All At Once escrita por Helle


Capítulo 3
Shadow days


Notas iniciais do capítulo

Cap inspirado pela música VICIANTE do John Mayer. Shadow Days. Recomendação implícita e garantia de felicidade eterna (se você viver pra sempre, é claro). Sem mais delongas, tá aí o cap final de All At Once! Espero que gostem!



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 “Você sabia que poderia estar errado jurando estar certo? Algumas pessoas sabem fazer isso por suas vidas inteiras.”

Draco sacudiu a cabeça. A música que estava tocando no estabelecimento o distraiu por alguns segundos. Estava sentado em uma calçada que ficava na frente de um hotel. Ele pensou em se instalar no estabelecimento, mas resolveu que faria isso depois de terminar seu café. Era o que estava tentando fazer, mas seus pensamentos insistiam em voar para a conversa curta que tivera com sua quase-ex-namorada. 

Astoria Greengrass era uma garota doce. Doce demais pra estar na Sonserina, doce demais pra ser uma Greengrass. Draco nunca soube como ela fora parar na mesma casa que a sua em Hogwarts. Seus pais e os Malfoy a muito tempo haviam prometido os filhos caçulas em casamento caso algo desse errado com o Lorde das Trevas. Os nomes das famílias e o sangue puro importavam muito naquela época, mas o destino pregou uma peça em todos. 

 No final das contas os Malfoy só tiveram um herdeiro e os Greengrass tiveram uma filha mais nova que obviamente pertenceria a Lufa-Lufa. Ela tinha olhos azuis que de certa forma lembravam a Draco os dele próprio, porém em uma versão mais colorida e feliz. A garota obviamente queria namorar a ele tanto quanto Voldemort um dia gostou de rosa.

Draco e Astoria Nunca se gostaram. Nunca se deram sequer bem. Mas aprenderam a estabelecer um respeito mútuo. Foi com esse respeito que se cumprimentaram na cafeteria e trocaram breves palavras. Astoria estava na América para estudar e como era de se esperar, adorava o mundo trouxa. Draco não deixou claro que estava procurando por Hermione, mas fez questão de destacar que não demoraria muito naquele continente.

-Se não vai demorar aqui, então o que exatamente faz na cidade mais louca do estado mais famoso do país?

 -Não é da sua conta, Greengrass.

A garota ergueu as sobrancelhas em surpresa antes de responder de modo conciso.

-Eu achei que a guerra tinha mudado você. Quando me disseram que Draco Malfoy estava namorando a amiga sabe-tudo do Potter, eu  demorei pra acreditar que você havia mudado. Pelo visto eu me equivoquei. Você continua o arrogante de sempre. O que diabos ela viu em você?

E dizendo isso a moça saiu com seu andar gracioso, deixando para trás um Draco Malfoy pasmo. A primeira coisa que se passou na mente do loiro depois de relembrar a fala de Astoria foi “Ouch” e a segunda foi “Que diabos Hermione viu em mim?”. 

A pergunta o impulsionou a se levantar daquela calçada e entrar no hotel. Iria achar a sua sangue ruim, mesmo que fosse pra descobrir que ela já não era mais sua. Ele tinha uma pergunta latejando em sua mente e não sairia daquele país até alcançar seus objetivos e encontrar sua resposta.

“Mas você se encontra sozinho da mesma maneira que se encontrou antes, como quando eu me encontrei em pedaços no chão do meu hotel...”

 Hermione não estava ouvindo com atenção a música que preenchia o quarto de forma lenta, mas gostava da melodia.

A castanha se encontrava concentrada numa ranhura específica do teto que encarava. Estava deitada no chão do quarto. Havia se cansado de procurar uma roupa decente para o passeio que Rony a havia prometido. Havia se cansado de tudo na realidade.Ela tinha deixado Draco, fugido dele na verdade. Tinha deixado tudo pra trás e havia prometido a sim mesma que não iria voltar tão cedo. Foi apenas uma tentativa falha de esquecer o motivo de seu coração bater tão forte o tempo todo. Ela tinha chamado Rony e Harry para a viagem, mas o ruivo foi o único que se prontificou a largar tudo e passar uma temporada em um país estranho com ela. Ele ainda gostava dela e todos sabiam. Ela própria sabia e se sentia um monstro por estar usando isso ao seu favor. Lágrimas salgadas escaparam dos olhos cor de chocolate da garota e ela sequer se preocupou em enxugá-las, pois ninguém iria ver. Estava sozinha naquela.Hermione se sentiu acompanhada e feliz por algumas semanas, Rony era um ótimo amigo e seria um ótimo namorado, mas ela não queria aquilo pra sempre. A paciência do amigo não era eterna e ela sabia que ele estava fazendo suas últimas tentativas. O clima estava ficando pesado entre os dois à medida que a realidade se abatia sobre eles. Hermione estava terrivelmente infeliz com tudo aquilo. No final das contas estava ali, deitada no chão de um quarto de hotel, sozinha, pensando em como seria bom se Draco surgisse do nada para lhe tirar daquele país maluco.

Estava morrendo de saudades de seu país, de seu apartamento e, sobretudo, de seu estúpido e maldito sonserino.

 “Meu. Que piada.” Pensou a garota sorrindo de forma dolorosa em meio as lágrimas.

Não podia mais negar a verdade óbvia: Estava arrependida e queria voltar, mas era orgulhosa demais até pra admitir em voz alta.Os tempos difíceis a ajudaram a ver o quanto havia se precipitado naquele dia fatídico.

 “Talvez se eu tivesse deixado ele se explicar melhor.” “Eu sabia que ele não queria terminar. Eu devia saber!”

-Hermione? Está pronta? –Soou a voz de Ron do outro lado da porta.

A garota enxugou as lágrimas velozmente e pigarreou para poder limpar quaisquer vestígios de choro da voz, antes de responder que sim, se levantar e pedir apenas cinco minutos ao amigo.

Draco estava determinado a encontrar Hermione e, com ela, a resposta para a pergunta de Astoria Greengrass. Ele tinha uma estranha certeza de que iria encontrar Hermione naquela cidade. Naquele bairro. A mesma certeza que fazia seu coração bater de forma desesperada, quase que implorando para que ele entrasse logo no hotel.

 Fez o registro, pagou e dirigiu-se ao elevador. Não havia trazido malas. Tudo o que precisava estava em sua carteira. O loiro sorriu ao pensar no sermão que Hermione o passaria caso o encontrasse daquele jeito. Ele gostava do jeito mandão dela e da forma como ela era a única a o encarar sem medo. A garota sempre batia de frente com suas opiniões e não descansava até fazer um furo na barreira de proteção que ele havia passado anos para desenvolver.

Estar com Hermione era sempre sair de sua zona de conforto para entrar em uma zona minada. Cada passo era decisivo com ela e ele tinha certeza de que o final daquela história não era aquele.

Ele havia errado ao se calar naquele dia. 

Ela havia fugido de forma inesperada. 

Agora estavam os dois infelizes. Ela procurando forças para quebrar seu orgulho. Ele procurando-a para responder suas perguntas.

Acabaram por se deparar com as soluções de todos os problemas no mesmo segundo. Estancaram os três no lugar.

 Rony adquiriu rapidamente a cor de seus cabelos em todo seu rosto. Hermione empalideceu de forma espantosa e sentiu como se fosse se fundir com o chão tamanha foi a sensação que a abateu. Draco achou que seu coração estava tentando abraçar Hermione, querendo a todo custo sair da caixa torácica para tal ação.

Uma senhora que esperava o elevador ao lado do sonserino ficou encarando a cena até que Hermione tomou coragem para quebrar as respirações que haviam sido aprisionadas inconscientemente.

-O que está fazendo aqui? –Perguntou a garota assim que teve certeza de que não era uma ilusão de ótica.


-Você gostava mesmo do Weasley?

A garota se virou para encarar os olhos tempestuosos do rapaz antes de responder um sonoro “acho que sim”.

-Por que? –Perguntou Draco com uma nota de ciúmes soando na frase.

-Eu cresci com ele. Era a melhor amiga dele. É fácil confundir as coisas quando não se tem experiência.

 -Experiência?

-É... Acho que daria tão certo com Harry quanto deu com Rony, entende? 

O rapaz assentiu sem saber se estava sentindo-se melhor ou pior com aquela afirmação. Só de imaginar Hermione com o Potter sua visão se turvava.

-Você não daria certo com nenhum dos dois.–Afirmou o loiro de forma pretenciosa, ao passo em que apertava mais seu abraço na garota.

-Acho que está errado. Sempre seremos amigos. Tudo dá certo quando se está entre amigos, Draco. Mesmo que seja forçado, mesmo que não esteja fadado ao sucesso. A amizade constrói tudo. Não acha que conseguiria namorar com Pansy de novo se só tivesse essa opção?

O rapaz franziu as sobrancelhas. Não iria admitir que Hermione estava certa. Ela provavelmente já sabia que estava com a razão. Decidiu por encerrar aquela conversa da sua maneira:

-Você sempre terá a mim e eu não sou uma das opções, sou A OPÇÃO.

-Claro que é. –Disse Hermione, nunca perdendo a mania “irritante” de dar a última sentença nos diálogos.

Foi pensando no que a castanha havia dito há o que parecia séculos passados, que o sonserino destravou a garganta para pronunciar o nome dela.O casal parou na metade de um passo. Hermione empalideceu de uma maneira assustadora e Ronald, ao contrário da garota, adquiriu o tom de seus cabelos em todo o rosto.

-Precisamos conversar.  –Declarou Draco ignorando a expressão do ruivo.Sua voz saiu mais rouca do que o habitual e ele não sabia como estava mantendo o coração dentro do peito.


“Eu sou um bom homem, com um bom coração. Tive maus momentos, um início difícil, mas eu finalmente aprendi a deixar as coisas fluírem. Agora eu estou aqui e  agora. E eu estou aberto sabendo que meus dias sombrios acabaram.” 

Draco parou para observar a carta e adicionou:“Meus dias sombrios acabam agora.”

-O que você está fazendo? 

-O que devia ter feito anos atrás. –Respondeu o loiro.

Ele se lembrou daquele dia que seria cômico se não fosse tão decisivo para sua vida. Nunca esperou que a coisa certa saísse da boca do Weasley pobretão.

Estavam os três parados perto do elevador. Na sala de um hotel barulhento. Em um país que todos concordavam ser louco. Draco e Hermione se encaravam como dois gatos prestes a saltarem um no pescoço do outro. Não sabiam dizer com que finalidade exata iriam pular, mas a tensão era palpável.

Tão palpável que Ronald Weasley sentiu-se na obrigação de dizer algumas palavras.

-Bem, eu não sou nenhum criador de problemas  e eu nunca desejei o mal dela... –Disse ele se dirigindo a Draco de uma forma surpreendentemente amistosa- Mas isso não significa que eu não fiz isso –E apontou para os três de uma forma descoordenada- ser difícil de carregar.

Tanto Hermione quanto o loiro pararam de se encarar para convergirem o olhar sobre o ruivo, que estava da cor dos cabelos ao encher o peito de ar e falar.

-Bem, é uma porcaria ser honesto e dói ser real... Mas isso começa a fazer algum sentido e eu posso finalmente sentir. -Ignorando as expressões perplexas dos dois, Ron continuou:

-Vocês se completam da forma mais esquisita que eu jamais imaginei ver. Eu achei que podia te fazer feliz Mione – Disse se voltando para a castanha- Mas acho que só retardei sua felicidade. Desculpe por isso. 

-E você... – Disse o rapaz voltando-se para o loiro que ainda não havia se situado.- Se fizer besteira mais uma vez, uma vez que seja doninha, eu juro que te arrebento a cara. Juro pela alma do meu irmão que te arrebento.

Hermione não conseguiu segurar o sorriso que estava guardando.

Ver que Ron estava se tornando um homem compreensivo a deixava absolutamente feliz. Sempre temeu pela profundidade emocional do amigo, que já não era mais equivalente a uma colher de chá, com toda certeza.

Algo dentro dela ainda a dizia que várias conversas com Draco se fariam necessárias para resolver por completo a situação em que se encontravam...Porém algo nos olhos do loiro a diziam, muito mais alto, que ele estava disposto a qualquer coisa por ela. 

No final das contas, ela havia se mostrado uma covarde ao fugir do país, e ele um tremendo corajoso ao ir atrás dela. Não havia muito mais a ser feito naquele momento.


-Eu nunca vou entender como você foi capaz de me achar naquela época. –Falou a castanha observando o papel ser consumido pelas chamas da lareira.

Estava abraçada a seu marido e não conseguia conter um sorrisinho exultante. 

-Também não entendo como eu te achei. Eu apenas... Eu fiz aquela coisa de trouxa que você me falava pra fazer o tempo todo... –Falou o loiro.

A mulher sorriu. Sabia que ele estava dando uma de durão, mas conhecia muito bem a expressão:

“Seguir seu coração”? 

-É. Isso. –Confirmou o eterno sonserino.

Ficaram sérios por pouco mais que alguns segundos e não puderam mais repreender o riso.

A história toda deles era de fazer rir. Rir e chorar. Era o que Draco chamava de tragédia/comédia romântica. Sorriram e gargalharam até que o barulho da porta se abrindo repentinamente anunciou que não estavam mais sozinhos.

Scorpius havia voltado de Hogwarts e provavelmente estaria “morto de fome”, como sempre estava quando voltava para o aconchego de sua casa.

Era cômico saber que agora tinham um filho, estavam casados e moravam na mansão Granger-Malfoy. Era cômico, mas concedia um incrível alívio ao casal. Sabiam que dali em diante, por muito e muito tempo, tudo seria felicidade e na medida do possível, paz. Os dias sombrios haviam acabado definitivamente na vida dos dois.Tudo havia se acertado há tempos atrás e havia sido de uma vez por todas.

"Meus dias sombrios acabaram." -Pensaram os dois ao mesmo tempo, sorrindo de forma cúmplice.


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Notas finais do capítulo

THE END!
É. Sei que disse que saiam mais uns dois caps, mas é que saiu esse e achei tão... adequado! Então ficou esse! Mas deixo claro que essa fic me dá muitas margens. Tudo pode acontecer. Não se preocupem. All At Once está finalizada, mas tem muita coisa pela frente! E pra quem é leitor de Forgetting - The End... Novidades estão chegando! Os meus "shadow days" acabaram também e minha inspiração está se reerguendo das cinzas! Like a Skyscraper, hell yeah! -q Me digam o que acharam hein? Conhecem o esquema! Desculpas pela demora e beijos no hipotálamo! ♥