Bittersweet escrita por seethehalo


Capítulo 1
Void


Notas iniciais do capítulo

Eu de novo.
Dessa vez, com uma trishot escrita pra dona Juuh :D
Tem um tempão que está pronta, mas resolvi postar só agora.
Ela se baseia em duas músicas da banda The Pretty Reckless; a primeira é Void & Null (http://letras.terra.com.br/the-pretty-reckless/1722560/)
Estipulei a meta de no mínimo duas mil palavras para cada capítulo e, com um remendo aqui e um acréscimo ali, CONSEGUI! Hahaha
Espero que gostem :}
Enjoy!



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     - Para, Georg! Para de me seguir!

     - Você me deve explicações!

     - Explicações sobre o quê? Eu fiz alguma coisa fora da lei? Não! Então pronto!

     - Para de fugir de mim!

     - Para de me perseguir! – resolvi parar e virei-me, ficando de frente para ele. – Eu não te aguento mais. Para com isso.

     - O que você tá querendo dizer?

     - Tô querendo dizer que as coisas entre nós não são como antes. Cara, eu gostava tanto de você... Nem eu sei o que aconteceu. Mas o fato é que eu não te aguento mais. Onde acha que vamos parar com você fazendo esse tipo de coisa?

     - Que tipo de coisa? Agora eu é que pergunto se eu fiz alguma coisa fora da lei.

     - Você me satura. Olha só agora. Fica atrás de mim, qual é, eu só tô indo pra escola... E ainda faz o maior escândalo toda vez que eu saio com as minhas amigas, cadê a confiança?

     - Você me dá motivos.

     - Não, eu não dou. Você é que fica procurando cabelo em ovo.

     - Claro que dá.

     - Por exemplo?

     - Você dá várias insinuações de que me trairia.

     - Ah, eu? Se olha no espelho, Georg. Nunca tive razão para fazê-lo, nem dei motivo para merecê-lo. Ontem mesmo, parece que você fez questão de me seguir até a sorveteria, me ver escolhendo e pagando o sorvete, conversar com as meninas e depois bolar uma estratégia pra parecer que foi coincidência ter aparecido por lá e fazer uma cena na frente de todo mundo.

     - Mas foi coincidência.

     - Comigo não, Georg.

     - Olha, se você não tá feliz...

     - Boa ideia – o interrompi. – Já sei até o que você vai dizer e tenho que concordar que você não podia ter dito coisa melhor no dia de hoje. Acho ótimo que a gente termine.

     - Quê?!

     - Você entendeu bem. O que aconteceu com a gente? Eu te amava tanto. A gente se entendia. Mas agora...

     - Para com isso, Juuh!

     - Não! É o que precisa ser feito.

     - Me dá uma chance!

     - Não acha que eu já te dei chances demais? Quanto tempo tem que eu tô tentando acertar os ponteiros contigo mas você sempre pisa no tomate de novo? Chega, Georg; eu tô no meu limite com você.

     - Mas eu não posso fazer nada pra me redimir...?

     - No momento eu acho que não.

     - Mas...

     - Mas nada. Essa é a minha palavra final.

     Virei de costas para ele e continuei andando, desta vez mais rápido devido ao atraso que a parada para acerto de contas me custou. Ele veio atrás.

     - E para de me seguir! – gritei e saí correndo.

     Pra quê. Precisa dizer que ele veio atrás? Acabou que eu quase tropecei na entrada da escola – e ele atrás. Entrei pela primeira porta aberta que vi e a fechei por dentro. Coloquei duas cadeiras na frente da porta (vai que ele tentasse entrar). Não adiantou. Resolvi então tomar uma medida desesperada, já que bom...

     Tinham alguns poucos alunos na sala, e claro que o meu acesso tinha chamado a atenção. Menos de um, que estava ali em pé, encostado na mesa, analisando um encarte de CD. E foi por ele estar mais perto que, num impulso, eu o puxei para mim e o agarrei ali mesmo, pra inglês ver.

     Georg entrou na sala e viu. Como estava de olhos fechados, imaginei a cara que ele teria feito antes de dizer:

     - Tá vendo, Juliana. E ainda quer confiança. Tá ok a sua condição pra mim. – e saiu batendo a porta de novo.

     Larguei o guri e disse:

     - Foi mal. E valeu pela força. Se fosse só assim que ele entenderia...

     - Hã... – ele disse.

     Percebi a besteira que tinha feito quando prestei atenção em quem era ele. Ai... Por via das dúvidas, saí correndinho e fui pra minha sala.

     Queria ser um alien agora, daqueles que te abduzem e apagam a sua mente antes de te devolver à sua cama.

     Georg, agora meu ex, DESSA VEZ me encontrou por acaso na rua indo pra escola. Estou indo pra escola nessa época porque fiquei abaixo da média em Geografia e preciso recuperar. O foda é que toda a minha galera já tá de férias e eu aqui.

     Por incrível que pareça, até o intervalo eu mal senti o tempo passar. Já ia me resignando a passar os vinte minutos sentada em algum canto e emprestando cinquenta centavos pra quem viesse pedir.

     E então a pessoa mais improvável apareceu na minha frente.

     - Me empresta cinquenta centavos? – ele perguntou. Quem era ele? O mesmo guri que eu agarrei e beijei na frente do Georg.

     Tirei uma moeda do bolso e o entreguei. Ele foi até a cantina, comprou dois pirulitos e voltou, oferecendo-me um deles.

     Fiz uma careta como quem não entende.

     - Quer conversa? – perguntou.

     - Hã... acho que não.

     - Estranho, não é normal ver você sozinha aqui na escola.

     - É. Mas o povo todo saiu de férias e eu fiquei segurando lanterna. É a vida, né.

     - Hm.

     Silêncio.

     - Posso perguntar a razão do seu acesso impulsivo mais cedo?

     - Motivo pessoal. Já pedi desculpa. Não teve nada a ver com você.

     - Não quer mesmo o pirulito?

     - Não, obrigada.

     - Nem eu aqui, né?

     - Ham... não. De qualquer forma... Só pra ficarmos quites, eu fico te devendo uma. Mas mais nada.

     - Então tá... Qualquer coisa...

     - Não se preocupe, aliás, não se ocupe comigo, falou? – levantei de onde estava sentada e fui pra outro lugar.

     Eu realmente não estava bem por terminar com Georg. Quem fica bem ao terminar um namoro de quase dois anos? De qualquer forma, não pude deixar de sentir o alívio – havia muito aquele relacionamento estava me saturando. Georg começara a ter crises constantes de ciúmes sem nenhum motivo. Chegava a ser irreconhecível.

     Mas enfim. Agora é coisa do passado, não quero ficar me prendendo a isso. Mas quem disse que é fácil?

     Estava eu num outro dia, pensando bem sobre isso, quando o fatídico garoto que me ajudou entre aspas a acabar com aquilo tudo apareceu de novo na minha frente.

     - E aí – disse.

     - Oi. – respondi.

     - Tudo bem?

     - Indo. E você?

     - Ah, bem.

     - Veio pedir mais cinquenta centavos? – brinquei. Não permiti a mim mesma ser grossa com ele (de novo), uma vez já tinha sido o bastante e agora eu já não estava tão mal quanto quando terminei com Georg.

     - Não. Na verdade, vim só ver se você tava bem mesmo... porque aquele dia... bom...

     - Tá ok... er... não sei o seu nome.

     - Gustav.

     - Então. Tá ok, Gustav. Foi mal.

     - Não tem problema. Por que tá sozinha aí? – falou ele sentando-se ao meu lado.

     Dei de ombros e respondi:

     - Não tem mais ninguém.

     - Quer a minha companhia?

     Dei de ombros novamente. Depois de uns minutos, falei:

     - Desculpa pelo jeito que eu te tratei aquele dia. Tava mal. Mas enfim. Veio cobrar o favor que eu fiquei te devendo?

     - Você poderia me pagar este favor só com um sorriso, se quisesse.

     Senti as bochechas enrubescerem e fiquei sem graça.

     - É estranho te ver sozinha aqui. Você é tão popular, vive rodeada de gente.

     - Você acha?

     - Eu vejo.

     - É engraçado conversar com você... Sei lá, eu quase nunca te vejo, você é tão caladão...

     Ele olhou pra baixo meio sem jeito.

     - Foi mal. Não foi minha intenção ofender.

     - Não, quê isso. É verdade, não é? É que eu não tenho muito assunto.

     - É complicado manter uma conversa com alguém que não tem muito assunto.

     - Tem razão. Mas com você eu estou tendo assunto, não?

     Dei uma risadinha.

     - Sim.

     Silêncio.

     - Quente hoje, não? – disse ele.

     - Realmente... Quer dizer... Quem apela pro tempo realmente não tem assunto.

     Rimos os dois e o sinal bateu. Hora de cada um voltar pra sua sala.

     - Bom... tchau. – falei.

     - Tchau.

     Mais duas vezes por aqueles dias ele me perguntou sobre o meu “acesso impulsivo”. Bem quando eu tava quase boa dessa história toda. Fui ríspida, sem querer, ambas as vezes. Na segunda vez, eu achei que ele nunca mais fosse querer olhar na minha cara.

     Deixando o orgulho de lado, fui atrás dele no dia seguinte e pedi desculpas. Achei que ele ia me ignorar do mesmo jeito que eu fazia com ele...

     - Não tem problema, Juuh.

     Juuh?

     - Er... posso te chamar de Juuh? – corrigiu-se.

     Demorei a responder:

     - Pode. Todo mundo me chama assim, né.

     - Então... Você é quem tem que me desculpar pela minha inconveniência. É que eu só queria saber por que você me agarrou do nada...

     - Ah, por favor... ai, eu esqueci o seu nome de novo.

     - Gustav.

     - Por favor, Gustav, não me agrada muito falar sobre isso. Foi algo pessoal e você não teve nada, absolutamente nada a ver com isso. Mas eu não me sinto bem em compartilhar esse tipo de coisa com alguém que eu conheci tem uma semana.

     - Saquei.

     - O erro foi meu, de qualquer forma. Aliás, eu dei duas mancadas, por ter esquecido o seu nome de novo... Gustav.

     Ele deu um risinho.

     - Eu só te perdoo se você revelar que não decora nome de ninguém.

     - Mesmo se for mentira?

     - Se for mentira eu vou pensar em uma forma de me vingar.

     - Mas então, eu sou péssima com nomes! Mas anyway, não é mentira.

     - Então que bom.

     - Er... Posso sentar aqui com você?

     - Mas é claro. – ele sorriu. – E aí, o que vai fazer nas férias?

     - Ficar em casa, eu acho. Mas antes disso tem mais uma semana aqui.

     Na saída, quando passei pelo portão, Georg estava à espera.

     - A gente precisa conversar, Juuh.

     Dei um suspiro.

     - O que é, Georg?

     - Me dá uma chance.

     - Já te dei chances demais.

     - Qual foi.

     - Qual foi o quê? Você não cansa?

     - Cansei de ficar longe de você – ele me pegou pelo braço.

     - Me solta.

     - Volta comigo, Juuh.

     - Pare de me chamar de Juuh. E me solta.

     - Eu não posso viver sem você!

     - Não sou oxigênio. Pensasse nisso antes de começar a ser ridículo! As coisas entre nós não são as mesmas há muito tempo. Desde que você começou a ter ataques de ciúme, sendo que eu nunca te dei motivo. Por acaso você tem algum motivo pra eu desconfiar? Porque bom, quem não deve não teme.

     - Claro que não! De onde tirou essa ideia? – perguntou me apertando com mais força.

     - Tá me apertando! Meu braço vai ficar roxo, me solta! E pela última vez... Me deixa, vai. O mar não tá mais pra peixe pra gente. ME SOLTA!

     Nesse momento Gustav apareceu no portão e viu a cena.

     - Solta ela, cara. – pediu ele, calmamente.

     - E você, o que tem com isso?

     - Você não ia gostar de saber.

     Georg me soltou, lentamente. Depois me agarrou pela cintura e me ergueu sobre os ombros.

     - AAAH! – gritei – Georg, ponha-me no chão!

     - A gente precisa conversar em paz.

     - Não tenho mais nada que falar com você!

     - Você ouviu, cara, solta ela! – Gustav levantou a voz.

     - Gustav! – chamei-o – Por favor, não precisa se meter. Eu me viro com esse teimoso.

     - Até parece.

     - Georg, me solta!

     - Ok. – Georg me colocou no chão. – Mas quero saber o que você tem com esse cara.

     - Eu não tenho...

     - A gente tá junto, qual o problema? – Gustav me interrompeu. Tive que disfarçar o susto pra colaborar com o teatro.

     - Juuh... – Georg começou.

     - Não diga nada, Georg. Eu te disse na boa que não tinha nada que falar contigo. Eu até ia sugerir que ficássemos amigos, mas depois disso...

     - Então deixa pra lá. – ele saiu cantando os pneus caminhando pelo lado oposto ao que eu iria.

     Virei-me para Gustav a fim de agradecer o que ele acabara de fazer.

     - Obrigada. De novo.

     Ele não disse nada.

     - Hey...

     Nada.

     - Bom, acho que eu vou ficar te devendo uma de novo...

     - Já falei que um sorriso seu é suficiente. – disse ele, bem baixinho.

     - O que deu? – perguntei.

     - Nada. Tô bem.

     - Ah, então... tá. Obrigada, de novo.

     - De nada.

     Fiquei ali parada esperando que ele se pusesse a ir pra casa.

     - Não vai pra casa? – perguntei.

     - Tô reunindo coragem.

     - Pra...?

     - Teu ex-namorado é meu vizinho.


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Notas finais do capítulo

Então...
Eu ainda mereço algum review? :}
Amanhã posto o próximo.
Küsse :D



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