Angela não acreditava que estava tendo aquela conversa surreal.

Não com uma mulher idêntica a ela.

–Olha,eu estou verbanizada.-disse,mostrando a pulseira.

–Hum,é esperta.Tem mesmo o meu sangue.

Ela deu um passo na direção de Angela,que recuou.

–Olha,Angela,não vou falar por que eu quero a selenita.Só posso dizer que ela é a razão que me faz estar aqui agora.E eu quero te avisar para tomar cuidado.Se Klaus descobre sobre você,vai estar na lista negra dele.

–E se alguém contar a ele que tem outra doppelgänger humana nessa cidade?

–Vou cuidar disso.-garantiu ela,em uma ameaça velada.

–Por que eu confiaria em você?-perguntou Angela,desconfiada.

–Por que eu sou uma das poucas pessoas que se arriscariam em te manter viva.

Angela percebeu que Jane estava sendo sincera.

–Por que quer me ajudar?

–Você é descendende do meu filho.Faz parte da minha família,e eu sempre protegi minha família quando podia.

–Sei que fala a verdade,mas ainda não confio em você.

Jane deu uma risada.

–A vida é dura,não é?Somos mais parecidas do que pensa.

–Eu não pareço em nada com você,não chupo sangue.-retrucou Angela.

–Então você não se parece comigo?-falou Jane,com petulância.

Se aproximou de Angela e a encarou.

–Minha mãe era uma vagabunda,meu pai nem queria saber que eu existia,passei a infância recebendo humilhações e me defendi sozinha sempre.Eu vivia triste,isolada,me sentindo péssima,ninguém gostava de mim,ninguém se preocupava comigo,todo mundo me odiava e passei a quase a vida toda entre pessoas de mente retrógrada que acreditavam que ter nascido da minha mãe me tornava igual a ela quando na verdade eu era o contrário dela.História familiar?-disse ela, notando a expressão de Angela.-Minha mãe morreu e eu sentia muita raiva do meu pai.Me virei sozinha,tive a minha vida e aqui estou.Vê?Eu disse que éramos parecidas!

Jane se afastou um pouco.

–Eu só quero a selenita,não quero machucar ninguém.Mas se tiver que machucar até mesmo você,não vou parar.

Angela sabia que novamente Jane era sincera.Sua intuição dizia que ela era do tipo que cumpria o que falava.

***

–Nossa,o que aconteceu aqui?-disse Stefan.

–Por que não contou que Lexi era uma Petrova?

–Ahn?Você bebeu demais outra vez?Lexi não era uma Petrova!

–350 anos,Stefan.Ela era sobrinha-neta da Katherine.

–Impossível!

–Bem possível.

***

Vicent entrou no bar e se sentou na mesa.

–Uma tequila batizada com uísque,tripla,por favor.

Aquele ambiente sempre o deixava mau.Foi em um bar que conheceu Lexi e em outro bar que a pediu em namoro.

Também foi em um bar que ela o beijou e disse que iria visitar Stefan em Mystic Falls.E não voltou mais.

–Parece mau,amigo.-disse um loiro de olhos azúis se sentando ao lado dele.

–Perdi a namorada,só isso.-respondeu Vicent.

–Ah,que trágico.Também perdi a minha.O nome dela era Amy e foi morta por um maldito chamado Damon Salvatore.-Ao falar o nome de Damon ficou com uma expressão homicida.

–O que?-disse Vicent,surpreso-Vampiro?-susurrou.

Os olhos do loiro ficaram vermelhos,confirmando a suspeita dele.

–A minha Aléxia também foi morta por Damon Salvatore.

O loiro estendeu a mão.

–Luke Brand.

–Vicent Price.

Vicent bebeu o seu copo de um trago só.

–E pensar que podia ter matado o maldito!

–E por que não matou?-disse Luke parecendo interessado.

–Que graça teria?Ele mata a Lexi,eu mato ele e fico sozinho nessa porcaria de mundo sem a mulher que eu amo?-Ele tirou do bolso um belo anel-Eu iria dar isso para ela.Ia pedí-la em casamento assim que voltasse do aniversário do Stefan.E tenho certeza que ela aceitaria.

–Mas o que o impediu?

–Aquela garota...Ela me falou da Lexi e eu não o matei.Sabe o porquê?Por que ele iria só morrer!Não sofreria,não agonizaria,nem nada!Se eu tivesse certeza que ele amava aquela menina,eu a teria matado,mas não,vi nos olhos dela que eles não tinham nada.Sabe,eu pretendo fazer Damon provar do próprio veneno.Ele se apaixona por uma garota,eu vou lá e a mato.E só aí estaríamos quites.

–Sabe,cara,é uma idéia muito boa.Se Damon se apaixonar,vou fazer questão de enfiar uma estaca no peito dela,só pela Amy.

–Mas e se não for uma vampira?E se for uma garota humana?

Luke sorriu.

–Bebemos o sangue dela até a última gota.E damos o corpo para ele de presente,que tal?

–Sabe,gostei muito desse plano.

E os dois vampiros sedentos por vingança apertaram as mãos.

***

Depois de contar tudo para Elena,Angela deitou em sua cama e pensou em como tudo tinha se complicado.

Ela ligou para Stefan,que contou sobre a conversa entre Damon e Jane e eles combinaram de se encontrar no dia seguinte para pensarem em alguma coisa.

***

Jane estava em sua nova casa,penteando-se no cabelo enquanto catarolava em frente ao espelho.

–Você nunca se cansa de cantar essas bobagens em sentido?

Jane olhou para Katherine e sorriu.

–Você nunca se cansa de ser a rainha das vagabundas?

Sabia que falar isso feriria Katherine.Foi assim que o pai de ambas a chamou no dia em que soube que ela seria mãe solteira:a grande Rainha das Vagabundas.

–Ao menos não sou filha de uma.-retrucou Katherine.

–Ah,sim,sua mãe era uma senhora distinta e muuuuuito santa.Era tanto que aproveitou a ausência do marido para se deitar com o criadinho de 15 anos.

Antes que Katherine a interrompesse,Jane parou de se pentear e ficou de frente para ela.

–Katherine,você viveu no meio de um monte de gente intriguenta e frufru.Eu vivi em um orfanato de crianças de rua brigando de faca.Não queira competir comigo em matéria de insultos e língua afiada,por que com certeza não vai ganhar.

Foi até o guarda-roupa e escolheu uma jaqueta de couro.

–Sabe,aquela meio-irmã bastarda da Elena se parece muito com você.Eu me pergunto o que Klaus faria se alguém de certa forma deixasse escapar essa pequena semelhança...

Jane deu um sorriso que seria inocente se não fosse cruel e logo já estava com a mão no pescoço de Katherine.

–Escuta aqui,Katerina,não gosto de machucar minha família,mas no seu caso não abriria mão disso com dificuldade.Não ameaçe a Angela ou alguém da família dela,ela é minha descendente,é quase minha filha e se eu souber que você deixou escapar uma informação que possa prejudicá-la a primeira coisa que vou arrancar do seu corpo depois dos seus olhos será a sua língua.Estamos entendidas?

Katherine fez que sim com a cabeça e Jane a soltou.

–Ótimo.Te vejo depois,minha amada irmãzinha.