dor até então experimentada por ela. A culpa que a consumia a fez chorar por horas.

A lembrança, há muito adormecida, a aterrorizou.

Se Linda, depois de tantos anos, ainda se sentia mal por ter matado um animal insignificante, como se sentiria ao tirar a vida de um homem?

Bem, ela descobriria logo...

Com determinação, empunhou a varinha e começou a executar o feitiço; mas foi impedida pela voz da sua mãe, que soou por trás dela:

- Isso é estritamente necessário, Milorde? – Linda olhou para trás. Cécile Boyer-Malfoy se aproximava com os braços cruzados e uma expressão autoritária. Linda franziu o cenho: a sua mãe estava enfrentando o Lorde das Trevas. – Veja bem, eu não eduquei a minha filha para fazer esse tipo de serviço.

O Lorde sorriu, sem demonstrar irritação.

- Cécile, você sempre diz que a sua filha tem que ser mais participativa.

- Quem sempre diz isso é o meu marido. Na verdade, eu nem sei o que Linda Marie está fazendo aqui.

- Eu solicitei a sua presença.

- Oh. Nesse caso, Milorde, eu lhe imploro: deixe-a ficar junto às outras esposas, bebendo do champanhe caro de Lúcio e falando mal da organização de Cissy.

Severo também se aproximou.

- Eu concordo com a minha sogra. Minha mulher não nasceu para o campo de batalha, Milorde. Deixe-me fazer o serviço em seu lugar.

Linda sentiu as mãos de Severo procurar as suas discretamente. Não conseguiu evitar um suspiro aliviado e apertou as mãos dele com as suas, em busca de confiança.

- Eu vejo que a minha decisão trouxe controvérsias – o Lorde disse. – O que você acha, Linda Marie?

Linda olhou-o, desta vez visivelmente mais enérgica.

- Eu preferiria não me envolver.

- Ora, Linda Marie! Você tem a minha marca! Não pode ficar mais envolvida que isso!

Linda calou-se, respirando fundo. Cécile deu mais um passo à frente.

- O importante é que o bastardo morra, Milorde. Que diferença fará, se não for pelas mãos da minha filha?

- Cécile – soou a voz rude e tão conhecida de Linda. A voz do seu pai. Ela olhou para trás. Marco Malfoy, ao lado de Lúcio, não se moveu nenhum centímetro. O seu semblante era severo e os olhos acinzentados estavam muito mais frios do que os de Linda jamais seriam. – Não interfira nas decisões do Lorde das Trevas. Se ele quer que Marie mate, que assim seja.

O rosto de Cécile ficou vermelho. Linda sabia que, quando os seus pais chegassem em casa, Marco teria sérios problemas. No entanto, naquele momento, era Linda quem os teria, pois a sua mãe jamais desafiaria o marido em público.

Como esperado por Linda, Cécile voltou-se para o Lorde e deu um sorriso frio.

- Se a decisão é sua, Milorde, e o meu Marco concorda tão veementemente com ela, certamente é a mais adequada. Por favor, perdoe a minha intromissão. Não acontecerá novamente.

Ela não olhou para Linda antes de se afastar.

Os lábios do Lorde partiram-se num sorriso inegavelmente sádico, quando ele olhou para Severo.

- Ainda concorda com a sua sogra, Severo?

- Sim, Milorde. – Linda ofegou; mas Severo não pareceu perceber. – Mas eu gostaria que ela usasse a minha varinha.

- Por quê?

- Porque é meu dever protegê-la de qualquer perigo, mesmo que este seja remoto. Na hipótese quase absurda do Senhor não ganhar esta guerra, não quero que a minha esposa seja acusada de crime algum. Se ela usar a minha varinha, um mero exame jogará a culpa em mim.

O Lorde se aproximou de Severo, quase deslizando. Lentamente, rodeou o casal. Linda não ousou sequer respirar.

- Ora, Severo: acontece que eu não perderei a guerra. A sua precaução seria inútil.

- Com a minha ou com a dela, o resultado será o mesmo.

O Lorde das Trevas considerou. Logo o seu olhar vagava pelo salão, em busca de Marco Malfoy. O pai de Linda apenas assentiu e disse:

- Eu ficaria mais tranqüilo se Marie não usasse a própria varinha.

- Pois bem. Linda Marie, você tem três bons advogados. Eu vou permitir que a sua varinha continue virgem de maldições imperdoáveis.

Com isso, o Lorde se afastou. Ninguém mais diria uma só palavra sobre o assunto: Linda teria que executar aquele homem. Ao seu lado, Severo lhe ofereceu a própria varinha, e ela aceitou. Respirou fundo, esperando algum toque do seu marido – algo que a fizesse lembrar que não estava sozinha. Mas não sentiu nada.

Mordendo o lábio inferior, Linda tentou se concentrar e deu um passo à frente. O homem deitado no chão contorceu-se com a aproximação do seu algoz. Uma máscara de porco cobria o seu rosto, mas Linda conseguiu ver os olhos castanhos que se cravaram nela, implorando por piedade.

Com as mãos trêmulas, apontou a varinha para o homem.

- Avada Kedavra.

A luz verde que brilhou da varinha foi fraca; medíocre. Um nada, em comparação com os raios poderosos dos Comensais da Morte. Ainda assim, foi suficiente para atingir o homem e fazer o seu corpo convulsionar uma ou duas vezes antes de quedar-se inerte no chão.

Os olhos castanhos ainda a encaravam; mas não existia vida neles.

Linda se sentiu como a menininha que ela um dia foi, encarando a lebre que acabara de assassinar. Mas, daquela vez, a sua vítima não era um animal – era um homem, que provavelmente tinha uma família que dependia dele e amigos que os amava. E ela não era uma criança – era uma mulher que deveria ser fria... E a aposta era muito mais alta do que a que fizera com os seus irmãos – o preço poderia ser a sua própria vida.

Como ela havia deixado a situação chegar àquele ponto? Como ela havia se permitido a agir contra tudo que acreditada?

Linda teve que silenciar um grito de horror que quis ser liberado. Fechando mais uma vez os olhos, ela se voltou para o Lorde das Trevas e o reverenciou. Apesar do desespero, forçou em seus lábios um sorriso.

- Muito bem, Linda Marie.

- Eu não me sinto bem, Milorde. O senhor me dá licença?

O Lorde das Trevas a olhou de uma forma quase benevolente e deixou-a ir.

Linda, apesar de querer correr dali, graciosamente despediu-se dos seus familiares antes de encontrar a porta de saída.

Severo tentou segui-la; mas, tão-logo o corpo de Tonks foi retirado do salão, a festa recomeçou. Logo todos voltaram a conversar e beber alegremente, como se nada tivesse acontecido; e Severo imediatamente se viu cercado por companheiros que condenavam a sua ousadia ou parabenizavam a sua coragem de defender Linda.

Quando ele conseguiu chegar ao lado de fora da mansão, Linda já havia desaparecido. E ele estava totalmente sozinho... até que sentiu um toque em seu ombro.

Severo sequer precisou se virar: reconheceu a sua companhia pelo cheiro.

- Narcissa.

A mulher o rodeou, ficando de frente para ele.

- Linda Marie precisa de tempo, Severo. E você precisa ficar perto dos seus amigos... Lúcio me disse que a sua costumeira ausência em nossas festas é motivo de comentários entre os Comensais. Venha: entre, fique uma hora, e depois vá. Linda ficará em paz, você se distrairá e ninguém poderá comentar o que aconteceu aqui.

Severo tinha certeza de que Narcissa estava certa; no entanto, uma voz dentro dele gritava para que ele voltasse para o lado da sua esposa... Infelizmente, aquela era uma voz que ele costumava ignorar.

Assim, ele assentiu e voltou para a festa.

XxXxXxX

Quando Severo chegou aos seus aposentos em Hogwarts, já haviam se passado quase três horas. A festa havia acabado há algum tempo; mas ele preferiu continuar tomando uísque de fogo com Narcissa, Lúcio e Marco – era melhor do que voltar e enfrentar os seus problemas. Quando os irmãos decidiram ir se deitar, no entanto, ele soube que teria que voltar para casa: havia bebido demais, e ficar a sós com Narcissa naquela situação não seria uma boa idéia.

A sala da direção estava abandonada – o quadro de Dumbledore, que ele tinha certeza de que estaria à sua espera, devido aos acontecimentos da noite, era apenas uma moldura vazia. Severo se alegrou ao constatar aquilo: a noite fora longa, e tudo que ele queria era tomar uma dose da poção do sono sem sonhos e deitar-se ao lado da sua esposa.

Mas, quando abriu a porta para a ante-sala, soube que não poderia fazer aquilo: Linda o esperava.

O local estava escuro – a lareira era a única fonte de luz. Linda estava sentada no pequeno sofá com os seus braços cruzados, ainda com a mesma roupa que usou na festa. Na mesinha ao seu lado, uma garrafa de uísque de fogo quase vazia, deixando claro que ela passou as últimas horas fazendo exatamente a mesma coisa que ele. O rosto de Linda estava duro e os seus olhos frios... Mas, para Severo, ela jamais esteve tão bonita.

Ele se aproximou lentamente, começando a desabotoar as vestes.

- Você se divertiu? – Linda perguntou asperamente, tomando um gole do seu uísque.

Severo se sentou ao lado dela.

- Não. Eu tive que ficar na festa, mas v---

- Você teve que ficar na festa? – Linda o interrompeu, descruzando os braços. – Ou você concluiu que ficar seria mais fácil? Você esperava que, quando chegasse, eu estivesse dopada? Assim, você apenas teria que me enfrentar amanhã... como eu sou fútil, já teria esquecido o assunto, não?

Severo suspirou. Ele estava muito cansado e tinha tomado muito uísque... não estava em condições de brigar.

- Eu esperava que você estivesse dopada, mas não porque eu não queria conversar. – Disse lentamente. – O que aconteceu... tinha que acontecer, simples assim. Eu sei que você está chateada ago---

- Chateada?! – Linda se levantou. – Chateada?... Não, Severo, eu não acho que eu esteja chateada. Eu matei um homem!

- Você fez o que tinha de ser feito!

- Eu matei!

- Você estava na frente do Lorde das Trevas! Não tinha saída, Linda! Você não pode simplesmente desobedecê-lo na frente de todos!

- Isso não importa! Quem sou eu, para tirar a vida de alguém?! Eu não tinha esse direito, Severo!

Linda mordeu o lábio inferior e respirou fundo algumas vezes, obrigando os seus olhos a continuarem secos. Ela prometera a si mesma que não choraria mais. Entornou o resto do conteúdo do seu copo e logo procurou a garrafa na mesinha ao lado do sofá; mas Severo não deixou que ela a pegasse.

- Você não teve culpa.

Os olhos de Linda finalmente se cravaram nele – furiosos, demoníacos.

- Eu sei. A culpa foi sua!

Severo sentiu a constatação atingi-lo. Ele sabia que aquilo era verdade; ele sabia! Mas não estava pronto para aceitar aquele fato, e, definitivamente, não estava pronto para ouvi-lo dos lábios de Linda.

- Eu tentei impedir! – Ele disse rapidamente, instintivamente se defendendo da acusação da esposa. – Eu pedi ao Lorde---

- E eu devo ficar feliz com isso?! É isso o que você chama de defesa, me emprestar a sua varinha? Pouco me importa se eu irei para a prisão por isso ou não---

- Nunca diga isso! Você não sabe o que é Azkaban! E, acredite em mim, eu assinei a minha sentença, hoje!

Linda deu uma risada sarcástica, ligeiramente histérica.

- Ah! Agora eu estou feliz! Você fez isso por mim! Eu estou surpresa, Severo, que você faça alguma coisa por mim!

- Eu sempre---

- Você me jogou nessa guerra, você me colocou em perigo, você colocou essa marca em mim, e agora você me fez matar! Nem por um minuto, Severo, você esteve pensando em mim! Você estava pensando---

Ela se interrompeu. O rosto de Linda tornou-se vermelho, deixando claro para Severo que ela havia passado dos seus limites; que ela havia falado algo que não queria.

- No que eu estava pensando, Linda?

Linda o olhou; mas os seus olhos não eram mais frios. Eles estavam tristes, sombrios...

- O que você carrega no bolso interno esquerdo das suas vestes, Severo?

Severo parou de respirar por um momento. Como Linda encontrara a foto de Lílian?! As mãos dele pousaram sobre o local onde a foto estava, sentindo-a fracamente sob o tecido.

- Como você---?

Linda apenas deu de ombros.

- Ela nunca foi sua. Por isso, a imagem que você tem dela é justamente essa que está na foto: linda, sorridente, feliz... Ela é pura, ela não tem falhas. E, por outro lado, você me tem a sua disposição. E eu acabo me tornando apenas a esposa. Apenas a Malfoyzinha mimada e cheia de defeitos com quem você se contenta – ela riu-se. – Sabe o que é irônico? A imagem que eu tinha de você era justamente a que você tem de Lílian... e, hoje, eu te vejo exatamente como você me vê...

“Isso dói, Severo! Dói saber que você nunca será a primeira na vida da pessoa que se ama. E eu sei que nunca serei sequer a segunda, já que você tem ainda o Lorde das Trevas, a quem você deve obediência cega.”

- Você está errada, Linda.

- Em que parte?

Em todas elas – ele pensou. Severo não fazia aquilo pelo Lorde das Trevas, mas para fazer valer a morte de Lílian – de quem ele não guardava uma imagem imaculada. Fazia muitos anos que Linda era quem ocupava o seu pedestal... E ele quis dizer tudo aquilo a ela, mas nenhuma palavra deixou os seus lábios. Saber aquilo colocaria Linda e a missão dele em risco.

- Vamos falar sobre isso pela manhã.

Linda fechou os olhos e desabou no sofá, ao lado dele. Enterrou o rosto em suas mãos e disse tristemente:

- Depois do que aconteceu essa noite, não há mais nada para se falar, Severo.

Ele se assustou com tudo que aquela pequena frase poderia significar. Severo não queria saber a resposta, mas, ainda assim, perguntou:

- O que você quer dizer com isso?

- Que eu cheguei ao meu limite – Linda respondeu com um fio de voz. – Eu estou cansada, Severo. Eu estou cansada de tentar justificar as suas ações. – O olhou. – Eu estou vivendo da lembrança do que você um dia foi... nos últimos meses, eu venho tentando me convencer de que você apenas está atravessando uma fase ruim; que um dia você vai me chamar e vai me contar o que está acontecendo... Que você vai me contar porque você mudou tanto, porque decidiu seguir o Lorde das Trevas e porque me deixou todo esse tempo no escuro, mesmo sabendo o quando você está me magoando.

“Mas esse dia nunca chega! E eu fico cada vez mais ressentida... E eu não tenho com quem conversar, porque eu perdi os meus amigos e a minha família quando me casei com você!

“Eu abri mão de tanta coisa, Severo!” Linda soluçou. Parou de falar por um tempo, para controlar-se: não choraria mais. “Você se lembra que quando você me conheceu eu estava fazendo milhões de cursos? Você acha que eu estava fazendo-os por diversão?! Eu tinha sonhos, e eu desisti deles porque você me pediu!... Nesses anos, eu simplesmente me adeqüei ao seu estilo de vida; e o que você fez por mim?! Quais foram as suas concessões?!

“Eu...” Linda mordeu o lábio inferior e levantou-se lentamente. “Eu pensei muito nessas últimas horas. Eu tentei te justificar. Eu tentei me convencer de que valia a pena... Mas eu não tenho mais forças para mentir para mim mesma.”

Severo engoliu seco. Sentiu um nó se formar em sua garganta.

- Você vai embora? – Estranhou a sua voz.

- Vou. – Ela falou baixo. – Você me faz mal, Severo.

Ele a olhou por um tempo, em choque. Linda estava falando sério. Severo quis fazê-la mudar de idéia; quis dizer qualquer coisa que a convencesse a ficar. No entanto, a única coisa que ele conseguiu falar foi:

- Eu sempre lhe disse que não valeria à pena.

Ela baixou a cabeça.

- É. Você me avisou, mamãe me avisou... Eu estive cega. Mas eu mereço mais que essa vida.

Severo fechou os olhos, sentindo o nó aumentar.

- Você tem certeza?

Linda olhou para o fogo, finalmente deixando os seus olhos marejarem. Sim, ela tinha certeza. A sua decisão estava tomada.

- Eu vou para Hogsmeade quando amanhecer.

Severo assentiu.

- Se é isso que você deseja...

- Nós já estávamos separados há um bom tempo, de qualquer forma.

Ela olhou apenas de relance para Severo antes de se retirar, e pensou ter visto um brilho molhado nos seus olhos... Mas ela jamais saberia se aquilo realmente estava lá ou se era apenas uma esperança vã. Ela não queria saber. Fechou a porta atrás de si.

Severo olhou por um momento para a porta fechada, com a mais absoluta certeza de que não haveria volta.

Lentamente, pegou a garrafa de uísque de fogo ao seu lado e o copo deixado por Linda e brindou a mais um fracasso em sua vida. Ele não sabia o que fazer; Severo não estava mais acostumado a ser sozinho.

Ele riu-se: em toda a sua vida, amou apenas duas mulheres. Ele conseguiu perder ambas.

Em seu bolso esquerdo, ele pegou a foto de Lílian que havia roubado das coisas de Sirius Black na noite em que assassinou Dumbledore. Há meses não a olhava; mas lá estava Lílian, tão linda quanto ele lembrava. Sorrindo, com os seus olhos verdes crepitando para ele. Quase num impulso, pôs a foto no pequeno cinzeiro de prata sobre a mesinha de centro.

- Incendio.

O sorriso de Lílian Evans foi consumido pelo fogo. Aquela seria a última vez que Severo veria aqueles olhos verdes.

Assim que a foto tornou-se cinzas, Severo olhou para o aparador da lareira; para a foto que fora tirada há seis anos, no Ministério da Magia. Linda estava tão feliz... O abraçando, apesar dele não gostar de demonstrações públicas de afeição, e beijando o seu rosto. Ele beijava rapidamente os lábios dela, simplesmente porque nenhum homem conseguiria resistir aos carinhos de Linda – especialmente quando ela estava vestida de noiva.

Severo também estava muito feliz naquele dia. E Linda o fez feliz por muitos e muitos e muitos dias... Mas agora estava acabado.

- Merda...

Ele fechou os olhos e bebeu mais um gole de uísque. Em sua mente cada vez mais entorpecida pela bebida, as boas lembranças que ele tinha ao lado da sua esposa se passaram como um filme.

Não se sabe quanto tempo Severo passou assim; mas já estava na metade de outra garrafa de uísque de fogo quando se levantou e foi à porta do seu quarto.

- Linda! – Ele ofegou. – Linda, abra a porta!

Nenhuma resposta. Ele não podia ter a sua mulher.

No entanto, havia outra loira à sua disposição. Os olhos dela não eram acinzentados; mas eram igualmente frios.

Com passos trôpegos e um sorriso maquiavélico surgiu em seus lábios, Severo foi procurar Narcissa Malfoy.

XxXxXxX

Gente, se tem uma personagem nessa fic que eu amo de paixão, é a quase figurante mãe de Linda! Ela ainda vai aparecer algumas vezes, então não se esqueçam dela!

Anyways, reviews, por favor!


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