_Tina, com que banda mesmo eu vou ter que ficar? _perguntei, com medo da resposta, já que não era muito chegada em música.

_Slipknot! _respondeu com um sorriso enorme nos lábios.

Não sei se caia pra trás, ou me atirava do 20º andar. Aquela palavra soou como um baque na minha cabeça, como se eu tivesse levado uma surra. Tudo começou a rodar e eu pensei em desistir daquela história toda. Mas não ia dar esse gostinho ao meu pai, de ser sustentada por ele mais um tempo, pra mim era a gota d ‘água.

_Stuky, está tudo bem? _perguntou com uma cara séria, vendo que eu tinha ficado abalada.

_Está sim. Mas, por favor, só não me diga que essa tal de Espiliknot são aqueles caras com máscaras?_perguntei em um tom de súplica e amargura.

_Hmm.. eer.. são sim.. e se diz SLIPKNOT, não espiliknot.

Eu nunca sequer tive coragem de ouvir uma só música dessa banda, pois algo me dizia que eu não iria gostar nada do som deles... Já vi algumas fotos e não gostei nada, nada do que vi. Eles usam umas máscaras meio bizarras e sombrias, algumas dão até medo, inclusive a daquele palhaço e daquele outro com o nariz demasiado grande...

Sinceramente, entrei em desespero. Pensei em correr, gritar, fugir, chorar, quebrar tudo. Sei lá! Qualquer coisa que me faça extravasar essa raiva. Porque ela não me contou antes que banda era? Será que ela fez de propósito? Mas não era hora de me preocupar com isso, eu tinha um problema mil vezes maior para resolver.

Dei um salto da cama, e corri para a escrivaninha onde estava meu notebook, Tina veio correndo atrás de mim. Eu precisaria da ajuda dela agora mais do que nunca! Então, digitei ‘google.com’ na barra do navegador... Depois aprofundei a busca por ‘Slipknot’... Fiz o seguinte: Eu colocava a foto de um integrante na tela e Tina me dizia seu nome e outras informações que eu precisaria para me dar bem com os caras.

Juro que levei um susto  quando vi um cara enorme usando uma máscara que parecia de ferro, Tina disse que o nome desta era Mick Thomson, e que apesar da aparência gigantesca, ele era o mais brincalhão de todos (e eu obviamente não acreditei)...

Me mostrou outro, com uma máscara que parecia um crânio, só que haviam luzes pelos olhos que variavam de cor, Tina disse que este era era Sid Wilson, segundo ela, era o mais elétrico da banda, ficava pulando todo momento no camarim e gostava de pregar peças nos outros (parecia menos assustador)...

Tinha um outro, igualmente grande como Mick, tinha cabelos ondulados que saiam de sua máscara, que parecia com a de um coringa, sem sombra de dúvidas, esta era a máscara mais divertida até agora.Valentinna disse que este se chamada James Root, mas só era chamado de Jim , este também era muito brincalhão e um bom amigo, disse Tina, “Pode contar com ele quando estiver triste, ele realmente sabe alegrar alguém”, isso soou como anjos soprando aos meus ouvidos. Era com saber que pelo menos um daqueles caras mascarados era de bom coração, mas, talvez todos sejam, nunca falei com eles mesmo.

Valentinna ficou meio sem graça quando lhe mostrei a foto de um homem com uma máscara negra cheia de espetos que pareciam de ferro, ela disse “ Não precisa se preocupar com ele.. Ele sempre é o último a chegar e o primeiro a sair, eu raramente falo com ele, e seu nome é Craig Jones, ou 133” ... Achei aquilo muito estranho, porque Tina sempre me dava outras informações adicionais para entender melhor a personalidade dos caras...

Faltavam apenas mais 4 caras. Pra mim parecia uma eternidade, mas para Tina era como ficar sentada em um rede de descanso apreciando a vista do mar. Arg! Ela me paga.

Levei um susto ainda maior, quando expandi a imagem. Era aquele narigudo. “ Mr. Picklenose” era o apelido dele. Seu nome verdadeiro era Chris Fehn, e era bem calado, mas quando abria a boca, com certeza era pra falar algo cômico. Não era tão assustador quanto a máscara. (Pelo menos era o que parecia.)

Faltou pouquinho pra eu cair da cadeira! EU TENHO FOBIA DE PALHAÇOS!!! Ainda mais se a máscara dele for toda remendada e com uma aparência horripilante... Este era Shawn Crahan., ou então “clown”... Vallentia estava rindo horrores com a minha cara de pânico. E pra piorar a situação, ela disse que ele é PSICOPATA e o rosto normal dele possui 22 cicatrizes !!! Foi aí mesmo que eu levei um capote da cadeira, com direito a olho roxo e tudo mais. Parece que ela percebeu meu desespero e disse “Mas ele é uma pessoa de bom coração, ele ama muito seus filhos e sua esposa, e sabe dar valor ás pessoas de bem”. É isso que vamos ver...

Faltavam apenas dois para meu alívio. Aquela história toda de saber mais sobre os caras já estava me dando náuseas...

Bem, juro que essa máscara era a mais “normal” que eu tinha visto até agora. Era simples e branca, com uma tela no buraco dos olhos e o espaço da boca.Tinna disse “Não existe cara mais tranqüilo e engraçado do que ele! Pode apostar.”... Hmm, ela é minha melhor amiga e eu vou confiar nela. O nome deste era Corey Taylor (juro que já tinha ouvido este nome antes) e também era vocalista de outra banda, Stone Sour.

Enfim, o último. Senti um enorme alívio, era como toneladas de chumbo saíssem de minhas costas...

Ótimo, prefiro mil vezes a máscara do Corey do que deste daí. Era meio que uma máscara sem expressão nenhuma, com uma coroa de espinhos. Valentinna quase me mordeu de ódio quando eu perguntei quem esse daí era.

_Esse cara não presta! _ela disse, quase num grito.

Pronto! Todos os caras assustadores eram gente boa, e ele não. Me ferrei. Durante uns segundos, fiquei imaginando tudo que ele poderia ter feito com ela, pra ela ter tanto ódio assim, me despertei novamente dos meus devaneios com Tina exclamando mais uma vez:

_Não existe pessoa mais ignorante, patética e arrogante nesse mundo do que esse Jordison!_gritou mais uma vez.

_Tá. Me explica isso direto, to perdida aqui Tina ! _gritei também, quase me descabelando.

_Este daí se chama Joey Jordison. Tem mais ou menos meio metro de altura. Só sabe falar merda e dar patadas em mim... Só um conselho amiga, NÃO FALE MAIS QUE O NECESSÁRIO COM ELE ! _sim, ela estava bem nervosa. Eu quase nunca vejo ela nervosa, muito menos reclamando de alguém.

Depois disso, o clima descontraído da tarde, passou a ficar mais tenso, nossas conversas não rendiam e tinham perdido a graça. Até que ela se despediu de mim, e disse que eu poderia começar na próxima quarta-feira.

(CONTINUA...)