TOC! TOC!

             Mais uma vez, estava chegando alguém...

            E como de costume, Valentinna saiu em disparada em direção a porta. Desta vez, seu grito foi ainda mais alto e agudo.

            _Ahhhhhhh! Quanto tempo, Por Deus! Chris, este seu cabelo não para de crescer! Mick, ahh, me solta, MICK! Me põe no chão, agora! _ seus berros estavam ainda mais agudos quando ela entrou.

            Um homem enorme, com  aparência de gigante, entrou carregando Valentinna pelo ombro, ela se debatia , dando socos de leve nas costas do homem. E junto desde, entraram mais dois, um tinha olhos muito azuis e logos cabelos loiros mal cuidados, e outro tinha uma barba castanha clara, igualmente do tom dos cabelos, e bem, digamos que ele era “pesadinho”.

            Quando Valantinna finalmente estava no chão, e parado com o ataque de risos, os três homens se sentaram no enorme sofá de couro, perto de mim. Minhas mãos tremeram ainda mais quando aquele mesmo homem que entrou carregando Tina, virou o rosto para mim, me fazendo encará-lo.

            _OI! _disse ele, forçando a voz, para parecer bem infantil.

            _Olá... _respondi tentando cessar a tremedeira e o nervosismo.

            _Pelo visto, vocês já se conhecem, não é mesmo. _disse Valentinna, arqueando uma sobrancelha.

            _Ela parece um urso panda! _exclamou o homem de cabelos loiros mal cuidados. Senti meu sangue ferver com aquilo. Eu pareço mesmo com um urso panda, poxa?

            _Caralho Chris! Parece mesmo, só que é uma pandinha loira. Que gracinha! _disse aquele outro cara gigantesco que entrou carregando Tina.

            Quando me virei para lançar um olhar de censura para Tina, senti levemente meus cabelos serem tocados, quando me virei, aquele mesmo homem gigantesco estava fazendo uma trança bem desengonçada nos fios loiros do meu cabelo.

            _São tão macios! Olha Shawn, vem cá. _disse ele, acenando para aquele homem de barba mais clara se aproximar.

            Ele foi chegando mais perto de mim, a minha cara de pânico estava visível. Valentinna, Chris e James, estavam quase rolando de rir da minha cara.

            Não tive tempo suficiente para  assimilar as coisas. Shawn, era aquele cara 22 cicatrizes no rosto. Faltou pouco pra mim desmaiar no sofá. Ele ficou parado na minha frente (enquanto isso, o outro cara ainda estava fazendo uma trança maluca no meu cabelo) e olhou fixamente para mim, depois ele deu uma risadinha, e para minha surpresa, ele disse.

            _Verdade, ela parece um panda... Mas.. dá vontade.. de... matá-la.... DE CÓSEGAS!!!

            Quando disse isso, ele pulou em cima de mim, e começou a fazer cócegas em mim, eu me debatia tentando cessar as cócegas, mas ele era mil vezes mais forte que eu. Meu estomago doía de tanto rir, por fim, escorreguei do sofá para o chão e ele parou.

            _Desculpa, não consigo me conter quando vejo pandas. _disse sorrindo, e estendendo uma mão para me ajudar a me erguer do chão.

            _Bem, Shawn, Chris e Mick, esta é minha amiguinha panda Jenny Sturzeneker...

            _Mas me chamem de Stuky! Não de panda, por favor. _interrompi Tina, me colocando a frente dela.

            _Então, Stuky, estes são Shawn, aquele de que você quase chorou de pavor... Este é Mick Thomson, o grandalhão da máscara de ferro... E este aqui é meu querido Chris Fehn, ou então Mr. Picklenose, aquele do nariz de Pinóquio, como você diz.

            _Vocês não são tão assustadores quanto as máscaras. _disse isso sentindo a tremedeira das minhas pernas desaparecerem.

            _Claro que não! Somos anjinhos muito bem educados... _disse Chris, indo em direção ao mesmo frigobar.

            TOC! TOC!

            Ta, meu coração disparou denovo. Meu estômago deu uma cambalhota para trás e me sentei novamente no braço do sofá, mais me sentindo mais relaxada.

            Vi o vulto de Valentinna correr em direção a porta mais uma vez. E como era de se esperar, deixou escapar mais uma exclamação aguda que invadiu o local como ondas sonoras monstruosas.

            _Sid!!! Corey!!! Quanto tempo, ai, como estão? _perguntou Tina, com um sorriso extremamente grande, puxando os dois para dentro. _Preciso apresentar uma pessoa á vocês.

            Eles nem haviam respondido, e já estavam vindo em minha direção. Os dois tinham a aparência parecida, a não ser pelo tamanho, a cor dos olhos e pela quantidade de tatuagens. Um menor veio saltitando e cantarolando, mas o outro parecia vir em câmara lenta em minha direção, era forte, tinha um sorriso lindo e olhos que me fizeram viajar naquele azul piscina. Meu queixo caiu de leve quando estendeu a mão para mim.

            _Prazer, Corey Taylor. _disse com uma voz calma e rouca, seguido de um sorriso ainda mais fascinante.

            -P-panda.

            Só deu prazo de ouvir Valentinna caindo no chão de rir, seguido por James, logo depois minha cara ficando vermelho escarlate...

            -Lindo nome. _sua risada foi acompanhada pelas das outras pessoas. Rapidamente Tina se levantou do chão e se dirigiu até Corey, ajeitando a roupa e rindo (muito, se querem saber.)

            _O nome dessa retardada, é Jenny Sturzeneker, Corey... Mas parece que ela quer que você a chame de Panda Sturzeneker... _ela não perdeu a oportunidade de tirar onda com a minha cara.

            _Não! Só Stuky já está ótimo... Desculpa Corey, é que eles disseram que eu pareço com um urso panda. _argumentei, ainda envergonhada comigo mesma, com o rosto ainda escarlate.

            _Olhando assim, bem de pertinho... _Corey disse, se aproximando de mim, e me fitando diretamente dentro dos olhos, aquilo me fez arrepiar. _você realmente tem carinha de ursinha. É tão meiga!

             Nunca senti meu rosto arder tanto de vergonha, me encolhi ainda mais no sofá, evitando todo mundo de me olhar, mas foi em vão. Todos fizeram um coro na voz, dizendo “Hummmmm” e nos olhando com olhar malicioso nos rostos, aquilo fez Corey gargalhar e meu coração bater incontrolavelmente.

            TOC! TOC!

            Esperei que Valentinna fosse sair correndo para atender a porta como de costume, mas não foi bem assim. Ela simplesmente olhou de esgueira para mim e disse calmamente.

            _Pode ir lá pra mim Pandinha? To tãaaao cansada! _disse forçando a voz para parecer cansada.

            _Fazer o que não é mesmo? _ resmunguei em direção a porta.

            Abri a porta e tive uma surpresinha bem desagradável. Era ninguém mais, ninguém menos que Joey Jordison, o único cara da banda que eu realmente sabia quem era, devido aos urros histéricos de Valentinna , dizendo que ele não presta e tudo mais.

            _Quem é você?_ me  perguntou em um tom autoritário e superior.

            _Prazer, Jenny Sturzeneker. _sorri e estendi a mão par cumprimentá-lo, mas o que recebi em troca foi um olhar absorto sobre mim da cabeça aos pés, e passou direto, deixando minha mão sobrando pelo ar, sem ao menos tocar em mim...

            Ele tinha uns 3 dedos de altura menor que eu, não que eu esteja zombando dele, mais foi engraçado segui-lo com os olhos e ver de pertinho, como ele era baixo e porque Tina costumava chamá-lo de anão eufórico da bateria.

            _Craig me ligou, disse que vai chegar em cima da hora, por causa do trânsito infernal. _ disse em um tom ainda superior, largando uma mochila em cima da mesinha de centro e indo buscar seus vestes no armário.

            _Jordison,chega aqui.. _gritou Valentinna. _Preciso te apresentar uma pessoa.

            _Ah, é ela? _perguntou aquele baixinho escroto apontando pra mim.

            _Ela mesmo. O nome dela é Panda. _ todos riram, menos eu e ele.

            _Ela tem esse nome porque é gorda ou porque tem olheiras ? _perguntou aquele anão, rindo com desdém para mim.

            Meu sangue ferveu de raiva, minhas entranhas agora reviravam de ódio, não de pavor como antes. Pensei em insultar até a ultima geração da família daquele gnomo de jardim falante, mas optei por apenas deixar um sorriso falso brotar dos meus lábios.

            _ELA NÃO É GORDA! _ouvi Mick gritar lá de trás, e logo depois vindo em minha direção.Ele me pegou no colo, igualzinho como fez com Tina, e meus risos dispararam.

            Depois, Mick se virou para Jordison e disse para mim,

            _Vamos Pandinha, não se misture com essa gentalha! _disse isso com um tom de brincadeira, mas para mim foi bem sério o que ele disse, e foi me guiando até o closet onde estavam os outros integrantes.

            _Val, cadê o meu macacão? _perguntou Sid, ainda saltitando por todos os cantos do closet.

            _Tá no lugar de sempre, oras! _respondeu Tina, indicando com a mão em enorme armário , todos com roupas laranjadas, quase no tom de vermelho.

            _Ah! Valeu gatinha. _respondeu Sid, piscando para Tina.

            _ANIMAL É A SUA MÃE, SID! _bradou Tina, ainda brincando. Sid apenas riu e foi buscar seu macacão.

            -Caralho! Faltam só 20 minutos, ANDA!!! _gritou Chris correndo para todos os cantos.

(...)

            Depois que estavam todos prontos, devidamente vestidos com macacões, mas ainda sem as máscaras (Craig já havia chegado) todos os integrantes da banda se reuniram em um circulo e deram as mãos. Eles estava pela primeira vez na vida, quietos e silenciosos, sem gargalhadas, sem brincadeiras, apenas quietos. Eu estranhei primeiro , mas depois compreendi, Corey havia puxado um coro de orações, algumas mencionavam os filhos e esposas, outros mencionava  amigos e familiares, juro que ouvi mencionaram o nome de Tina e o meu também, mas vi algumas lágrimas rolarem do rosto de Corey quando mencionaram em coro o nome “ Paul Gray”. Não quis interferir, apenas fiquei olhando distante para eles, e quando terminaram a oração , faltavam apenas 4 minutos para a hora do show.  Então todos colocaram as máscaras e fizeram uma fila para entrarem ao palco. Tina passou por todos, abraçando –os e dando boa sorte, menos a Joey ( o que era de se esperar). Apenas fiquei observando, escorada na porta; Quando todos subiram, Corey entrou por ultimo, mas antes, passou por mim e disse.

            _Não vai me desejar boa sorte?

            Não soube o que dizer, as palavras pareciam ter desaparecido da minha mente, mas agi por impulso e der certo.

            _Boa Sorte, Corey. _disse tremendo loucamente, mas não pude ver nada em seu rosto, afinal a máscara me impedia de ver seus olhos lindamente azuis.

            Ele me deu um beijo na bochecha, apesar de ter sentido apenas o contato macio do couro gasto sobre a minha pele, foi como se fogos de artifícios explodindo dentro de mim, meu sorriso ultrapassou aos limites, e meu coração bateu forte como um motor.

            Senti uma angústia nascer no meu peito no momento em que ele se distanciou e foi em direção a porta, e antes de desaparecer completamente, lançou mais um olhar para mim e um sinal de ‘adeus’... Tinha ganhado meu dia com aquilo....

(CONTINUA...)