Rose’s POV

-Cheguei – eu gritei fechando a porta. A minha porta. Do meu apartamento.

Eu nunca me cansaria de dizer isso.

-Roza!

Bom, talvez não meu apartamento, mas nosso apartamento. O que era ainda melhor.

Dimitri apareceu rapidamente na minha frente.

-Oi, camarada – eu disse abrindo um sorriso.

Era verdade que Dimitri era extremamente sexy quando estava lutando contra strigois, com toda a sua força e compostura. Porém, eram em momentos como esse, quando ele estava usando uma simples camiseta e calça jeans que eu me sentia extremamente atraída por ele. Quero dizer, ainda mais.

-Roza – Dimitri disse novamente.

Havia algo errado. Ele não me abraçara como sempre fazia, nem mesmo me beijara.

-O que aconteceu? – perguntei alarmada.

Dimitri pressionou os lábios. Qualquer outra pessoa diria que ele estava apenas sério, mas eu sabia melhor. Ele estava... escondendo algo de mim?

-Dimitri, o que aconteceu? - repeti.

Meu corpo estava tenso. Eu estava pronta para atacar em qualquer segundo.

-Não aconteceu nada, Rose – ele disse colocando o braço ao redor do meu ombro e levando-me em direção a porta que eu acabara de passar. – Eu só acho que deveríamos jantar fora hoje.

Hoje era um dia especial. Dimitri e eu fazíamos seis meses de namoro oficial. Com isso eu quero dizer que fazia seis meses que estávamos saindo publicamente, sem psicopatas tentando me colocar na cadeia.

-Mas ontem você me disse que queria algo simples – eu disse.

Dimitri suspirou.

-Eu sei – ele disse ainda com o mesmo tom –, mas eu acho que seria bom se nós –

De repente, um barulho tão alto que eu me surpreendi por não ter quebrado os vidros das janelas veio da cozinha.

-O que foi isso? – Perguntei assustada.

Sem esperar uma resposta, fui para a cozinha mais rápido do que pensei que fosse possível e o que eu vi fez meu coração pular.

-O que aconteceu aqui?!

Por que tinha mingau por toda a minha cozinha branquinha e novinha que eu comprara com o meu (e o de Dimitri) dinheiro?!

-Então, Roza –

Eu me virei na direção de Dimitri e sua expressão o entregou.

-Você fez isso? – até mesmo eu pude ouvir o quanto minha voz soava louca.

-Roza, eu sinto muito – ele disse e enterrou o rosto nas mãos. – Eu não sei o que fiz errado. Era para ser algo especial, mas – Dimitri balançou a cabeça – deu no que deu.

Olhei para a cozinha mais uma vez. As cadeiras estavam repletas da gosma melecada, assim como as paredes e o teto. Depois, olhei para Dimitri mais uma vez, seus olhos estavam tristonhos.

-Espera – eu disse assim que entendi o significado das palavras dele.

Uma onda de risos me dominou. Quanto mais eu pensava naquilo, mais eu ria. Gargalhava.

-Rose – Dimitri perguntou me olhando -, você está bem?

Encostei-me na parede para tentar me controlar.

-Mas eu não entendo – eu consegui dizer -, eu já o vi cozinhar antes. Por que dessa vez você explodiu a casa?

-Eu não explodi a casa! – Dimitri disse indignado, seu sotaque mais forte do que nunca. – Quero dizer, eu quase explodi a casa, mas não explodi.

-Não explodiu? – Perguntei, o sarcasmo banhando as palavras. – Então por que tem mingau no teto?

Dimitri fez um som que parecia um rugido o que só me fez gargalhar novamente.

-Talvez eu tenha explodido a casa – ele admitiu. – E isso não é mingau, é creme especial. Ou era para ser, de qualquer forma. Eu não sei o que fiz de errado. A receita que Christian me deu parecia tão simples. Eu segui cada instrução –

-Espera aí, camarada – eu o interrompi. – Você pediu uma receita ao Christian?

Dimitri assentiu

-Ai meu Deus! – Eu disse exasperada. – Eu não acredito que você fez isso. É obvio que Christian iria aprontar algo assim.

-Você está dizendo que Christian foi responsável por isso? – Dimitri perguntou, apontando para a cozinha.

-É claro que foi! – Eu disse levando a mão a minha testa. – Camarada, o seu problema é que você confia demais nas pessoas. Inclusive em Christian!

Os ombros de Dimitri relaxaram visivelmente e ele até mesmo sorriu.

Em questão de instantes, eu estava em seus braços e ele me beijou ternamente.

-Eu sabia que não tinha feito nada de errado – Dimitri disse assim que nós nos separamos.

Andei em direção as cadeiras sorrindo. Com o meu dedo, peguei um pouco do creme e levei a boca.

-Quer saber a verdade? – eu disse me virando para Dimitri. – Isso não está ruim. Acho que até podemos comer essa gosma no jantar.

Ele balançou a cabeça como sempre fazia e gargalhou.

-Eu vou chamar uma pizza, Roza.

Essas foram suas últimas palavras antes dele sair da cozinha.

Bom, ninguém poderia dizer que nossas vidas não tinham emoção.